30.9.07

A escolha inteligente

Um grande rei tinha um amigo e conselheiro que era uma pessoa muito sábia. Certo dia, o rei disse ao amigo: "Quero dar-lhe um presente; peça aquilo que desejar."

O sábio pensou: "O que pedirei ao soberano? Ouro e pedras preciosas? Certamente ele me concederá. Devo pedir belas vestes e túnicas? Certamente ele me concederá. Acho melhor pedir a mão da sua filha em casamento; então certamente terei tudo."

Assim foi com o Rei Salomão. Na cidade de Giv'on, D'us apareceu-lhe em sonho e disse: "Peça-me qualquer coisa, e Eu te darei." O sábio Rei Salomão pensou: "Devo pedir ouro, prata e pedras preciosas? Certamente D'us as concederá. Melhor pedir sabedoria, então terei tudo."

E Salomão respondeu a D'us: "Dê ao Teu servo entendimento e um coração sábio." Disse D'us a Salomão: "Porque pediste sabedoria, mas não riquezas ou honra, ou a vitória sobre os teus inimigos - dar-te-ei sabedoria e conhecimento, bem como riqueza e honra."

Quando Salomão acordou de seu sono, ele sabia que tinha sido um sonho, mas logo percebeu que o sonho se tornara realidade, pois ouvira um pássaro, e pôde entender o seu canto, e ouviu um asno zurrar, e sabia aquilo que o asno queria. O Rei Salomão tornou-se o mais sábio de todos os homens. Foi a Jerusalém, e rezou perante a Arca de D'us, e ofereceu sacrifícios, e uma grande festa em agradecimento. O espírito da profecia repousou sobre ele inspirando-o a compôr os três livros sagrados das Escrituras: Mishlê (Provérbios), Shir Hashirim (Cântico dos Cânticos) e Cohelet (Eclesíastes).

26.9.07

O significado das Quatro Espécies


Os nossos sábios procuram responder sobre o significado das Quatro Espécies, comparando-as aos quatro tipos de judeus que formam o nosso povo.

O Etrog tem sabor e aroma, o Lulav tem sabor mas não tem aroma, a murta tem aroma mas não tem sabor e o salgueiro não possui nem um nem outro.

Da mesma forma também existem judeus que têm a seu crédito tanto as boas acções como o estudo da Torá; outros possuem apenas uma dessas virtudes e a outros ainda faltam-lhes ambas.

Assim como essas quatro variedades precisam ser reunidas para que seja cumprido o mandamento, assim também é necessário que as quatro categorias de judeus estejam unidas para formar uma comunidade, um povo.

A união é uma das bases da existência. Enquanto nos conservarmos unidos e um velar pelo bem-estar do outro, estará assegurado o futuro. Este é o intuito das quatro variedades de plantas - a reunião de todas as partes do povo, não excluindo os que desconhecem a tradição.

Quando seguramos as Quatro Espécies nas mãos, o Etrog, segundo a tradição, deve estar mais perto das Aravot do que das outras duas variedades. Com isto, mostramos que este não se recusa a se misturar com as espécies de menor valor, especialmente o salgueiro; o Etrog expressa a sua humildade e o desejo de união. Esta é a mais bela lição que as plantas nos oferecem.

Uma mensagem para o ano todo

É preciso lembrar, no entanto, que apenas a união não é suficiente; cada um precisa de se esforçar-se para elevar-se à qualidade do Etrog. O que simboliza este? A sidra não tem, como as outras frutas, época certa de amadurecimento. É encontrada o ano todo.

Por outro lado, existem judeus cujo judaísmo e devoção dependem de certas condições ou épocas. Alguns, por exemplo, tornam-se religiosos nas horas difíceis - mas em tempos normais, quando tudo lhes corre bem, o seu judaísmo não se manifesta. São os judeus de ocasião.

Outros seguem a tradição apenas em certos dias, por exemplo, nas Grandes Festas, mas durante o resto do ano mostram-se indiferentes à religião. São os judeus de temporada.

O verdadeiro judeu, no entanto, é aquele para quem o judaísmo não está condicionado a circunstâncias ou épocas. Este é representado pelo Etrog - "a fruta que pode ser encontrada na árvore o ano todo."

Dizem ainda os nossos sábios que as Quatro Espécies também representam a união dentro do indivíduo. O Etrog tem a aparência do coração; o Lulav da espinha dorsal; os Hadassím simbolizam os olhos e o salgueiro, a boca.

Todos os membros e sentidos devem estar unidos para desempenhar as suas funções com perfeição. Se o coração sente uma coisa e a boca diz outra, o homem não é honesto. Se os olhos vêem a verdade e a espinha dorsal se curva diante da mentira porque esta é mais forte, o homem não é o que devia ser.

Mais uma lição nos traz o Etrog. A mitsvá principal em relação à sidra é que ela deve ser de propriedade da pessoa - de seu próprio jardim ou comprada com o seu dinheiro. Com um Etrog alheio, não se cumpre o mandamento. O Etrog - coração do povo judeu - sempre deve ser dele mesmo, leal ao povo judeu e a D'us. Deve participar das alegrias e tristezas da sua gente. Se o coração do judeu está repleto de idéias e opiniões alheias, não é um coração judaico.

O Lulav - a espinha dorsal do povo judeu - deve também ser da sua propriedade, orgulhoso da sua lealdade para com os ideais do seu povo. Não deve se curvar nem se deixar influenciar pelos outros.

Os Hadassim - os olhos do povo judeu - devem sempre se dirigir para o seu povo, à procura de meios para o ajudar. Se desviar o olhar e começar a imitar os outros, abandonará os seus próprios valores.

A Aravá - a boca do judeu - deve ser primordialmente leal a si mesma. Quando um judeu calunia outro ou desdenha das tradições e ideais judaicos, espalha o ódio e o desprezo para com o seu povo e causa vergonha a si mesmo. Uma boca judaica deve expressar os anseios do povo judeu, exigir todos os seus direitos e defendê-lo de quaisquer ataques.



Pensamento da Semana

“A felicidade é um direito nato!

Porção Semanal da Torá

Shemót 33:12-34:26

Neste Shabat há uma leitura especial por ser o Shabat de Sucót. Esta porção inclui o pedido de Moshe a D’us para entender como Ele interage com o mundo, e o recebimento das segundas Tábuas com os Dez Mandamentos. D’us revela os 13 Atributos de Misericórdia, os quais sempre invocarão a Sua misericórdia (34:5 ...) e depois relata ao Povo Judeu quais as transgressões específicas são especialmente prejudiciais ao crescimento espiritual e quais mitsvót preservam e aumentam a nossa grandeza espiritual. Também lemos a Meguilá de Kohelet (Eclesiastes) neste Shabat. Ela relata acontecimentos em relação à natureza e ao propósito da vida. Foi escrita pelo Rei Salomão, que é considerado o homem mais sábio que já existiu no mundo. É necessário, para compreendê-la correctamente e extrair os seus profundos significados, acompanhá-la com algum comentarista clássico da Torá. É lida no Shabat de Sucót, para contrabalançar qualquer excesso de indulgência, ou seja, para colocar a vida na correcta perspectiva: a futilidade dos prazeres materiais e a eternidade dos prazeres espirituais.

Dvar Torá: O Significado dos Arbaát Haminím

Uma das mitsvót (mandamentos) especiais de Sucót são os Arbaát Haminím, as Quatro Espécies (etróg, luláv, hadassím e aravót), bem como agitá-las para os 4 pontos cardeais, para cima e para baixo. Um dos significados destes movimentos é que D’us está em todo o lugar. Entretanto, porque foram estas 4 espécies designadas para esta mitsvá? Os nossos rabinos ensinam-nos, que estas 4 espécies simbolizam 4 tipos de Judeus: o etróg tem fragrância e gosto, representando aqueles Judeus que estudam a Torá e praticam boas acções. O luláv (ramo de palmeira) tem cheiro mas não tem sabor, representando aqueles Judeus que estudam Torá mas não fazem bons actos. Os hadassím (ramos de mirta) têm sabor mas não têm cheiro, simbolizando aqueles Judeus que fazem boas acções mas não estudam Torá. Finalmente, as aravót (ramos de salgueiro) não têm nem sabor nem cheiro, representando os Judeus que não estudam Torá nem praticam boas acções. Que fazemos em Sucót? Unimos estas 4 espécies, ou seja, unimos e reconhecemos cada Judeu como parte integral e importante do Povo Judeu. Se apenas um faltar, a mitsvá estará incompleta. O nosso Povo é um. Precisamos fazer tudo que pudermos para unir o Povo Judeu e para fortalecer o futuro Judaico!


SUKOT


Bom sukot! Gostaria de transmitir-lhes uma história impressionante que ouvi do Rabino Shmuel Dishon, Rosh Yeshivá da Yeshivá de Karlin Stolin, em Nova York. No ano de 1917, os comunistas tomaram o poder na União Soviética e começaram as suas tirânicas campanhas para erradicar o Judaísmo e as demais religiões. Em Minsk (actual Bielorússia) morava um rabino chamado Shiah, que jurou que, custasse o que custasse, iria continuar a cumprir a Torá e a ajudar outras pessoas a também manterem a sua prática do Judaísmo. Após tranqüilos quatro anos, o rabino foi ‘convidado’ a comparecer à Chehka, a polícia secreta. Colocou os seus negócios em ordem, despediu-se da família e preparou-se para o pior. Ao chegar ao quartel-general da polícia secreta, foi introduzido numa sala. O interrogador o cumprimentou cordialmente em Yidish: "Rabino Shiah, gostaria de sentar-se?” Não era assim que estas sessões eram descritas pelas pessoas que tinham conseguido sobreviver a elas! Vendo que o rabino estava gelado pela indecisão, o interrogador disse-lhe: "Por favor, sente-se". Perguntou, então: "Rabino Shiah, talvez o senhor e a sua família gostariam de emigrar para Israel?" O Rabino não sabia o que responder. Se dissesse "sim" poderia ser considerado um cidadão desleal. Não respondeu. O interrogador, percebendo que assim não chegaria a lugar nenhum, foi até um arquivo, puxou de uma pasta com quase 20 cm de espessura e a colocou em frente ao rabino. "Rabino Shiah, esta é a sua ficha. Nela tudo está detalhado: cada mitsvá, cada criança que o senhor ensinou, cada brit milá que o senhor realizou". O rabino olhou para o arquivo e tremeu. "Rabino Shiah", falou o interrogador, "nos últimos 4 anos eu estive designado para cuidar do seu caso. Fui eu que protegi e cuidei do senhor. Agora, fui promovido e não há nenhuma forma de que as coisas continuem boas para o seu lado com uma ficha como esta. O melhor que posso fazer pelo senhor é ajudá-lo e à sua família a irem para Israel. Vejo que não está me reconhecendo". Disse-lhe então o seu nome e o rabino ficou chocado: o interrogador era, nada mais, nada menos, que o filho de um grande rabino que havia morrido muito jovem. O interrogador continuou: "Quero que saiba do porquê de o ter vindo a proteger todo este tempo. Depois que o meu pai morreu, tudo ficou muito difícil para a minha família. Certa sexta-feira, antes do Shabat, a minha mãe foi a correr para a sua casa comigo no colo. Ela lhe implorou: 'Rabino Shiah, que faremos? Não temos nada em nossa casa para comer!' O senhor estava vestido com o seu longo casaco preto de Shabat, usava um belo relógio de ouro e uma corrente, também de ouro. Sem um instante de hesitação, esticou o braço, pegou o relógio, deu-o à minha mãe e disse: “Pegue isto!” Por muitos meses vivemos com o dinheiro que conseguimos com a venda daquele relógio e nunca me esqueci disto!" Concluiu assim o Rabino Dishon, o narrador desta história: "Não pense que quando auxilia alguém, está apenas ajudando a tal pessoa. Na realidade, está-se ajudando a si mesmo!!"

Qual o significado de sukót e como é celebrada?

Sucót significa ‘cabanas’. Durante 40 anos vagando pelo deserto, nós vivemos em Sucót. Nós somos ordenados (confira em Vaikrá 22:33-44) neste feriado a fazer da Sucá a nossa residência principal: comer, dormir, estudar Torá e passar o nosso tempo nela. Se for muito incômodo ficar na Sucá - por motivo de chuva, insetos ou coisas do gênero -- então a pessoa está livre da obrigação de habitar a Sucá. Dependendo das condições climáticas, tentamos, no mínimo, comer na Sucá. Também somos ordenados a agitar os Arbaát Haminím, as 4 Espécies, que têm muitos significados místicos e profundos: que o Todo-Poderoso controla todo o mundo, os ventos, as forças naturais e tudo o mais; que todos os Judeus estão interligados como um único Povo, sejam eles pecadores ou santos, sábios ou ignorantes. A mitsvá de habitarmos a Sucá ensina-nos a confiar em D'us. Todos nós temos a tendência a pensar que as nossas posses, o nosso dinheiro, os nossos lares ou a nossa inteligência nos protegerão. Na Sucá estamos expostos à natureza, numa cabana temporária. Viver numa Sucá coloca a vida na sua verdadeira perspectiva. A nossa história tem provado isto. A nossa fé precisa ser somente em D'us. Sucót é chamada de Zemán Simchatêinu, a época da nossa alegria. Alegria é diferente de felicidade. Felicidade é estarmos satisfeitos com o que temos. Alegria é o prazer de anteciparmos um bem futuro. Se confiarmos em D'us e acreditamos que tudo o que Ele faz é para o nosso bem, então

conheceremos grandes alegrias nas nossas vidas! Sucót é um dos Shalósh Regalím, os 3 Festivais (os outros dois são Pessach e Shavuót), quando a Torá ordena a todos os que moram em Israel a deixar os seus lares e virem a Jerusalém, celebrar a festividade no Templo Sagrado. Nos últimos 2.000 anos, desde a destruição do Templo Sagrado, estivemos incapacitados de cumprir esta mitsvá. Também se acende velas nas duas noites de Sucót, sempre a partir de uma chama que foi acesa até ao entardecer de quarta feira. Tenham, você e a sua família, um óptimo e alegre Sucót!

23.9.07

"Eu judeu – você judeu."


Rótulos e etiquetas

Por Shalom Paltiel

Você já examinou bem o Col Nidrei, considerada a prece mais importante do Judaísmo? Leia a tradução e talvez fique intrigado sobre porque esta parte da liturgia atrai tanta atenção. É uma simples – embora forte – declaração de anulação de votos. Este é o pensamento mais importante na nossa mente, quando entramos na sinagoga na véspera do dia mais sagrado do ano, o Yom Kipur?

Dois judeus num avião
Após completar as suas preces matinais a bordo de um vôo da El Al a caminho de Tel Aviv, o idoso chassid europeu voltou-se para o judeu americano sentado perto dele e ofereceu-lhe o uso do seu Talit e tefilin. O problema era que uma forte barreira de linguagem separava os dois. O chassid falava apenas yidish e russo, ao passo queo nosso judeu moderno podia apenas conversar em inglês. Nem mesmo a linguagem dos sinais ajudava a facilitar a comunicação entre estes dois indivíduos bastante diferentes.

Finalmente, frustrado, o chassid pronunciou o seguinte – provavelmente as únicas palavras do seu vocabulário em inglês: "Eu judeu – você judeu; eu tefilin – você tefilin." Não houve necessidade de acrescentar mais palavras. O homem entendeu. Certamente ele colocaria tefilin a bordo do seu primeiro vôo para Israel.

Gosto dessa história porque enfatiza bastante a centelha judaica em comum que cada um de nós possui, independentemente de quem somos ou da extensão da nossa observância judaica. Estes dois judeus tinham muito pouco em comum; vinham de partes diferentes do mundo, e nem sequer falavam o mesmo idioma. Porém, naquilo que dizia respeito ao judeu interior, eles se conectaram perfeitamente; eram um só e o mesmo. De repente, passaram a entender-se perfeitamente. Na verdade, não havia qualquer barreira. Porque afinal – "Eu judeu, você judeu."

O tigre do Circo
Outra das minhas favoritas é a história do homem pobre e desempregado que foi ao circo procurar trabalho. O único cargo disponível era preencher o lugar de um tigre que fugira. Deram a ele uma fantasia de tigre e o colocaram numa jaula.

Tudo corria bem, até que o Sr. Tigre começou a caminhar na sua direcção. Petrificado, o tigre disse aquilo que um judeu diz quando enfrenta a morte iminente: “Shemá Yisrael Ado-nai Elohenu Ado-nai Echad” (“Ouve, ó Israel, o Eterno é nosso D'us, o Eterno é Um”).
A isso o outro respondeu: "Baruch Shem kevod malchuto leolam va'ed” (“Bendito o nome da glória de Seu reino para todo o sempre”) – o segundo verso do Shemá.

Esta é a história dos judeus: aparentemente, podemos parecer muito diferentes uns dos outros, mas na realidade, somos todos iguais - judeus.

A marca do Judaísmo
O problema está nos rótulos. Todo o judeu tem uma etiqueta!
Ortodoxo, conservador, reformista, reconstrucionista, moderno, tradicional, secular, religioso. Uma longa lista. Acha que Moshê organizou o povo ao redor do Sinai segundo as suas afiliações partidárias? Claro que não. Estes rótulos não possuem raízes em lugar algum da Torá ou na literatura clássica judaica. São invenções recentes que não servem a outro propósito senão o de dividir o nosso povo. E isso, numa época em que mais do que nunca precisamos uns dos outros. Creio que todos concordam que precisamos de mais unidade. E quanto à divisão entre o nosso povo, já temos demais.

Quando se trata de roupas, sou o primeiro a concordar: as etiquetas servem a um propósito importante para nos ajudar a escolher as nossas preferidas em termos de estilo, qualidade, etc. Mas quem já ouviu falar de etiquetas para judeus?

Pense nisto: de que servem estes rótulos para o povo judeu, a não ser para criarem divisões e linhas denominativas? Por que não podemos simplesmente sermos todos apenas "judeus"? Porque precisamos rotularmos baseando-nos no nosso nível de observância?

É verdade que alguns de nós são mais religiosos e observantes que outros. Isso é motivo para nos dividir categoricamente em grupos? Que cada um de nós observe o Judaísmo e os seus preceitos usando da melhor maneira possível o seu conhecimento e capacidade, sem precisar de uma etiqueta com nome proclamando que somos de uma marca específica.

Além de nos dividir, os rótulos também limitam o nosso crescimento como judeus. Uma vez que tenhamos sido rotulados, não sentimos necessidade de aprender mais sobre o nosso legado do que aquilo que é típico para os membros do nosso grupo em particular. Retire a etiqueta, e o Judaísmo é seu para explorar, completa e livremente, sem medo de passar da conta e observar alguma tradição que não é para o seu tipo. Entende o que eu quero dizer?

Se não sou religioso – sou um mau judeu?
Talvez, de forma subconsciente, nós usemos etiquetas para baixar o padrão. Podemos ainda sentirmo-nos bem sobre nós próprios como judeus, mesmo que se não esteja a crescer na observância da Torá. A verdade é que não há necessidade de sentirmo-nos mal. D'us ama-nos mesmo assim – até se não formos judeus "perfeitos".

O Rebe costumava enfatizar o valor de realizar até mesmo uma única mitsvá (preceito judaico). Ele proclamava repetidamente que o judaísmo não é uma religião de tudo-ou-nada, como alguns poderiam fazer pensar ("Ou cumpre toda a Torá ou não se incomode de cumprir nada 'porque é um ‘mau’ judeu '"). Este seria o caso se D'us fosse um ditador tirânico que precisássemos aplacar. Na verdade, D'us é um Pai amoroso. Ele pediu-nos para cumprirmos as mitsvot, não em busca de poder ou controle, mas por causa do Seu profundo amor por nós – Seus preciosos filhos. Como filhos, não é a perfeição que você busca. Um bom pai deseja que cada filho atinja o seu melhor potencial. Não se trata de "tudo-ou-nada", mas sim "faça o melhor possível".

Um homem certa vez reclamou ao Rebe sobre um dos seus filhos que tinha "deixado o caminho" da observância de Torá. "Criei todos os meus filhos exactamente da mesma maneira. Não consigo entender por que este enveredou por outro caminho." O Rebe respondeu: "Aí está o problema. Você criou todos os seus filhos da mesma maneira. Porém eles não são o mesmo. Cada filho é único e exige orientação segundo a sua personalidade individual."

D'us é um Pai amoroso e sábio, que tem um relacionamento pessoal e único com cada um de nós. Sim, Ele gostaria que todos nós "chegássemos às estrelas", tentando observar o Judaísmo em toda a sua beleza e profundidade. Mas isso é a longo prazo. Pois exactamente agora, é importante para D'us que façamos o melhor possível e continuemos a crescer. Se cumprirmos mais uma mitsvá este ano do que no ano passado – estamos fazendo D'us Se orgulhar de nós!

Anulando os rótulos
Então, porque tanto barulho sobre o Col Nidrei?

Num nível místico e mais profundo, é muito mais que apenas a anulação de votos e promessas. É uma poderosa declaração que anula e invalida todos os rótulos, restrições, demarcações, barreiras e etiquetas que tendem a obscurecer a nossa fulgurante essência judaica inerente. Todos nós partilhamos um único rótulo: Judeu!

Somos um povo muito especial, indivisível, a família da nação escolhida de D'us. Sim, como qualquer outra boa família temos a nossa quota de rivalidade fraterna. Mas isso não muda o facto de que "Eu judeu – você judeu."

21.9.07

Pensamento da Semana

“Uma consciência leve muitas vezes é sinal de memória fraca!

YOM KIPUR


BOM DIA! Espero que tenha tido um óptimo e significativo Rosh HaShaná. Em Rosh HaShaná somos julgados e inscritos, esperançosamente, no Livro da Vida. Em Yom Kipur este julgamento é selado. Nestes dias intermediários devemos examinar os nossos actos e corrigir os erros que tenhamos feito.

Precisamos de nos colocar em caminhos que nos levem a utilizar melhor o nosso tempo, para aperfeiçoarmos a nós mesmos e ao mundo como um todo!

Yom Kipur começa hoje, ao entardecer, 21 de setembro (Yzkor, a prece em memória dos falecidos, é recitado no Shabat, dia 22) e Sucót inicia-se na próxima quarta-feira, 26 de setembro, ao entardecer.

Um lembrete: todos os adultos (rapazes acima de 13 anos e moças acima de 12 anos) devemm jejuar (nada de comida e nem bebidas) em Yom Kipur, mesmo que este ano ele cai no Shabat.

Você tem uma alma? A maioria das pessoas responde “Sim!” Agora... você tem um corpo? A resposta é obviamente “Sim”. Porém, a resposta correcta seria “eu SOU uma alma e tenho um corpo”. Ao percebermos que a nossa essência é espiritual – e eterna – passamos a utilizar as nossas vidas sob um prisma totalmente diferente. É verdade: Precisamos de nos preocupar com o nosso corpo e a nossa saúde e fazer todos os esforços possíveis para sustentá-lo, mas a parte mais importante é a alma, pois é o nosso verdadeiro eu. Yom Kipur trata da alma.

Durante o decorrer do ano, trazemos mérito para a alma ao praticar bons actos ou a ‘sujamos’ através de atitudes e comportamentos errôneos. As 613 mitsvót (Mandamentos) da Torá estão aí para nos ajudar a desenvolver as nossas almas e aperfeiçoá-las. Desde o início do mês hebreu de Elul até Yom Kipur nós refletimos, revisamos o ano e as nossas interações com o Todo-Poderoso, bem como com os nossos amigos e familiares. Trabalhamos para reparar aquilo que precisa de conserto e Yom Kipur é a culminação deste processo.

A Torá deu-nos Mandamentos (mitsvót) especiais para Yom Kipur, a fim de nos ajudar a elucidar mais claramente que somos almas (e não apenas corpos) e para nos ajudar a relacionarmo-nos com a vida num nível mais espiritual. A Torá declara:

“Este é um decreto eterno: No sétimo mês (contado a partir do mês hebreu de Nissán), no décimo dia, vocês devem se afligir e nenhum tipo de trabalho deve ser realizado. Perante o Todo-Poderoso vocês serão purificados (Levíticus 16:29-30)”

Estas ‘aflições’ são maneiras para minimizarmos o controle do corpo sobre as nossas vidas. E quais são? Existem cinco ‘aflições’ em Yom Kipur. Somos proibidos de:

1) Comer e beber,

2) Usar calçados de couro,

3) Relacionamento conjugal,

4) Utilizar cosméticos, cremes, desodorantes, etc, no corpo e

5) Banhar-se por prazer.

Ao diminuir os prazeres físicos, damos proeminência à alma. A vida é uma constante batalha entre o Yétser Hatóv (o desejo de fazer as coisas certas, que é identificado com a alma) e o Yétser HaRá (a vontade de seguir os nossos desejos, que corresponde ao corpo). O nosso desafio na vida é ‘sincronizar’ o nosso corpo com o Yétser Hatóv. Uma analogia é feita no Talmud entre um cavalo (o corpo) e um cavaleiro (a alma). É sempre melhor o cavaleiro estar em cima do cavalo!

A tradição Judaica ensina que em Yom Kipur o Yétser HaRá, o desejo de seguir os próprios instintos, está morto. Se, então, seguirmos os nossos desejos ou instintos, será apenas por força do hábito, pela rotina.

Em Yom Kipur podemos mudar os nossos hábitos! Eis aqui três perguntas para refletirmos em Yom Kipur, a fim de nos ajudar a desenvolver um plano de vida:

1. Como para viver ou vivo para comer?

2. Se como para viver, então quais são as minhas metas para a vida?

3. O que gostaríamos que escrevessem no nosso obituário ou na nossa lápide?

Yom Kipur, o Dia do Perdão, é o aniversário do dia em que Moshe trouxe as segundas Tábuas da Lei do Monte Sinai (as primeiras foram quebradas quando Moshe viu o povo a idolatrar um bezerro de ouro). Isto significou que o Todo-Poderoso havia perdoado o Povo de Israel por terem feito idolatria. Dali em diante, este dia foi decretado como o dia para o perdão dos nossos erros. Entretanto, isto se refere às transgressões entre o homem e D'us. Transgressões entre o homem e seu o semelhante requerem que se corrija o erro e se peça perdão pelo prejuízo acarretado. Somente então é que pedimos desculpas a D’us por ter ofendido o nosso semelhante. Durante as orações falamos o Vidúi, uma confissão, e Al Hét, uma lista de transgressões entre o homem e D'us e o homem e o seu semelhante. É interessante notar duas coisas: primeiro, as transgressões estão em ordem alfabética (em Hebraico). Isto torna a lista bastante abrangente, além de permitir a inclusão de qualquer transgressão que se queira na letra apropriada.

Em segundo, o Vidúi e Al Hét estão no plural. Isto ensina-nos que somos um povo ‘entrelaçado’, responsáveis uns pelos outros. Mesmo se não cometemos uma determinada ofensa, carregamos certa responsabilidade por aqueles que a fizeram -- especialmente se pudéssemos ter evitado a tal transgressão.

Em Yom Kipur nós lemos o Livro do Profeta Yoná (Jonas). A sua mensagem é que D'us aceita prontamente o arrependimento de qualquer um que deseje fazer Teshuvá, voltar ao Todo-Poderoso e ao caminho da Torá, da mesma forma que ele o fez com a população de Ninvê, a cidade mencionada no livro.

Algumas idéias para tornar o serviço de Yom Kipur mais significativo:

1 - Tenhamos satisfação! Já tomamos a importante decisão de comparecer à sinagoga. Não nos arrependamos, então!

2 - Não viemos para nos entreter e sim para conquistar algo a um nível espiritual: aproximarmo-nos do Todo-Poderoso, refletir, colocarmo-nos num caminho melhor na vida.

3 - Não culpe a cerimônia religiosa, o Rabino ou o livro de orações. Se desejar, prepare-se antecipadamente: leia o Mahzór (o livro com as orações especiais de Rosh HaShaná e Yom Kipur) para entender as palavras e as idéias contidas nestas orações. Façamos uma listinhade atitudes ou comportamentos de que nos arrependemos, que gostaríamos de corrigir e que gostaríamos que o Todo-Poderoso perdoasse.

4 – A nossa mente parece ter duas pistas: uma pessoa pode falar e pensar sobre o que quer dizer simultaneamente, ela pode também ler e estar pensando sobre algo que não tem nada haver com a leitura, etc. Podemos também rezar e pensar num milhão de coisas diferentes. Ao lermos uma prece silenciosa, concentremo-nos naquilo que estamos a ler. Ao ouvir o Hazan (a pessoa que está conduzindo as orações), foquemos a nossa mente num pensamento espiritual: “Querido Dus, por favor, ajude-me, Todo-Poderoso, perdoe-me, Dus, eu realmente acredito no Senhor. Isto evitará que a nossa mente comece a pensar sobre o resultado do jogo de futebol, as contas a pagar, reparos que precisam ser feitos em casa, etc. A maioria das pessoas não entende a liturgia em Hebraico que se está a cantar. Entretanto, mesmo que as nossas mentes não entendam, o coração e a alma se nutrem destas palavras, da melodia e da atmosfera. Relaxe e ouça a essência do que está sendo cantado.

5 - Façamos o melhor uso possível do nosso tempo. Leiamos os comentários ou a tradução das orações. Procure se a sua sinagoga não tem algum material interessante sobre Yom Kipur, numa língua que você entende. E se estiver realmente sofrendo, então apenas peça: “D’us, por favor, aceite o meu sofrimento por estar na sinagoga como reparação das minhas transgressões!”

Um último pensamento ...

Ao nos prepararmos para Yom Kipur, precisamos nos perguntar: “O que posso fazer para melhorar o meu relacionamento com o Todo-Poderoso e a minha observância de Seus mandamentos?”

O Rambam, o conhecido Rabino espanhol Maimônides (1135-1204), que viveu na Espanha e no Egipto, ensinou que a vida de cada indivíduo é constantemente analisada sobre uma balança de pratos – como aquelas balanças antigas, onde a mercadoria era colocada num prato e os pesos no outro – e que cada um de nós deve pensar bem antes de tomar toda e qualquer atitude, pois uma transgressão ou uma mitsvá (boa acção) podem inclinar a balança para o lado positivo ou o contrário. Mais ainda, explica o Rambam: “Cada comunidade, cada país e o próprio mundo são julgados desta maneira”. Portanto, a pessoa não deve pensar que está afectando apenas a sua ‘própria balança’, mas sim o mundo como um todo.

Nestes dias antes de Yom Kipur devemos examinar os nossos atos e corrigir os erros que tenhamos feito, principalmente com os nossos familiares e amigos. Lembre-se de ligar para aquele seu amigo ou parente, que há muito tempo não via ou conversava. Reative o relacionamento para este novo ano e, se for necessário, peça desculpas por algum erro cometido no passado. Estaremos assim aperfeiçoando a nós mesmos e abrindo as portas para tornar este um mundo melhor!

Desejo a si e toda a sua família um belo e doce Ano Novo, repleto de bênçãos Divinas de saúde, alegria e sucesso. Que o seu Yom Kipur seja significativo, importante e inspirador, e que possamos ouvir apenas boas notícias!

11.9.07

Shana Tova umetuka


http://www.youtube.com/watch?v=edlCW5ppH5w&mode=related&search

Shabat Shalom, que todos tenham um ano doce, pleno de bênçãos, saúde, crescimento espiritual e material, e que sejamos todos inscritos no Livro da Vida!

Pensamento da Semana

O perdão não muda o passado, mas amplia enormemente o futuro!

Porção Semanal da Torá: Haazinu


Devarim (Deuteronômio) 32:01 - 32:51

Esta porção semanal é uma canção, um poema ensinado ao Povo Judeu por Moshe. Ela reconta os testes e sofrimentos vividos pelo Povo Judeu no deserto, durante 40 anos. A tradição Judaica é ensinar cada criança Judia a memorizar Haazinu. Desta forma, se preserva as lições da nossa história, especialmente a futilidade de se rebelar contra o Criador. A porção encerra com Moshe a ser chamado a subir ao Monte Nevó, para ver a Terra Prometida antes de morrer e unir-se ao seu Povo (seus antepassados). A propósito, esta é uma das alusões à vida após a morte na Torá. Moshe morreu sozinho e ninguém sabe onde foi enterrado. Portanto, juntar-se ao seu Povotem um significado muito mais elevado e profundo!

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do rabino Zelig Pliskin

A Torá declara: “Os meus ensinamentos devem cair como gotas de chuva, a minha fala deve descer como o orvalho, como uma chuva fina sobre a relva e como chuvas fortes sobre as plantas (Devarim 32:2)”. Por que Moshe queria que os seus ensinamentos caíssem como gotas de chuva?

A água é um componente vital para a vida. A chuva é um veículo para levar a água para todo o planeta, até para lugares onde de outra maneira as pessoas não teriam acesso a ela. Quando a chuva cai sobre as árvores e plantas, o crescimento destas não é percebido de imediato. Leva algum tempo até a chuva produzir efeitos visíveis.

Da mesma forma, quando admoestamos alguém ou fazemos esforços para nos aprimorarmos, a melhora freqüentemente não é notada de imediato. Mas não devemos desistir ou perder as esperanças. Todo o esforço tem o seu impacto, da mesma maneira que cada gota de chuva tem a sua influência. Este é o motivo pelo qual Moshe comparou os seus ensinamentos às gotas de chuva: Ao continuarmos persistentemente tentando, se D’us quiser, os nossos esforços florescerão e serão coroados de sucesso!

Um último pensamento ...

Um antigo sábio, chamado Rabino Zússia, estava deitado no seu leito de morte, rodeado pelos seus alunos e discípulos. Estava a chorar e ninguém conseguia confortá-lo. Um aluno perguntou-lhe: “Rebe, porque chora? O senhor é quase tão inteligente como Moshe e tão bondoso quanto Abraão!”

O Rabino Zússia respondeu: “Quando partir deste mundo e comparecer perante o Tribunal Celestial, não me irão questionar: ‘ Zússia, porque não foi inteligente como Moshe ou bondoso como Abraão?’ Pelo contrário: ‘Zússia, porque não foi como Zússia?’ Por que não exerceu o seu potencial, por que não seguiu a trajectória que era a sua própria?”

Em Rosh HaShaná confrontamos o nosso potencial como seres humanos, mas, igualmente, como Judeus. Permitamo-nos, cada um de nós, usarmos esta oportunidade para reavaliar as nossas vidas, os nossos potenciais e o nosso compromisso com D'us, com a nossa Torá, o nosso Povo e nós mesmos!

Gostaria de desejar a si e toda a sua família um belo e doce Ano Novo, repleto de bênçãos Divinas de saúde, alegria e sucesso. Que o seu Rosh HaShaná seja significativo, importante e inspirador, e que possamos escutar apenas boas notícias!

Porque D'us nos julga?

BOM DIA! Um amigo meu teve de comparecer ao fórum. O juiz determinou um intervalo para o almoço, mas como não havia tempo suficiente para ir a um restaurante, ele e seu advogado foram até uma pastelaria. O advogado comprou 9 barras de chocolate e uma Coca Diet. O meu amigo ficou surpreso:

“Eu até entendo que você comprou 9 barras de chocolate, mas porque está a comprar uma Coca DIET?”

O advogado respondeu: “Preciso salvar calorias aonde elas podem ser salvas!”

Rosh Hashaná começa nesta quarta-feira à noite, 12 de setembro e vai até o entardecer de sextafeira, 14 de setembro. Rosh Hashaná é um dia de muitas orações e é verdade que é difícil manter-se concentrado em cada oração. Portanto, gostaria de relembrá-los do advogado do meu amigo e a essência do seu conselho: “Concentre-se onde puder se concentrar! Quanto mais, melhor!”. Ao nos prepararmos para Rosh Hashaná, precisamos de nos questionar: “O que posso fazer para melhorar o meu relacionamento com o Todo-Poderoso e a minha observância dos Seus mandamentos?”

O Rambam, o conhecido Rabino espanhol Maimônides (1135-1204), que viveu na Espanha e no Egipto, ensinou que a vida de cada indivíduo é constantemente analisada sobre uma balança de pratos – como aquelas balanças antigas, onde a mercadoria era colocada num prato e os pesos no outro – e que cada um de nós deve pensar antes de tomar toda e qualquer atitude, pois uma transgressão ou uma mitsvá (boa acção) podem inclinar a balança para o lado positivo ou o contrário. Mais ainda, explicou o Rambam:

“Cada comunidade, cada país e o próprio mundo são julgados desta maneira”. Portanto, a pessoa não deve pensar que está afectando apenas a sua ‘própria balança’, mas sim o mundo como um todo.

Nestes dias antes de Rosh Hashaná devemos examinar os nossos actos e corrigir os erros que tenhamos feito. Precisamos de nos colocar em caminhos que nos levem a utilizar melhor o nosso tempo, para aperfeiçoarmos a nós mesmos e ao mundo como um todo!

Rosh Hashaná é o Dia do Julgamento. Porque D'us nos julga?

A vida é um trajecto sério. Toda acção tem a sua consequência. Se D'us não nos julgasse, não haveria justiça no mundo. Já pelo nosso ponto de vista, ao sentirmos que estamos sendo julgados, trataremos a vida com mais seriedade. Poderemos, então, corrigir os nossos erros ao tratar com as pessoas, connosco e com o Todo- Poderoso. Julgar implica importar-se. Se não se importa, não julgue. Encaramos o julgamento Divino como a maior expressão do Seu amor e preocupação em relação à maneira como vivemos as nossas vidas (baseado no livro Rosh Hashana - Yom Kippur Survival Kit).

Porque aumentamos a nossa Caridade (Tsedaká) antes de Rosh HaShaná?

"Teshuvá, Tefilá e Tsedaká -- arrependimento, orações e caridade -- anulam um mau decreto”. Esta é a oração que repetimos inúmeras vezes durante a reza de Rosh HaShaná. Cada um de nós só quer o melhor para si e a sua família. Como D'us está a julgar-nos em Rosh HaShaná, o Dia do Julgamento, faz sentido ‘aumentarmos as nossas vantagens’ o máximo que pudermos. É lógico, devemos corrigir os nossos caminhos e estabelecer uma trajectória para um aprimoramento pessoal e espiritual. E é lógico,

também, que devemos rezar -- para conectarmos as nossas almas ao Todo-Poderoso e fazer os nossos pedidos por saúde, alegria e sucesso.

Mas por que dar dinheiro? A palavra hebraica Tsedaká é geralmente traduzida como caridade. Na verdade, significa ‘justiça’. Ao praticarmos a justiça -- apoiando aquelas causas que preenchem a vontade do Criador – estaremos a ganhar, para nós e nossas famílias, méritos muito necessários e desejados. Não estamos, de forma alguma, ‘comprando a nossa defesa’ ou (como se fosse possível!) ‘comprando’ D'us; Estamos,

isto sim, demonstrando que entendemos o nosso propósito e o propósito Dele: trazer ao mundo justiça, fortalecendo o Povo Judeu e a Torá.

9.9.07

Mensagem especial de Shimon Peres

Mensagem especial de Shimon Peres em prol
dos soldados israelitas sequestrados pelos terroristas

Eu clamo vocês, irmãos e irmãs, para se juntarem a nós em Israel, numa corrente de orações pelo bem-estar e segurança dos soldados mantidos em cativeiro. Durante estes dez dias de contricção, cada um de nós deve lembrar-se que estes filhos não terão o privilégio de passar os Dias Sagrados nas suas casas com as suas famílias. O retorno destes ao lar, saudáveis e em segurança, deve ter a mais elevada prioridade na nossa ordem do dia, e um objectivo que o Estado de Israel e cada judeu ao redor do mundo, deve lutar para alcançar. Como nas palavras do profeta Isaías (Isaías 51:11), "Assim voltarão os resgatados do Senhor, e virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão". Que as nossas preces sejam atendidas prontamente. Amém.


Mensagem de Shimon Peres

Mensagem de Rosh Hashaná de
Shimon Peres, presidente de Israel


Neste momento em que estamos no limiar do Ano Novo judaico e em que assumo a Presidência do Estado de Israel, desejo primeiramente compartilhar convosco o meu mais profundo e sincero desejo de contínua prosperidade, segurança, riqueza intelectual e bem-estar para o Povo Judeu, em todo o mundo, assim como para todos aqueles que buscam a paz e a tolerância. É tempo de união – tanto em casa quanto no exterior. Dentro do espectro maior dos dilemas e desafios que enfrentamos na Nova Era, o povo judeu está sendo convocado para tratar de problemas e questões que dizem respeito à nossa existência, ao nosso papel em iniciativas globais e ao delineamento da nossa própria identidade. Durante muitos anos, Israel foi visto como um "problema" mundial. Hoje, os desafios globais são tanto da agenda israelita, quanto o são as demais questões que preocupam o mundo, como um todo. Faz-se necessário, portanto, que trabalhemos em conjunto para lidar com os actuais e os futuros desafios – não bastando simplesmente reagir aos mesmos, mas sonhar e criar... e conceber prioridades estratégicas de tanta profundidade quanto as que o nosso povo soube conceber ao longo da História... acreditando nas mesmas e as executando... Pois que somente através da consolidação dos nossos esforços – os de Israel e os do povo judeu – conseguiremos realmente fazer algo de concreto para moldar o futuro e o bem-estar do nosso povo. Por vivermos num mundo globalizado, a "realidade" inevitavelmente torna-se um fenômeno dinâmico e constantemente em mudança, no qual as diferentes comunidades se defrontam com diferentes circunstâncias e desafios.
O povo judeu não pode negligenciar a importância de reunir as vozes solitárias, em todo o mundo judeu, e harmonizá-las de modo a formar um todo, íntegro e significativo. A nossa responsabilidade, enquanto povo, é permitir que todas essas vozes sejam ouvidas. É necessário aprendermos, tanto em Israel quanto na Diáspora, a arte da sensibilidade e da sabedoria, que nos permitirão extrair o potencial embutido nessas vozes. O nosso objectivo, com tal processo, precisa continuar sendo a promoção de uma parceria intelectual e qualitativa, pelo bem do nosso povo. Buscar responsabilidades globais, dentro da estrutura do Tikun Olam, é parte inerente à herança judaica. A despeito das suas reduzidas dimensões de território, Israel tem comprovado ser capaz de criar uma economia singular. De modo semelhante, tornou-se um pioneiro mundial na esfera do desenvolvimento científico. É crucial para Israel a busca continuada por encontrar e determinar o seu próprio papel no âmbito mundial da ciência e da tecnologia, bem como por ser pioneiro na busca, sem fim, por soluções para os desafios globais no campo da educação, das telecomunicações, da agricultura, do aquecimento global e de muito, muito mais. O povo judeu, no mundo todo, tem sido e continua a ser a espinha dorsal de tais realizações. Juntos, o Estado de Israel e os judeus da diáspora têm o potencial inerente para contribuir para o avanço no caminho da paz e da prosperidade em âmbito global, em geral, e para a consolidação da existência judaica, em particular. Para que possamos transformar em realidade as aspirações acima descritas, as parcerias regionais precisam ser alimentadas, utilizando-se com sabedoria todos os recursos humanos e naturais disponíveis, como forma de promover o desenvolvimento econômico regional e a educação para a paz.
Nenhuma oportunidade pode ser perdida e todas as pistas devem ser seguidas, de modo a promover a paz entre nós mesmos e com os nossos vizinhos. Ao mesmo tempo, precisamos empreender as medidas necessárias para garantir a segurança da vida judaica, onde quer que seja. O Estado de Israel valoriza profundamente a participação das comunidades judaicas de todo o mundo no processo de assegurar o nosso bem-estar nacional. Atribuímos um valor muito especial à ininterrupta participação da juventude judaica de hoje, líderes do nosso futuro.
Precisamos continuar a prezar, com orgulho, a herança e a ética dos nossos antepassados, ao mesmo tempo em que os nossos olhos devem, também, alcançar os nossos filhos – pois temos que pavimentar o caminho para que eles se integrem e cresçam dentro da Nova Era. De facto, estamos postados à beira do presente. Ainda nos deparamos com todo o tipo de desafios, dos quais o maior é não deixar que outras perspectivas galopantes nos deixem para trás. Esta é a nossa determinação. Esta é a nossa prece. Com a proximidade, dentro de poucos dias, de Rosh Hashaná, apresento-lhes, uma vez mais, os meus mais calorosos votos pessoais a vocês, as vossas famílias e respectivas comunidades de um ano de paz e de bem-estar.



Rosh Hashana - ‘Teshuvá’


Uma boa semana! Rosh HaShaná começa na próxima quarta-feira ao entardecer, 12 de setembro! Muitos Judeus por todo o mundo estão preocupados em garantir que tenham lugares reservados nas suas sinagogas. Lembro-me a história de uma pessoa que tinha de entregar uma mensagem muito importante a um homem na sinagoga em Rosh HaShaná. O porteiro não o deixou entrar porque não tinha reserva. Por favor, só preciso de um instante para entregar a mensagem!” “Nem pensar!, falou o porteiro. Não tem reserva, não entra!” “Por favor, implorou o homem, Prometo... não vou rezar!

Qual a essência de Rosh Hashaná e como o observamos?

Rosh HaShaná é o Ano Novo Judaico. Diferente do Ano Novo secular, que é celebrado em muitas partes do mundo civilizadocom festanças, bailes, bebendo em excesso, os fogos de artifício na praia ou uma bola a descer no Times Square, em Nova York, o Ano Novo Judaico é celebrado refletindo-se sobre o passado, corrigindo os nossos erros, planeando para o futuro, orando por saúde, por um ano doce e celebrando, em família, com refeições festivas.

O Rabino Nachum Braverman, do Aish HaTorá de Los Angeles, escreveu: “Em Rosh HaShaná fazemos um balanço do nosso ano e oramos repetidamente pedindo vida. Como justificaremos mais um ano de vida? O que fizemos com este ano? Foi um período de crescimento, introspecção e interesse pelos demais? Fizemos bom uso do nosso tempo ou o esbanjamos? Foi realmente um ano de vida ou meramente um passar de tempo? Agora é a hora de nos avaliarmos e reordenarmos as nossas vidas.

Este processo é chamado Teshuvá, voltar para casa – reconhecendo os nossos erros entre nós e Dus, bem como entre nós e os nossos semelhantes. E corrigi-los”.

Em Rosh HaShaná rezamos pedindo para sermos inscritos no Livro da Vida, pedimos por saúde, por sustento. É o Dia do Julgamento. Mesmo assim, nós o celebramos com refeições festivas, na companhia de familiares e amigos. Como podemos celebrar quando as nossas vidas estão suspensas numa balança?

Definitivamente, confiamos na bondade e na misericórdia do Todo-Poderoso. Sabemos que Ele conhece os nossos corações e as nossas intenções, e com amor e sabedoria decidirá o que é melhor para nós, assim confirmando o Seu decreto para cada um de nós, para este ano que se inicia.

Muitas pessoas perguntam: Não faria mais sentido que o Dia do Perdão (Yom Kipur) viesse antes do Dia do Julgamento (Rosh HaShaná)? A resposta é que, até que reconheçamos o nosso Criador e compreendamos a magnitude e as conseqüências dos nossos actos, não conseguiremos realmente modificar-nos e procurar perdão pelos erros cometidos. Este é o motivo pelo qual os três temas principais de Rosh HaShaná são: Malchuiot (Reinado), Zichronot (Providência) e Shofarot (Revelação). A oração de Mussaf é também estruturada ao redor destes três temas.

O Livro de Nossa Herança, de autoria do Rabino Eliahu Kitov (disponível, em inglês, no site www.eichlers.com, sob o título The Book of Our Heritage), elucida:

No trecho da reza conhecido como Malchuiot (Reinado), nós reconhecemos Dus como o criador de tudo o que existe no universo e declaramos a nossa aceitação das Suas regras eternas. No trecho conhecido como Zichronot (Providência) proclamamos o nosso entendimento de que:

1) O Todo-Poderoso mantém um relacionamento com cada ser humano individualmente

2) Dus importa-se com o que fazemos das nossas vidas e lembra-se de tudo;

3) Existem conseqüências Divinas pelas nossas atitudes.

No trecho conhecido como Shofarot (Revelação) nós aceitamos a Torá como se estivesse sendo outorgada novamente hoje, sob trovões e relâmpagos e um poderoso toque de Shofár, da mesma maneira que o foi há mais de 3.300 anos no Monte Sinai. Também aguardamos a redenção final que será anunciada com o Shofár do Mashiach (Messias).

Nas refeições das duas noites de Rosh HaShaná (quarta e quinta-feira à noite, 12 e 13 de setembro) existe o costume de mergulharmos a Halá, um pão especialmente trançado, bem como uma maçã em mel, simbolizando as nossas esperanças de um ano doce. Existe um costume de comermos várias Comidas Simbólicas – na sua maioria frutas e vegetais – cada uma delas precedida por um pedido. Por exemplo, antes de comer uma romã, pedimos: “Possa ser a Sua vontade... que nossos méritos sejam tantos como as sementes de uma romã. Muitos pedidos estão baseados em jogos de palavras (em hebraico) entre o nome do alimento e o pedido em si. Como estes jogos de palavras se perdem quando a pessoa não entende hebraico, existem aqueles que fazem os seus próprios pedidos.

Outro costume é o Tashlich, um arremesso simbólico das nossas transgressões. Este ano é feito na quinta-feira à tarde, depois da oração de Minchá (a oração da tarde). Entretanto, lembrem-se: estes actos simbólicos servem apenas para ajudar a sintonizarmos com o que precisamos fazer da vida, para despertar as nossas emoções e paixões. Não são um fim em si e com certeza não são o ponto principal de Rosh HaShaná.

7.9.07

Pensamento da Semana

"O medo derrota muito mais pessoas, do que qualquer outra coisa!"

6.9.07

Porção Semanal: Nitsavim


Bereshit 47:28 - 49:26

Nitzavim (Devarim 29:9-30:20) inicia-se com Moshê reunindo todos os membros do povo judeu pela última vez na sua vida, para iniciá-los na eterna aliança com D'us.
Moshê adverte-os a não serem tentados pelos actos maus dos idólatras que vivem ao redor deles, e a evitarem racionalizar a conduta imprópria dizendo que D'us os perdoará, pois manter tal crença é a suprema fonte da nossa destruição e exílio. Embora irá cometer pecados, o povo judeu no final se arrependerá e retornará para a Torá, e D'us introduzirá a Era Messiânica, quando todos retornaremos à terra de Israel e as muitas bênçãos maravilhosas da Torá serão cumpridas. Moshê diz ao povo para não temer serem incapazes de corresponder às expectativas da Torá, assegurando-lhes que as mitsvot não são distantes ou inacessíveis; uma vida de Torá está ao alcance de qualquer pessoa.
A porção termina com uma exortação para escolher a Torá e vida, acima da sinistra alternativa do mal e morte.

Mensagem da Parashá

Responsabilidade da Alma
por Rabi Lee Jay Lowenstein

Com precisão profética, a Parashat Nitzavim continua a detalhar as provações que se abaterão sobre a nação judia no decorrer da sua história. A devastação do país, o preocupante número de infortúnios, e a ira do Todo Poderoso deixarão as nações do mundo assombradas; que mal o povo judeu pode ter praticado para merecer destino tão trágico (Devarim 29:23). Mesmo assim, miraculosamente, o povo judeu sobreviverá. Oprimida pelo sofrimento, a nação judaica examinará o seu passado e verá como tem sido beneficiada com uma enorme quantidade de benesses Divinas. Esta reflexão será o início de um retorno total aos valores da Torá, e ao fortalecimento do vínculo existente entre o povo judeu e D'us.

Segundo Ramban, a Torá garante explicitamente a capacidade de nos rejuvenescermos através de sincero arrependimento na porção desta semana. A Torá ensina-nos: "Pois este mandamento do qual os encarrego hoje – não está oculto de vocês e não está distante. Não é nos céus que deveriam perguntar quem subirá e o procurará por vocês… Ao contrário, está na verdade muito perto de ti – na tua boca e no teu coração – cumpri-lo" (ibid. 30:11-14). Teshuvá é de facto uma responsabilidade muito humana, que requer participação tanto do coração quanto da boca.
Embora o entendimento de Ramban sobre os versículos referindo-se à teshuvá adapte-se bem dentro da linha de história da leitura da Torá, é extremamente difícil compreendê-lo à luz de uma regra fascinante emitida pelo Talmud.

O Talmud (Tratado Baba Metzia 59b) relata o episódio de uma grande disputa entre Rabi Eliezer e os Sábios de Israel a respeito da capacidade de um recipiente em especial de tornar-se tamê. A própria Torá apresenta o princípio fundamental que em caso de disputa devemos regulamentar de acordo com a maioria.

Rabi Eliezer foi enormemente derrotado, mas recusou-se a ceder terreno. Tão convencido estava de que a lei seguia a sua opinião que começou a solicitar meios sobrenaturais para consolidar o seu ponto de vista, e declarou: "Se a lei é como eu, que o rio corra para cima!"

Com certeza, o rio mudou o seu curso e a água subiu corrente acima. O restante dos sábios rejeitou friamente a sua exposição, dizendo: "Não se pode citar evidência legal baseado em riachos!" Rabi Eliezer continuou a trazer provas sobrenaturais, todas rejeitadas pelos sábios da mesma maneira. Finalmente, em desespero de causa, Rabi Eliezer disse: "Se a lei é como eu, que uma voz venha dos céus para confirmar isso!"

Como para aproveitar a deixa, uma voz celestial foi ouvida, dizendo: "Por que discutem com Rabi Eliezer? Com certeza ele está certo!" Nesta altura, Rabi Yehoshua (a força liderante por trás da discordância) levantou-se e proclamou: "A Torá não está mais nos céus (referindo-se aos versículos acima citados); foi confiada aos sábios de Israel e nós, a maioria, decretamos que a halachá está de acordo connosco."

Os rabis do Talmud entenderam que os versículos na nossa porção da Torá têm grandes ramificações haláchicas: a Torá está agora sob propriedade exclusiva dos sábios de Israel e a sua sabedoria colectiva. Como podemos justificar esta posição à luz da leitura de Ramban que é, de facto, a mais simples tradução dos versículos? Oque tem a ver o facto de que a Torá seja propriedade do povo judeu, como cita o Talmud, com a nossa capacidade de arrependimento, como Ramban os interpreta?

Há duas motivações básicas que inspiram um indivíduo a arrepender-se. A mais óbvia é o temor de aceitar as conseqüências do pecado. A Torá está repleta de referências às horríveis tragédias que se abaterão sobre o povo judeu se este ficar impassível e afastar-se de D'us. Este tipo de teshuvá é mais um acto de "salvar a própria pele" que uma tentativa de corrigir um acto falho. Há, entretanto, um ímpeto mais profundo, que jaz no âmago da alma judaica, e é onde está o verdadeiro poder da teshuvá.

Como podemos explicar o dito talmúdico que a Torá não está mais nos céus? Como é possível que argumentemos com a palavra do próprio Todo Poderoso e sejamos correctos na nossa aplicação da halachá?

Pode existir apenas uma solução: O povo judeu não é composto de simples servos de D'us; somos parceiros com total responsabilidade de preservar e determinar as aplicações dos eternos princípios da Torá. Como ocorre com qualquer sociedade, deve haver um denominador comum a conectar-nos, formando a base do relacionamento. Neste exemplo, é a qualidade única da alma judaica. A alma de um judeu é mencionada nas fontes cabalísticas como tendo uma centelha do Divino. Existe dentro de nós um fragmento de eternidade. É este fogo sagrado que dá poder ao judeu, inspira o seu desejo de controlar o seu ambiente e o impele em direcção ao maior sucesso que a vida pode oferecer. Esta mesma alma possibilita-nos "imitar" as qualidades Divinas de D'us e nos torna depositários apropriados das verdades absolutas da Torá.

Estar autorizado a estabelecer a política, interpretar a Torá e aplicá-la segundo os métodos prescritos que foram transmitidos a Moshê, atestam a natureza elevada do povo judeu. Somos criaturas Divinas e temos o poder de moldar a realidade conforme a nossa sabedoria colectiva. Além disso, se D'us nos confiou a Sua Torá, o Seu presente mais precioso, é uma prova do poderoso amor que Ele sente por nós. A pessoa não confia a um servo, não importa quão leal seja este, o seu bem de maior valor. Apenas a um filho ou amigo querido a pessoa deseja legar o objecto da sua paixão.
Entendido neste nível, o pecado é não apenas hediondo por causa da sua afronta ao Criador, como também igualmente prejudicial para nós a nível pessoal. Certamente o fumante inveterado, que sofre de câncro do pulmão, deve sentir uma pontinha de arrependimento pelos anos de prejuízo auto-infligido. Muito mais remorso deveria sentir o pecador quando reflete sobre o enorme dano que os seus pecados causaram.

Isso deveria fazer alguém refletir: "Como pude eu, uma centelha do Divino, agir de maneira tão desonrosa fazendo isso e aquilo? Devo a mim mesmo ser uma pessoa melhor, corresponder ao papel que D'us criou para mim; ser o Seu querido parceiro na maior história de todos os tempos, a história de minha vida e a história do povo judeu!"

Que a vontade de D'us para connosco seja de que este ano vejamos sob uma luz diferente. Em vez de nos aproximarmos dos Dias Festivos com sentimentos de ansiedade, pensemos sobre o que realmente somos e como devemos aperfeiçoar a nós mesmos. Afinal, que tipo de história a nossa vida refletiria se nada mais for que uma reprise?

SHABAT SHALOM

4.9.07

Rosh Hashana - Alimentos simbólicos


Vários alimentos simbólicos são ingeridos na refeição da primeira noite de Rosh Hashaná, e um pedido é recitado para cada alimento. Este costume é baseado num ensinamento talmúdico: "Presságios são significativos; por isso cada pessoa deveria comer no início do ano abóboras, beterrabas, tâmaras e alhos."

Maçã
Mergulhamos uma fatia de maçã doce no mel, recitamos a bênção da fruta (Borê Peri Haêts) e falamos:
"Yehi ratson milefanêcha shetechedêsh alênu shaná tová umetucá".
"Possa ser Tua vontade renovar para nós um ano bom e doce ".

Chalot
As chalot servidas em Rosh Hashaná são redondas, símbolo de continuidade e eternidade, como o círculo que não tem começo nem fim; sem ângulos, nem arestas, um pedido para um ano sem conflitos. Costuma-se mergulhar o pão no mel em vez do sal habitual, em todas as refeições desde Rosh Hashaná até ao sétimo dia de Sucot.

Mel
O valor numérico da palavra "dvash" (mel) equivale ao valor de "Av Ha'Rachamim" (Pai Misericordioso): assim o mel representa a esperança de que a sentença decretada pelo Supremo Juiz seja amenizada pela Sua compaixão.

Frutas e alimentos especiais
É costume comer carne e vinho doce ou qualquer bebida doce nesta refeição, para ter um ano farto e doce.
Na segunda noite de Rosh Hashaná, imediatamente após o kidush, costuma-se ingerir uma fruta nova, a primeira vez que comeríamos nesta estação, a fim de pronunciarmos a bênção de Shehecheyánu.
Há quem costume recitar uma prece especial (Yehi ratson) antes de ingerir qualquer um dos seguintes alimentos. Conforme o costume Chabad, Yehi ratson só é recitado ao ingerir a maçã com mel.
Os sefaradim colocam no centro da mesa uma cesta (Traskal) contendo diferentes espécies de frutas que contém muitas sementes, para que as boas acções sejam numerosas no ano vindouro além de alimentos especiais entre os quais maçã, alho-porro, acelga, tâmara, abóbora ou moranga, feijão roxinho, romã, peixe e cabeça de carneiro (que pode ser substituída por língua de boi ou cabeça de peixe). Antes de ingerir cada um dos nove alimentos recita-se um "Yehi Ratson" especial:

Alho-porro
"Yehi Ratson milefanêcha sheyicaretu oyvêcha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu".
"Possa ser a Tua vontade que sejam exterminados os Teus inimigos e os Teus oponentes e todos aqueles que querem o nosso mal".

Acelga
"Yehi Ratson milefanêcha sheyistalecu oyvecha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu".
"Possa ser a Tua vontade que sejam removidos os Teus inimigos e os Teus oponentes e todos aqueles que querem o nosso mal".

Tâmara
Costuma-se ingeri-la para que acabem os nossos inimigos (em hebraico, yitámu, parecido com tamar).
"Yehi Ratson milefanêcha sheyitámu oyvecha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu".
"Possa ser a Tua vontade que sejam consumidos os Teus inimigos e os Teus oponentes e todos aqueles que querem o nosso mal".

Abóbora ou cenoura
A palavra "mern", em yidish, pode ser traduzida como "cenoura" e também como "se multipliquem". Por isto comemos cenoura - para que os méritos se multipliquem.
"Yehi Ratson milefanêcha sheticrá rôa guezar dinênu, veyicareú lefanecha zechuyotênu".
"Possa ser a Tua vontade que o decreto ruim da nossa sentença seja rasgado em pedaços, e que os nossos méritos sejam proclamados perante Ti".


Feijão roxinho
"Yehi Ratson milefanêcha sheyirbu zechuyotênu".
"Possa ser a Tua vontade que os nossos méritos se multipliquem".

Romã
Costuma-se ingerir em sinal para que aumentem os nossos méritos como os caroços da romã. Há uma explicação que a romã possui 613 caroços - o número das mitsvot da Torá.
"Yehi Ratson milefanêcha sheyirbu zechuyotênu carimon".
"Possa ser a Tua vontade que os nossos méritos cresçam em número como [as sementes] da romã".

Peixe
"Yehi Ratson milefanêcha shenifrê venirbê cadaguim; vetishgach alan beená pekichá".
"Possa ser a Tua vontade que nós nos frutifiquemos e nos multipliquemos como peixes; e cuida de nós com olho aberto [atentamente]".

Cabeça de carneiro, língua ou peixe com cabeça
Costuma-se ingerir um destes alimentos para que sejamos cabeça e não cauda:
- de carneiro, para lembrar o mérito do sacrifício de Yitschac que foi substituído por um carneiro.
- de peixe, para que o ser humano se multiplique como os peixes.
"Yehi Ratson milefanêcha shenihyê lerosh velô lezanav".
"Possa ser a Tua vontade que sejamos como a cabeça e não como a cauda".

Ingredientes que devem ser evitados
Não se come nada temperado com vinagre em Rosh Hashaná ou raiz forte para não ter um ano amargo. Nozes também não devem ser ingeridas nestes dias. Um dos motivos é porque as nozes provocam pigarro que pode atrapalhar as orações do dia; outro motivo é que o valor numérico da palavra egoz (noz) corresponde ao da palavra chet (pecado) sem o alef.

2.9.07

Pensamento da Semana

As crianças facilmente esquecerão os seus presentes. Porém, sempre se lembrarão da sua presença!

O crescimento pessoal...

Uma boa semana! Sabia, que há dois benefícios em conversar consigo próprio? Primeiro, estará a conversar com uma pessoa inteligente. Em segundo, poderá ouvir uma pessoa inteligente! Sabia, que falamos com nós mesmos o tempo todo? Todos temos como um ‘CD‘ que fica a tocar no nosso subconsciente, repetindo constantemente como nos comportamos e as limitações que nos auto impomos. Por exemplo: “Meu pai não aprova as coisas que faço. Nunca satisfarei suas expectativas”. Somos nós quem nos limitamos e nos colocamos em estado de ansiedade, tensão, medo e hesitação através daquilo que dizemos a nós mesmos. Nós somos aquilo que pensamos! Entretanto, como seria se pudéssemos trocar este CD? Como seria se pudéssemos trocar a mensagem por algo muito mais energizante e inspirador? “Que coisas podemos fazer para aprimorar a nossa comunicação intrapessoal? Comecemos a apreciar as comunicações positivas que mantivemos durante toda a nossa vida, até ao dia de hoje. Os nossos melhores momentos são os nossos melhores professores”. “Há muitas maneiras de aprimorar a nossa comunicação interna. Os livros e artigos que lemos podem ajudar, bem como as palestras que ouvimos e as pessoas positivas com quem conversamos. Repitamos com entusiasmo: ‘Estou totalmente comprometido e resolvido a aprimorar a minha comunicação interna’. Repitamos esta frase quantas vezes for necessário de forma a garantir que a nossa maneira de comunicar com o nosso íntimo esteja a criar uma mudança positiva na nossa vida”. “O que desejamos ser? Escrevamos as características que desejamos dominar num papel e carreguemos connosco. Enfatizar nas seguintes quatro coisas gerará um tremendo efeito positivo nas nossas vidas: Alegria (incluindo aí a gratidão), Bondade, Coragem e Serenidade. De vez em quando, durante o dia, pegue no papel e leia-o – com optimismo e entusiasmo. Ao pensar sobre estas características tão desejadas, a pessoa logo se encontrará a pensar, falando e agindo de maneira consistente e diferente. O crescimento pessoal é um processo para a vida inteira, não algo instantâneo”. “Converse consigo próprio sobre o que deseja, não sobre o que não deseja. Se alguém que fuma dissesse: ‘Não quero mais fumar’, que imagem estaria a gerar na sua mente? Fumar cigarros, lógico. E se uma pessoa diz para si mesma: ‘Não quero adiar este compromisso para outro dia’, que imagem estará a criar no seu cérebro? A de adiar, claro”. “Ao conversarmos sobre os padrões que desejamos para nós, as imagens que surgirão são os quadros daquelas coisas que queremos ser. Por exemplo: alguém que declara que deseja perder uns ‘quilinhos extras’, imagina-se mais magro. Agindo assim, influenciaremos e condicionaremos as nossas mentes de uma maneira positiva. Consistentemente repetindo imagens mentais das nossas metas nos levará espontaneamente a atitudes positivas e comportamentos que nos ajudarão a atingir o objectivo almejado”. “Aqueles que frequentemente fazem ‘fotos mentais’ do que querem ser descobrem que o seu comportamento realmente começa a alinhar-se com estes ‘quadros mentais’. Pensemos em padrões de comportamento que verdadeiramente gostaríamos que se tornassem habituais em nós. Comecemos a falar e agir de acordo com estes padrões. Converse consigo mesmo sobre isto. Repita estas imagens várias vezes ao dia por um período maior de tempo e inevitavelmente verá resultados positivos!”