26.9.07

O significado das Quatro Espécies


Os nossos sábios procuram responder sobre o significado das Quatro Espécies, comparando-as aos quatro tipos de judeus que formam o nosso povo.

O Etrog tem sabor e aroma, o Lulav tem sabor mas não tem aroma, a murta tem aroma mas não tem sabor e o salgueiro não possui nem um nem outro.

Da mesma forma também existem judeus que têm a seu crédito tanto as boas acções como o estudo da Torá; outros possuem apenas uma dessas virtudes e a outros ainda faltam-lhes ambas.

Assim como essas quatro variedades precisam ser reunidas para que seja cumprido o mandamento, assim também é necessário que as quatro categorias de judeus estejam unidas para formar uma comunidade, um povo.

A união é uma das bases da existência. Enquanto nos conservarmos unidos e um velar pelo bem-estar do outro, estará assegurado o futuro. Este é o intuito das quatro variedades de plantas - a reunião de todas as partes do povo, não excluindo os que desconhecem a tradição.

Quando seguramos as Quatro Espécies nas mãos, o Etrog, segundo a tradição, deve estar mais perto das Aravot do que das outras duas variedades. Com isto, mostramos que este não se recusa a se misturar com as espécies de menor valor, especialmente o salgueiro; o Etrog expressa a sua humildade e o desejo de união. Esta é a mais bela lição que as plantas nos oferecem.

Uma mensagem para o ano todo

É preciso lembrar, no entanto, que apenas a união não é suficiente; cada um precisa de se esforçar-se para elevar-se à qualidade do Etrog. O que simboliza este? A sidra não tem, como as outras frutas, época certa de amadurecimento. É encontrada o ano todo.

Por outro lado, existem judeus cujo judaísmo e devoção dependem de certas condições ou épocas. Alguns, por exemplo, tornam-se religiosos nas horas difíceis - mas em tempos normais, quando tudo lhes corre bem, o seu judaísmo não se manifesta. São os judeus de ocasião.

Outros seguem a tradição apenas em certos dias, por exemplo, nas Grandes Festas, mas durante o resto do ano mostram-se indiferentes à religião. São os judeus de temporada.

O verdadeiro judeu, no entanto, é aquele para quem o judaísmo não está condicionado a circunstâncias ou épocas. Este é representado pelo Etrog - "a fruta que pode ser encontrada na árvore o ano todo."

Dizem ainda os nossos sábios que as Quatro Espécies também representam a união dentro do indivíduo. O Etrog tem a aparência do coração; o Lulav da espinha dorsal; os Hadassím simbolizam os olhos e o salgueiro, a boca.

Todos os membros e sentidos devem estar unidos para desempenhar as suas funções com perfeição. Se o coração sente uma coisa e a boca diz outra, o homem não é honesto. Se os olhos vêem a verdade e a espinha dorsal se curva diante da mentira porque esta é mais forte, o homem não é o que devia ser.

Mais uma lição nos traz o Etrog. A mitsvá principal em relação à sidra é que ela deve ser de propriedade da pessoa - de seu próprio jardim ou comprada com o seu dinheiro. Com um Etrog alheio, não se cumpre o mandamento. O Etrog - coração do povo judeu - sempre deve ser dele mesmo, leal ao povo judeu e a D'us. Deve participar das alegrias e tristezas da sua gente. Se o coração do judeu está repleto de idéias e opiniões alheias, não é um coração judaico.

O Lulav - a espinha dorsal do povo judeu - deve também ser da sua propriedade, orgulhoso da sua lealdade para com os ideais do seu povo. Não deve se curvar nem se deixar influenciar pelos outros.

Os Hadassim - os olhos do povo judeu - devem sempre se dirigir para o seu povo, à procura de meios para o ajudar. Se desviar o olhar e começar a imitar os outros, abandonará os seus próprios valores.

A Aravá - a boca do judeu - deve ser primordialmente leal a si mesma. Quando um judeu calunia outro ou desdenha das tradições e ideais judaicos, espalha o ódio e o desprezo para com o seu povo e causa vergonha a si mesmo. Uma boca judaica deve expressar os anseios do povo judeu, exigir todos os seus direitos e defendê-lo de quaisquer ataques.