Rosh Hashana - ‘Teshuvá’
Uma boa semana! Rosh HaShaná começa na próxima quarta-feira ao entardecer, 12 de setembro! Muitos Judeus por todo o mundo estão preocupados em garantir que tenham lugares reservados nas suas sinagogas. Lembro-me a história de uma pessoa que tinha de entregar uma mensagem muito importante a um homem na sinagoga em Rosh HaShaná. O porteiro não o deixou entrar porque não tinha reserva. “Por favor, só preciso de um instante para entregar a mensagem!” “Nem pensar!”, falou o porteiro. “Não tem reserva, não entra!” “Por favor”, implorou o homem, “Prometo... não vou rezar!”
Qual a essência de Rosh Hashaná e como o observamos?
Rosh HaShaná é o Ano Novo Judaico. Diferente do Ano Novo secular, que é celebrado em muitas partes do mundo ‘civilizado’ com festanças, bailes, bebendo em excesso, os fogos de artifício na praia ou uma bola a descer no Times Square, em Nova York, o Ano Novo Judaico é celebrado refletindo-se sobre o passado, corrigindo os nossos erros, planeando para o futuro, orando por saúde, por um ano doce e celebrando, em família, com refeições festivas.
O Rabino Nachum Braverman, do Aish HaTorá de Los Angeles, escreveu: “Em Rosh HaShaná fazemos um balanço do nosso ano e oramos repetidamente pedindo vida. Como justificaremos mais um ano de vida? O que fizemos com este ano? Foi um período de crescimento, introspecção e interesse pelos demais? Fizemos bom uso do nosso tempo ou o esbanjamos? Foi realmente um ano de vida ou meramente um ‘passar de tempo’? Agora é a hora de nos avaliarmos e reordenarmos as nossas vidas.
Este processo é chamado ‘Teshuvá’, voltar para casa – reconhecendo os nossos erros entre nós e D’us, bem como entre nós e os nossos semelhantes. E corrigi-los”.
Em Rosh HaShaná rezamos pedindo para sermos inscritos no Livro da Vida, pedimos por saúde, por sustento. É o Dia do Julgamento. Mesmo assim, nós o celebramos com refeições festivas, na companhia de familiares e amigos. Como podemos celebrar quando as nossas vidas estão suspensas numa balança?
Definitivamente, confiamos na bondade e na misericórdia do Todo-Poderoso. Sabemos que Ele conhece os nossos corações e as nossas intenções, e com amor e sabedoria decidirá o que é melhor para nós, assim confirmando o Seu decreto para cada um de nós, para este ano que se inicia.
Muitas pessoas perguntam: Não faria mais sentido que o Dia do Perdão (Yom Kipur) viesse antes do Dia do Julgamento (Rosh HaShaná)? A resposta é que, até que reconheçamos o nosso Criador e compreendamos a magnitude e as conseqüências dos nossos actos, não conseguiremos realmente modificar-nos e procurar perdão pelos erros cometidos. Este é o motivo pelo qual os três temas principais de Rosh HaShaná são: Malchuiot (Reinado), Zichronot (Providência) e Shofarot (Revelação). A oração de Mussaf é também estruturada ao redor destes três temas.
O ‘Livro de Nossa Herança’, de autoria do Rabino Eliahu Kitov (disponível, em inglês, no site www.eichlers.com, sob o título ‘The Book of Our Heritage’), elucida:
No trecho da reza conhecido como Malchuiot (Reinado), nós reconhecemos D’us como o criador de tudo o que existe no universo e declaramos a nossa aceitação das Suas regras eternas. No trecho conhecido como Zichronot (Providência) proclamamos o nosso entendimento de que:
1) O Todo-Poderoso mantém um relacionamento com cada ser humano individualmente
2) D’us importa-se com o que fazemos das nossas vidas e lembra-se de tudo;
3) Existem conseqüências Divinas pelas nossas atitudes.
No trecho conhecido como Shofarot (Revelação) nós aceitamos a Torá como se estivesse sendo outorgada novamente hoje, sob trovões e relâmpagos e um poderoso toque de Shofár, da mesma maneira que o foi há mais de 3.300 anos no Monte Sinai. Também aguardamos a redenção final que será anunciada com o ‘Shofár do Mashiach (Messias)’.
Nas refeições das duas noites de Rosh HaShaná (quarta e quinta-feira à noite, 12 e 13 de setembro) existe o costume de mergulharmos a Halá, um pão especialmente trançado, bem como uma maçã em mel, simbolizando as nossas esperanças de um ano doce. Existe um costume de comermos várias Comidas Simbólicas – na sua maioria frutas e vegetais – cada uma delas precedida por um pedido. Por exemplo, antes de comer uma romã, pedimos: “Possa ser a Sua vontade... que nossos méritos sejam tantos como as sementes de uma romã”. Muitos pedidos estão baseados em jogos de palavras (em hebraico) entre o nome do alimento e o pedido em si. Como estes jogos de palavras se perdem quando a pessoa não entende hebraico, existem aqueles que fazem os seus próprios pedidos.
Outro costume é o Tashlich, um arremesso simbólico das nossas transgressões. Este ano é feito na quinta-feira à tarde, depois da oração de Minchá (a oração da tarde). Entretanto, lembrem-se: estes actos simbólicos servem apenas para ajudar a sintonizarmos com o que precisamos fazer da vida, para despertar as nossas emoções e paixões. Não são um fim em si e com certeza não são o ponto principal de Rosh HaShaná.
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