30.1.08

Anne Frank


Links para relembrar, que nunca mais, nunca mais nos farão passar por tamanha barbaridade.

http://www.youtube.com/watch?v=lz2ap3PI90Y&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=BTycEKSMEpU&feature=related

Acerca de Anne Frank
http://www.youtube.com/watch?v=xVkc-0cI91o&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=L1FdVTA8dvw&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=j8EL6lR_7X0&feature=related






Holocausto... nunca mais.


Entrem neste link ... "nunca mais"

http://www.youtube.com/watch?v=BOawjwmyhWc

28.1.08

Cavaco recorda vítimas do Holocausto


O Presidente República participou em cerimónia na sinagoga de Lisboa sublinhando hoje a importância de falar e recordar, considerando que a evocação das vítimas do Holocausto é "um dever de memória". Aníbal Cavaco Silva falava na cerimónia realizada na Sinagoga de Lisboa por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

"Estamos aqui a cumprir um dever de memória. Compreendemos o que se passou? Não compreendemos. Não se pode compreender um processo racional, burocrático e sistemático, cuidadosamente planificado e arquitectado, para realizar o irracional", afirmou.

Contudo, acrescentou, mesmo que as palavras sejam pobres para descrever o horror, "temos o dever de falar", "o dever de recordar".

"Milhões foram martirizados, sobretudo judeus. Honramos a memória de todas as vítimas". Porque "o trabalho de memória começa por ser um esforço de reconstituição de um passado que não pode ser negado".

"É mais do que um imperativo de justiça. Contra a indiferença, contra o esquecimento, é de uma pedagogia que precisamos: que todos saibam o que aconteceu para que todos sejam levados a agir de modo a que não volte a acontecer", referiu.

Recordando a lição deixada no "grande livro da sabedoria rabínica", o Tamulde, de que "aquele que é de todos o mais poderoso não é o que destrói o seu inimigo, mas o que transforma o inimigo em amigo", Cavaco Silva deixou também um desejo.

"Quando esta lição, válida em todos os tempos e para todos os homens, for verdadeiramente aprendida, alcançaremos a paz abundante e a vida boa para nós e para todo o povo de Israel que a oração que há pouco partilhámos nos promete", declarou.

Antes de Cavaco Silva, e já depois de uma pequena cerimónia religiosa, o presidente da comunidade Israelita, José Oulman Carp, falou igualmente na necessidade de acabar com o anti-semitismo, a xenofobia e todas as formas de discriminação para chegar "à paz universal" ou "unidade na diversidade".

Na cerimónia realizada ao final da tarde na Sinagoga de Lisboa participaram, além do Presidente da República, o ministro da Justiça, Alberto Costa, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, representantes dos partidos, como o social-democrata Rui Gomes da Silva, os deputados o CDS-PP João Rebelo e Teresa Caeiro, o socialista José Lamego, e o Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, Rui Marques, entre outros.

O Dia Internacional em memória das Vítimas do Holocausto, que se comemorou, ontem dia 27 de Janeiro, foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, através da resolução 60/7 de 01 de Novembro de 2005. Foi a 27 de Janeiro de 1945 que as forças aliadas libertaram os judeus que se encontravam no campo de concentração de Auschwitz.

27.1.08

Refinando o comportamento


Por Nachum Kaplan

Numa recente visita que fiz a uma pré-escola, duas crianças discutiam para decidir quem tinha feito o desenho “mais idiota”. Um dos adultos na sala disse-lhes para não brigar, ao que as crianças responderam em uníssono: “Não estamos brigando”, e continuaram a atacar-se verbalmente. Quando crescerem, afiarão a sua destreza verbal; aprenderão a reagir rápidamente a um comentário negativo, e usarão um ainda melhor.

Desde pequenas, muitas crianças aprendem a usar as palavras como armas. Aprendem a “ferir-se um ao outro” verbalmente e a usar as palavras para proteger-se num ambiente hostil. Aprenderão a dizer o que lhes vier à cabeça a quem quer que seja, criança ou adulto, colega ou superior. E nós adultos temos de aceitar esta linguagem não educada com um dar de ombros e um suspiro, como sinal dos tempos. Não posso deixar de me perguntar quando e como este tipo de conversa tornou-se uma norma aceitável.

Já foi dito que a comunidade judaica imita a sociedade em geral. Um dos desenvolvimentos menos admiráveis da nossa era moderna, assim me parece, tem sido o declínio gradual da linguagem refinada e do comportamento civilizado. A própria idéia da linguagem refinada parece antiquada. Dizemos o que nos vem à mente de maneira clara; a nossa escolha de palavras nem sempre é sensível às pessoas com quem falamos. Não sentimos necessidade de fazer rodeios ou de disfarçar quando apresentamos os nossos sentimentos e idéias. Alguns orgulham-se daquilo que chamam de “dizer na cara” das pessoas tudo o que lhes convém.

Na televisão, a vida familiar é retratada, para o nosso entretenimento, como uma série de conversas grosseiras. Os personagens discutem com as pessoas que mais amam, sem se preocupar com os sentimentos do outro; amigos e idosos, tanto faz, isso não importa. Parece até que uma conversa polida e civilizada é algo que não existe. A própria idéia de que eles precisam se dirigir aos mais velhos ou superiores com alguma deferência traria um sorriso a muitas faces. Desde que não seja insultante, qualquer forma de linguagem é aceitável; na verdade, é vista até como mais sincera e mais produtiva.

A desintegração deste aspecto da sociedade civil tem sido um processo gradual e evolutivo. A linguagem dissimulada nos relacionamentos pessoais típicos da Era Vitoriana há muito foram desacreditados. Aprendemos a nos dirigir uns aos outros usando termos familiares, a dizer o que pensamos e a usar uma linguagem mais simples e comum. Em algum lugar ao longo do caminho perdemos parte da deferência e respeito tradicionalmente conferido aos nossos idosos e superiores. Poderia parecer que a comunidade judaica reflete muitas dessas mesmas doenças, apesar do facto de que a inspiração e orientação para a nossa sociedade estão enraizadas na Torá e na Tradição Judaica.

Na narrativa da Torá que descreve o comportamento de Yaacov e Essav, aprendemos que os dois eram distinguíveis por causa do modo de falar refinado de Yaacov. Em toda a Torá somos advertidos freqüentemente sobre como nos dirigir aos nossos superiores e o que é aceitável na conversação. Muitos volumes da Halachá discutem nada além daquilo que é permitido na conversação judaica; o tema subjacente é o refinamento do nosso discurso e a sensibilidade para com os outros. Parece incongruente que a nossa sociedade religiosa aceite menos do que isso. Mesmo assim, viemos a aceitar algumas coisas que são as doenças da sociedade em geral, algo que não podemos controlar e não temos alternativa senão aceitar, embora de má vontade. Precisamos realmente aceitar a falta de um dogma judaico tão básico como o respeito pelos mais velhos? O que podemos fazer para mudar as atitudes sobre o discurso aceitável?

Não, não creio que estejamos querendo voltar o relógio aos tempos vitorianos, mas podemos virar a maré no que diz respeito ao derech erets e civilidade básica na fala dos nossos filhos, O facto de a Torá nos advertir tantas vezes a respeitar os nossos pais e anciãos é motivo suficiente para fazermos todos os esforços e fazer disso uma prioridade educacional. Há mais de trinta admoestações positivas e negativas na Torá relacionadas ao discurso, e isso deveria exigir que este aspecto seja parte de todo o currículum escolar. Parece óbvio que, talvez sem perceber, tenhamos todos baixado os nossos padrões sobre aquilo que consideramos aceitável. Lar e escola são igualmente culpados, porém precisamos começar por algum lugar e a meu ver as escolas devem dar o primeiro passo. Claramente, nem o lar nem a escola sozinhos conseguirão uma mudança fundamental em atitude. Porém, seria razoável acreditar que, quando escola e lar partilharem a mesma agenda e trabalharem em cooperação, as atitudes e o comportamento podem começar a mudar.

Pesquisas sobre atitudes e comportamento social, bem como a psicologia do desenvolvimento, parecem sugerir algumas verdades essenciais.

Primeiro, somente poderemos mudar atitudes quando dermos pequenos passos para mudar o comportamento. Muitos esforços para conseguir coisas importantes morrem no berço porque se dá um passo grande demais. Assim, precisamos ser prudentes e abordar este problema de maneira sistemática, com pequenos passos individuais.

Segundo, quando padrões de comportamento aceitável são estabelecidos e consistentemente reforçados, os comportamentos começarão a mudar. Precisamos chegar a um acordo sobre aquilo que achamos aceitável, e somente então poderemos trabalhar de maneira consistente para reforçar aqueles padrões.

Terceiro, mudar com sucesso o comportamento normativo das crianças exige que todo o ambiente da criança contribua para este fim. Isso não quer dizer que não se possa adoptar um conjunto de comportamentos na escola que seja diferente daquilo que é aceito em casa; pode ser feito todos os dias. Muitas coisas, que o ambiente familiar em casa permite, não são permitidas na escola. Porém, isso não muda fundamentalmente o comportamento de uma criança; ela apenas aprende a ajustar-se ao ambiente. Precisamos efectuar uma mudança fundamental e isso não acontecerá a menos que o comportamento indesejável ou padrão de discurso seja alterado por completo, não apenas em um local ou outro.

Podemos esperar de maneira realista ensinar os nossos filhos a serem cuidadosos com aquilo que lhes sai da boca, se os mesmos padrões se aplicarem em casa e na escola. Quando eles aprenderem que o mesmo padrão de discurso é esperado em todos os ambientes, em casa, na escola, no acampamento ou no parquinho, mudaremos efectivamente a sua maneira de falar, e ponto final.

Por onde começamos? Uma sugestão:
Vamos começar com algo básico; vamos aprender a cumprimentar um ao outro adequadamente. Admito que sou “careta”: acho difícil aceitar que as nossas crianças (e adolescentes) não tenham maneira melhor de dizer alô que “E aí meu!” Na verdade, a quem eles estão imitando? Ouvi recentemente, sem ser visto, uma classe de meninos de doze anos a conversarem pela manhã; cada um deles tentava superar o outro com gracinhas de mau gosto.

Acho difícil de aceitar que esta seja uma brincadeira satisfatória, normativa. Creio que podemos ensinar a volta do simples e social “Bom Dia”, e uma conversa mais refinada. Acho ainda mais absurdo quando, numa tentativa de ser “legal”, adultos falam da mesma maneira que os filhos.

O Talmud (no Tratado Nedarim 8a) fala em termos espirituais sobre o efeito de cumprimentar as pessoas; especificamente com a saudação de “shalom”, até mesmo àqueles que não conhecemos pessoalmente. Não foi há muito tempo que concordamos em saudar as pessoas com quem estamos apenas vagamente familiarizados e no Shabat todos deveriam receber um “Shabat Shalom”. Lembro-me quando eu era jovem, quando o Rabi saía da sua casa no 770 no Shabat e cumprimentava cada passante, adulto ou criança, com “Gut Shabes”.

Qualquer que seja o motivo, as coisas chegaram ao ponto em que, a menos que encontremos um membro da família ou um amigo realmente chegado, não nos incomodamos de trocar cumprimentos. De alguma forma, isto é muito mais um problema nas cidades maiores, especialmente Nova York, que em locais menores (ou, interessante notar, em Israel). Para mim parece irracional passar por um conhecido e dar-lhe um sorriso ou um bom dia de má vontade.

Tive certa vez uma placa no meu escritório que dizia: “Um sorriso não custa nada, mas consegue coisas que nada mais consegue”. Uma saudação matinal e um sorriso podem elevar o espírito de um amigo ou vizinho, professor ou parente e sim, de uma criança. A idéia de que trocar cumprimentos e gentilezas mútuas é uma prática social boa e necessária foi deixada de lado por algum motivo, mas não é difícil de ressuscitar.

Por favor, não me interprete mal. Não estou sugerindo que não haja muitas pessoas para quem este hábito social não é a norma, estou sugerindo que não é tão comum quanto deveria ser. Creio que se nós mesmos começarmos a praticar este “refinamento” básico e esperá-lo dos nossos filhos, começaríamos um processo que poderia ajudar a criar uma maior consciência sobre como aquilo que expressamos com a nossa boca pode ter um profundo efeito.

Gostaria de sugerir que tanto em casa como na escola, devemos assegurar que as primeiras palavras sociais a saírem da boca dos nossos filhos pela manhã sejam um cumprimento matinal. Talvez possamos também espremer um sorriso, para ajudar a tornar a manhã realmente boa. Precisamos treinar os nossos filhos e, francamente, nós mesmos, a oferecer um cumprimento adequado, seja manhã, tarde ou noite. Um simples aceno basta para um conhecido.

Se os pais começassem a cumprimentar os filhos, os professores os seus alunos, poderíamos criar uma atmosfera que promoveria um começo para um padrão de maior civilidade. Nos nossos filhos deveriam saudar uns aos outros com um simples “Bom Dia”, e esquecer “E aí, meu?”

Como fazemos isso dar certo?

Há alguns passos simples que precisam ser tomados para implementar a mudança. Após decidirmos qual é o comportamento desejado, precisamos informar a todos sobre aquilo que esperamos e por quê. Precisamos demonstrar e praticar o comportamento que se quer implementar e então reforçá-lo positivamente. Precisamos também decidir as conseqüências da não-obediência. Poderemos então ser consistentes e constantes. Nada deve nos deter de reforçar tanto a parte positiva quanto a negativa.

Com isso em mente, aqui está minha sugestão. Uma perspectiva da saudação adequada segundo a Torá, e o inerente “ahavat Yisrael” que ela representa. deveriam ser ensinados em todas as instituições educacionais e partilhados em casa para reforço. Todo adulto e toda criança deveria cumprimentar os membros da família, amigos e professores com um correcto bom dia e um sorriso. (Um sorriso tímido dirá à professora que esta criança precisa de atenção). Por sua vez o pai, professor e amigo deve pronunciar algumas amenidades ou um simples cumprimento, para começar o dia.

Por mais curioso que isso possa parecer, pode ter conseqüências a longo prazo. Se formos constantes, isso se tornará contagioso, e todos desejarão ouvir algo agradável. Com o tempo isso se tornará normativo e nada menos será aceito. Precisamos flagrar as crianças “sendo boas” e cumprimentá-las por isso. Devolver um cumprimento é o melhor incentivo; crianças (e adultos também) apreciarão estas gentilezas.

Pais e professores, bem como qualquer adulto, precisam dizer algo agradável a uma criança que nos cumprimentou correctamente. “Obrigado, Rivca, que maneira bonita de cumprimentar,” ou “ alegraste o meu dia com este lindo cumprimento.” Podemos criar um ambiente que favoreça este primeiro passo.

Quanto às conseqüências, vamos deixar esta parte com os directores da escola.

24.1.08

Porção Semanal: Yitrô


Shemot 18:1 - 20:23

A porção de Yitrô inicia-se com o sogro de Moshê, Yitrô, na chegada ao acampamento do povo judeu no deserto, onde é saudado calorosamente por grande quantidade de pessoas. Yitrô desejou juntar-se a eles quando ouviu falar de todas as maravilhas e milagres que D'us realizara para o povo judeu durante o êxodo do Egipto.
Quando vê que Moshê está a agir como único juiz do povo desde o amanhecer até a noite, Yitrô declara que este sistema jamais funcionará. Sugere portanto que juizes subordinados sejam designados para julgar os casos menos importantes. Moshê concorda com este plano.
O povo judeu chega ao Monte Sinai e prepara-se para receber a Torá. Moshê escala a montanha e D'us lhe diz para transmitir ao povo de que serão para Ele como um tesouro entre as nações. Após três dias de preparação, finalmente chega o momento da revelação, e no meio de trovões, raios e o som do shofar, D'us desce sobre a montanha e proclama os Dez Mandamentos.
Moshê então sobe à montanha para receber o restante da Torá de D'us, tanto a parte escrita como a oral. A porção é concluída com várias mitsvot referentes à construção do Altar no Templo.

Mensagem da Parashá

"No terceiro mês após a saída dos Filhos de Israel do Egipto, neste dia finalmente chegaram ao deserto do Sinai" (Shemot 19:1).
À primeira vista, este versículo parece inócuo; o que pode haver de especial em dizer-nos que os Filhos de Israel chegaram ao Sinai? Entretanto, Rashi imediatamente alerta-nos para o facto de que este versículo contém mais do que possamos suspeitar. Rashi enfatiza que a Torá não escreve "naquele dia", implicando que "naquele" no passado, quando eles chegaram. Ao contrário, a Torá escreve "neste dia", parecendo indicar o verdadeiro dia no qual lemos este versículo. Este emprego, continua Rashi, ensina-nos, que a Torá deveria ser nova para nós a cada dia, como no dia em que foi outorgada.
Se examinarmos o contexto deste versículo, verificamos que esta lição está situada apropriadamente. Como declara o versículo, os judeus acabaram de chegar ao Monte Sinai e logo a seguir, recebem a Torá directamente das mãos de D'us. Imagine, se puder, a cena no acampamento dos Filhos de Israel. Limpeza, lavagem, banhos - todos estão ocupados preparando-se, pois todos perceberam que este não é apenas mais um dia comum. A revelação no Monte Sinai assinala o maior de todos os acontecimentos, desde a Criação. É o clímax dos eventos que começaram com a divisão entre luz e trevas.
Relâmpagos, trovões e fumo rodeiam a montanha - o mundo todo não pode evitar de perceber este evento extraordinário. Os judeus no Monte Sinai receberam permissão de chegar mais perto do Divino do que qualquer outro povo, antes ou depois. Como poderia um judeu viver este fenômeno incrível e não se tornnar cativo da Torá e das suas leis? Como poderia alguém em tal estado de euforia não ser avassalado por um sentimento de paixão para realizar a vontade do Criador?
Obviamente, nesta notável ocasião, os filhos de Israel sentem um intenso nível de fascinação e comprometimento com a Torá que acabaram de receber. Não podem deixar de cumprir as suas leis e mandamentos. Mas e quanto ao amanhã? O que acontecerá quando o entusiasmo inicial arrefecer? O que acontecerá quando os relâmpagos, trovões e efeitos especial forem esquecidos? Os Filhos de Israel ainda cumprirão as mitsvot com a mesma intensidade? Na verdade, isso parece muito pouco provável. Exactamente por esta razão, a Torá escolheu este momento específico para ensinar a lição importante enfatizada por Rashi.
Após a euforia inicial do recebimento da Torá ter passado, eles devem entender que o seu zelo em cumprir as mitsvot não pode diminuir. Assim, cada dia deve ser visto como se a Torá tivesse sido outorgada hoje. Ao relembrar aquele primeiro dia em que chegaram ao deserto do Sinai, os judeus podem novamente atingir aquele nível de entusiasmo pela Torá.
Se aqueles judeus que viveram apenas alguns dias subseqüentes à Revelação precisassem ser lembrados desta mensagem, muito mais nós que vivemos nos dias de hoje, três mil anos depois, precisamos receber esta lição no nosso coração. É muito fácil ser-se envolvido pela rotina. Rezar três vezes ao dia, recitar bênçãos antes de comer - estas coisas facilmente tornam-se tão habituais que começamos a realizá-las feito robôs, ao invés de seres humanos. O status quo é confortável e familiar. Entretanto, este tipo de comportamento e maneiras deveria ser evitado a qualquer custo.
Os perigos da mediocridade estão bem documentados, mesmo nos domínios da não-Torá. Dante reservou o lugar mais quente do Inferno para aqueles que não queriam ir adiante, contentes em correr no mesmo lugar. Assim que começamos a cumprir as mitsvot mecanicamente, ao invés de fazê-lo com a atenção e concentração que merecem, as leis tornam-se sem vida e rançosas. Em vez de servirem de inspiração para a nossa vida do dia-a-dia, os mandamentos tornam-se fardos problemáticos dos quais logo nos cansamos.
Dessa maneira, a Torá reúne-nos aqui hoje para quebrarmos o círculo vicioso. Não podemos satisfazer-nos com o status quo. Devemos esforçar-nos para ir para a frente, buscando novos picos na nossa vida espiritual. O primeiro passo neste plano é uma mudança de atitude. Como uma criança transbordando de entusiasmo por ter acabado de ganhar um brinquedo novo, da mesma forma devemos receber cada novo dia, com o mesmo entusiasmo. Com tal mudança de atitude, a Torá e as suas leis recebem um novo significado. Ao invés de serem obstáculos nas estradas, as mitsvot tornam-se os nossos mapas na estrada da vida. em vez de nos restringir, a Torá agora nos liberta das amarras da mediocridade. Se apenas considerarmos a mensagem de "neste dia", nós também podemos atingir o mesmo nível de fervor e zelo pela Torá que tinham os judeus quando da Revelação. Nós também podemos sentirmo-nos como estarmos a receber a Torá no Monte Sinai todos os dias.

23.1.08

Israel não pune a população civil...


Ministra de Relações Exteriores Livni: Israel não pune a população civil palestina, pelas políticas dos seus líderes

(Comunicado pelo Gabinete do Ministro de Relações Exteriores)

Na 2ª Feira, dia 21 de Janeiro de 2008, a Vice-Primeira Ministra de Israel e Ministra de Relações Exteriores de Israel Sra. Tzipi Livni reuniu-se com o Ministro de Relações Exteriores da Holanda Sr. Maxime Verhagen. Após a reunião, a Ministra Livni declarou:

"Decidimos operar vis-à-vis com os palestinos em paralelo - conversas de paz juntamente com a Guerra contínua ao terrorismo. As negociações e os resultados deverão necessariamente estar sujeitos à situação atual e às mudanças que ocorrem no campo. Ficou claro que as negociações ocorreriam à sombra da guerra contra o terrorismo e que o firme desejo de se alcançar a paz andaria lado a lado com a lutra brutal contra o terror, para garantir a segurança de nossos cidadãos.

Durante as negociações, estaremos fazendo uma clara distinção entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, entre os moderados e extremistas. Israel não irá cessar suas atividades anti-terroristas por causa de negociações. Este é um processo combinado, que no fim das contas, proporcionará segurança, estabelecerá um estado Palestino - se atender nossas demandas - e criará uma realidade completamente diferente.

Nossa política é de não punir a população civil pelas políticas de seus líderes. Atividades vis-à-vis com os moderados ocorrerão enquanto lidamos com a ameça diária e contínua da Faixa de Gaza. Nos retiramos de Gaza, desmantelamos as comunidades; os palestinos tiveram a oportunidade de dar nova esperança para seu povo em Gaza, mas a sua única resposta foi o terror.

Os palestinos devem entender que não podem lucrar politicamente com o terror. O Hamas não representa a visão nacional dos palestinos; este é um grupo extremista que não reconhece o direito de Israel ou de qualquer pessoa que não seja muçulmana de existir. Não há esperança no terrorismo; não há esperança em tal liderança; a esperança virá aos palestinos de forma diferente, de maneira mais moderada.

Estamos administrando a situação humanitária na Faixa de Gaza. Israel é o único lugar no mundo que fornece eletricidade para organizações terroristas que lançam foguetes de volta. A vida para os palestinos na Faixa de Gaza não é fácil porque existe o terrorismo lá, e isto deve ficar bem claro: o Hamas pode mudar as vidas das pessoas em Gaza em um instante, basta cessarem o terrorismo. O Hamas sabe disso e os civis palestinos devem entender isso também."

DOIS FUNCIONÁRIOS DA MDA - MAGEN DAVID ADOM (SERVIÇO DE SOCORRO ISRAELENSE) EM SDEROT

TRATAM DE SEUS NETOS QUE FORAM FERIDOS POR MÍSSEIS KASSAM

Em todos seus 34 anos de trabalho para a MDA, Chaim Ben Schimmel que é funcionário do seviço de socorro na estação de Sderot, nunca imaginou que um dia teria que tratar um dos membros de sua família. Mas infelizmente, um dos Kassams disparados ontem feriu sua neta Lior, de 05 anos de idade, que estava brincando com o filho do vizinho em um quarto no andar de cima de sua casa. O míssil Kassam atingiu o quarto em cheio. As duas crianças, que estão acostumadas a correr para o quarto de segurança assim que o alerta "Cor Vermelha" soa, não conseguiram escapar dos fragmentos do míssil Kassam que os atingiu enquanto corriam para o abrigo.

Chaim, que no momento exato estava na estação MDA de Sderot, reforçando as equipes como normalmente o faz em casos de alerta elavado, recebeu uma ligação de seu filho Yaron, dizendo que Lior estava ferida. "Eu imediatamente subi em uma ambulância e dirigi rapidamente ao local; a viagem que normalmente leva alguns minutos pareceu durar uma eternidade, e durante o trajeto eu pensei no pior", relembra Chaim.

Chaim, que reside em Sderot há 56 anos desde que se mudou para Israel com um ano de idade, já experienciou centenas de ataques com mísseis Kassam, e nos últimos sete anos somente ele tratou de dezenas de habitantes de Sderot, alguns deles seus amigos e vizinhos, e já presenciou cenas muito difíceis. Entretanto, nada disso o preparou para o momento de socorrer sua netinha coberta de sangue, poeira, fragmentos de tijolos, telhas e partes do míssil Kassam por todo o seu corpo.

"Eu comecei a lavar seu rostinho, limpá-la e verificar onde estava ferida. Enfaixei os ferimentos em suas pernas e mãos e ela foi transferida de maca para a ambulancia", afirma Chaim, que transportou sua neta para o Hospital Barzilai e não deixou o lado de sua cama desde então. "Eu simplesmente não posso deixá-la" afirma Chaim. "Ela e os outros foram salvos por um milagre, ganharam suas vidas de volta de presente; a destruição total do andar de cima mostra a força da enorme explosão que aconteceu." Lior fez dezenas de raio-x por todo o corpo, testes oftalmológicos, cirurgias, testes ortopédicos, auriculares, de nariz e garganta e foi submetida a uma série de operações para retirada de fragmentos e recebeu gesso na mão e perna para as fraturas.

Chaim afirmou que sempre encoraja sua esposa, quarto filhos e netos, dizendo que tudo ficará bem, e como membro fundador da cidade, não quer que nem ele nem os filhos abandonem o local. "Como fundador da cidade, expliquei à minha família e amigos que tudo ficará bem e que devemos continuar a viver aqui e continuar seguindo nossas vidas; amo meu trabalho na MDA."

Chaim relembra que Lior estava tendo tratamento psicológico por causa de seu medo dos mísseis Kassam e ele continuamente tentava encorajá-la.

Infelizmente, esta não é a primeira vez que um funcionário da MDA em Sderot assiste o brutal ferimento por mísseis Kassam, tanto do lado de quem cuida dos feridos quanto do lado dos feridos. Yossi Cohen, parceiro de trabalho de Chaim nos últimos 30 anos que mora em Sderot, foi chamado a dois atrás para cuidar de sua filha, genro e netinho (que tinha 7 meses de idade) que foram feridos por um míssel Kassam em sua residência em Moshav Karmiya.

O bebê foi o mais ferido. "Dois anos atrás, meu neto foi ferido por um míssil Kassam que atingiu Karmiya. Ele sofreu ferimentos na cabeça e teve que passar por duas cirurgias para reconstruir seu crânio e um dreno permanente foi implantado em sua cabeça. O momento do ferimento não é o fim da história, ele perdura a vida inteira."

"Eu vivo em Sderot há mais de 50 anos, desde que tinha um ano de idade no campo de trânsito e conheço todo mundo pelo nome, até mesmo as crianças e suas famílias. Cada pessoa ferida em Sderot me machuca, e também aqueles que sofrem com o medo e os ataques de pânico - eu sei o que eles estão passando". "Estes dias", afirma Cohen, "são muito complicados. Entretanto, enquanto estou no meu turno eu tento separar as coisas. Eu vou para o trabalho e cumpro minha missão de forma adequada. A MDA é a minha casa. Eu acredito e tenho certeza que, como está escrito na canção, haverá dias melhores que este.

22.1.08

Tu B’Shevát


Boa semana! Quando é o ano novo? Ficaria surpreso em saber que há 4 dias de Ano Novo no calendário Judaico? Terça-feira, 22 de janeiro, é Tu B’Shevát (o décimo quinto dia do mês hebreu de Shevát) e o dia de Ano Novo para as árvores!

O que é Tu B’Shevát e como é celebrado?

O Talmud, no Tratado Rosh Hashaná, explica-nos sobre os quatro Rosh HaShanás (Anos Novos) no calendário Judaico:


1) O primeiro dia do mês Hebreu de Nissán é o Ano Novo em relação à contagem dos anos no reinado dos Reis de Israel

2) O primeiro dia de Elul é o Ano Novo em relação à retirada do dízimo dos animais (Um em cada dez animais nascidos entre Elul do ano anterior e o início deste Elul eram doados ao Templo Sagrado)

3) O primeiro dia de Tishrei é o Ano Novo para o julgamento dos seres humanos: para a vida ou a morte, riqueza ou pobreza, doenças ou saúde, bem como para a contagem do Ano Sabático (Shemitá) e do Ano do Jubileu (Yovêl) para a Terra de Israel. Também a partir deste dia conta-se o período de 3 anos, a partir do plantio de uma árvore frutífera, nos quais não se pode comer os seus frutos (Orlá), bem como para o cálculo dos dízimos que devem ser retirados das colheitas de grãos e vegetais

4) O dia 15 de Shevát é o Ano Novo para as árvores, com referência ao cálculo do dízimo que seria retirado das suas frutas, em prática na época do Templo Sagrado.


Tu B’Shevát é um dia festivo porque a Torá louva a Terra de Israel com referência às frutas das suas árvores, bem como às colheitas do seu solo: “Uma terra de trigo, cevada e uvas, e árvores de figo e romãs; uma terra de oliveiras e mel (de tâmaras) ” (Devarim 8:8). E também: “... e deverão comer e se satisfazer e abençoar ao Todo-Poderoso, seu D’us, pela boa terra que Ele lhes deu” (Devarim 8:10). O Povo Judeu alegra-se com as frutas, com a Terra e com o Todo-Poderoso que nos deu a vida.

O dia de Tu B’Shevát é celebrado comendo-se as diversas espécies de frutos com as quais a Terra de Israel foi abençoada: tâmaras, romãs, figos, uvas e azeitonas.

Os cabalistas da cidade de Tsefat (Safed), em Israel, compilaram no século 16 um ‘Seder’ de Tu B’Shevát algo parecido com o Seder de Pessach, com meditações e explicações sobre as dimensões espirituais das frutas, junto com as suas bênçãos, músicas e os seus significados mais profundos. O homem é comparado a uma árvore. No livro Pirkêi Avót (Ética dos Nossos Antepassados) está escrito o seguinte: “Uma pessoa cuja sabedoria excede os seus bons actos é comparada a uma árvore cujos galhos são numerosos, porém com poucas raízes. Um vento forte bate e acaba por arrancar a árvore do seu lugar. Entretanto, uma pessoa cujos bons actos excedem a sua sabedoria é comparada a uma árvore com poucos galhos, mas cujas raízes são numerosas. Mesmo se todos os ventos do mundo a açoitarem, não conseguirão movê-la do seu lugar (Pirkêi Avót, capítulo 3, mishná 22)”. Da mesma maneira que uma árvore necessita de solo, água, ar e luz solar, assim as pessoas precisam estar espiritualmente enraizadas e conectadas a uma fonte de nutrição.

Água para as árvores, sabedoria da Torá para nós, como Moisés proclamou: “Possam os meus ensinamentos gotejar como o orvalho” (Devarim 32:2).

Ar para as árvores e espiritualidade para nós, como declara a Torá: “D’us soprou a vida nas narinas do Homem” (Bereshit 2:7).

Luz solar para as árvores e o calor da amizade e da comunidade para os seres humanos.

21.1.08

A escalada do terrorismo a partir de Gaza



Por Aaron Ram
Embaixador de Israel em Portugal


São 8 horas da manhã e os seus filhos estão a ir para a escola. De repente, uma chuva de rockets voa por cima das suas cabeças. Não sofrem qualquer dano físico, mas ficam em estado de choque e recusam-se a sair de casa com medo de ser atingidos.
Um rocket aterra no meio da sua casa. Felizmente, ninguém lá estava, mas esta ficou em ruínas. Os seus filhos não conseguem dormir à noite porque têm medo. Você tem medo de sair de casa, mas também de lá ficar. A cena repete-se quatro, cinco vezes por dia. É assim que têm vivido, nos últimos anos, os cidadãos de Israel nas cidades próximas de Gaza. Mais de 40 rockets Qassam e morteiros atingem as nossas cidades e aldeias, diariamente.
Nos últimos dias, a situação piorou, mais de 100 rockets e morteiros atingiram as cidades israelitas de Sderot, Ashkelon e arredores. Os terroristas palestinianos começam também a atingir civis selectivamente usando armas de precisão. Um atirador do Hamas assassinou um cidadão equatoriano, de 20 anos, Carlos Chavez, voluntário no Kibbutz Ein Hashlosha.
Israel retirou da Faixa de Gaza, em 2005, por forma a viabilizar uma solução pacífica. Porém, recebeu em troca o terrorismo protagonizado pelo Hamas. Desde a tomada da Faixa de Gaza pelo Hamas, em Junho do ano passado, já foram lançados cerca de 1 500 rockets e morteiros contra Israel, causando mortos, feridos e aterrorizando a população.
Nenhuma democracia ficaria de braços cruzados a assistir ao facto da sua população ser atingida diariamente sem responder. Qualquer país tem a obrigação de proteger os seus cidadãos e agiria tal como Israel por forma a defendê-los.
Existe, no entanto, uma clara diferença entre os ataques terroristas contra Israel e a resposta defensiva da sua parte. Os terroristas palestinianos têm por alvo os civis israelitas e usam os seus próprios civis como escudos humanos. Os grupos terroristas fabricam, transportam e lançam rockets e morteiros a partir de zonas residenciais palestinianas densamente povoadas, usadas para encobrir essas acções. Tentam gerar, intencionalmente, crises humanitárias a fim de obter apoio internacional; atacam as passagens fronteiriças por onde passa a ajuda humanitária, destinada à população palestiniana, e traficam armas e explosivos em carregamentos disfarçados de ajuda humanitária.
Israel não olha para o povo de Gaza como seu inimigo e faz tudo o que está ao seu alcance para evitar atingir civis palestinianos inocentes. Os alvos de Israel são apenas os militantes armados directamente envolvidos em acções violentas e ataques contra cidadãos israelitas.
Israel quer, inequivocamente, a paz com os seus vizinhos palestinianos e acredita que o povo palestiniano tem pleno direito à autodeterminação nacional e a um Estado. Israel apoia a ideia de dois estados vivendo lado a lado em paz e segurança - uma pátria para o povo palestiniano e uma pátria para o povo judeu e está a negociar com a liderança palestiniana moderada do presidente Abbas por forma a alcançar este objectivo.
Infelizmente, os militantes armados palestinianos não são apenas inimigos do povo de Israel, mas também inimigos da paz. Propagam a sua ideologia que reitera violência ao invés de diálogo. Estes extremistas de Gaza opõem-se à reconciliação, às conversações de paz e afirmam que qualquer palestiniano que negoceie com Israel é um traidor da causa árabe, daí que o Hamas seja reconhecido como organização terrorista pela comunidade internacional. O Mundo não precisa de outro Estado terrorista. Não pode haver paz enquanto a liderança do Hamas em Gaza estiver mais interessada na obliteração de Israel do que na solução de dois estados.

20.1.08

O que Israel significa para mim



David Ben Gurion, o primeiro Primeiro Ministro de Israel disse uma vez, “Em Israel, ser realista significa acreditar em milagres”. Tal era tão verdade em 1948 como o é em 2008.

Ao longo dos últimos sessenta anos, a minha vida tem-se desenrolado em paralelo com a vida do Estado de Israel. Fomos jovens e envelhecemos juntos.

Israel, apesar dos vários obstáculos que tem enfrentado, desenvolveu-se e tornou-se um Estado moderno e vibrante. Muitos aspectos da sua sociedade foram mudando à medida que o país se desenvolveu e prosperou. De 600.000 habitantes em 1948, Israel conta agora com uma população que ultrapassa os sete milhões. Desenvolvemos uma agricultura rica e florescente num território em que três terços são deserto. Num país em que escasseia a água, os nossos campos são irrigados por inovadores sistemas de rega desenvolvidos por nós. Construímos novas e modernas cidades em harmonia com antigos locais biblicos. Inventámos novas palavras para uma língua antiga. Fizemos muito em sessenta anos.

Israel é o país de que me orgulho em chamar meu e que nunca tomarei por garantido.

Israel para mim são sítios, sons e os cheiros da minha infância. Um bairro de Jerusalém cheio de imigrantes vindos de vários países, Polónia, Marrocos, Rússia, Iraque; uma enorme variedade de línguas, sabores e costumes, dos quais, nós,os filhos, tornar-se-iam os novos israelitas. Um “Sabra” é um Judeu nascido em Israel. Sabra é também o fruto do cacto, que pica por fora mas é doce por dentro. Esta é uma imagem que descreve bem o nosso povo. Somos uma sociedade informal e temos a certeza que somos capazes de governar o país melhor do que aqueles que foram eleitos para tal.

Israel é um país de contradições. Somos líderes mundiais em agricultura, high-tech e medicina. Temos universidades e centros de investigação. Temos vencedores de prémios Nobel e até vencedores do Festival da Eurovisão. Temos tempo para ir ao teatro, ler livros e ir a jogos de futebol. Toda esta vida plena existe enquanto continuamos a lutar pelo direito de existir. Israel é um país cujo direito de existir continua a ser abertamente desafiado e posto em causa por países como o Irão. Nenhuma outra Nação soberana tem de conviver com esta ameaça quase diariamente. Mas nós sim. Poderíamos ter-nos tornado uma sociedade amarga e militarizada, mas não o fizemos.

O facto de termos vidas normais, de nos distinguirmos em vários campos e de sabermos conviver e integrar os problemas na nossa sociedade e não deixarmos que esses assumam o controlo da mesma - é para mim um milagre da vida israelita.

Israel para mim é a Terra da Bíblia.

O Antigo Testamento é sagrado quer para Cristãos quer para Judeus mas para mim é muito mais do que um mero relato de histórias sagradas. Quando me desloco pelas ruas de Jerusalém, sei que foi exactamente por aí que passou o Rei David e posso ainda tocar no que resta de uma das paredes do Templo construído pelo Rei Salomão. Quando abro a minha boca para falar, estou a usar a mesma língua da Bíblia. Os meus filhos ouvem música rock cantada na mesma língua falada por Abraão e Moisés.

A língua hebraica esteve adormecida durante dois mil anos e era usada apenas como linguagem de oração. Hoje é uma língua viva, o que eu considero outro milagre da nossa realidade.

Israel para mim é a Primavera – altura do ano em que se assinalam três datas muito importantes: O Dia da Memória do Holocausto, o Dia da Memória dos Soldados e o Dia da Independência. Estas três datas são próximas e estão cravadas no nosso destino enquanto Nação. O Holocausto tornou claro ao mundo que os Judeus precisavam de uma Pátria. Os meus avós que viviam na Polónia e não tinham uma pátria, pagaram um preço elevado por isso mesmo. Para que nunca mais se repitam os horrores do passado, temos de continuar a lutar uma e outra vez pelo direito de viver nesta Terra. As muitas guerras e os inúmeros ataques terroristas ocorridos nestes sessenta anos são demasiado. Pagamos um elevado preço por termos de lutar pelo nosso direito de existir. Muito da nossa existência está nas mãos do nosso exército que tem a designação de Forças de Defesa de Israel. O seu objectivo é defender-nos.

Israel é um país multicultural, um colorido caleidoscópio de gente. O meu Israel é um país Judaico e democrático, com uma sociedade aberta e plural em que cada duas pessoas têm três opiniões diferentes e todas são livremente expressas. Desde 1948, Israel absorveu Judeus dos quatro cantos do mundo. Muitos vieram em busca de refúgio, outros porque viram neste país o seu destino Judaico. Juntos construiram um Estado democrático com eleições livres, imprensa livre liberdade de opinião e de crença.

Para mim, Israel é para além e acima de tudo, a minha Casa.

Aaron Ram
Embaixador do Estado de Israel, em Portugal

18.1.08

Pensamento da Semana

Se fizer uma pergunta, talvez seja considerado um(a) tolo(a) por cinco minutos.
Mas senão a fizer, permanecerá um(a) tolo(a) pelo resto da vida!

17.1.08

Porção Semanal: Beshalach


Bereshit 47:28 - 49:26

O povo judeu é libertado do Egipto e D’us os conduz pelo deserto, não pelo caminho mais curto que cruza a terra dos filisteus, mas pelo mais longo para que não tivessem de lutar contra inimigos imediatamente, e desta forma desejarem retornar ao Egipto, arrependidos e amedrontados de terem que enfrentar a imprevisível jornada. D’us protegia-os através de nuvens durante o dia, que andavam à sua frente e uma coluna de fogo para iluminar o caminho à noite. O faraó arrepende-se de ter enviado o povo judeu em liberdade e segue à frente do seu exército a fim de persegui-los e aniquilá-los. O povo reclama a Moshê porque ele os tirou do Egipto? Para perecerem agora no deserto? Moshê fala que nada devem temer. D’us comanda a Moshê que levante a vara e fenda o mar. Ocorre um grande milagre e as águas do Yam Suf abrem caminho seco no meio do mar, formando paredes imensas em ambos lados, totalizando doze caminhos por onde passam as doze tribos. E as águas fecharam-se castigando e trazendo a morte sobre os egípcios. O povo judeu faz a travessia do Mar Vermelho cantando canções para D’us, enaltecendo a Sua grandeza. O Shabat da porção da Torá de Beshalach é conhecido também como Shabat Shirá. E Miriam apanha um pandeiro e as mulheres saem atrás dela dançando. Após a travessia o povo judeu não encontra água por três dias, apenas águas amargas em Mará. D’us realiza novamente um milagre transformando as águas amargas em potável. O povo continua reclamando, desta vez é por fome. Então D’us então envia alimento dos céus, o maná, na exacta porção para cada um, sem sobras e sem poder ser guardado ou armazenado, pois apodrecia. Apenas Erev Shabat o maná caía em porções duplas e estes deveriam ser guardados para o dia seguinte, pois era Shabat. Moshê reserva um maná num frasco a mando de D’us para ser descoberto por gerações futuras como testemunho da grandeza do Criador. E após recomeçarem nova jornada, há falta de água, mas Moshê bate na rocha e todos podem beber da fonte que jorra dela. A parasha termina com a luta entre Amalêc e Yehoshua com a vitória de Yehoshua e a promessa de D’us de que a memória de Amalêc será extinta.

Mensagem da Parashá

Nesta Porção Semanal lemos como o povo judeu deixou o Egipto e atravessou o Mar Vermelho de uma forma milagrosa. Os sábios explicam que naquele local até uma simples serva viu a Presença Divina, que até mesmo os profetas não chegaram a ver. Aqui está um povo que subiu até ás mais elevadas alturas espirituais, privilegiado de ver o invisível. Mas com que espantosa sequência! Eles mal haviam deixado a cena desse grande evento, quando afundaram nas profundezas da depravação moral e espiritual. Começaram a atacar injustamente a liderança de Moshê, e isso foi ainda sobre pujado pela sua atitude em relação ao próprio D’us, duvidando das Suas habilidades e finalmente culminando na construção do bezerro de ouro.
Uma geração imbuída do conhecimento Divino comporta-se assim? Contudo, após reflexão mais profunda, acaso somos nós diferentes hoje? Não somos uma geração de sabedoria? Não possuímos um conhecimento básico fundamental concernente aos mistérios do universo, espaço e muitas outras descobertas que nos fazem realçar como uma época à parte? E vivemos, contudo, num ambiente onde respira-se ansiedade e medo. E qual seria a razão básica deste estado de coisas?
É simplesmente devido ao facto de que o simples conhecimento não basta, pois é preciso colocá-lo em prática. O que é correcto e bom deve ser discernido e incorporado à nossa vida diária. Qualquer psicólogo hoje dirá que o primeiro passo para a cura da saúde mental é saber o que há de errado com o indivíduo. Mas este é só o primeiro passo. A experiência é significativa somente quando se torna parte de um ser e efectua uma real mudança no seu comportamento.

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Porção Semanal da Torá: Beshalách

Shemót (Êxodus) 13:17 - 17:16

O Povo Judeu parte do Egipto. O Faraó arrepende-se de tê-los deixado partir, persegue-os, liderando a sua cavalaria de elite e um grande exército. Os Judeus rebelam-se e gritam com Moshe: Não foi suficiente o que sofremos no Egipto? Porque nos trouxe aqui, para morrermos no deserto?O Yam Suf, o Mar Vermelho, abriu-se, os Judeus o atravessaram, os egípcios os perseguiram, o mar fechou-se e todos os egípcios se afogaram.
Moshe e os homens, Miriam e as mulheres, em separado, cantaram louvores de agradecimento ao Todo- Poderoso.
Eles chegam a Mará e rebelam-se por causa da água amarga que lá havia para se beber. Moshe atira uma determinada árvore para dentro da água, transformando-a em água potável. O Todo-Poderoso, então, fala aos Israelitas:
Se vocês obedecerem ao Todo-Poderoso, seu D’us, e fizerem o que é correcto aos Seus olhos, cuidadosamente observando os Seus mandamentos e cumprindo todos os Seus decretos, então não os afligirei com todas as doenças que trouxe ao Egipto. Eu sou D’us, Aquele que os cura. (É por isto que a Hagadá de Pessach tenta provar que houve mais de 10 pragas no Egipto - quanto maior o número de aflições que lá ocorreram, maior o número de doenças das quais estamos protegidos).
Depois os Israelitas rebelam-se novamente, alegando falta de comida; D’us envia-lhes codornizes e o maná (Uma porção dupla era dada às sextas-feiras para ser comida também no Shabat. No Shabat usamos duas
halót para comemorarmos as duas porções de maná que D’us nos mandava naquela época). Moshe os instrui sobre as leis do Shabat. Na localidade de Refidim rebelam-se novamente, exigindo água. D’us ordena Moshe para bater numa pedra, que então jorra água para saciar a sede do povo. Finalmente, a porção conclui com a guerra contra Amalêk e o mandamento de exterminar a lembrança de Amalêk da face da Terra.

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
Os egípcios perseguiram o Povo Judeu quando saíam do Egipto. O Povo entrou em pânico quando viram so eus perseguidores e reclamaram com Moshe por tirá-los do Egipto. E Moshe respondeu:
“Não tenham medo, esperem e verão a salvação que o Todo-Poderoso fará para vocês hoje (Shemót 14:13)”. O Povo Judeu superava em muito o número de egípcios. Porque não começaram uma batalha para se defenderem dos seus agressores?
O grande comentarista da Torá, Rabino Avraham Ibn Ezra (Espanha, 1089-1164), elucidou esta pergunta: os egípcios haviam sido o seus dominadores até então. O Povo que saiu do Egipto havia aprendido, desde a sua infância, a suportar e tolerar a opressão dos egípcios e a se sentir inferior a eles.
Portanto, não se sentiam capazes de lutar contra os seus amos.
O Rabino Haim Shmuelevitz, o antigo director da Yeshivá de Mir em Jerusalém (Israel, 1902-1978), explicou que este mesmo princípio se aplica a cada um de nós na sua batalha para controlar os seus desejos e impulsos. Se uma pessoa se considera inferior e se sente excessivamente culpada, nem tentará lutar contra os seus impulsos negativos. Como não acredita em si mesma e nas suas habilidades, sente-se completamente desencorajada. A nossa tarefa é nos preocuparmos de uma maneira elevada. Interiorize e desenvolva a certeza de que tem um imenso potencial. Esteja consciente das suas forças e saiba que, quando resolver tornar-se vitorioso(a) sobre os seus impulsos e instintos, você certamente terá sucesso!


14.1.08

SABEMOS O VALOR DAS COISAS?

"João Carlos caminhava pela rua, cabisbaixo e amargurado. Pensava na pobreza que reinava na sua casa, onde não havia nem mais comida suficiente para alimentar os seus filhos. Deu um grande suspiro enquanto pensava o quanto era amarga a sua sorte.
De repente, João Carlos olhou para a rua e viu algo brilhando.
Imediatamente foi ver o que era, talvez fosse uma moeda que refletia o brilho do sol. Chegando perto, percebeu que era uma pedra muito bonita, com um brilho especial. Pegou a pedra e ficou a brincar com ela, atirando-a de uma mão para outra. Pensou em dar a pedra ao seu filho pequeno para brincar, para distraí-lo, para que ele não pensasse na fome. Quando passava pela loja do seu amigo Henrique, o ourives da cidade, decidiu mostrar-lhe a pedra. Quem sabe se aquela pedra não valia alguma coisa?
João Carlos entrou na loja de Henrique e mostrou-lhe a pedra.
Henrique pegou numa lente de aumento e ficou a examinar a pedra atentamente. De repente, deu um grito emocionado:
- Não acredito. Encontras-te uma pedra preciosa valiosíssima. Acho inclusive que esta pedra poderia ser colocada na coroa do rei.
Imediatamente avisou o rei que alguém tinha em sua posse uma pedra magnífica, que ficaria muito bem na coroa real. O rei, interessado, mandou enviados para trazerem a pedra e o seu dono. Quando o rei olhou para a pedra, imediatamente gostou e decidiu comprá-la, não importava o preço. Virou-se para João Carlos e perguntou:
- Quanto quer por esta pedra magnífica?
- Vou ser sincero com Vossa Majestade – respondeu João Carlos. No momento que encontrei esta pedra, não sabia que ela era valiosa. Para mim parecia apenas uma bonita pedra brilhante. Portanto, Vossa Majestade pode me dar a quantia que achar justa, nem que seja penas um bom prato de comida.
O rei mandou chamar um avaliador, que logo percebeu a preciosidade da jóia. João Carlos foi muito bem recompensado, com uma enorme quantidade de ouro, e em sua casa nunca mais houve pobreza."
Explica o rabino Chafetz Chaim que a nossa Torá sagrada é mais valiosa do que pérolas e barras de ouro, pois por cada palavra que pronunciamos quando a estudamos receberemos uma recompensa para toda a eternidade. Mas como somos pobres de conhecimento, muitas vezes a abandonamos e a trocamos por coisas que, no final, não terão valor nenhum.

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Na Parashá desta semana, Bô, D'us manda as últimas 3 pragas, e finalmente o faraó dá permissão ao povo judeu de sair em liberdade.
Porém, antes da última praga, D'us fala para Moshé: "Por favor, diga aos ouvidos do povo: 'Peçam, cada homem de seu companheiro e cada mulher de sua companheira, objectos de prata e objectos de ouro' "(Shemot 11:2). Surgem duas perguntas: Por que D'us pediu para Moshé "por favor", e simplesmente não ordenou que pedissem as riquezas dos egípcios? E qual a necessidade dos judeus saírem com riquezas, não era suficiente a liberdade que D'us estava dando?
Explica Rashi, famoso comentarista da Torá, que D'us pediu "por favor"' para que Avraham Avinu não reclamasse com Ele. Mas por que Avraham reclamaria? Muitos anos antes, D'us havia firmado um pacto com Avraham, e havia lhe profetizado o futuro do povo judeu: "E Ele disse para Avraham: 'Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra que não será deles. E eles os servirão, e os oprimirão, por 400 anos. E também este povo a quem eles servirão, Eu os julgarei, e depois disso sairão com grande riqueza' " (Bereishit 15:13,14). Se o povo saísse sem as riquezas, Avraham poderia questionar: "D'us, porque cumpriu a parte da escravidão e da opressão, mas não cumpriu a parte da grande riqueza?". Mas toda a preocupação de D'us era só com a reclamação de Avraham Avinu? Não é suficiente problema D'us não cumprir o que prometeu?
Explicam os nosso sábios que D'us, quando prometeu que os judeus sairiam com grandes riquezas, não estava referindo-se às riquezas materiais, e sim à maior de todas as nossas riquezas: a Torá, com todos os seus maravilhosos conhecimentos, que nos ensinam como viver a vida neste mundo e como construir a nossa eternidade. Porém, D'us sabia que infelizmente nem todos do povo judeu teriam a claridade para entender que a verdadeira riqueza neste mundo é a Torá e não as posses materiais, que são passageiras. Avraham é considerado o protector do povo judeu, principalmente daqueles de nível espiritual mais baixo, e constantemente ele tenta interceder pelo povo judeu, como se fosse o nosso advogado de defesa. Portanto, D'us cumpriria a promessa de qualquer maneira, pois logo após a saída do Egipto D'us entregou-nos a Torá. Mas para que Avraham não precisasse de reclamar por aqueles que preferiam os bens materiais, D'us pediu por favor para Moshé instruir o povo a pedir riquezas aos seus vizinhos.
Para nós, fica a pergunta: será que sabemos dar o verdadeiro valor á nossa Torá? Será que sabemos que ela vale mais do que ouro e pedras preciosas? Ou será que muitas vezes trocamos momentos de estudo de Torá por momentos a mais de trabalho, para recebermos um pouco mais de dinheiro no fim do mês? Porque nos contentamos com pequenos prazeres materiais, se podemos ter acesso a riquezas e prazeres muito maiores?

Rabino Efraim Birbojm

13.1.08

Agir de forma similar a D'us

BOM DIA! O que é a verdadeira espiritualidade? Meu querido amigo, o Rabino Avraham Goldhar, que desenvolveu uma abordagem revolucionária para ajudar as crianças a irem melhor na escola (www.goldhar.com), propôs o seguinte modelo de atributos para esclarecer a nossa definição de espiritualidade. Coloque um “X” num atributo de cada par que considerar ser mais espiritual:

Emoção ( ) .............................Intelecto ( )

Bondade ( ) ............................... Justiça ( )

Comunidade ( ) ......................... Solidão ( )

D’us ( ) .................................. Natureza ( )

Serenidade ( ) ......................... Desafios ( )

Agora, se quiser tentar algo realmente interessante, coloque um “X” em cada atributo que associar ao Povo Judeu. O mais fascinante é que a maioria das pessoas associa espiritualidade com emoção, bondade, solidão, natureza e serenidade ... e o Povo Judeu com intelecto, justiça, comunidade, D'us e desafios. A razão é que temos uma noção oriental de espiritualidade, a de uma felicidade espiritual conectada ao universo. A abordagem Judaica de espiritualidade é baseada no propósito de aprimorarmos o mundo (tikun olám, em hebraico), algo que exige intelecto, justiça, comunidade, D'us e desafios. Para o Judaísmo, o intelecto deve ser direccionado em termos emocionais, mas a emoção não deve dominar e controlar a vida da pessoa: precisamos tomar decisões baseadas no intelecto.
A justiça cuida para que o mundo seja um local onde a bondade prevaleça. Uma sociedade deve estar desejosa de identificar o que é certo e errado e opor-se claramente ao mal. Caso contrário, alguém pode tentar fazer um acto de bondade e acabar causando coisas ruins e perversas. A comunidade nos provê com um entendimento de quem somos – membros de um povo: mesmo ao estarmos sózinhos, ainda somos parte de algo maior. Compreender que existe um Criador e ter um relacionamento com Ele torna o natural algo muito mais profundo. Este mundo é uma realidade coberta por um véu, e o Criador está por detrás dele. As pessoas só conseguem desfrutar de serenidade quando conquistam um determinado patamar de desafios. Se não, a busca pela serenidade torna as pessoas atormentadas por não conseguirem atingir o seu próprio potencial ou as expectativas que estabeleceram para si. Há alguns anos uma moça judia fez uma escala em Israel na sua viagem para a Índia, à procura de espiritualidade. Os seus amigos sugeriram-lhe, que fosse até um seminário chamado Nevê Yerushalaim, em Jerusalém, assistir a uma aula e dar ao Judaísmo uma última chance antes de procurar outros caminhos. O grupo em que entrou estava a estudar as leis da Torá que tratam sobre a devolução de objectos perdidos: a partir de quando um item é considerado perdido, o que ocorre se o dono não tem mais esperanças de recuperar o que perdeu, o que constitui um sinal de identificação legítimo para o dono reivindicar o objecto como sendo seu, quanto esforço e dinheiro devem ser investidos para se devolver um objecto encontrado, etc. A moça ficou furiosa: isto seguramente NÃO era espiritualidade. Saiu indignada e seguiu para a Índia. Seis meses depois, ela e o seu guru estavam a caminhar pelo vilarejo, discutindo um assunto filosófico. Encontraram uma carteira cheia de rúpias (o dinheiro indiano). O guru apanhou o dinheiro, colocou-o no seu bolso e continuou a discorrer sobre o ponto em que estavam. A moça o interrompeu e perguntou: “O senhor não vai verificar se há alguma identificação na carteira para devolvê-la?” O guru respondeu: “Não. É o carma da pessoa que a perdeu e é o meu carma que a encontrei. Portanto, é minha”.
A moça rogou: “Mas o dono pode ter uma família numerosa e este pode ser o seu salário do mês... eles podem passar fome se o senhor não devolver o dinheiro”. O guru respondeu: “Este é o carma deles”.
A jovem então lembrou-se da aula que tivera em Jerusalém – e percebeu que
espiritualidade sem justiça, bondade e preocupação pelos demais é apenas uma emoção espiritual falsa e corrupta. Ela voltou para Jerusalém e no final retornou à sua herança espiritual, a Torá. A Torá equipa-nos com uma verdadeira percepção sobre espiritualidade. No seu início ela relata um episódio em que o Todo-Poderoso apareceu para Avraham no terceiro dia após o seu Brit Milá (circuncisão).
No meio da conversa, Avraham viu três homens aproximando-se e quis oferecer a sua hospitalidade. Ele falou ao Todo-Poderoso: “D'us, se o Senhor gosta de mim, por favor guarde-me”. Será mesmo que Avraham estava pedindo ao Todo-Poderoso que ‘ficasse na linha’ enquanto cuidava de três simples mortais? Como é possível? O que pode haver de mais espiritual do que falar com D'us?
A resposta está no Talmud (Shevuot 35b e Shabat 127a): “Oferecer hospitalidade aos viajantes é mais grandioso do que receber a Presença Divina” – é melhor ser como D'us do que conversar com D'us! É melhor aceitar responsabilidades pelo mundo e os seus habitantes do que conversar com D'us. Isto é a verdadeira espiritualidade: agir de forma similar a D'us.

Por isso é que as pessoas precisam de inteligência, justiça, comunidade, D'us e desafios ao desejarem atingir uma genuína espiritualidade.

11.1.08

Pensamento da Semana

“Se quisermos sentir-nos significantes, façamos algo significativo!”

Rebbetzin Tziporah Heller

Porção Semanal da Torá: Bó

Shemót (Êxodus) 10:01 - 13:16

Nesta semana concluímos a leitura das Dez Pragas, com as pragas dos gafanhotos, da escuridão e da morte dos primogénitos. As leis de Pessach são apresentadas, seguidas dos mandamentos para os homens colocarem Tefilín, consagrar o primogénito dos seus animais e o resgate do seu primogénito.

A Torá conta-nos, que algum dia no futuro, o seu filho lhe perguntará o motivo destes mandamentos e você responderá: porque ... Com uma demonstração de Poder, Dus nos tirou do Egipto, o local da nossa escravidão. Quando o Faraó teimosamente se recusou a nos deixar sair, Dus matou todos os primogênitos egípcios, tanto homens como animais. Eu, portanto, ofereço a Dus todos os primogênitos machos dos meus animais e redimo o meu filho primogénito. E isto será um sinal sobre o seu braço, e um adorno entre os seus olhos, pois com mão forte o Todo-Poderoso nos retirou do Egipto(Shemót 13:15).

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin

A Torá declara em relação à oferenda de Pessach: “Vocês não devem quebrar nenhum osso do carneiro (Shemót 12:46)”. Que podemos aprender deste mandamento em relação às nossas atitudes na vida?

Na noite de Pessach, quando nos sentamos para o Seder (o jantar), devemos ter a noção, como se estivéssemos a sair do Egipto e a tornar-nos pessoas livres. Durante o Seder, somos reis e rainhas.

Vestimo-nos como reis, comemos como reis, agimos como reis. Assim sendo, membros da Casa Real não quebram ossos para chupar o tutano. Pessoas pobres e desamparadas precisam chupar os ossos para retirar todo o alimento possível.

Os actos externos trazem valorização e desenvolvimento internos. Se quisermos ser livres, devemos agir como pessoas livres. Se quisermos ser nobres, devemos agir nobremente. Da mesma forma, se quisermos ser caridosos ou amáveis, devemos agir desta forma. Com o passar do tempo, a nossa personalidade será moldada pelo nosso comportamento. Vida e desenvolvimento pessoal são um processo de escolha e de acções consistentes com a decisão tomada. Decida-se e chegue lá!

SHABAT SHALOM

10.1.08

Porção Semanal: Bô


Bereshit 47:28 - 49:26

D’us fala para Moshê e Aharon irem até ao faraó para que este liberte o povo judeu da escravidão, e se assim não o fizer, D’us castigará o Egipto enviando a 8a. praga, gafanhotos, que cobrirá toda a terra e acabará com todo o alimento e plantações que restaram, após a praga do granizo.

Ao saber que Moshê pretendia levar todo o povo judeu, homens, mulheres, criancas e todo o seu gado, o faraó não permitiu que todos partissem, mas apenas os homens. O faraó volta as costas a Moshê e Aharon e então D’us manda os gafanhotos, dando início á destruição. A praga só é interrompida quando o faraó novamente implora a Moshê que reze a D’us para que interrompa a praga. Mas logo em seguida, assim que desapareceram os gafanhotos, endureceu novamente o seu coração não deixando os judeus partirem. D’us então envia a 9a. praga: a escuridão completa. As trevas só afectavam os egipcios que permaneciam no mesmo lugar, sentados ou em pé, sem poder se mover por três dias, e somente para os judeus havia luz.O faraó apela novamente a Moshê, mas permite que partam desde que deixem o seu gado para trás. Moshê não concorda, pois o gado servirá de oferta de sacrifícios para D’us. O faraó então não os deixa partir.

D’us envia a última praga ao Egipto: morte aos primogénitos. D’us instruiu Moshê e Aharon sobre o mês de Nissan que será para o povo judeu o primeiro dos meses do ano e todos os detalhes envolvendo o Cordeiro Pascal, que seriam preparados para a refeição que precede o Êxodo. O sangue dos cordeiros foi colocado como sinal nas casas dos judeus para que D’us não afecta-se as suas casas, ferindo somente os egípcios.

D’us estabelece a comemoração de Pêssach e a proibição de ingerirmos alimentos fermentados. Também nos instrui, através de Moshê e Aharon, sobre a obrigação de todos os anos, nesta data, relatarmos o Êxodo do Egipto e os milagres com que Ele nos libertou da escravidão aos nossos filhos, em todas as gerações. A parasha termina estabelecendo a mitsvá de Pidyon Haben (Resgate do Primogênito) e da colocação de tefilin.

Mensagem da Parashá

Nesta Porção Semanal lemos que D’us falou a Moshê e Aharon para que transmitissem uma ordem aos filhos de Israel. Deveriam orientá-los para que começassem a preparar alicerces para a futura construção do Tabernáculo de D’us. Esta ordem parece pouco realista e prematura, visto ser dada em meio à escravidão e ao sofrimento.

O objectivo da liberdade de uma nação geralmente encontra expressão em alguma proeminente instituição física ou espiritual. A liberdade do Egipto encontrou a sua expressão nas pirâmides, as quais nada mais eram que túmulos glorificados para os reis, às custas da miséria de milhares de escravos. A antiga Grécia, após ganhar a sua liberdade dos Persas, construiu templos na Acrópole, glorificando o corpo humano.

Israel, ao ganhar a sua liberdade, tinha como objectivo o Sinai, onde após lhe ser entregue a Torá, todo o povo uniu-se para construir um Tabernáculo onde deveria repousar a Presença Divina. A essa finalidade, todo o Êxodo foi dedicado desde o início. E, de facto, ao estudarmos a história de Israel, após a sua entrada na Terra Prometida, encontramos o climax de toda a história judaica, quando o rei Salomão construiu o Templo de Jerusalém.

O significado espiritual da Porção Bô constitui um desafio ao mundo de hoje, onde cada vez mais, pequenas nações conquistam a sua independência. Ao nível individual pode ser sentida mais intensamente se levarmos em conta as condições económicas que tendem a dar-nos cada vez mais tempo livre. O que fazemos com este tempo livre? Há duas chances: ou é tão mal aplicado a ponto dos nossos dias tornarem-se uma fonte de aborrecimentos, ou por outro lado, seguindo o exemplo de Israel, utilizamos os nossos dias para preparar os "alicerces para o Tabernáculo de D’us".

8.1.08

O Mês de Shevat


Segundo o Sêfer Yetzirá, cada mês do ano judaico tem uma letra do alfabeto hebraico, um signo do Zodíaco, uma das doze tribos de Israel, um sentido e um membro controlador do corpo que lhe corresponde.

Shevat é o décimo primeiro mês do calendário judaico.

O décimo quinto dia de Shevat é o "Ano Novo das Árvores" segundo a Escola de Hilel; segundo a escola de Shamai, o "Ano Novo das Árvores" é em Primeiro de Shevat. O "Ano Novo das Árvores" é o dia a partir do qual o novo ano é calculado para o fruto das árvores com respeito às mitsvot de ma'asser ("dízimos"; fruto que brota após esta data não pode ser apanhado como um dízimo sobre os frutos que nasceram antes) e orlá (fruto com menos de três anos de idade, que é proibido). É celebrado pela partilha de frutos, especialmente as sete espécies pelas quais a terra de Israel é enaltecida.

O 15º dia do décimo primeiro mês alude ao segredo do inefável Nome de D’us Havayah, cujas primeiras duas letras, yud e hei (que representam o nível oculto, mais elevado, de unificação) totalizam 15, e cujas últimas duas letras, vav e hei, (que representam o nível inferior, revelado, de unificação) totalizam 11. O segredo total do Nome Havayah é o segredo da "Árvore da Vida", a árvore do mês de Shevat.

Letra: tsadic

A letra tsadic simboliza o verdadeiro tsadic ("o justo") e "o tsadic é o alicerce do mundo". O tsadic consumado da geração personifica a Árvore da Vida no Jardim do Éden (onde todas as árvores correspondem às almas dos justos).

A própria forma da letra tsadic (especialmente seu formato final, que representa a verdadeira manifestação do tsadic no futuro) assemelha-se a uma árvore. Na Torá, o homem é chamado Etz hasadê ("a árvore do campo"). Etz hasadê = 474 = da'at, a singular propriedade do homem em geral e do tsadic em particular. Da'at é o poder de "conexão". O mês de Shevat é o mês da conexão ao verdadeiro tsadic da geração, a Árvore da Vida da geração.

Mazal: "deli" (Aquário – balde)


O Ano Novo das Árvores de Shevat é a época em que as águas das chuvas de inverno começam a subir pelas veias da árvore e lhe trazem nova vida. A subida da água em geral é representada pelo deli. O radical de deli significa "erguer", como no versículo "Meus olhos estão erguidos para o céu"
– (quando o ayin – "olho" – de Tevêt é elevado para se conectar ao tsadic de Shevat, a palavra etz – "árvore" – é formada).

O Báal Shem Tov declarou que quando se encontra um aguadeiro carregando barris cheios de água, é um sinal de bênção. O tsadic é uma verdadeira manifestação de um carregador de água. "Água refere-se à Torá." Refere-se a Shevat como o novo ano para o estudo de Torá. O ato de se comer frutas em Shevat corresponde à partilha e integração dos doces frutos da sabedoria da Torá. E assim, as águas de Shevat representam as doces águas da Torá.

Tribo: Asher

O nome "Asher" significa "prazer" e "felicidade". Nosso Patriarca Yaacov abençoou seu filho Asher: "De Asher vem o delicioso [lit. gordo] pão, e ele fornecerá as iguarias do rei." Daí fica evidente que Asher representa o sentido do paladar e comer.

A árvore especial que Asher personifica é a oliveira, que fornece o excelente azeite com o qual a porção de Asher na Terra de Israel foi abençoada. Das sete espécies da Terra de Israel, a azeitona é a sexta, e na Cabalá corresponde à sefira de yesod, o "tsadic, alicerce do mundo". O azeite de oliva representa a semente potente do tsadic de conduzir e suster gerações abençoadas de almas judaicas.

Sentido: Paladar, comer (achila, ta'am)

O sentido retificado de comer é o sentido especial do tsadic, como está escrito: "O tsadic come para satisfazer sua alma." O versículo continua: "mas o estômago do perverso está sempre carente". O tsadic, orientado para a alma, sente-se "satisfeito" e feliz com pouco; o rasha (perverso), que é orientado para o corpo, nunca está "satisfeito".
"
Ao comer da Árvore da Vida, o tsadic extrai grande prazer ("vida" na Torá significa "prazer") das centelhas Divinas de luz e força de vida presentes no alimento que ingere. Em seu estado de consciência retificado, ele está continuamente cônscio de que "não só [dimensão física] de pão vive o homem, mas de toda palavra da boca de D’us."

A ocasião de maior prazer na partilha do alimento está no Shabat. A palavra para "satisfazer [sua alma]" é cognata à palavra para "sete", aludindo ao sétimo dia de Shabat. Um verdadeiro tsadic vive o prazer do Shabat durante toda a semana (no Zohar, o tsadic é denominado Shabat). A própria palavra Shevat transforma-se em Shabat (pois as letras tet e tav, ambas letras da língua, são foneticamente intercambiáveis).

Controlador: estômago [e esôfago] (etztomchá ou kurkavan)

A relação entre o estômago e o sentido do paladar e de comer é clara.

Nossos Sábios declaram: "o kurkavan mói." O processo de moer é essencial à digestão. Dissecar a grosseira substância do alimento em pequenas partes é necessário para libertar as centelhas de força de vida Divina contida no alimento. Ao "moer" (similar ao "mastigar" da boca) o estômago "saboreia" a essência interior da comida. Este sentido interior, espiritual, do paladar controla o sentido mais externo do paladar.

5.1.08

SEJA UM VENCEDOR


"Era uma vez uma floresta com três leões. Um dia, o macaco, representante eleito dos animais, reuniu todos os bichos e disse:
- Nós todos sabemos que o leão é o rei dos animais. Mas existem três leões fortes nesta floresta. Qual deles deverá ser o nosso rei?
Os três leões ficaram preocupados, pois concordavam com os outros animais. Mas como escolher entre os três? Eles não queriam lutar entre si, pois eram muito amigos. Foi decido então que os três deveriam escalar a montanha mais alta da floresta, e aquele que atingisse o pico primeiro seria consagrado o rei.
No dia combinado, milhares de animais cercaram a montanha para assistir a grande escalada. O primeiro leão tentou, mas não conseguiu.
O segundo tentou, mas também não conseguiu. O terceiro, a exemplo dos outros, também não conseguiu.
Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal a questão continuava: quem seria o rei, já que nenhum dos três havia conseguido?
Foi nesse momento que a águia, já idosa e de grande sabedoria, pediu a palavra, dizendo já saber quem seria o novo rei. Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa.
- É simples - falou a águia sábia - Eu estava voando entre eles, bem de perto, e, enquanto eles voltaram para o vale, eu escutei o que cada um disse para a montanha. O primeiro leão disse: "Montanha, venceste-me". O segundo, a exemplo do primeiro, também disse: "Montanha, venceste-me ". O terceiro leão aceitou que havia sido vencido, mas com uma diferença. Ele olhou para o topo da montanha e disse:
"Montanha, venceste-me desta vez, mas já atingiste o teu tamanho final, e eu ainda estou a crescer e a ficar cada dia mais forte. Ainda te hei-de vencer".
- A diferença - completou a águia - é que o terceiro leão teve uma atitude de vencedor diante da derrota, e quem pensa assim é rei de si mesmo, e está preparado para ser o rei dos outros!
Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente o terceiro leão, que foi coroado rei entre os animais".
Não importa o tamanho dos problemas ou das dificuldades que você tenha. Você está sempre crescendo, evoluindo. Você é maior que todos os seus problemas! Para ser um vencedor, o que importa é a atitude.

Uma postura positiva diante das dificuldades é a diferença que faz a diferença.

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Na Parashá desta semana, Vaeirá, D'us pediu para que Moshé falasse com o faraó e pedisse para o povo judeu sair. Mas como o faraó se negou, D'us começou a mandar pragas ao Egipto, que atormentaram os egípcios e quebraram a sua resistência, até que o faraó concordou com a saída dos judeus. Porém, se prestarmos atenção, há algo um pouco estranho na forma com que D'us pede que Moshé fale com o faraó. Assim diz o versículo que descreve o pedido de Moshé ao faraó: "Iremos numa jornada de 3 dias no deserto, e sacrificaremos para o Eterno, o nosso D'us, como Ele nos dirá" (Shemot 8:23). Quando D'us falou para Moshé pedir apenas 3 dias, Ele estava sendo honesto com o faraó? Sabemos que o povo judeu, na verdade, saiu em liberdade para sempre!
Explicam os nossos sábios que o pedido inicial de D'us realmente foram apenas 3 dias, não houve nenhuma falta de sinceridade. Porém, o faraó rejeitou o pedido de D'us. Quando o faraó finalmente resolveu deixar o povo judeu sair, após as 10 pragas, o pedido não era para apenas 3 dias, era a libertação para sempre.
D'us não mentiu, por que Ele inicialmente pediu para Moshé falar ao faraó que eram apenas 3 dias de viagem, mas na verdade Ele queria, desde o início, libertar o povo judeu para sempre?
A resposta é um fundamento muito importante para a nossa vida. Se alguém nos pedisse para que mudássemos completamente o nosso estilo de vida, e do dia para a noite nos tornássemos tão puros e bondosos quanto o maior rabino, provavelmente seria um pedido impossível de ser cumprido. Não porque não somos boas pessoas, ou porque não temos um grande potencial espiritual. Porém, há desafios que são tão gigantescos que são virtualmente impossíveis. Talvez se nos dessem alguns anos de preparação, mas não imediatamente. As pessoas normalmente crescem de forma gradual.
D'us não pede nada a um ser humano algo que seja impossível de cumprir.
D'us sabia que o faraó estava muito conectado com as suas posses materiais, e os escravos judeus eram parte delas. Pedir ao faraó que abrisse mão, para sempre, de parte das suas riquezas, seria pedir demais, seria um teste que o faraó não poderia passar. Por isso inicialmente D'us pediu apenas 3 dias, para ir preparando lentamente a cabeça do faraó, para que ele entendesse que os judeus não seriam os seus escravos para sempre.
Todos nós somos boas pessoas, querendo viver num mundo melhor. Todos queremos atingir o nosso máximo potencial espiritual. Porém, quando começamos os primeiros passos da Teshuvá (retorno aos caminhos correctos), parece tudo difícil, parece que será impossível continuar a crescer. Olhamos para a montanha e pensamos que ser impossível chegar ao alto. Fora todas as pressões, pessoas que nos menosprezam, que nos ridicularizam, que não nos entendem. Parece que não vai dar.
Mas temos que ter claro que o D'us quer de nós não é que estejamos imediatamente no topo da montanha. D'us sabe que não podemos mudar as nossas vidas da noite para o dia. Ele espera um crescimento aos poucos, com passos sólidos, sem precipitações. Por isso cada passo, cada Mitzvá, cada conquista é muito importante. Temos que nos orgulhar de cada passo, como uma pessoa que sobe lentamente uma montanha, sem perder o objectivo de chegar ao pico mais alto, mas festejando cada pequena conquista. Assim, passo a passo, certamente chegaremos ao nosso máximo potencial.

Rav. Efraim Birbojm