21.1.08

A escalada do terrorismo a partir de Gaza



Por Aaron Ram
Embaixador de Israel em Portugal


São 8 horas da manhã e os seus filhos estão a ir para a escola. De repente, uma chuva de rockets voa por cima das suas cabeças. Não sofrem qualquer dano físico, mas ficam em estado de choque e recusam-se a sair de casa com medo de ser atingidos.
Um rocket aterra no meio da sua casa. Felizmente, ninguém lá estava, mas esta ficou em ruínas. Os seus filhos não conseguem dormir à noite porque têm medo. Você tem medo de sair de casa, mas também de lá ficar. A cena repete-se quatro, cinco vezes por dia. É assim que têm vivido, nos últimos anos, os cidadãos de Israel nas cidades próximas de Gaza. Mais de 40 rockets Qassam e morteiros atingem as nossas cidades e aldeias, diariamente.
Nos últimos dias, a situação piorou, mais de 100 rockets e morteiros atingiram as cidades israelitas de Sderot, Ashkelon e arredores. Os terroristas palestinianos começam também a atingir civis selectivamente usando armas de precisão. Um atirador do Hamas assassinou um cidadão equatoriano, de 20 anos, Carlos Chavez, voluntário no Kibbutz Ein Hashlosha.
Israel retirou da Faixa de Gaza, em 2005, por forma a viabilizar uma solução pacífica. Porém, recebeu em troca o terrorismo protagonizado pelo Hamas. Desde a tomada da Faixa de Gaza pelo Hamas, em Junho do ano passado, já foram lançados cerca de 1 500 rockets e morteiros contra Israel, causando mortos, feridos e aterrorizando a população.
Nenhuma democracia ficaria de braços cruzados a assistir ao facto da sua população ser atingida diariamente sem responder. Qualquer país tem a obrigação de proteger os seus cidadãos e agiria tal como Israel por forma a defendê-los.
Existe, no entanto, uma clara diferença entre os ataques terroristas contra Israel e a resposta defensiva da sua parte. Os terroristas palestinianos têm por alvo os civis israelitas e usam os seus próprios civis como escudos humanos. Os grupos terroristas fabricam, transportam e lançam rockets e morteiros a partir de zonas residenciais palestinianas densamente povoadas, usadas para encobrir essas acções. Tentam gerar, intencionalmente, crises humanitárias a fim de obter apoio internacional; atacam as passagens fronteiriças por onde passa a ajuda humanitária, destinada à população palestiniana, e traficam armas e explosivos em carregamentos disfarçados de ajuda humanitária.
Israel não olha para o povo de Gaza como seu inimigo e faz tudo o que está ao seu alcance para evitar atingir civis palestinianos inocentes. Os alvos de Israel são apenas os militantes armados directamente envolvidos em acções violentas e ataques contra cidadãos israelitas.
Israel quer, inequivocamente, a paz com os seus vizinhos palestinianos e acredita que o povo palestiniano tem pleno direito à autodeterminação nacional e a um Estado. Israel apoia a ideia de dois estados vivendo lado a lado em paz e segurança - uma pátria para o povo palestiniano e uma pátria para o povo judeu e está a negociar com a liderança palestiniana moderada do presidente Abbas por forma a alcançar este objectivo.
Infelizmente, os militantes armados palestinianos não são apenas inimigos do povo de Israel, mas também inimigos da paz. Propagam a sua ideologia que reitera violência ao invés de diálogo. Estes extremistas de Gaza opõem-se à reconciliação, às conversações de paz e afirmam que qualquer palestiniano que negoceie com Israel é um traidor da causa árabe, daí que o Hamas seja reconhecido como organização terrorista pela comunidade internacional. O Mundo não precisa de outro Estado terrorista. Não pode haver paz enquanto a liderança do Hamas em Gaza estiver mais interessada na obliteração de Israel do que na solução de dois estados.