17.1.08

Porção Semanal: Beshalach


Bereshit 47:28 - 49:26

O povo judeu é libertado do Egipto e D’us os conduz pelo deserto, não pelo caminho mais curto que cruza a terra dos filisteus, mas pelo mais longo para que não tivessem de lutar contra inimigos imediatamente, e desta forma desejarem retornar ao Egipto, arrependidos e amedrontados de terem que enfrentar a imprevisível jornada. D’us protegia-os através de nuvens durante o dia, que andavam à sua frente e uma coluna de fogo para iluminar o caminho à noite. O faraó arrepende-se de ter enviado o povo judeu em liberdade e segue à frente do seu exército a fim de persegui-los e aniquilá-los. O povo reclama a Moshê porque ele os tirou do Egipto? Para perecerem agora no deserto? Moshê fala que nada devem temer. D’us comanda a Moshê que levante a vara e fenda o mar. Ocorre um grande milagre e as águas do Yam Suf abrem caminho seco no meio do mar, formando paredes imensas em ambos lados, totalizando doze caminhos por onde passam as doze tribos. E as águas fecharam-se castigando e trazendo a morte sobre os egípcios. O povo judeu faz a travessia do Mar Vermelho cantando canções para D’us, enaltecendo a Sua grandeza. O Shabat da porção da Torá de Beshalach é conhecido também como Shabat Shirá. E Miriam apanha um pandeiro e as mulheres saem atrás dela dançando. Após a travessia o povo judeu não encontra água por três dias, apenas águas amargas em Mará. D’us realiza novamente um milagre transformando as águas amargas em potável. O povo continua reclamando, desta vez é por fome. Então D’us então envia alimento dos céus, o maná, na exacta porção para cada um, sem sobras e sem poder ser guardado ou armazenado, pois apodrecia. Apenas Erev Shabat o maná caía em porções duplas e estes deveriam ser guardados para o dia seguinte, pois era Shabat. Moshê reserva um maná num frasco a mando de D’us para ser descoberto por gerações futuras como testemunho da grandeza do Criador. E após recomeçarem nova jornada, há falta de água, mas Moshê bate na rocha e todos podem beber da fonte que jorra dela. A parasha termina com a luta entre Amalêc e Yehoshua com a vitória de Yehoshua e a promessa de D’us de que a memória de Amalêc será extinta.

Mensagem da Parashá

Nesta Porção Semanal lemos como o povo judeu deixou o Egipto e atravessou o Mar Vermelho de uma forma milagrosa. Os sábios explicam que naquele local até uma simples serva viu a Presença Divina, que até mesmo os profetas não chegaram a ver. Aqui está um povo que subiu até ás mais elevadas alturas espirituais, privilegiado de ver o invisível. Mas com que espantosa sequência! Eles mal haviam deixado a cena desse grande evento, quando afundaram nas profundezas da depravação moral e espiritual. Começaram a atacar injustamente a liderança de Moshê, e isso foi ainda sobre pujado pela sua atitude em relação ao próprio D’us, duvidando das Suas habilidades e finalmente culminando na construção do bezerro de ouro.
Uma geração imbuída do conhecimento Divino comporta-se assim? Contudo, após reflexão mais profunda, acaso somos nós diferentes hoje? Não somos uma geração de sabedoria? Não possuímos um conhecimento básico fundamental concernente aos mistérios do universo, espaço e muitas outras descobertas que nos fazem realçar como uma época à parte? E vivemos, contudo, num ambiente onde respira-se ansiedade e medo. E qual seria a razão básica deste estado de coisas?
É simplesmente devido ao facto de que o simples conhecimento não basta, pois é preciso colocá-lo em prática. O que é correcto e bom deve ser discernido e incorporado à nossa vida diária. Qualquer psicólogo hoje dirá que o primeiro passo para a cura da saúde mental é saber o que há de errado com o indivíduo. Mas este é só o primeiro passo. A experiência é significativa somente quando se torna parte de um ser e efectua uma real mudança no seu comportamento.

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Porção Semanal da Torá: Beshalách

Shemót (Êxodus) 13:17 - 17:16

O Povo Judeu parte do Egipto. O Faraó arrepende-se de tê-los deixado partir, persegue-os, liderando a sua cavalaria de elite e um grande exército. Os Judeus rebelam-se e gritam com Moshe: Não foi suficiente o que sofremos no Egipto? Porque nos trouxe aqui, para morrermos no deserto?O Yam Suf, o Mar Vermelho, abriu-se, os Judeus o atravessaram, os egípcios os perseguiram, o mar fechou-se e todos os egípcios se afogaram.
Moshe e os homens, Miriam e as mulheres, em separado, cantaram louvores de agradecimento ao Todo- Poderoso.
Eles chegam a Mará e rebelam-se por causa da água amarga que lá havia para se beber. Moshe atira uma determinada árvore para dentro da água, transformando-a em água potável. O Todo-Poderoso, então, fala aos Israelitas:
Se vocês obedecerem ao Todo-Poderoso, seu D’us, e fizerem o que é correcto aos Seus olhos, cuidadosamente observando os Seus mandamentos e cumprindo todos os Seus decretos, então não os afligirei com todas as doenças que trouxe ao Egipto. Eu sou D’us, Aquele que os cura. (É por isto que a Hagadá de Pessach tenta provar que houve mais de 10 pragas no Egipto - quanto maior o número de aflições que lá ocorreram, maior o número de doenças das quais estamos protegidos).
Depois os Israelitas rebelam-se novamente, alegando falta de comida; D’us envia-lhes codornizes e o maná (Uma porção dupla era dada às sextas-feiras para ser comida também no Shabat. No Shabat usamos duas
halót para comemorarmos as duas porções de maná que D’us nos mandava naquela época). Moshe os instrui sobre as leis do Shabat. Na localidade de Refidim rebelam-se novamente, exigindo água. D’us ordena Moshe para bater numa pedra, que então jorra água para saciar a sede do povo. Finalmente, a porção conclui com a guerra contra Amalêk e o mandamento de exterminar a lembrança de Amalêk da face da Terra.

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
Os egípcios perseguiram o Povo Judeu quando saíam do Egipto. O Povo entrou em pânico quando viram so eus perseguidores e reclamaram com Moshe por tirá-los do Egipto. E Moshe respondeu:
“Não tenham medo, esperem e verão a salvação que o Todo-Poderoso fará para vocês hoje (Shemót 14:13)”. O Povo Judeu superava em muito o número de egípcios. Porque não começaram uma batalha para se defenderem dos seus agressores?
O grande comentarista da Torá, Rabino Avraham Ibn Ezra (Espanha, 1089-1164), elucidou esta pergunta: os egípcios haviam sido o seus dominadores até então. O Povo que saiu do Egipto havia aprendido, desde a sua infância, a suportar e tolerar a opressão dos egípcios e a se sentir inferior a eles.
Portanto, não se sentiam capazes de lutar contra os seus amos.
O Rabino Haim Shmuelevitz, o antigo director da Yeshivá de Mir em Jerusalém (Israel, 1902-1978), explicou que este mesmo princípio se aplica a cada um de nós na sua batalha para controlar os seus desejos e impulsos. Se uma pessoa se considera inferior e se sente excessivamente culpada, nem tentará lutar contra os seus impulsos negativos. Como não acredita em si mesma e nas suas habilidades, sente-se completamente desencorajada. A nossa tarefa é nos preocuparmos de uma maneira elevada. Interiorize e desenvolva a certeza de que tem um imenso potencial. Esteja consciente das suas forças e saiba que, quando resolver tornar-se vitorioso(a) sobre os seus impulsos e instintos, você certamente terá sucesso!