Cavaco recorda vítimas do Holocausto
O Presidente República participou em cerimónia na sinagoga de Lisboa sublinhando hoje a importância de falar e recordar, considerando que a evocação das vítimas do Holocausto é "um dever de memória". Aníbal Cavaco Silva falava na cerimónia realizada na Sinagoga de Lisboa por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
"Estamos aqui a cumprir um dever de memória. Compreendemos o que se passou? Não compreendemos. Não se pode compreender um processo racional, burocrático e sistemático, cuidadosamente planificado e arquitectado, para realizar o irracional", afirmou.
Contudo, acrescentou, mesmo que as palavras sejam pobres para descrever o horror, "temos o dever de falar", "o dever de recordar".
"Milhões foram martirizados, sobretudo judeus. Honramos a memória de todas as vítimas". Porque "o trabalho de memória começa por ser um esforço de reconstituição de um passado que não pode ser negado".
"É mais do que um imperativo de justiça. Contra a indiferença, contra o esquecimento, é de uma pedagogia que precisamos: que todos saibam o que aconteceu para que todos sejam levados a agir de modo a que não volte a acontecer", referiu.
Recordando a lição deixada no "grande livro da sabedoria rabínica", o Tamulde, de que "aquele que é de todos o mais poderoso não é o que destrói o seu inimigo, mas o que transforma o inimigo em amigo", Cavaco Silva deixou também um desejo.
"Quando esta lição, válida em todos os tempos e para todos os homens, for verdadeiramente aprendida, alcançaremos a paz abundante e a vida boa para nós e para todo o povo de Israel que a oração que há pouco partilhámos nos promete", declarou.
Antes de Cavaco Silva, e já depois de uma pequena cerimónia religiosa, o presidente da comunidade Israelita, José Oulman Carp, falou igualmente na necessidade de acabar com o anti-semitismo, a xenofobia e todas as formas de discriminação para chegar "à paz universal" ou "unidade na diversidade"
Na cerimónia realizada ao final da tarde na Sinagoga de Lisboa participaram, além do Presidente da República, o ministro da Justiça, Alberto Costa, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, representantes dos partidos, como o social-democrata Rui Gomes da Silva, os deputados o CDS-PP João Rebelo e Teresa Caeiro, o socialista José Lamego, e o Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, Rui Marques, entre outros.
O Dia Internacional em memória das Vítimas do Holocausto, que se comemorou, ontem dia 27 de Janeiro, foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, através da resolução 60/7 de 01 de Novembro de 2005. Foi a 27 de Janeiro de 1945 que as forças aliadas libertaram os judeus que se encontravam no campo de concentração de Auschwitz.
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