22.1.08

Tu B’Shevát


Boa semana! Quando é o ano novo? Ficaria surpreso em saber que há 4 dias de Ano Novo no calendário Judaico? Terça-feira, 22 de janeiro, é Tu B’Shevát (o décimo quinto dia do mês hebreu de Shevát) e o dia de Ano Novo para as árvores!

O que é Tu B’Shevát e como é celebrado?

O Talmud, no Tratado Rosh Hashaná, explica-nos sobre os quatro Rosh HaShanás (Anos Novos) no calendário Judaico:


1) O primeiro dia do mês Hebreu de Nissán é o Ano Novo em relação à contagem dos anos no reinado dos Reis de Israel

2) O primeiro dia de Elul é o Ano Novo em relação à retirada do dízimo dos animais (Um em cada dez animais nascidos entre Elul do ano anterior e o início deste Elul eram doados ao Templo Sagrado)

3) O primeiro dia de Tishrei é o Ano Novo para o julgamento dos seres humanos: para a vida ou a morte, riqueza ou pobreza, doenças ou saúde, bem como para a contagem do Ano Sabático (Shemitá) e do Ano do Jubileu (Yovêl) para a Terra de Israel. Também a partir deste dia conta-se o período de 3 anos, a partir do plantio de uma árvore frutífera, nos quais não se pode comer os seus frutos (Orlá), bem como para o cálculo dos dízimos que devem ser retirados das colheitas de grãos e vegetais

4) O dia 15 de Shevát é o Ano Novo para as árvores, com referência ao cálculo do dízimo que seria retirado das suas frutas, em prática na época do Templo Sagrado.


Tu B’Shevát é um dia festivo porque a Torá louva a Terra de Israel com referência às frutas das suas árvores, bem como às colheitas do seu solo: “Uma terra de trigo, cevada e uvas, e árvores de figo e romãs; uma terra de oliveiras e mel (de tâmaras) ” (Devarim 8:8). E também: “... e deverão comer e se satisfazer e abençoar ao Todo-Poderoso, seu D’us, pela boa terra que Ele lhes deu” (Devarim 8:10). O Povo Judeu alegra-se com as frutas, com a Terra e com o Todo-Poderoso que nos deu a vida.

O dia de Tu B’Shevát é celebrado comendo-se as diversas espécies de frutos com as quais a Terra de Israel foi abençoada: tâmaras, romãs, figos, uvas e azeitonas.

Os cabalistas da cidade de Tsefat (Safed), em Israel, compilaram no século 16 um ‘Seder’ de Tu B’Shevát algo parecido com o Seder de Pessach, com meditações e explicações sobre as dimensões espirituais das frutas, junto com as suas bênçãos, músicas e os seus significados mais profundos. O homem é comparado a uma árvore. No livro Pirkêi Avót (Ética dos Nossos Antepassados) está escrito o seguinte: “Uma pessoa cuja sabedoria excede os seus bons actos é comparada a uma árvore cujos galhos são numerosos, porém com poucas raízes. Um vento forte bate e acaba por arrancar a árvore do seu lugar. Entretanto, uma pessoa cujos bons actos excedem a sua sabedoria é comparada a uma árvore com poucos galhos, mas cujas raízes são numerosas. Mesmo se todos os ventos do mundo a açoitarem, não conseguirão movê-la do seu lugar (Pirkêi Avót, capítulo 3, mishná 22)”. Da mesma maneira que uma árvore necessita de solo, água, ar e luz solar, assim as pessoas precisam estar espiritualmente enraizadas e conectadas a uma fonte de nutrição.

Água para as árvores, sabedoria da Torá para nós, como Moisés proclamou: “Possam os meus ensinamentos gotejar como o orvalho” (Devarim 32:2).

Ar para as árvores e espiritualidade para nós, como declara a Torá: “D’us soprou a vida nas narinas do Homem” (Bereshit 2:7).

Luz solar para as árvores e o calor da amizade e da comunidade para os seres humanos.