30.8.07

Porção Semanal: Ki Tavó



Bereshit 47:28 - 49:26

Parashat Ki Tavo (Devarim 26:1 - 29:8) inicia descrevendo a mitsvá anual aos fazendeiros de Israel para que trouxessem os seus bicurim, primeiros frutos, ao cohen no Templo, quando então o fazendeiro reconhece o importante papel de D’us na provisão do seu sustento.
Após novamente exortar o povo judeu a permanecer fiel a D’us, que os elegeu especificamente como Seu povo escolhido dentre todas as nações do mundo, Moshê ensina duas mitsvot especiais que eles deverão cumprir ao entrar na Terra de Israel para reafirmar o seu compromisso com a Torá. Primeiro deverão escrever toda a Torá em doze grandes pedras, e então deverão recitar bênçãos e maldições no vale entre Monte Gerizim e Monte Eival, as quais se aplicarão respectivamente àqueles que cumprem e àqueles que afrontam a Torá. Seguindo-se uma recontagem das maravilhosas bênçãos que D’us concederá ao povo judeu por permanecer fiel, Moshê faz uma assustadora profecia do que se abaterá sobre o povo judeu por não cumprir a Torá. Conhecido como admoestação, Moshê descreve com detalhes a horrível destruição que infelizmente acontecerá quando nos desviarmos das mitsvot.
A Porção da Torá conclui quando Moshê contempla em retrospecto os maravilhosos milagres que D’us realizou pelos quarenta anos anteriores, lembrando o povo da enorme dívida de gratidão que tem para com D’us pelo Seu carinhoso amor.

Mensagem da Parashá

Tudo no coração
por Kevin Rodbell

O único breve toque do seu relógio digital anunciando a hora, 4:30 da tarde, assustou e acordou Jon do seu devaneio. O copo de coca-cola escorregou da bandeja e caiu no chão. Espatifou-se contra os ladrilhos brancos e pretos, espalhando vidro em todas as direcções. O líquido escuro correu rapidamente sobre onze azulejos, formando uma poça escorregadia de refrigerante próximo à mesa onde Jon estava a servir. "Desculpe-me, senhor, sinto muito – não sei onde estava com a cabeça."
Na verdade, Jon não estava concentrado em equilibrar a bandeja. É claro que, enquanto o seu rosto enrubescia, concentrou-se totalmente na situação do momento. O seu emprego de verão como empregado de mesa começava às 9 da manhã e terminava às 5 da tarde. Geralmente, às 4h30, já estava ansioso para sair; hoje não era uma excepção. Embora as suas mãos, olhos e ouvidos estivessem ocupados servindo suculentos hamburgers, batatas fritas engorduradas e refrigerantes gelados, a mente de Jon estava constantemente vagueando até ao jogo de futebol que aconteceria naquela noite. O passatempo favorito de Jon. Gostava tanto do entusiasmo e camaradagem que visões de correr atrás de bolas altas enchiam a sua mente sem cessar. Jon concentrava-se nos lances do desporto, ao invés de servir refeições. Hoje ele enfrentava as consequências com um esfregão, em vez de assistir ao jogo da sua equipa preferida.
Todos conhecem o sentimento "a minha mente está noutro lugar". Algumas coisas que consideramos mais importantes – seja pagar a conta de luz ou tirar umas merecidas férias – tendem a desviar a nossa atenção do equilíbrio da bandeja ou seja o que for que estejamos a fazer. Em vez disso, as pessoas podem passar a maior parte do dia a realizar tarefas necessárias que não são de primordial importância, como fica evidente quando devaneiam sobre outros assuntos. Jon, por exemplo, passa dois terços do tempo no restaurante, mas a sua principal ocupação em termos de horas não indica o verdadeiro interesse do seu coração.
Da mesma forma, muitos judeus passam longas horas no trabalho, mas esta alocação de tempo dos profissionais judeus não reflecte o que deveria ser a sua suprema aspiração na vida, a aspiração que expressamos duas vezes ao dia quando lemos o Shemá. "Amarás D’us com todo o teu coração..." Apesar de passarmos muito tempo a realizar actividades aparentemente mundanas, o coração de um judeu na verdade anseia por crescer na Torá e construir um relacionamento com o seu Criador.
Rabi Moshê Feinstein destaca este conceito numa declaração intrigante que Moshê faz ao povo judeu na porção desta semana da Torá: "Vocês viram tudo o que D’us fez perante os vossos olhos na terra do Egipto…as grandes provas que os vossos olhos viram, aqueles sinais, e grandes maravilhas. Porém o Eterno não lhes deu um coração para conhecer as bondades de D’us, e e olhos para ver, e ouvidos para ouvir, até aos dias de hoje" (Devarim 29:1-3).
Os judeus reclamaram em dez ocasiões diferentes sobre as condições inóspitas do deserto no qual D’us os colocara, mas jamais reconheceram todos os grandes milagres que D’us realizou para eles no Egipto e no deserto durante os quarenta anos. D’us provou constantemente a Sua dedicação aos Filhos de Israel, mas eles sempre responderam com rebelião e dissensão. Finalmente, naquele dia, ao final da sua jornada pelo deserto, Moshê percebeu que os judeus eram definitivamente dedicados a D’us.
Um acontecimento em particular alterou a opinião de Moshê sobre o povo judeu. No final da sua vida, Moshê copiou toda a Torá e tentou dar o rolo à família de Levi; eles, mais que qualquer outra tribo, deviam dedicar a vida a estudar e ensinar o precioso livro de D’us ao povo judeu. Rashi relata que o restante do povo judeu reuniu-se e disse a Moshê que eles também tinham estado presentes no Monte Sinai quando D’us outorgou a Torá. Eles afirmaram que presentear este rolo especial da Torá aos Levitas poderia algum dia fazê-los dizer que a Torá fora dada exclusivamente a eles.
Rabi Moshê Feinstein explica que, na verdade, a família de levi jamais faria reivindicação tão audaciosa; é claro que a Torá completa, mesmo as leis especificamente aplicadas aos levitas, foram dadas a todo o povo judeu. Ao contrário, as outras tribos suspeitaram de algo mais subtil. Os não-levitas, que deviam passar longas horas no trabalho para ganhar o sustento, temiam que os levitas, que tinham a oportunidade de passar o dia inteiro mergulhados na Torá, exigiriam exclusividade nas áreas de ensinamento da Torá, e na resolução de complicados problemas da Lei Judaica. Os não-levitas desejavam assegurar um lugar para si mesmos entre os especialistas em Torá.
Ao exigir um papel activo na perpetuação da Torá, o povo judeu mostrou o que ia no seu coração, e reassegurou a Moshê que tinham as correctas prioridades. Ter uma renda é certamente uma necessidade, mas não importa quanto esforço devotem a outras actividades, os judeus devem lembrar-se de que a Torá e o relacionamento com D’us permanecem sendo o nosso verdadeiro objectivo de vida.

SHABAT SHALOM

28.8.07

O mês de Elul


Segundo o Sêfer Yetzirah, cada mês do ano judaico tem uma letra do alfabeto hebraico, um signo do Zodíaco, uma das doze tribos de Israel, um sentido e um membro controlador do corpo que lhe corresponde.

Elul é o sexto mês do calendário judaico.
Em Elul preparamo-nos para a chegada dos Grandes Dias festivos, tocando o shofar todas as manhãs, tendo as nossas mezuzot e os nossos tefilin examinados para ter a certeza de que ainda estão adequados, tendo mais cuidado com a cashrut e recitando selichot especiais (preces penitenciais) à medida que se aproxima o final do mês. Porque fazemos tudo isso no mês de Elul? Não podemos esperar até mais próximo de Rosh Hashaná e Yom Kipur? De qualquer forma, a maioria de nós "trabalha" melhor sob pressão!
Estas questões podem ser explicadas por uma bela parábola:
Uma vez por ano, um rei muito poderoso deixa o seu palácio, os seus guardas, o seu luxo e vai até ao campo para encontrar os seus súbditos. No campo, as pessoas podem perguntar o que quiserem ao rei. Não precisam esperar em longas filas, passar por revistas de segurança, ser anunciados com cerimónia. Podem falar com ele sem hesitação. No entanto, uma vez que o rei tenha retornado ao seu palácio, os súbditos terão novamente de passar por todos os tipos de protocolo para encontrá-lo. Portanto, obviamente, os seus súditos aproveitam a oportunidade ao máximo. Elul é chamado o "mês do arrependimento", "da misericórdia" e "do perdão". Elul segue os dois meses anteriores de Tamuz e Av, os meses dos dois grandes pecados de Israel, o pecado do bezerro de ouro e o pecado dos espiões. As quatro letras do nome Elul são um acrónimo para as letras iniciais da frase em Shir Hashirim (6:3): "Sou do meu amado e meu amado é meu." "Sou do meu amado" em arrependimento e desejo consumado de retornar à raiz da minha alma em D’us. "E meu amado é meu" com expressão Divina de misericórdia e perdão.
Este é o mês que "o Rei está no campo". Todos podem aproximar-se d'Ele, e o Seu semblante reluz para todos.
Elul é o mês de preparação para os grandes Dias Festivos de Tishrei. Foi neste mês que Moshê ascendeu ao Monte Sinai pela terceira vez por um período de quarenta dias, de Rosh Chôdesh Elul a Yom Kipur, quando ele desceu com as segundas "Tábuas do Pacto". Nestes dias D’us revelou grande misericórdia ao povo judeu. Na guematria, Elul equivale a 13, aludindo aos 13 princípios da Divina misericórdia que são revelados no mês de Elul.

Letra: Yud

O yud é a primeira letra do tetragrama, o Nome essencial de D’us Havayah, o Nome de misericórdia. É também a letra final do Nome Adnut, o Nome que encerra o Nome Havayah para revelar e expressá-lo ao mundo. Assim, o yud é o início (da essência da Divina misericórdia, Havayah) e o yud é o fim (da manifestação da Divina misericórdia, Adnut). Toda a forma criada começa com um "ponto" essencial, de energia e força de vida, o ponto da letra yud. O fim do processo criativo é também um "ponto" de consumação e satisfação, um yud. "No princípio D’us criou…" é o ponto inicial; "e D’us concluiu no sétimo dia…" é o ponto final. A palavra yud significa "mão". Os nossos Sábios interpretam o versículo: "Até a Minha mão fundou a terra, e a Minha mão direita desenvolveu os céus" – que D’us estendeu a Sua mão direita para criar os céus e estendeu a Sua mão esquerda para criar a terra." A mão direita é o ponto de início; a mão esquerda é o ponto do final. No versículo acima citado, a mão esquerda (à qual se refere como "Minha mão" sem qualquer designação definida de esquerda ou direita) aparece antes da mão direita. Isso combina com a opinião de Hillel de que "a terra precedeu [os céus]." A terra representa a consumação da Criação – "o fim da acção vem primeiro no pensamento". O yud de Elul é, especificamente, a mão esquerda, o controlador do sentido do mês, o sentido da acção e retificação. Este é o ponto final da Criação atingindo o seu supremo objectivo e fim, o yud de Adnut refletindo-se perfeitamente na realidade criada, o yud de Havayah.

Mazal: betulá (Virgem)

A betulá simboliza a amada noiva de D’us, Israel, a noiva do Shir Hashirim, que diz ao seu noivo "Eu sou do meu amado e meu amado é meu". A palavra betulá aparece pela primeira vez na Torá (e a única vez na descrição de uma mulher específica) em louvor da nossa matriarca Rivca, antes do seu casamento com Yitschac. Na Cabalá, a união de Yitschac e Rivca simboliza o serviço espiritual de prece e devoção a D’us. Yitschac (Yitschac, 208) mais Rivca (Rivca, 307) = 515 = tefilá, "prece". Na Chassidut, o versículo "Sou do meu amado e meu amado é meu" refere-se, especificamente, ao serviço de prece do mês de Elul. A "virgem" de Elul (Rivca" dá à luz [retroativamente, com respeito à ordem dos meses do ano]) aos "gêmeos" de Sivan (Yaacov e Essav, os filhos de Rivca, como foi explicado acima). As primeiras Tábuas, dadas em Sivan, foram quebradas (devido ao pecado). As segundas Tábuas, dadas a Moshê em Elul (o mês do arrependimento) estão inteiras. O arrependimento é identificado na Cabalá com "mãe" (em geral, e Rivca em particular). "Mãe" é biná = 67 = Elul. Na Cabalá, a "mãe" permanece para sempre (no plano espiritual) uma "virgem". Num contínuo estado de teshuvá e tefilá, a sua "sempre-nova" união com o "pai" jamais cessa – "dois companheiros que jamais se separam." Com a vinda de Mashiach, assim será o estado do noivo inferior e da noiva. ("Pai" e "mãe" correspondem às primeiras duas letras de Havayah – "a união mais elevada"; "noivo" e "noiva" ou "filho" e "filha" correspondem às segundas duas letras de Havayah – "a união inferior"). A betulah simboliza também a "terra virgem", a Terra de Israel destinada a desposar o povo de Israel, como declara o profeta: "Como um jovem desposa uma virgem, assim os filhos te desposarão [a Terra de Israel]" (Yeshayáhu 62:5). Vemos aqui que os filhos se casam com a "mãe terra", que permanece " terra virgem ". A terra representa a retificação da acção, o sentido do mês de Elul, como foi descrito acima.

Tribo: Gad

Gad significa "acampamento", como no versículo (a bênção do nosso Patriarca Yaacov ao seu filho Gad): "Gad organizará [literalmente = acampará] os acampamentos [acampamentos do exército], e retornará com todos os seus campos" (Bereshit 49:29). O talento especial de Gad é organizar uma "legião". O nome Gad significa também "boa sorte". É realmente a "boa sorte" de Israel ser a amada noiva de D’us, e a sua "boa sorte" revela-se através dos meios das nossas boas acções, especialmente aquelas cuja intenção é rectificar as nossas falhas e nos embelezar, como uma noiva para o seu noivo. A "boa sorte" de Gad tem relação, na Cabalá, aos treze princípios de misericórdia que são revelados no mês de Elul, a fim de despertar a alma da sua raiz (a sua "boa sorte") para retornar a D’us. Gad = 7. Gad foi o sétimo filho de Yaacov a nascer. Mazal, a palavra mais usada para "boa sorte" = 77. A letra do meio de mazal é zayin = 7. Quando as duas letras gimmel dalet que formam o nome Gad (=7) são substituídas pelo zayin (=7) de mazal, a palavra migdal, "torre", é formada. O versículo declara: "Uma torre [migdal = 77] de força [oz = 77] é o Nome de D’us, a ela correrá o tsadic e será exaltado." Na Cabalá, a "torre de força" representa a noiva, a betulah de Elul, a alma-raiz e mazal do povo judeu. O tsadic, o noivo, corre, com todas as suas forças, para entrar na "torre de força".

Sentido: acção


O sentido da acção é o "sentido" e "conhecimento" interior de que por meio de devotados a’ toa da bondade a pessoa sempre é capaz de rectificar qualquer falha ou estado imperfeito da alma. Este é o sentido necessário para o serviço espiritual de Elul, o serviço de arrependimento e verdadeira teshuvá a D’us. O sentido da acção é assim o sentido de nunca desesperar. Este é o "ponto", o yud (de Elul), do serviço Divino. Sem ele a pessoa não pode sequer começar (ou terminar) uma acção. O sentido da acção é a inclinação de consertar um objecto quebrado ("salvar" uma situação) em vez de deitá-lo fora. Além disso, o sentido da acção é o sentido de organização e de gerenciamento de sistemas complexos (como Gad, a tribo de Elul significa "acampamentos" e "legiões"). Sobre a letra yud de Elul afirma-se: "D’us com sabedoria [o ponto do yud] fundou [rectificou] a terra [o sentido da acção]."

Controlador: mão esquerda

Como foi mencionado acima, D’us estendeu a Sua mão esquerda para criar a terra (e, como citado acima: "D’us com sabedoria fundou a terra" [Mishlê 3:19]). A mão direita (a mais espiritual das duas mãos, que criou os céus – "Levante os olhos e veja Quem criou estes" – a dimensão interior, espiritual, da realidade) controla o sentido da visão, ao passo que a mão esquerda (mais física) controla o sentido da acção. A mitsvá (mandamento da acção) de tefilin shel yad é cumprida com a mão esquerda (a mão direita o coloca sobre a mão esquerda, i.e., a "vê" sendo cumprida com a mão esquerda). É a mão esquerda que toca o coração. Isso ensina-nos, que toda a acção rectificada deriva das boas emoções e intenções do coração.

26.8.07

Pensamento da Semana

Quando as exigências começam, o amor desaparece


Rabino Eliahu Desler (Rússia e Israel, 1891-1954)

Valorize as pessoas


Boa semana! Ao preparar estas edições do Meór HaShabat para antes de Rosh HaShaná, lembrei-me de uma história que o meu amigo, Sunny Goldstein, contou-me há pouco. Ele encontrou um jovem com um chapéu típico das seitas do Extremo Oriente. Conversaram e o jovem apresentou-se com um nome em Sânscrito com 15 letras. Perguntou-lhe se era casado e o jovem respondeu: “Não, mas eles vão escolher uma esposa para mim em breve!” Sunny perguntou-lhe de onde ele era, de onde os seus pais vinham e o seu nome anterior. O jovem vinha de uma pequena cidade na Pensilvânia, o seu pai era alfaiate, a mãe costureira, e o seu nome anterior era obviamente Judaico.
Sunny então perguntou: “Porque se afastou da sua herança espiritual e como se envolveu com este estilo de vida actual?” O jovem respondeu: “Os meus pais obrigavam-me a ir à sinagoga e usar a Kipá. Estavam sempre a trabalhar e nunca em casa. Eu juntei-me a este grupo enquanto estudava na faculdade. Não estou certo?”
Sunny respondeu-lhe: “Pense comigo, meu amigo: se o seu pai lhe dissesse para se casar com uma moça dentro da Comunidade, você teria protestado, alegando que ele estava tentando controlar a sua vida, mas agora concorda que eles escolham uma esposa para si. Opôs-se, quando o seu pai lhe pediu para usar a Kipá, mas deixou a sua nova religião escolher o seu chapéu e as suas roupas. Andas chateado com os teus pais por não terem estado em casa contigo, mas não fez nenhuma objecção ao facto de eles trabalharem 14 horas por dia para que pudesse freqüentar uma faculdade. Porque, meu amigo, não foi à alfaiataria dos seus pais para ajudá-los depois da escola, para que não precisassem trabalhar 14 horas por dia e pudessem chegar a casa mais cedo?” O rapaz até agora não respondeu. O que podemos aprender desta história? Creio que uma das coisas é que, em algum ponto das nossas vidas, precisamos parar de culpar os nossos pais, os professores e a sociedade e tomar responsabilidades sobre as nossas vidas. É triste ver um garoto de 15 anos culpando os seus pais, a escola e a sociedade pelos seus insucessos, porém é patético ouvir um ‘marmanjo’ ou ‘marmanja’ de 35 anos persistir nesta mesma velha treta. Pelo contrário, devemos estabelecer metas, fazer planos e traçar as nossas estratégias para fazer o melhor possível das nossas vidas. Uma boa parte do sucesso que teremos virá ao adoptarmos os bons procedimentos que recebemos dos nossos pais, da escola e da sociedade, e devemos expressar a nossa gratidão por isso. Agindo assim ganharemos uma visão positiva da vida, que nos fortalecerá e encorajará na direcção do sucesso. Para ilustrar este ponto, a gratidão pela vida, gostaria de lhes contar, queridos leitores, um facto ocorrido com o Dr. Howie Liebowitz, um ex-aluno do Colégio de Estudos Avançados Judaicos do Aish HaTorá, em Jerusalém:
“Eu estava a trabalhar na sala de emergências quando um ‘código vermelho’ veio da cafeteria do hospital. Uma mulher estava de visita ao seu marido quando teve um enfarto fulminante. O eletrocardiograma estava péssimo: nenhuma batida de coração – uma linha recta no monitor. Estávamos trabalhando freneticamente sobre ela. Cada momento era uma eternidade”. “Quinze minutos se passaram, mas nada de pulsação. Os meus colegas médicos começaram a se afastar, tendo perdido as esperanças. Eu continuei a tentar. Uma vida é muito preciosa. Finalmente, após quase meia hora, consegui um ‘blimp’ no monitor: o seu coração começara a trabalhar! Corremos com ela para a sala de emergência, afim de a estabilizar”. “Seis horas depois, ao final do meu turno, decidi verificar aquela paciente. Entrei no seu quarto e ela estava sentada na cama, a conversar com o seu marido. Conforme entrava no quarto, o marido falou:
‘Querida, este é o Dr. Leibowitz. Foi quem lhe salvou a sua vida!’ ” “A mulher olhou para mim, pensou alguns instantes e disse: ‘Não sei o que dizer. ‘Obrigado’ é algo que se diz para alguém que lhe segura uma porta”.
“- Doutor, quero que saiba que cada vez que segurar os meus netos, sempre que caminhar com o meu marido, cada vez que assistir a um pôr do sol, agradecerei ao senhor’! ” O Dr. Leibowitz contou esta história para expressar a sua gratidão ao Rabino Noah Weinberg e ao Aish HaTorá. Mas que lição aprendemos desta história?
Quando foi a última vez que ligamos para o nosso pai ou a nossa mãe agradecendo por nos terem trazido ao mundo e dizer que os amamos? Quando foi a última vez que ligou para aquele professor que tanto nos ajudou? Quando foi a última vez que agradecemos aos nossos amigos por estarem sempre por perto? E se os seus pais, professores especiais ou amigos não estiverem por perto para que possa expressar a sua gratidão, lembre-se – cada vez que segurar uma criança, caminhar ou assistir a um pôr do sol – de estar agradecido àqueles que lhe permitiram fazer tudo isto.

22.8.07

Porção Semanal: Ki Tetsê


Bereshit 47:28 - 49:26
Ki Tetsê (Devarim 21:10 - 25:19) começa discutindo o caso de uma mulher quando capturada por um soldado judeu durante uma batalha. No resto da porção semanal, a Torá continua com uma lista de várias mitsvot cobrindo vasta gama de tópicos. Relata então os direitos especiais da herança do primogénito, o caso do filho teimoso, a importância de respeitar-se a propriedade de outras pessoas, a obrigação de afastar a ave mãe do ninho antes de pegar os seus filhotes, e que não se deve vestir shatnez, mescla de lã e linho na mesma peça de roupa.
O caso da difamação da mulher casada é então discutido, seguido pela proibição de adultério e outros casamentos proibidos, bem como a ordem de manter o acampamento do exército como local santificado. Após mencionar brevemente o divórcio e o requerimento de um get (carta de divórcio), a Torá discute o sequestro, a mitsvá de pagar os trabalhadores no tempo apropriado, e o conceito da responsabilidade do indivíduo pelas suas próprias acções.
A Torá descreve então a consideração especial que deve ser dada a um órfão e a uma viúva, o casamento levirato e a mitsvá de ser honesto nos negócios. Esta Porção da Torá conclui com uma exortação para recordar as atrocidades que a nação de Amalek cometeu contra nós após o Êxodo.

Mensagem da Parashá

Prisioneiro de guerra
por Yoel Spotts

À primeira vista, a secção registada no início da porção desta semana da Torá a respeito de eshet y'fat to'ar parece inteiramente fora de carácter com a mensagem geral da Torá. Durante todos os cinco livros de Moshê lemos sobre as leis enfatizando a restrição e auto-disciplina, responsabilidade e controle. Mesmo assim, na porção desta semana da Torá descobrimos o caso de eshet y'fat to'ar, quando um soldado, em tempo de guerra, tem permissão de abandonar aqueles ideais elevados e render-se aos seus desejos.
Que mensagem a Torá está a tentar transmitir, quando aparentemente permite que soldados judeus apoderem-se de mulheres cativas à vontade, sem dar importância alguma ao auto-controle?
Entretanto, antes que façamos um julgamento apressado, devemos primeiro examinar mais cuidadosamente os versículos que relacionam a atitude prescrita, pois o consentimento da Torá a esse encontro com uma mulher prisioneira não representa nem metade da história.
Em Devarim 21:12, aprendemos que logo após o seu encontro inicial, a mulher deve rapar o seu cabelo e deixar crescer as unhas, certamente uma visão nada atraente. O versículo 13 explica ainda que ela deve chorar incessantemente pelos seus pais mortos, durante trinta dias, tudo isso à vista de seu captor. Apenas após este mês de luto eles poderão iniciar um relacionamento normal como marido e mulher. Certamente após esta exibição, quase qualquer homem se tornaria rapidamente desinteressado pela mulher que, apenas pouco tempo atrás, tanto estimulara o seu interesse.
Na verdade a Torá, esperando tal reação, prescreve a acção correcta que fará com que o homem não mais deseje esta mulher como esposa. Obviamente, a aparente sanção da Torá a tal comportamento não é bem precisa; claramente, existe aqui uma mensagem mais profunda. Consideremos por um momento a provação do soldado em tempo de guerra. Afastado da esposa e da família por meses intermináveis, está sujeito às duras condições do brutal confronto. Se isso não fosse suficiente, deve ainda suportar as tentações da mulher não-judia que passou a desfilar em frente aos soldados da forma mais sedutora possível, a fim de distrair a sua atenção da batalha. (De facto, por este motivo a Torá exige que a mulher "raptada" troque as suas roupas de guerra antes de entrar na casa do soldado.) O soldado judeu nesta situação poderá ver-se incapaz de controlar as suas emoções, e conseqüentemente ficar seduzido pelas armadilhas desta mulher.
O que deve acontecer com este soldado – ser condenado eternamente pelo seu crime? O Judaísmo diz que não. D'us criou o homem como um ser físico num mundo físico, com desejos físicos. É claro que a missão do homem nesta terra é superar a sua má inclinação, que o leva a agir segundo estes desejos. Entretanto, não se pode esperar que a pessoa domine as suas emoções do dia para a noite. É uma batalha para a vida toda. Dessa maneira, a Torá aceita que a pessoa possa ver-se incapaz de resistir aos apelos do pecado. Apesar disso, não deve permitir-se permanecer neste estado de depravação. Embora tenha falhado desta vez, deve tomar as precauções para ter sucesso na próxima. Dessa maneira, o soldado deve rapar a cabeça da mulher, permitir que suas unhas cresçam, abster-se de ter relações com ela, fazer tudo para tornar a mulher desprezível. Afortunadamente, quando trinta dias se passarem, o seu desejo pela mulher também terá passado.
Embora muitos de nós jamais tenhamos nos defrontado com estas mesmas circunstâncias que o soldado judeu descrito na porção desta semana da Torá, mesmo assim temos que suportar a nossa própria cota de tentações. Não se espera que a pessoa consiga derrotar os seus desejos todas as vezes. O Rei Salomão declarou isso há muito tempo, quando disse: "Não existe homem que seja tão correcto na terra que sempre faça o bem e jamais peque" (Cohêlet 7:20).
Todos em alguma ocasião sucumbem pelos seus desejos. A verdadeira questão é: O que acontece depois? A pessoa renderá-se-á às suas fraquezas, resignando-se à noção de que o homem não tem esperança na sua guerra contra a má inclinação e que tudo está perdido? Ou se reerguerá com uma nova determinação, acreditando que embora possa ter perdido a batalha, ainda pode vencer a guerra?
Aprenderá realmente com os seus erros, e tomará as devidas precauções para assegurar futuras vitórias?
A maneira pela qual alguém responde a estas perguntas determina se ele se permitirá ser refém das suas emoções, ou se será capaz de libertar-se das amarras da má inclinação. Com o mandamento de eshet y'fat to'ar, a Torá forneceu-nos uma receita para tratar eficazmente o síndrome de pós-pecado.
Agora cabe a nós tomar correctamente o remédio.

SHABAT SHALOM

20.8.07

Comunidade haredi SHUVA



Conforme o prometido, escrevo um pouco mais sobre a COMUNIDADE SHUVA.

Na foto acima, encontra-se o casal Barujel e filhas, os fundadores e responsáveis pela Comunidade. São originários da Argentina e residem na cidade de Naharyia. Frequentam um templo Haredi Chabad na localidade. A esposa é médica-pediatra no Hospital Rambam de Haifa e o marido um rabino e formado em advocacia. O espaço novo desta Comunidade situa-se num refúgio contra bombas ( MIKLAL ), junto ao centro da cidade. O principal objectivo desta Comunidade será em poder ajudar todos os cripto-judeus, marranos ou bene anusim, no seu retorno às suas raízes originais, ou seja, o judaísmo, o povo judeu e israel. Esta comunidade expressa-se em castellano, português e em hebraico. Assim, bienvenidos, benvindos, shalom, a todos os in teressados em ingressar na caminhada de retorno ao judaísmo.

Ariel e Gloria Barujel

19.8.07

Comunidade Shuba


Inaugurou-se, na quinta-feira passada, dia 16 de Agosto, as novas instalações da COMUNIDADE SHUVA, localizada na cidade de Naharyia, a norte de Israel. Shuva é uma comunidade haredi, que se dedica a ajudar ao retorno de marranos, cripto-judeus, benei anusim, à sua raíz espiritual – o judaísmo.

A colocação da primeira mezuza foi efectuada pelo Gran Rabino da cidade de Nahariya – na foto - (Iesha´aiahu Maitlis Shlit´a), que também é o director responsável da Comunidade. Ao acto compareceram membros da comunidade Chabad dea cidade, convidados e público. Numa próxima oportunidade publicarei info sobre esta Comunidade.

Entretanto, se tiverem a curiosidade em saber mais sobre esta COMUNIDADE SHUVA, poderão fazê-lo em http://eduplanet.net/course/view.php?id=119

18.8.07

Elul e Rosh Hashana



Shavua Tov! Nesta semana estramos no mês hebreu de Elul. Terça-feira (14 de Agosto) e quarta-feira (15 de Agosto) foram dias de Rosh Chódesh, o começo do novo mês. Este é um mês muito especial no ano Judaico, pois precede Rosh HaShaná, o Ano Novo Judaico (que começa dia 12 de Setembro, quarta-feira, ao entardecer). Muitos poderiam perguntar: “E daí?ou pensar: “Obrigado por me lembrar de encomendar...Entretanto, a resposta para a pergunta E daí?é que temos um mês para nos prepararmos para Rosh HaShaná e Yom Kipur. Por que precisaríamos nos preparar para Rosh HaShaná? Rosh HaShaná é o dia do julgamento, quando o Todo-Poderoso decide sobre a ‘Vida ou morte, saúde ou doença, pobreza ou riqueza’. Há sentido em nos prepararmos para o dia do julgamento? Com certeza! No entanto, para muitos isto tem o impacto emocional equivalente a quando o seu cardiologista lhes diz que precisa de perder peso para evitar um ataque cardíaco ou derrame... uma óptima ideia entre as refeições!
Há uma enorme vantagem em se viver em Miami Beach, nos EUA. Aqui é uma zona de furacões. Em maio recebemos as previsões para a estação
: 21 tempestades tropicais, 11 ciclones e 7 grandes furacões. O Departamento de Meteorologia realmente tem meios de medir e prever o número e intensidade das tempestades. No início da estação de furacões começamos a armazenar água engarrafada e baterias eléctricas. Colocamos pilhas novas no rádio para constantemente ouvirmos as informações sobre a localização e intensidade das tempestades. Alguns até têm um mapa onde marcam a presente localização das tempestades no Caribe.
O que acontece na semana da chegada de uma grande tempestade, ciclone ou furacão? As lojas de material de construção vendem todo o seu stock de madeira prensada (usada para cobrir as janelas) e baterias. Elas até têm de trazer mais mercadoria dos estados vizinhos! O stock de alimentos enlatados e água dos supermercados praticamente se esgota. Muitos correm para comprar geradores elétricos para manter em funcionamento as luzes, geleiras e ventiladores. Há uma correria louca de última hora porque O FURACAO ESTÁ A APROXIMAR-SE!
Qual a diferença entre um furacão e Rosh HaShaná? O furacão TALVEZ atinja determinada área, mas Rosh HaShaná SEGURAMENTE irá tocar-nos! Portanto, se acreditamos em D'us, que instituiu um padrão de comportamento e observância conforme a Torá e que irá julgar-nos, não faz sentido fazermos alguns preparativos para Rosh HaShaná? Claro, que sim!
Como podemos preparar-nos para o Dia do Julgamento? Pois bem
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10 COISAS QUE PODEMOS FAZER PARA NOS PREPAR PARA ROSH HASHANÁ

1. Façamos um balanço espiritual. Diariamente, tire 5 minutos para uma revisão de como foi o ano em relação a: (a) o nosso comportamento com a família, amigos, sócios e pessoas com quem interagimos e (b) o nosso nível de observância da Torá, ou seja, as nossas conquistas espirituais.

2. Compareçamos a palestras, leiamos artigos ou escutemos CDs sobre Judaísmo.

3. Estudemos o Mahzór (o livro de preces para Rosh HaShaná) para conhecer a ordem e o significado das palavras e orações.

4. Asseguremo-nos de ter dado suficiente Tsedaká (caridade para os carentes) e que tenhamos pago os nossos compromissos (todos devem dar 10% das suas ‘entradas’ líquidas para a Tsedaká). Consta no Mahzór que três coisas podem cancelar um mau decreto que possa ter sido decretado nos Céus sobre alguma pessoa: Teshuvá (arrependimento), Tefilá (orações) e Tsedaká (caridade). Por que não maximizarmos as nossas chances de obter um bom decreto para o novo ano?

5. Pensemos sobre (pelo menos) uma pessoa que tenhamos enganado ou sentido uma inimizade contra ela – e corrijamos a situação.

6. Façamos uma lista das nossas metas para com nós mesmos e para com os nossos familiares: o que gostaríamos de fazer para melhorar, além de depois rezar para que melhore.

7. Limitemos nossos prazeres: a quantidade de TV, cinemas, músicas, etc. Façamos algo diferente para despertarmo-nos e levarmos este tempo de preparação a sério.

8. Façamos um acto extra de bondade: “Quem precisa da nossa ajuda?Procuremos alguém a quem possamos fazer uma diferença!

9. Leiamos algum livro sobre desenvolvimento do carácter.

10. Peçamos a algum amigo para dizer-nos o que precisamos fazer para melhorar. Um verdadeiro amigo dirá e o fará de modo agradável.

Acham as Grandes Festas chatas? Muitas pessoas reclamam que não conseguem acompanhar os serviços religiosos e não os entendem. Dizem que os acham ‘chatos, sem significado ou espiritualidade’. Faz sentido! A menos que haja preparação e esforço para entendê-los, será um milagre se tiverem quaisquer tipos de experiência que seja. Mas se desejar transformar as Grandes Festas em uma experiência verdadeiramente estimulante, entender as orações antes de proferi-las, apreciar os significados ocultos atrás dos sons do Shofar, conhecer perspectivas para o seu auto-desenvolvimento, para constatar que o Judaísmo é realmente relevante, leia sobre elas e prepare-se antecipadamente.

17.8.07

Pensamento da Semana

Os problemas são como os gelados - se não os atacamos imediatamente, sujamo-nos!

Porção Semanal da Torá: Shofetim


Devarim (Deuteronómio) 16:18 - 21:09

Os tópicos abrangidos por esta porção semanal incluem: Juizes e Justiça, Pilares e Árvores Sagrados, Oferendas com Defeito, Penalidades por Idolatria, a Suprema Corte, o Monarca, Sacerdotes Levitas, Porções Sacerdotais, Serviços Especiais, Divindade e Profecia, Cidades-Refúgio, Assassinato, Manutenção das Fronteiras, Testemunhas que Conspiram, Preparação para a Guerra, Prisioneiros de Guerra, Conduzir um Cerco e o caso de um Assassinato não Solucionado. Nesta semana temos a famosa advertência: “Justiça, Justiça vocês devem procurar, para que possam possuir e viver na Terra que o Todo-Poderoso, seu D'us, lhes deu (Deuteronómio 16:20).

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin

A Torá declara: “Não edifique uma ‘matsevá’ (um altar composto de uma única pedra sobre o qual se traziam oferendas) (Devarim 16:22). Que lições podemos aprender deste versículo?
O Rabino Tzvi Elimelech Shapiro de Dinov (Polônia, 1783-1841), muito conhecido pelo seu livro ‘
Bnei Yisaschar’, explicou: Existem pessoas que são rígidas e inflexíveis. Elas têm certos hábitos e costumes e não estão dispostas a se desviar deles. Entretanto, este é um equívoco. O dia de hoje não é similar a nenhum dia anterior e nunca duas situações são exactamente iguais. O que é certo fazer numa situação depende das circunstâncias únicas daquela situação. Isto pode ser aprendido do nosso versículo: Não edifique um estilo de vida que seja rígido ou teimosamente inflexível em relação a qualquer situação. Pelo contrário, devemos sempre agir de acordo com as necessidades de cada momento em particular. Aquilo que poderia ser uma mitsvá (um comportamento adequado) numa situação poderá ser uma transgressão em uma outra. Às vezes certo acto pode ser um Kidush Hashém (uma santificação do nome de D'us) e noutras situações, onde alguns factores são um pouco diferentes, um comportamento similar geraria um grande Hilul Hashém (uma profanação do nome de D'us). Uma pessoa que faz as coisas compulsivamente, sem sabedoria, cometerá muitos erros. Somente aqueles que têm uma visão panorâmica ampla dos princípios da Torá terão a sabedoria e o conhecimento necessários para julgar o que é correcto a se fazer em cada situação. Quanto mais estudarmos a Torá, maior será a nossa capacidade de saber distinguir entre as diferentes situações que nos surgem na vida.

Shabat Shalom

14.8.07

Porque eu admiro Israel


Como sírio e muçulmano sempre tive simpatia pelo Estado de Israel. Como homem de negócios e defensor do sistema económico liberal, Israel representa, do meu ponto de vista, um sucesso económico surpreendente, entre tantos fracassos árabes. Eu não meço as realizações em termos de negócios ou dólares, entrando ou saindo (a Arábia Saudita é melhor nisto), mas usando conceitos do valor científico que, definitivamente, é o motor que mobiliza as realizações económicas.

Enquanto muitos árabes vêem Israel como uma ferida instalada, eu vejo como uma bênção. Posso exemplificar a que me refiro.

Após a desgraça de Virginia Tech (N.T. o pior massacre em uma universidade americana, que deixou 33 pessoas mortas, incluindo o aluno serial killer), descobrimos que amigos nossos perderam uma filha. Uns dez dias depois fomos visitá-los junto com outros amigos. Nós conversamos sobre a tragédia e, um de meus amigos mais queridos, a quem respeito muito, relatou-nos um facto que ele tinha escutado. Era sobre como o Embaixador de Israel em Washington tinha conseguido, através de determinados contatos, transladar, por razões religiosas, os restos mortais do Prof. Liviu Librescu ( N.T. sobrevivente do Holocausto, professor da universidade, que morreu para salvar seus alunos do massacre) para a sua família, antes que qualquer membro das outras famílias pudessem ver os seus parentes mortos. Ele estava furioso com o Embaixador, mais do que contra a falta de boa vontade demonstrada pelas autoridades, de mandar simultaneamente os corpos dos muçulmanos também perecidos, especialmente o do estudante egípcio Waleed Shaalan. Eu perguntei-lhe: "o Embaixador egípcio solicitou que o corpo de Shaalan fosse devolvido rapidamente à sua família, como exigem as tradições religiosas?" Ele não soube responder à pergunta mas, mesmo assim, continuou indignado com o Embaixador israelense. Ele comportou-se como se a Embaixada israelita tivesse feito isso para ofendê-lo, ou ofender qualquer outro árabe. Para mim, isso confirmou a minha admiração por um Estado que respeita o seu povo.

Após algumas discussões inflamadas, praticamente todos concordaram que falta aos árabes qualquer sentimento de respeito para com os seus povos (basicamente por falta da responsabilidade dos seus governos). Os árabes deveriam adoptar uma atitude que lhes conceda o que lhes cabe. Isto acontecerá, se eles se preocuparem mais com o "como" do que com o "por que" Israel obtém resultados.

A democracia israelita e a sua prosperidade económica, tão necessária na nossa região, é importante na medida em que nós podemos aprender como obter o que nós merecemos. Não é difícil imaginar os nossos jovens, aprendendo o que eles merecem, quando observam a democracia israelita na televisão. Porém, é difícil imaginar que eles possam fazer o que necessitam, enquanto viverem sob um regime autoritário. Esta é a razão pela qual os árabes enviam os seus próprios jovens para o terrorismo suicida, em vez de educá-los de forma que eles cresçam e sejam cidadãos do mundo; para que um dia eles possam usar as suas relações para ajudar o seu povo, como o Embaixador israelita em Washington ajudou a família Librescu. Como eles podem desenvolver-se em um meio que anula a esperança no futuro?

Em menos de 60 anos Israel construiu uma economia dez vezes mais forte do que a da Síria, com a quinta parte da população. Como este facto é explicado? Simplesmente: Israel é uma democracia efervescente. Não por nossa culpa, a Síria sofreu uma ocupação após a outra, a última, desenvolvida organicamente, representada pela família Assad. Alguém pode supor que uma família síria ocupando a Síria cause menos danos do que a conquista francesa da Síria. Mas, a verdade é que é muito pior. A família Assad, não tão civilizada, usa técnicas despóticas muito piores. O resultado é que a Síria não apenas sofre pela falta de oportunidades e liberdades, mas também pela ausência de esperança, de dignidade e de orgulho. É uma boa fórmula para a criação de terroristas suicidas.

Quando a conceituada organização Berkshire Hathaway de Omaha imaginou investir no Oriente Médio, comprou ações de companhias industriais israelitas com base na sua excelência. Eu não conheço nenhuma companhia de investimentos ocidental que tenha adquirido acções de uma companhia estatal árabe, além de empresas lucrativas de celulares, que não podem funcionar sem know-how e equipamento ocidentais. Isso não significa que, algum dia, não possa ocorrer. Mas, eu tenho certeza de que não acontecerá a curto prazo, com nenhum dos países que cercam Israel (com exceção, talvez, da Jordânia), enquanto eles não acreditarem naquilo que podem conseguir.

Diz-se que, em torno de um terço de todos que ganharam os Prémios Nobel científicos é judeu. Esta proporção é incompreensível. Um terço provém de um grupo de 15 milhões de pessoas, e os outros dois terços pertencem a uma população muito maior, de seis bilhões de pessoas ou mais. Os árabes (na maioria egípcios), conseguiram dois ou três prémios Nobel da Paz e da Literatura (dentre 350 milhões de pessoas), mas nenhum árabe ganhou em ciências, seja nas áreas de Química, Física ou Medicina. Algum argumento até agora contra a importância de Israel na região?

As declarações que se escutam de pessoas como o ignorante Ahmedinajad, que aspira varrer Israel do mapa, ou do violento Hamas, que quer lançar os judeus no mar, me lembra o conto das duas fábricas, construídas uma ao lado da outra. Uma delas teve muito êxito, com empregados que ganhavam bem. A outra não foi tão bem sucedida. Os seus empregados ficaram economicamente prejudicados. O gerente da fábrica não tão bem sucedida perde todo o seu tempo a lutar para destruir a fábrica próspera, quando deveria investir na sua, imitar a outra e aprender com a fábrica bem sucedida, de forma que os seus empregados também desfrutassem de similar prosperidade. Se parte dos palestinos não quer aprender (muitos querem imitar o sucesso da empresa ao lado, mas não têm a oportunidade de expressar as suas idéias ou de galgar a posições de poder) nós sírios queremos aprender e imitar.

James A. Baldwin disse: "Nem tudo que se enfrenta pode ser mudado, mas nada pode ser mudado até que seja enfrentado". Do meu ponto de vista a discussão sobre a divisão das terras está em segundo plano, atrás da necessidade de trazer prosperidade ao meu povo.


* Este artigo foi originalmente publicado no blog da organização Reform Party of Syria (Partido pela Reforma da Síria - www.reformsyria.org/blog/ ) em 5 de maio de 2007.

Escrito por: Farid Ghadry, Sírio e Muçulmano. Publicado em Aish.Com. Traduzido por Irene Walda Heynemann
Publicado no site em: 08/08/2007

12.8.07

Pensamento da Semana

Se crê que está sempre certo, então algo está errado!

Não vale a pena...

shalom! De volta das férias, todos os alunos estavam descansados e alegres. Aproveitando o ‘alto astral‘ da turma, o professor resolveu ensinar algo muito importante aos seus alunos, para que aproveitassem bem todo o seu segundo semestre lectivo: pediu a todos que trouxessem, no dia seguinte, uma sacola de plástico e dez batatas.
Na manhã seguinte, lá estavam todos muito curiosos, com as suas sacolas e batatas. O professor então pediu para que cada aluno separasse uma batata para cada colega com quem tivesse discutido ou brigado no semestre anterior, escrevesse o nome do mesmo na batata e as colocassem dentro da sacola. Depois ordenou a todos que, durante uma semana, andassem com aquela sacola de batatas seja lá para onde fossem. Alguns alunos reclamaram que as suas sacolas estavam muito pesadas. Porém, o mais interessante veio com o passar dos dias: as batatas começaram-se a deteriorar e o cheiro a aparecer.
Ao final dos sete dias, com um cheiro terrível no ar e os alunos de braços cansados, o professor falou:
- Caros alunos! O que quis que vocês aprendessem foram estas duas coisas:

1) Ao terem de carregar a sacola de batatas para todos os lugares aonde iam, tiveram de se concentrar nisto e automaticamente deixaram de notar outras coisas mais importantes ao seu redor, e

2) Mesmo que inicialmente as batatas pareciam belas e importantes, com o passar dos dias o mau cheiro acabou com todo este pensamento inicial!

As batatas nas quais vocês escreveram o nome de colegas com que discutiram no semestre passado a princípio pareciam bonitas e gostosas, da mesma maneira que uma discussão, no seu início, parece ser importante e interessante, a ponto de valer a pena guardar as mágoas que logicamente resultam. Porém, com o passar dos dias, o ‘mau cheiro’ vai aumentando, e o custo de carregá-las para todos os lados acaba sendo muito alto. Agora, caros alunos, vocês entenderam que não vale a pena carregar as ‘batatas’ de discussões, broncas, mágoas, fofocas, etc. Portanto, perdoar o colega e abandonar a má vontade em relação aos demais é a única maneira de se livrar das batatas! Creio que esta é uma grande lição para nós, queridos leitores, à medida que o fim do ano Judaico se aproxima. Vale a pena deitar fora as batatas e iniciar o novo ano com o pé direito, com união e amizade entre todos nós!
Ent\ao, vamos aos preparativos:

O Que Há de Especial no Mês de Elul?
Terça-feira (14 de agosto) e quarta-feira (15 de agosto) são dias de Rosh Chódesh, o começo do novo mês hebreu de Elul. Este é um mês muito especial no ano Judaico, pois precede Rosh HaShaná, o Ano Novo Judaico (que começa dia 12 de setembro, quarta-feira, ao entardecer). A cosmologia Judaica nos ensina que cada período do ano oferece-nos uma oportunidade espiritual especial para o sucesso. Por exemplo: Pessach é tempo de se trabalhar sobre a liberdade, Sucót sobre a alegria e assim por diante. Elul, quando soletrado em letras Hebraicas, é o acróstico das palavras “Eu pelo meu amado e meu amado por mim” (ani l'dodi v'dodi li -- freqüentemente inscrito no lado interno de anéis de casamento). Este mês é um período de elevada espiritualidade, onde o Todo-Poderoso está ‘mais próximo e mais acessível’. É uma época de introspecção e preparação para Rosh HaShaná, propícia ao balanço espiritual e ao correcto encaminhamento das nossas vidas. O Rabino Noah Weinberg, Shlita, fundador e director do Aish HaTorá, compara a possibilidade de chegarmos próximos a D’us em Elul com o exemplo de se tentar marcar uma audiência com o Presidente da República. É uma tarefa muito difícil de se ter sucesso -- a menos que seja ano eleitoral. Elul é como um ano eleitoral. O Todo-Poderoso é como um pai amoroso esperando que voltemos para casa. Para ajudá-lo na sua preparação para Rosh HaShaná, o Dia do Julgamento, apresento-lhe algumas perguntas para fazer a si mesmo e discutir com amigos e familiares, extraídas do fabuloso e indispensável livro ‘The Rosh Hashanah-Yom Kipur Survival Kit’, do Rabino Shimon Apisdorf. Eis, então, as ‘Perguntas para uma vida mais cheia de significado’:

1) Quando mais sinto que a minha vida tem sentido?

2) Àqueles que mais significam para mim - será que já lhes contei como me sinto?

3) Existem alguns ideais pelos quais estaria disposto a morrer?

4) Se pudesse começar a minha vida novamente, mudaria alguma coisa?

5) O que me traria mais alegria que qualquer outra coisa neste mundo?

6) Quais foram as minhas 3 maiores realizações desde o último Rosh HaShaná?

7) Quais os 3 maiores erros que cometi desde o último Rosh HaShaná?

8) De que projecto ou meta, se não realizado, mais me arrependerei no próximo Rosh HaShaná?

9) Se soubesse que não falharia, a que me comprometeria na vida?

10) Quais as minhas 3 maiores metas na vida? Que faço para atingi-las? Que medidas práticas posso tomar, nos próximos 2 meses, em direcção a estas metas?

11) Se pudesse dar somente 3 conselhos aos meus filhos, quais seriam?

Acham as Grandes Festas chatas? Muitas pessoas reclamam que não conseguem acompanhar os serviços religiosos e não os entendem. Dizem que os acham ‘chatos, sem significado ou espiritualidade’. Faz sentido! A menos que haja preparação e esforço para entendê-los, será um milagre se tiverem quaisquer tipos de experiência que seja.

8.8.07

Porção Semanal: Reê


Bereshit 47:28 - 49:26

Na Parashat Reê (Devarim 11:26 - 16:17), Moshê continua a exortar o povo judeu a seguir os caminhos da Torá, e a confiar em D’us. Moshê começa a colocar as mitsvot em perspectiva, sem ambigüidade, declarando que o povo judeu será abençoado se cumprir a Torá, e amaldiçoado se não o fizer.
Ele começa então uma longa revisão de várias mitsvot, compreendendo a maior parte do livro Devarim. Primeiro discute alguns dos mandamentos que são relevantes à iminente conquista da Terra de Israel pelo povo, conclamando-os novamente a remover qualquer vestígio de idolatria. Após ensinar-lhes certos detalhes sobre a oferenda e o consumo de corbanot, sacrifícios, a Torá ordena que o povo judeu se abstenha de imitar as nações que os circundam. A eles é dito que permaneçam atentos aos falsos profetas e outras pessoas que poderiam afastá-los de D’us, e aprendem as leis de uma cidade judaica que tornou-se tão corrupta que a maioria dos seus cidadãos sucumbiu à idolatria, recebendo por isso a pena de morte.
A Torá faz uma revisão sobre quais animais são casher, permitidos para consumo, e quais não o são, seguida pelas leis de ma’aser sheni – o segundo "dízimo", que é consumido pelos seus proprietários, mas apenas na cidade de Jerusalém.
Após ordenar que todas as dívidas sejam canceladas ao final de cada sétimo ano (Shemitah), e que devemos ser calorosos e caridosos com os nossos irmãos, a Torá repete as leis relativas ao servo judeu. Ele deve ser libertado incondicionalmente no sétimo ano e coberto de presentes generosos pelo seu antigo amo.
A Parashat Reê conclui com uma breve descrição das três festas de peregrinação – Pêssach, Shavuot e Sucot – quando todos deveriam ir a Jerusalém e ao Templo com oferendas, para celebrar a sua prosperidade.

Mensagem da Parashá

Importância individual
por Ranon Cortell

A porção desta semana da Torá começa com a dramática exortação de D'us: "Vejam, hoje apresento perante vós uma bênção e uma maldição" (Devarim 11:26).
Quanto ao tipo de bênção e maldição, os sábios informam-nos que isso se refere à sagrada Torá e as suas mitsvot que, dependendo da nossa observância, nos fornecerão uma bênção ou uma maldição. Entretanto, se alguém examinar o conteúdo gramatical desta declaração, perceberá uma perfeita contradição nos tempos do verbo usado em cada versículo. Primeiro, no singular, D'us ensina cada indivíduo 're'ê – veja". Depois, o versículo descreve a bênção e a maldição como sendo proferidas perante uma audiência plural: "perante vós", referindo-se à toda a nação judaica. Diversas explicações foram desenvolvidas pelos nossos eminentes sábios para solucionar esta diferenciação das mais singulares.
Rabi Moshê Alshich sugere que esta contradição revela a natureza da missão de D'us para o povo judeu no nosso infeliz mundo corrupto. Um monarca comum, quando designa um empreendimento gigantesco à nação, não se preocuparia com o progresso de cada indivíduo, desde que a obra fosse completada ao final do prazo. Entretanto, isso não se aplica à missão designada pelo Rei dos reis à sua sagrada nação. Todo e cada indivíduo tem total responsabilidade de cumprir tudo que está incluído nos limites da Torá. Por esta razão, o versículo usa os tempos contraditórios, para informar-nos que embora a Torá tenha sido outorgada à nação como um todo, cada judeu deve esforçar-se para cumprir os deveres a ele impostos por D'us.
Uma segunda explicação sobre a dicotomia deste versículo explora o conceito de que cada judeu é responsável pela observância do seu próximo para com a Torá. Como conseqüência directa deste conceito, podemos ser punidos ou recompensados pelas acções dos nossos amigos. Portanto, o versículo usa o singular e o plural para ensinar-nos que, ao colocar a responsabilidade de guardar a Torá sobre cada indivíduo, D'us está também impondo sobre nós a responsabilidade de conferir se a nossa família e os nossos amigos também cumprem as Suas sagradas leis.
Como resultado destas nuances perspicazes de uma simples contradição textual, podemos deduzir que devemos constantemente lembrar que a responsabilidade da Torá cabe a cada um de nós. Além disso, devemos também estar constantemente preocupados com o bem-estar e o crescimento da observância dos nossos irmãos.

6.8.07

Pensamento da semana

A diferença entre perseverança e teimosia é que a primeira frequentemente provém da força de vontade e a outra da vontade da força!

Cremar ou não cremar ???

Há algum tempo atrás me foi pedido para conversar com uma mulher sobre a possibilidade do seu irmão, a pouco falecido, ser cremado. Ele não havia deixado testamento. A mulher não via o seu irmão há 15 anos e não estava inclinada a gastar dinheiro com o enterro. Ela imaginou que se o cremassem, não só iria economizar algum dinheiro, mas também poderia colocar as cinzas num nicho no cemitério e assim visitar o irmão de tempos em tempos. O último pedido do irmão foi ter um enterro Judaico e o serviço funerário Judaico da cidade onde ele morreu estava disposto a cobrir todas as despesas do enterro. Mas não tive sucesso. Na verdade, fiz o máximo possível, mas a decisão a ser tomada não era minha. Galileu certa vez disse: Você não pode resolver nada por uma pessoa. Você pode apenas ajudá-la a descobrir o caminho por si só. Se D’us quiser, poderá ajudar alguém a enterrar os seus entes queridos adequadamente.

Por que não Cremar os Entes Queridos que Faleceram ?

Pela perspectiva da Torá, a vida é uma dádiva de D’us. Nós fomos criados com um corpo e uma alma. A essência é a alma. O corpo é um recipiente emprestado pelo Todo-Poderoso para abrigar a alma. Como todos os objectos que emprestamos, devemos cuidar do corpo da melhor forma possível e, no final, devolvê-lo ao seu Dono de acordo com as Suas instruções. O Todo-Poderoso falou a Adão, o primeiro homem: “Do pó você veio e para ele retornará” (Bereshit 3:19). No livro Devarim (21:23), D’us fala: “Vocês precisam enterrá-lo”. O enterro Judaico honra o corpo e o trata com respeito. O corpo é velado, lavado com afeição e vestido com uma mortalha branca simples. O caixão é de madeira. Tudo isto é um reconhecimento de que a morte faz parte da vida e que a decomposição do corpo não deve ser nem apressada nem lenta. Depois do Holocausto que sofremos, é impensável que um Judeu possa pedir para ser cremado ou concordar que um outro Judeu o seja. Eu vejo Hitler, que o seu nome e sua memória sejam eliminados, a rir-se de alegria e dizendo: “Aquilo que não tive sucesso em causar aos Judeus, agora eles o fazem por si próprios”. Muitos pensam que a cremação é anti-séptica e salutar: Num momento, um corpo, no momento seguinte, uma urna selada contendo cinzas fininhas. Na realidade, pense nos odores na sua própria cozinha, quando deixa uma carne por muito tempo no forno. Aí, então ... trazem um triturador para garantir que os ossos que não foram reduzidos a cinzas vão caber dentro da urna. Que diferença isto faz para a alma? Os cabalistas (místicos) explicam sobre a confusão que uma alma sofre ao se separar do corpo onde passou os seus dias na Terra. Inicialmente, a alma paira sobre o corpo. Depois do enterro, paira sobre o seu antigo lugar de residência, antes de partir (este é o motivo pelo qual fazemos Shivá - uma semana de luto - no local onde o falecido viveu). O que a alma do falecido experimentará, quando o seu antigo corpo for colocado no crematório, ao assistir as chamas queimando-o? Se a pessoa acredita em D’us e na Vida Após a Vida, permitir que cremem a si ou a outro ente querido com certeza não é algo que se queira ter no seu ‘livro de contabilidade’ espiritual, para depois ter prestar contas a D’us e receber julgamento por esse acto. A Lei Judaica é tão inflexível sobre a cremação, que caso alguém seja cremado, não se observa a semana de Shivá por ele, não se fala Kadish e não se estabelece luto por esta pessoa. De acordo com o livro The Jewish Way in Death and Mourning (O Caminho Judaico na Morte e no Luto): “Aqueles que são cremados são considerados como tendo abandonado todas as Leis Judaicas e, portanto, tendo cedido os seus direitos à honra póstuma”.

3.8.07

Porção Semanal: Êkev

Bereshit 47:28 - 49:26

Êkev (Devarim 7:12 - 11:25) começa com Moshê a encorajar os filhos de Israel a confiar em D’us e nas maravilhosas recompensas que Ele lhes dará se guardarem a Torá. Moshê assegura-lhes que derrotarão com êxito as nações de Canaã, quando removerem todo e qualquer vestígio de idolatria remanescente na Terra Santa.
Moshê relembra-lhes sobre o miraculoso maná e as outras maravilhas com que D’us os presenteou durante os quarenta anos passados (deserto), e adverte o povo judeu para estar consciente das armadilhas da sua futura prosperidade e orgulho das façanhas militares, o que pode fazê-los esquecerem-se de D’us. Relembra ainda das suas transgressões no deserto, recontando toda a história do bezerro de ouro, e descrevendo a abundante misericórdia de D’us.
Moshê enfatiza que a geração do deserto tinha uma responsabilidade especial de permanecer leal às mitsvot, preceitos da Torá, por causa dos muitos milagres que viveram pessoalmente. Após detalhar as numerosas virtudes da Terra Prometida, Moshê ensina ao povo o segundo parágrafo do Shemá, que enfatiza a doutrina fundamental de recompensa e punição, baseada no nosso cumprimento das mitsvot.
Esta Porção da Torá conclui com a promessa de D’us, uma vez mais, de que Ele protegerá o povo judeu se eles cumprirem as Leis da Torá.

Mensagem da Parashá

De pernas para o ar
por Rabi Lee Jay Lowenstein

O nome da porção desta semana da Torá, Êkev, literalmente significa "calcanhar." Uma traduçao simples do versículo introdutório seria portanto: "E será nos calcanhares do seu cumprimento dos mandamentos… que D'us cumprirá a Sua aliança e a Sua bondade que Ele prometeu aos seus antepassados."
Rashi cita um Midrash que oferece uma leitura alternativa do versículo. O Midrash declara que se você for cuidadoso em observar os mandamentos que as pessoas normalmente esmagam sob os calcanhares, então o Todo Poderoso cumprirá as Suas promessas para consigo.
À primeira vista, a pessoa poderia dizer instintivamente que o Midrash significa que se for tão cuidadoso em cumprir até mesmo as minúcias da Torá, então as recompensas ilimitadas de D'us serão suas. Entretanto, um escrutínio mais cuidadoso revela o que isso quer dizer: A recompensa vem por cumprir as "menores" mitsvot e por não fazer distinção entre elas e aquelas consideradas mais "sérias". Isso levanta várias dificuldades. Por que não deveríamos distinguir entre elas? É justo determinar que a recompensa vem por realizar as "menores" mitsvot da mesma forma que ocorre com o cumprimento das mais 'sérias"? Além disso, qual é a definição de uma mitsvá que alguém "esmagaria sob o calcanhar"? Finalmente, por que os nossos sábios selecionam o calcanhar como oposto a nomear todo o pé como o culpado que tão impiedosamente pisa a palavra de D'us?
De volta ao Jardim do Éden, o homem falhou no maior teste de todos os tempos. O problema de comer da Árvore do Conhecimento não foi meramente uma questão do homem procurar o alimento mais exótico para agradar as suas papilas gustativas. Foi sobre a própria existência, e sobre quem comanda o espectáculo.

SHABAT SHALOM