8.8.07

Porção Semanal: Reê


Bereshit 47:28 - 49:26

Na Parashat Reê (Devarim 11:26 - 16:17), Moshê continua a exortar o povo judeu a seguir os caminhos da Torá, e a confiar em D’us. Moshê começa a colocar as mitsvot em perspectiva, sem ambigüidade, declarando que o povo judeu será abençoado se cumprir a Torá, e amaldiçoado se não o fizer.
Ele começa então uma longa revisão de várias mitsvot, compreendendo a maior parte do livro Devarim. Primeiro discute alguns dos mandamentos que são relevantes à iminente conquista da Terra de Israel pelo povo, conclamando-os novamente a remover qualquer vestígio de idolatria. Após ensinar-lhes certos detalhes sobre a oferenda e o consumo de corbanot, sacrifícios, a Torá ordena que o povo judeu se abstenha de imitar as nações que os circundam. A eles é dito que permaneçam atentos aos falsos profetas e outras pessoas que poderiam afastá-los de D’us, e aprendem as leis de uma cidade judaica que tornou-se tão corrupta que a maioria dos seus cidadãos sucumbiu à idolatria, recebendo por isso a pena de morte.
A Torá faz uma revisão sobre quais animais são casher, permitidos para consumo, e quais não o são, seguida pelas leis de ma’aser sheni – o segundo "dízimo", que é consumido pelos seus proprietários, mas apenas na cidade de Jerusalém.
Após ordenar que todas as dívidas sejam canceladas ao final de cada sétimo ano (Shemitah), e que devemos ser calorosos e caridosos com os nossos irmãos, a Torá repete as leis relativas ao servo judeu. Ele deve ser libertado incondicionalmente no sétimo ano e coberto de presentes generosos pelo seu antigo amo.
A Parashat Reê conclui com uma breve descrição das três festas de peregrinação – Pêssach, Shavuot e Sucot – quando todos deveriam ir a Jerusalém e ao Templo com oferendas, para celebrar a sua prosperidade.

Mensagem da Parashá

Importância individual
por Ranon Cortell

A porção desta semana da Torá começa com a dramática exortação de D'us: "Vejam, hoje apresento perante vós uma bênção e uma maldição" (Devarim 11:26).
Quanto ao tipo de bênção e maldição, os sábios informam-nos que isso se refere à sagrada Torá e as suas mitsvot que, dependendo da nossa observância, nos fornecerão uma bênção ou uma maldição. Entretanto, se alguém examinar o conteúdo gramatical desta declaração, perceberá uma perfeita contradição nos tempos do verbo usado em cada versículo. Primeiro, no singular, D'us ensina cada indivíduo 're'ê – veja". Depois, o versículo descreve a bênção e a maldição como sendo proferidas perante uma audiência plural: "perante vós", referindo-se à toda a nação judaica. Diversas explicações foram desenvolvidas pelos nossos eminentes sábios para solucionar esta diferenciação das mais singulares.
Rabi Moshê Alshich sugere que esta contradição revela a natureza da missão de D'us para o povo judeu no nosso infeliz mundo corrupto. Um monarca comum, quando designa um empreendimento gigantesco à nação, não se preocuparia com o progresso de cada indivíduo, desde que a obra fosse completada ao final do prazo. Entretanto, isso não se aplica à missão designada pelo Rei dos reis à sua sagrada nação. Todo e cada indivíduo tem total responsabilidade de cumprir tudo que está incluído nos limites da Torá. Por esta razão, o versículo usa os tempos contraditórios, para informar-nos que embora a Torá tenha sido outorgada à nação como um todo, cada judeu deve esforçar-se para cumprir os deveres a ele impostos por D'us.
Uma segunda explicação sobre a dicotomia deste versículo explora o conceito de que cada judeu é responsável pela observância do seu próximo para com a Torá. Como conseqüência directa deste conceito, podemos ser punidos ou recompensados pelas acções dos nossos amigos. Portanto, o versículo usa o singular e o plural para ensinar-nos que, ao colocar a responsabilidade de guardar a Torá sobre cada indivíduo, D'us está também impondo sobre nós a responsabilidade de conferir se a nossa família e os nossos amigos também cumprem as Suas sagradas leis.
Como resultado destas nuances perspicazes de uma simples contradição textual, podemos deduzir que devemos constantemente lembrar que a responsabilidade da Torá cabe a cada um de nós. Além disso, devemos também estar constantemente preocupados com o bem-estar e o crescimento da observância dos nossos irmãos.