Porção Semanal: Vayêshev
Bereshit 37:1 - 40:23
A Parashá Vayêshev inicia descrevendo o grande amor de Yaacov (Jacó) pelo seu filho Yossef (José), o que provoca o ódio dos outros irmãos. O ciúme deles cresce quando Yossef lhes conta os dois sonhos que indicam que eles serão um dia subservientes a ele.
Yaacov envia Yossef para vigiar os seus irmãos que estão a guardar o rebanho longe de casa, e ao vê-lo se aproximar, planeiam matá-lo. Reuven (Rubens) convence os irmãos a não matarem Yossef, mas é incapaz de salvá-lo totalmente quando os irmãos vendem Yossef como escravo no Egipto. Após mergulhar o casaco de Yossef em sangue, eles voltam ao pai, que acredita que o seu amado filho foi destroçado por um animal selvagem. A Torá faz uma digressão para relatar a história de Yehudá e a sua nora, Tamar.
A narrativa volta-se então para Yossef no Egipto, onde se torna um escravo que obtém sucesso e é encarregado dos negócios da família do seu amo Potifar. A esposa de Potifar tenta por diversas vezes seduzir Yossef, e quando ele recusa os seus avanços, ela grita dizendo que ele tentou violentá-la.
Yossef é jogado na prisão onde novamente é alçado a uma posição de liderança, desta vez ficando encarregado dos prisioneiros. Dez anos depois, o mordomo chefe do faraó e o padeiro são jogados na mesma prisão. Certa noite eles têm um sonho intrigante, que Yossef interpreta de forma acurada, e a porção conclui quando o mordomo retorna ao seu cargo antigo e o padeiro é executado, como Yossef havia predito.
Mensagem da Parashá
O facto que precipitou os últimos eventos na porção da Torá desta semana é a queixa que os irmãos tinham devido ao favoritismo que Yaacov demonstrava para com Yossef. Os sábios do Talmud extraem deste incidente que a pessoa nunca deve tratar um dos filhos de maneira especial. Embora Yaacov desse apenas o valor de duas moedas a mais de seda (o casaco especial) a Yossef que aos outros filhos, os irmãos de Yossef tornaram-se invejosos e o venderam como escravo. A conseqüência mais importante deste acto, enfatizam os sábios, foi o exílio dos nossos antepassados no Egipto.
A Torá descreve Yossef como sendo um "ben zecunim" para Yaacov, que literalmente significa filho de um pai idoso. Onkelos, entretanto, interpreta este termo como "filho sábio", ao passo que Rashi acrescenta que Yossef era o aluno mais estudioso de Yaacov, e que o notável sábio ensinou ao filho tudo que havia aprendido. Rabi Samson Raphael Hirsch explica, no mesmo teor, que o casaco era um símbolo da transmissão da sabedoria de pai para filho, e isso era o que fazia Yossef especial.
Yaacov via Yossef como uma continuação na linhagem dos Patriarcas que começou com Avraham. Havia um problema essencial em destacar Yossef. Os seus irmãos não zombavam da sabedoria do pai, como fez Esav (Esaú) com Yitschac (Isaac) e Yishmael (Ismael) com Avraham (Abraão). Os irmãos nada mais queriam além de ser uma parte na corrente de tradição e colher as recompensas pela sabedoria do pai. Percebendo que Yaacov não havia lhes transmitido a atenção que sentiam merecer, odiaram Yossef. Os irmãos sentiram que Yossef e o seu casaco eram ambos sinais da inferioridade deles.
A inveja impediu-os de se comunicarem com Yossef. Quando atiraram Yossef no fosso, referiram-se ao irmão usando o pronome "ele" numerosas vezes, jamais chamando Yossef pelo nome. Cobiçaram tanto o amor do pai que viam Yossef como um mero "ele", disponível para ser deitado fora, se necessário fosse. Apenas Yehudá se levanta e chama Yossef de "achenu - nosso irmão".
Apenas com o reconhecimento do vínculo familiar, que implicitamente inclui responsabilidade e uma forma de posse (nosso irmão), os irmãos comportam-se mais civilizadamente para com Yossef.
Claramente, a Torá mostra que as conseqüências do favoritismo dos pais podem ser desastrosas, e que é importante que os pais reconheçam as boas qualidades de todos os filhos, mesmo se um deles é especialmente exemplar.
Da mesma forma, apenas quando nos lembramos de que os outros são "nossos irmãos", iremos comportar-nos de uma maneira que sobrepuje a inveja e a ira.
Pequenas coisas da vida
Rabi Reuven Stein
Na porção da Torá desta semana lemos sobre a horrível adversidade enfrentada por Yossef.
Primeiro os seus irmãos quiseram matá-lo, e depois foi vendido como escravo. Assim que a sua situação começou a melhorar, foi atirado para a prisão onde permaneceu por doze longos anos. O que deu a Yossef a paciência de perseverar e superar os tremendos obstáculos que enfrentou durante toda a vida?
Talvez esta força de suportar tantas provações tenha vindo do ponto de vista de sua mãe Rachel sobre a vida, como fica claro pela declaração que ela fez quando ele nasceu: "D’us levou para longe a minha desgraça" (Bereshit 30:23).
Rashi explica que um aspecto da sua desgraça era que, não tendo filhos, as pessoas pensariam que tudo que saísse errado na casa era sua culpa. Assim que nasce uma criança, os acidentes podem ser atribuídos a ela.
À primeira vista, esta poderia parecer uma estranha preocupação para Rachel ter. Rabi Chaim Shmulevitz explica que Rachel reconhecia a importância de toda pequena bênção na sua vida, e por isso pôde agradecer a D’us por tudo que lhe aconteceu. Rachel estava tão agradecida quando finalmente teve um filho que pôde apreciar todos os benefícios, mesmo o mais simples detalhes que, com uma criança na casa, ela não receberia toda a culpa pelos acidentes que ocorressem. Rachel passou este atributo a Yossef, dando-lhe a habilidade especial de ver e apreciar as menores coisas. Concentrando-se nas pequenas bênçãos na sua vida, Yossef pôde lidar com a adversidade e superá-la.
Encontramos o primeiro exemplo de uma bênção incidental no meio à sua angústia quando Yossef foi vendido como escravo. Rashi enfatiza que, enquanto a maioria das caravanas da época tinham cargas mal-cheirosas, D’us enviou a Yossef um pequeno lembrete, de que Ele estava a seu lado, arranjando para a caravana de Yossef carregar fragrantes especiarias e perfumes (ibid. 37:25), tornando esta horrível experiência um pouco mais suportável.
Um outro exemplo ocorre quando Yossef é acusado de estuprar a mulher de Potifar, manchando a sua reputação e tornando-o objecto de conversas caluniosas por todo o Egipto. D’us fez com que outro escândalo chamasse a atenção, a expulsão de dois dos oficiais do faraó, o mordomo chefe e o padeiro, para desviar a discussão do assunto Yossef. Este sinal deu a Yossef a coragem de suportar o seu demorado sofrimento na prisão.
Sabemos também que durante o seu período de escravidão e de cárcere, por pior que fosse, D’us sempre permaneceu com ele, ajudando-o a encontrar um certo favor aos olhos de outras pessoas, o que lhe permitiu galgar posições de proeminência.
Assim também ocorre na nossa vida: quando no meio de situações muito adversas, podemos usar a lição de Yossef para encontrar um lado positivo em tudo aquilo que acontece. Desta maneira, teremos um maior reconhecimento de que D’us está connosco e estaremos mais bem equipados para superar as situações difíceis da vida.
SHABAT SHALOM
ENFRENTANDO A ADVERSIDADE
Sempre devemos buscar a Deus, em tudo o que nos suceda. Assim não nos confundiremos no nosso caminho. Devemos ter fé, de que tudo que nos suceda é para o nosso bem.
Dá que pensar......
Almas especiais
Pergunta:
Uma amiga teve uma filha com uma doença rara que a deixou gravemente incapacitada. A sua expectativa de vida não vai além dos dez anos. Simplesmente não consigo entender porque D'us faz isso. Se a vida tem um propósito, qual é o propósito de uma vida tão breve e triste?
Resposta:
Rabi Moss
Todo o nascimento é uma incógnita. Uma alma entra no mundo inocente e pura. Porém talvez ela não permaneça assim. Este mundo é um labirinto de caminhos divergentes, tanto bons quanto maus, e a opção é a nossa quanto a qual o caminho a seguir. Quando uma alma entra num corpo, está livre e portanto vulnerável à corrupção. Enquanto actos de bondade elevam a alma, toda a má ação provoca uma mancha na alma.
Algumas almas são tão puras, que simplesmente não vale a pena a aposta. Estas almas são preciosas demais para correrem o risco de serem comprometidas pela vida num corpo. Elas são elevadas demais para descerem a este mundo. Porém a outra opção, não ser enviada de vez, de jamais chegar a este mundo, significaria que estaríamos a perder o encontro com estas almas sagradas e elevadas, e deixaríamos de ouvir a sua mensagem.
Então estas almas vêm ao mundo. Porém, a fim de serem protegidas dos males em potencial de uma existência terrena, são enviadas num corpo que não comprometerá a sua santidade. Entram neste mundo numa forma que está acima do pecado, acima do mal. Sob uma perspectiva puramente física, nós as chamamos de incapacitadas ou deficientes; sob a perspectiva da alma, elas estão protegidas. Jamais pecarão. A sua estadia neste mundo geralmente é breve, e em termos deste mundo pode parecer triste. Porém elas conservaram a sua pureza. E cumpriram a sua missão.
Estas almas especiais lembram-nos de que o verdadeiro amor não precisa de um motivo. Com frequência amamos os outros por aquilo que eles nos dão – amamos os nossos filhos porque são bonitinhos, inteligentes e se destacam; amamos o nosso cônjuge pelo prazer e contentamento que nos proporciona; amamos os nossos pais porque cuidam de nós. Isso é amor, mas não é puro.
Quando nasce uma criança que jamais terá sucesso mundano, que não pode ser a usual fonte de orgulho para os pais, todas as razões externas para amá-la desaparecem, e resta o amor mais puro que pode existir. Estas crianças são amadas não por causa daquilo que elas fazem por si, e não por causa daquilo que se tornarão algum dia, mas simplesmente porque existem.
Estas almas puras lembram-nos de como deve ser o amor. Somente uma alma pura e sagrada pode provocar uma emoção tão pura e sagrada. Podemos apenas sentir reverência por elas, e pelos pais e amigos que cuidam delas. E podemos agradecer a elas todas, por nos dar um vislumbre do significado do verdadeiro amor.
Massacre judaico de Lisboa de 1506
Caros/as amigas,
É preciso fazer alguma coisa para que o memorial às vítimas do massacre judaico de Lisboa de 1506 seja erguido no próximo dia 19 de Abril.
Se concordar assine e divulgue: http://www.PetitionOnline.com/samusque/
Cumprimentos,
Jorge Martins.
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O MASSACRE DOS JUDEUS DE LISBOA
1) O Massacre dos Judeus/Cristãos-Novos de Lisboa teve na época um impacto considerável, o que é comprovado pelo grande número de cronistas principalmente da época ou próxima dela que o narra: Salomon Ibn Verga, um exilado judeu espanhol que foi aqui em Portugal apanhado pelas conversões forçadas e embora só tivesse chegado a Lisboa uns dias mais tarde é contemporâneo e testemunha indirecta; um visitante alemão anónimo, testemunha directa e envolvida directamente nos acontecimentos que deixou um testemunho extremamente detalhado; há as crónicas de Damião de Góis, de Jerónimo Osório, referências em Garcia de Resende, Samuel Usque no seu livro “Consolação às Tribos de Israel e mais tarde no séc. XIX Alexandre Herculano.
2) A maioria dos cronistas concorda nalguns pontos importantes e que eu gostaria de salientar:
- A extrema violência do massacre e de certa forma o seu carácter algo inédito em Portugal. Tinha havido alguns incidentes graves como em 1499 e outros, mas nada que se comparasse a esta matança generalizada: entre 2 a 4 mil mortos, assassinados em três ou quatro dias com requintes de malvadez tremendos – mulheres grávidas atiradas pelas janelas e aguardadas em baixo pelas lanças empunhadas; bebés estilhaçados contra os muros; violações; desmembramentos; autos de fé ....O Massacre parou por exaustão, mas também porque já havia pouco para matar, os sobreviventes tinham fugido, alguns com a ajuda de cristãos-velhos;
- O papel decisivo e determinante dos frades dominicanos que instigaram e conduziram até ao final a turba enfurecida, no sentido de exterminar os cristãos-novos, inclusivamente opondo-se ao rei e ao poder temporal que foi claramente desafiado e contestado e que só conseguiu impor a ordem bastantes dias depois. Quando digo exterminar, estou a medir as palavras, foi claramente uma tentativa de extermínio, embora localizada e centrada em Lisboa e arredores.
- Embora alguns cronistas citem o Rossio e o cais, os testemunhos mais directos referem não só o Convento de S. Domingos como ponto de partida do massacre, mas também o Largo de S. Domingos como o local para onde convergiam todos os cadáveres, trazidos pelos malfeitores, onde eram empilhados e queimados; é por isso que ainda hoje esse é o lugar mais simbólico do massacre e onde propusemos à Câmara Municipal de Lisboa, a colocação de uma placa que lembre para a posteridade o sofrimento atroz dos judeus nesses dias;
- a participação de marinheiros alemães, holandeses e franceses no massacre e no saque dos judeus, o que mostra que o ódio aos judeus era um fenómeno generalizado.
3) Quais os motivos do massacre? Mais uma vez, os judeus foram o bode expiatório de uma determinada situação de seca, fome e peste; alguns historiadores apontam o papel, odiado pelo povo, de colectores de impostos de que os cristãos-novos eram incumbidos pelo rei, tal como o eram quando judeus; o fanatismo religioso, como já vimos é outra causa decisiva.
Para além destes, em minha opinião, há dois factores que foram decisivos: o primeiro é conjuntural, o segundo marcou todas as perseguições judaicas ao longo de dois mil anos.
As conversões forçadas é o primeiro. A conversão, voluntária ou forçada foi a forma encontrada por D. Manuel para manter os judeus em Portugal porque precisava deles. Não os podia manter como judeus, tentou mantê-los como cristãos, acreditando que com uma política de integração os conseguia assimilar e diluir na sociedade portuguesa. Enganou-se duas vezes: em primeiro lugar, porque subestimou a fé religiosa judaica que se manteve acesa e não podendo ser às claras tornou-se secreta; em segundo lugar porque o ódio que o povo tinha aos judeus, em vez de diminuir foi exacerbado: antes os judeus eram um corpo bem identificado, submetido a regras e leis rigorosas, apartado. Agora depois da conversão estava inserido, disseminado na sociedade portuguesa, invisível e por isso muito mais perigoso. Aliás, só o rei acreditou na conversão e na assimilação, o povo nunca.
O segundo factor que explica o Massacre, embora não sendo específico dele, é a vulnerabilidade judaica ao longo dos dois mil anos de diáspora. Sem reinos, sem exércitos, sem poder, os judeus foram ao longo da história uma presa fácil Aliás, é o próprio Damião de Góis que na Crónica de D. Manuel explica assim que tenham sido os filhos dos judeus a serem retirados aos pais par a conversão forçada e não os filhos dos mouros. Diz ele “A razão pela qual el-Rei ordenou que levassem os filhos dos judeus e não os filhos dos Mouros era que os judeus, pelos seus pecados, não tinham reinos, nem domínios, nem cidades, nem aldeias, mas são – em todas as partes em que vivem – peregrinos e súbditos, desprovidos de poder e de autoridade para executar os seus desejos contra as ofensas e os males exercidos sobre eles ...”
Muito mais tarde, 500 anos depois, os judeus souberam tirar a lição desta realidade ...
4) O Massacre é a consequência da falência da política pérfida de D. Manuel: as conversões forçadas foram uma tentativa de manter cá os judeus, mas como cristãos; considerava que bastava umas gotas de água baptismal e uma política de integração para que os judeus se deixassem integrar. Não foi isso o que aconteceu, como vimos e o próprio rei deu-se conta disso em primeiro lugar permitindo por decreto de 1507, a saída de Portugal dos cristãos-novos. Mas a quem ainda tivesse alguma ilusão sobre a estima que o rei D. Manuel tivesse em relação aos judeus nunca é demais lembrar que face ao fracasso da sua política, ele não hesitou em confiar ao seu embaixador em Roma a missão secreta de pedir ao Papa, em 1515, a permissão de estabelecer a Inquisição em Portugal. Ou seja se não ia a bem, talvez fosse a mal...Não foi!
No entanto, a política de D. Manuel teve um impacto considerável que dura até aos nossos dias: o cripto-judaísmo, o marranismo é um fenómeno essencialmente português e até hoje, 500 anos depois, se fazem sentir as consequências da presença do marranismo na sociedade portuguesa.
5) Finalmente, e para terminar, é evidente que temos de analisar o Massacre também com os olhos de ontem, da época, em que a questão da religião era absolutamente dominante, a força da Igreja absoluta, e a diabolização dos judeus um facto. No entanto, o Massacre de Lisboa, não deixa de ser um terrível exemplo de até onde pode levar o fanatismo, a intolerância e o ódio religioso. Afinal, o Massacre de Lisboa, tão distante, é infelizmente ainda tão actual...
Esther Mucznik
Uma boa semana! Muitos de nós lidam com uma concepção comum e errónea de que a felicidade depende de um ‘acontecimento’: Ah, se eu tivesse um Mercedes! Ah, se tivesse uma casa mais bonita! Ah, se pudesse viajar para o exterior! ... aí sim seria feliz!!! A Torá ensina-nos, que a felicidade é uma obrigação. E assim declara: “... Porque você não serviu a D’us com alegria e satisfação (Devarim 28:47)” e segue relatando as más consequências disto.
Isso significa que uma pessoa pode fazer tudo certo na vida, mas se não o fizer com alegria e entusiasmo será responsabilizada pela sua falta de alegria e contentamento! Enquanto poucas pessoas gostam de deveres e compromissos, este pelo menos é um que podemos encarar como sendo para o nosso próprio bem (contanto que não fiquemos infelizes ao não conseguirmos cumprir as nossas obrigações). Nós convencemo-nos, de que a vida será melhor depois de casarmos, ter um filho, depois outro, depois outro. Então frustramo-nos ao ver que as crianças não são ‘adultas’ o suficiente e pensamos: ficaremos mais contentes quando estiverem mais velhas. Depois disto ficamos frustrados por termos que lidar com adolescentes. Certamente ficaremos felizes quando saírem deste estágio. Dizemos a nós mesmos que a nossa vida estará completa quando o (a) nosso(a) esposo/a comportar-se melhor, quando comprarmos um carro mais bonito, pudermos viajar para umas férias prolongadas, quando nos aposentarmos. A verdade é que, não existe tempo melhor para sermos felizes do que já e agora. Se não agora, quando? As nossas vidas estarão sempre repletas de desafios. É melhor admitirmos isto para nós mesmos e decidirmos ser felizes de qualquer forma. E o outro, vejam só: “Por um longo tempo pareceu-me que a vida estava para começar -- uma vida verdadeira. Mas sempre havia obstáculos no caminho: algo que deveria ser melhorado primeiro, algum trabalho inacabado, algum tempo ainda a ser esperado, algum débito para pagar. Então a vida iria começar. No final, despertei para o facto de que estes obstáculos eram a minha “vida”. Esta perspectiva fez-me ver que não existe um caminho para a felicidade. Felicidade é o caminho. Então, dê muito valor a cada momento que tiver. E valorize-o mais ainda por tê-lo compartilhado com alguém especial, especial o suficiente para investir o seu tempo nele ... e lembre-se de que o tempo não espera por ninguém ...
Pare, então, de esperar até acabar a faculdade, até voltar para a faculdade, até perder 10 quilos, até ganhar 10 quilos, até ter filhos, até os seus filhos saírem de casa, até começar a trabalhar, até se aposentar, até se casar, até se divorciar, até sexta-feira à noite, até domingo de manhã, até comprar um carro ou uma casa nova, até o seu carro ou a casa estarem completamente pagos, até a primavera, até o verão, até o outono, até o inverno, até ter tempo, até tomar uma bebida, até ficar sóbrio, até morrer, até nascer de novo e decidir que não existe época melhor que agora para ser feliz ...Felicidade é uma jornada, não um destino”.
Pensamento da Semana
“Uma pessoa será cada vez mais feliz na proporção que preparar a sua mente para sê-lo!”
Porção Semanal da Torá: Vaishlah
Bereshit (Gênesis) 32:04 -36:43
Factos desta porção: Na sua viagem de volta a Canaã, Yaácov encontra o seu irmão Essáv; Yaácov luta com o anjo; Eles chegam a Shehêm; Shehêm, o filho de Hamór, o Hivita, violenta Diná, a filha de Yaácov; Os irmãos de Diná, Shimon e Levy, massacram todos os homens de Shehêm; Rivka morre; D’us dá a Yaácov um nome adicional, ‘Israel’, e reafirma a benção dada a Avraham (que a Terra de Canaã (Israel) será dada aos seus descendentes); Raquel morre após dar à luz Biniamin (Benjamim); Os filhos de Yaácov são relacionados; Ytschák morre; por fim, a sucessão dos Reis de Edóm é relatada.
Dvar Torá baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara:
“Essáv disse: ‘Tenho muito’. E Yaácov disse: ‘Tenho tudo’. (Bereshit 33:9,10,11).
Qual dos dois irmãos era mais rico?
O Hafêts Haim, Rabino Israel Meir Kagan (Polónia, 1839-1933), um dos maiores Sábios da geração anterior, explica que com estas duas respostas podemos ver a diferença entre a visão do mundo de Yaácov e a de Essáv.
Essáv disse que tem muito. Mesmo tendo uma grande quantidade, ainda queria mais, pois, como diz o Talmud: “Quem tem cem quer duzentos”. Yaácov, entretanto, disse: “Tenho tudo”. Não sinto falta de nada. Essáv constantemente queria mais, enquanto Yaácov sentia uma grande satisfação com o que possuía. Independentemente do quanto tivermos, sempre existirá mais para se querer. Manter a atitude de que nunca temos o suficiente causar-nos-á uma frustração constante. Se enfatizarmos naquilo que não temos ou pensamos não ter, as nossas vidas encher-se-ão de ansiedade e sofrimento. A escolha é nossa entre sermos verdadeiramente ricos ou sermos “pobres” com muitas posses!
Interiorize a atitude de Yaácov: “Tenho tudo que preciso”.
O Pirkei Avót (Ética dos Pais, encontrado em muitos livros de orações (Sidur) ensina-nos: “Quem é a pessoa rica?” e responde: “É aquele que é feliz com a sua porção”. Se enfatizarmos o que temos, seremos felizes.
É claro, temos o direito de tentar adquirir mais coisas. Entretanto, se não for possível, continuamos calmos e serenos. Se conseguirmos mais, melhor. Se não, é sinal que para o nosso próprio bem não precisamos realmente de nada mais.
Eis o segredo da felicidade: enfatize aquilo que possui e será feliz.
Eis o segredo da miséria: enfatize aquilo que não tem e será um infeliz.
Massacre Judaico de Lisboa de 1506-memorial
CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA(For English version see www.friendsofmarranos.blogspot.com)
Proposta n.º 423/2007
(Esta proposta ainda não foi votada)
Considerando que:
1. No próximo dia 16 de Novembro será assinalado o Dia Internacional para a Tolerância, entendido universalmente, nos termos da declaração de princípios sobre a tolerância adoptada pela UNESCO, não como concessão, condescendência ou indulgência, mas sim como atitude de respeito e de reconhecimento mútuo, animada pelo reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais;
2. O Dia Internacional para a Tolerância é uma chamada universal a uma das maiores virtudes da humanidade, consubstanciada no empenhamento activo e na compreensão da riqueza e da diversidade da humanidade;
3. A pedagogia de combate ao racismo, à discriminação, à xenofobia e a todas as formas análogas de intolerância, constitui um eixo fundamental da democracia e da coexistência pacífica entre os povos;
4. No ano de 1506, a cidade de Lisboa foi palco do mais dramático e sanguinário episódio antijudaico de todos os que são conhecidos no nosso território;
5. Durante três dias, 19, 20 e 21 de Abril, estes acontecimentos, que tiveram início junto ao Convento de S. Domingos (actual Largo de S. Domingos), levaram a que cerca de dois mil lisboetas, por mera suspeita de professarem o judaísmo, tivessem sido barbaramente assassinados e queimados em duas enormes fogueiras no Rossio e na Ribeira;
6. Evocar este hediondo crime em que consistiu o massacre de 1506, inscrito numa política de intolerância que, segundo Antero de Quental, contribuiu para a decadência deste povo peninsular, será fazer justiça póstuma a todas as vítimas da intolerância e constituirá uma afirmação inequívoca de Lisboa como cidade cosmopolita, multiétnica e multicultural.
Os vereadores do Partido Socialista, a vereadora Helena Roseta e o vereador José Sá Fernandes, ao abrigo da alínea b) do n.º 7 do art.º 64.º da Lei 169/99 de 18 de Setembro, com a redacção dada pela Lei 5-A/2002 de 11 de Janeiro, têm a honra de propor que a Câmara Municipal de Lisboa, na sua reunião de 31 de Outubro de 2007, delibere:
1. Instalar na cidade de Lisboa um Memorial às Vítimas da Intolerância, evocativo do massacre judaico de Lisboa de 1506 e de todas as vítimas que sofreram a discriminação e o aviltamento pessoal pelas suas origens, convicções ou ideias;
a) O Memorial localizar-se-á no Largo de S. Domingos, deverá ter como elemento central uma oliveira de grande porte e contemplará uma lápide evocativa do massacre judaico de Lisboa de 1506, bem como um arranjo urbanístico da área envolvente, competindo a sua concepção, execução e instalação aos serviços municipais;
b) A inauguração do Memorial terá lugar no dia 19 de Abril de 2008, em cerimónia promovida pela Câmara Municipal de Lisboa, para a qual serão convidadas todas as comunidades étnicas e religiosas da Cidade.
Os Vereadores
Livre Arbítrio
Uma boa semana! Tive a grande sorte de aprender das palavras e actos de um grande filósofo, o Rabino Noah Weinberg, director das instituições Aish HaTorá. Todo o trecho de sabedoria que compartilho convosco provém da sabedoria que absorvi do Rabino Wainberg e da Fonte da Sabedoria, a Torá.
Como fortalecemos o nosso uso do livre arbítrio?
O livre arbítrio significa que temos a capacidade de fazer escolhas morais para aceitarmos as ‘dores’ de fazer a coisa certa – crescer, fazer deste um mundo melhor – ao invés de procurar apenas o conforto. Somos facilmente confundíveis a menos que tenhamos definições claras e metas objectivas.
Uma vez que sabemos que o Livre Arbítrio refere-se a escolhas morais e não a escolher qual a cor das meias que usaremos hoje, então temos um começo.
Para fortalecermos o uso do nosso Livre Arbítrio, é importante focarmos em 5 pontos:
1) Estar atentos. Tomamos decisões o tempo todo. Uma vez que tomemos consciência do facto de que estamos constantemente a fazer escolhas, então podemos começar a monitorá-las. Neste ponto, estaremos no uso do nosso Livre Arbítrio activamente, não passivamente. Temos de ter a consciência que estamos constantemente a tomar decisões. Não deixemos que as nossas decisões apenas ‘aconteçam’. Tomemos o controle! Podemos perguntar-nos: “Esta é a decisão que quero tomar?” Se não for, então mude-a.
2) Seja você mesmo. Não aceitemos as idéias assumidas pela sociedade como sendo as nossas a menos que tenhamos pensado e analisado o assunto e concordado com elas. Responsabilizemo-nos pelas nossas decisões. É espantoso que durante a Guerra Civil americana, todas as pessoas ao norte da linha de guerra fossem contra a escravidão e todos os que estavam ao sul eram a seu favor. O que aconteceu? Será que todas as pessoas más migraram para o sul, como se lá houvesse um líder espiritual? Todos somos produtos da nossa sociedade.
Da mesma maneira, não sejamos escravos de uma decisão anterior. Só porque uma vez achamos que não conseguiríamos fazer determinada coisa, isto não significa que a decisão ainda se aplica. Comecemos cada dia novamente, constantemente reavaliando em que estágio estamos na vida, de forma a estarmos seguros de que aquilo que escolhemos daquela vez é o que ainda escolheríamos hoje. Certifiquemo-nos que somos nós quem dirigimos as nossas decisões e não que as nossas decisões nos dirijam.
3) Entender que a batalha é entre os desejos do corpo e as aspirações da alma. Existem vezes em que sabemos objectivamente que algo é bom para nós, mas os nossos desejos físicos ‘entram no meio’ e distorcem a nossa avaliação. O desejo definitivo do corpo é levar as coisas‘ na calma’: escapar dos problemas e existir em meio a um conforto perpétuo, ao invés de fazer o esforço de encarar a vida de frente. O desejo maior da alma é viver plena e vibrantemente, com cada fibra de nossos seres fazendo algo que tenha significado, que seja correcto, que seja produtivo.
4) Identifique-se com a sua alma. A nossa alma é realmente o que somos! Portanto, se consigo identificar-me com os desejos da alma, isto satisfará as necessidades do verdadeiro ‘eu’. A nossa tarefa é treinar o nosso corpo e persuadi-lo a refletir sobre a realidade da alma. Usemos a mesma estratégia que o corpo usa conosco! O corpo diz: “Só mais um pedacinho de bolo”. Respondamos: “Com certeza! Daqui a 10 minutos!” e então adiemos por mais outros 10 minutos. Não diga: “Estou com fome”. Digamos: “O nosso corpo está com fome”. Identifiquemo-nos com as nossas almas e façamos dos nossos corpos um reflexo das nossas almas. Se fizermos isto, teremos uma verdadeira e real paz interior.
5) Perguntar: “O que D’us quer?” Usemos o nosso poder de escolha para nos fundirmos com a mais significante e poderosa força do universo: o transcendental.
A forma definitiva de vida é a eternidade, ou seja, a vida sem qualquer indício de morte. Portanto, unindo-nos e vinculando-nos a D’us estaremos unindo-nos e vinculando à mais elevada e pura forma de vida: a eternidade. Este é o uso verdadeiro, real e definitivo do nosso Livre Arbítrio. Isto é o que o Todo-Poderoso quis dizer quando escreveu na Sua Torá: "Escolha a Vida". Façamos da nossa vontade a vontade Dele. Se o fizermos, seremos um pouco menos do que o próprio D’us: Sócios em transformar este mundo num mundo melhor!
Casamento...um compromisso sério
"Um senhor, já em idade avançada, entrou no autocarro. Ele trazia nas mãos um belo buquê de rosas vermelhas. Sentou-se ao lado de um jovem rapaz, que ao olhar para as lindas flores, exclamou: - Alguma esposa vai receber um lindo presente hoje.
O velhinho sorriu, e acenou a cabeça afirmativamente. Algum tempo depois, o velhinho percebeu que o jovem rapaz não tirava os olhos das flores. Puxando conversa, perguntou ao rapaz se ele estava comprometido, e o rapaz respondeu que sim, e contou que estava justamente indo visitar a sua noiva. Então o velhinho perguntou se o rapaz estava a levar para a noiva algum presente, e ele respondeu:
- Na verdade eu gostaria muito de lhe dar um belo presente, pois ela merece. Porém, não tenho dinheiro para comprar um bom presente, apenas comprei este cartão. Espero que ela goste.
Os dois continuaram em silêncio por mais alguns minutos, até que o velhinho se levantou para descer do autocarro. Ele parou no corredor, pensou alguns instantes, colocou as flores no colo do jovem rapaz e falou:
- Sabe, estas rosas foram especialmente compradas para entregar á minha amada esposa. Mas tenho a certeza de que ela vai entender se eu explicar que eu te dei as flores, para que possas presentear a tua noiva.
Antes do rapaz conseguir responder qualquer coisa, o velhinho rapidamente desceu do autocarro. O rapaz, muito agradecido, somente teve tempo de virar a cabeça e ver que o velhinho entrava, com um grande sorriso, pelos portões do cemitério...."
Infelizmente hoje são poucos os casos em que vemos casamentos que duram para sempre. Actualmente, os casamentos são descartáveis, do tipo "se não dá certo, parto para outro". Será que o erro está no casamento, ou as pessoas já não sabem porque casam? Afinal, onde foi parar o amor?
Afinal o que é amar ????
Na Parashá desta semana, Vaietze, Yaacov foi para a casa do seu tio Lavan em busca de uma esposa. Encontrou-se com Rachel, filha de Lavan, e decidiram casar-se. Como não tinha dinheiro, trabalhou 7 anos para o seu tio Lavan em troca de Rachel. Apesar de parecer um tempo interminável, a Torá descreve-nos como foram estes 7 anos: "E então Yaacov trabalhou 7 anos por Rachel, e pareceram aos seus olhos poucos dias, por causa do seu amor por ela" (Bereishit 29:20). Mas este versículo nos soa um pouco estranho. Sabemos que quando nós amamos muito ou desejamos muito algo, o tempo parece que passa mais devagar. Quando esperamos um dia especial, alguma ocasião festiva, parece que os dias não passam, parece que cada minuto fica mais longo. Então como pode a Torá ensinar-nos, que o amor de Yaacov por Rachel era tão grande que o tempo passou mais rápido, e os 7 anos foram como poucos dias? Isso não é contraditório? Para entender o que a Torá nos ensina, antes precisamos esclarecer o conceito de amor. Imagine uma pessoa que entra num restaurante, e quando o empregado pergunta o que ela quer comer, ela responde "eu amo peixe". Que tipo de amor é este? Quem ama um peixe compra um aquário para ele, troca a água regularmente, alimenta-o e cuida da sua saúde. A pessoa no restaurante que "ama o peixe" faz justamente o contrário, corta-o em pedacinhos, mastiga e engole. Portanto, isto não é amor ao peixe, é amor a si próprio. Actualmente o conceito de amor é muito mal entendido e banalizado pelas pessoas. Namorados que se conheceram há 2 dias dizem um para o outro "Eu amo-te". Porquê? Pois segundo o conceito da filosofia ocidental, amor é aquele sentimento de satisfação e prazer que sentimos quando estamos com alguém que consideramos como sendo "amado". Porém, esta não é a definição correcta, pois este amor está baseado na idéia de gostar do outro pelo que o outro pode proporcionar-me de satisfação. No fundo isso é o amor de "eu amo peixe", é o amor próprio, é o amor com interesse, e a tendência deste tipo de amor é que não dure, pois não é verdadeiro. Por isso vemos tantos casais que "se amavam tanto" e depois do 1 ano se divorciam. O conceito judaico de amor, baseado nos ensinamentos da Torá, é completamente diferente. A palavra amor, em Lashon Hakodesh (língua sagrada com a qual foi criada o mundo) é "Ahavá", e vêm da raiz "Hav", que significa "dar". O amor verdadeiro é aquele que desperta na pessoa a vontade de fazer algo pelo outro, de dar para o outro satisfação e alegria. Por isso, quando o amor é um sentimento egoísta, poucos dias parecem uma eternidade, pois tudo está voltado para a vontade de receber e de preencher os nossos desejos. Mas quando a Torá fala do amor de Yaacov por Rachel, certamente é um amor verdadeiro, no qual a pessoa que ama está preocupada em constantemente fazer algo pelo outro, em buscar sempre um caminho para fazer o bem ao próximo, sem pedir nada em troca. E pelo facto de que Yaacov sentia por Rachel este amor espiritual puro, sem nenhuma inclinação egoísta, os 7 anos passaram como se fossem poucos dias. Yaacov, antes de ir para a casa do seu tio Lavan, passou 14 anos dedicando-se ao estudo da Torá, na Yeshivá dos filhos de Noach (Noé). Porquê? Para se preparar para as dificuldades da vida, para se tornar uma pessoa melhor, para vencer o seu lado egoísta. Foi por isso que quando ele conheceu Rachel, conseguiu construir com ela um amor verdadeiro e puro. Pouquíssimas pessoas casam amando-se, na verdade o que existe é apenas uma “atracção física”, um bem estar físico. Isso é apenas paixão, não é amor. Amor, portanto, é algo que construímos com o tempo. É preciso um trabalho interno árduo para conseguir chegar ao amor verdadeiro. Por isso temos nas nossas vidas duas escolhas: viver no mundo da fantasia, em que a vida começa como um conto de fadas e termina como um filme de terror, ou podemos viver na realidade, sabendo que o verdadeiro amor só vem com muito estudo, esforço e dedicação.
Rav. Efraim Birbojm
Pensamento da Semana
“Fique atento à areia movediça disfarçada de área de lazer!”
Porção Semanal: Vayetsê
Bereshit 28:10 - 32:3
Vayetsê começa com Yaacov (Jacó) a fugir de Esav (Esaú) e deixando a casa dos pais para viajar a Charan, onde ficará com o seu tio Lavan (Labão). Ao passar a noite no local onde no futuro seria o Templo Sagrado, D'us aparece a Yaacov no sonho de uma escada descendo do céu até á terra, na qual anjos sobem e descem. Do topo da escada, D'us promete a Yaacov que os seus descendentes herdarão a Terra de Israel. Na sua chegada a Charan, após rolar uma imensa pedra da boca do poço da cidade para que os pastores do lugar pudessem dar água aos rebanhos, Yaacov encontra a filha de Lavan, Rachel, e concorda em trabalhar para o seu pai por sete anos a fim de conseguir a sua mão em casamento. Quando finalmente chega a noite do casamento, Lavan engana Yaacov, substituindo Rachel pela sua filha mais velha, Lea. Após esperar uma semana, Yaacov casa-se também com Rachel, mas não antes de ser forçado a cumprir mais sete anos de trabalho. Nos anos que se seguem Rachel permanece estéril, enquanto Lea dá à luz seis filhos e uma filha, e Bilá e Zilpá (as criadas de Rachel e Lea, respectivamente) cada uma tem dois filhos de Yaacov. Finalmente Rachel tem um filho, Yossef. Yaacov torna-se muito rico durante a sua estadia com Lavan, amealhando um grande rebanho, mesmo enquanto Lavan continuamente tenta enganá-lo por todos os vinte anos da sua permanência. Após aconselhar-se com as suas esposas, Yaacov e a família fogem de Lavan, que o persegue e o enfrenta, aborrecido por Yaacov se ter ido embora sem se despedir, e arrogantemente afirmado que Yaacov roubou os seus ídolos. Após Lavan infrutíferamente procurar os ídolos (que Rachel escondeu, sem que Yaacov soubesse, para impedir o pai de adorá-los), Yaacov e Lavan entram numa acalorada discussão. Finalmente assinam um acordo, prometendo permanecer em paz, e a porção desta semana da parasha encerra-se, quando eles se separam.
Mensagem da parasha
Durante a sua ida da casa dos seus pais em Bersheva à casa de Lavan em Charan, Yaacov acampa para passar a noite num local que mais tarde chamará de Bet El. A Torá declara que ele pegou algumas pedras, colocou-as ao redor da cabeça, e foi dormir (Bereshit 28:11). Rashi observa que as pedras serviram para proteger Yaacov dos animais selvagens, esta explicação apresenta uma dúvida: por que Yaacov não camuflou todo o seu corpo com pedras? Por que rodeou apenas a cabeça? A viagem de Yaacov de Bersheva a Charan pode ser entendida como um modelo para a jornada da vida. Que todos comecemos a nossa vida em Bersheva, um lar caloroso e acolhedor, e mais ainda, um oásis para o crescimento moral e espiritual. Chega a hora, entretanto, quando o cordão umbilical é cortado e devemos enfrentar o mundo "real" com todos os seus desafios e obstáculos. A palavra Charan está associada à palavra hebraica charon, que significa "raiva". É uma metáfora para o mundo em geral, onde o materialismo luta com a espiritualidade e "enfurece" D'us. Yaacov sabia que se envolveria em assuntos mundanos e materiais. Ele, e nós também, não temos outra escolha senão fazê-lo. Entretanto, ele resolveu proteger-se para não ficar obcecado e envolvido nestes assuntos, pois eles levam a um comportamento imoral e decadente. Yaacov desejava expor as suas mãos e pés a Charan, mas não a sua cabeça. Fisicamente ele faria tudo que fosse necessário para funcionar e mesmo ter sucesso no mundo secular, repleto de animais de todas as formas e tamanhos, mas a sua paixão e amor pela Torá e pelo desenvolvimento espiritual seria sempre preservado e cultivado.
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
D’us falou a Yaácov num sonho: “E os seus descendentes serão como o pó da Terra (Bereshit 28:16)”. Pergunta: Que tipo de benção é essa ? Sabemos que todos pisam sobre o pó da Terra !
Provávelmente, D’us estava a prever para Yaácov os muitos testes e provações que o Povo Judeu iria enfrentar na sua história: os exílios, as perseguições, o confiscar de bens, a pressão para se assimilar e negar a sua herança espiritual. Entretanto, D’us também estava a comunicar a Yaácov um importante ponto de consolo e conforto: no futuro, nos dias finais da redenção, na época do Mashíach (Messias), o Povo Judeu superará aqueles que o perseguiram e sairá vitorioso, da mesma forma que no fim da sua vida, o perseguidor é enterrado e coberto pelo pó da terra.
SHABAT SHALOM
Mensagens recebidas...
Tenho recebido mensagens de parabéns de vários pessoas localizadas em vários pontos do Globo. Como não posso colocar todas no blog, assim, coloco as que mais me sensibilizaram:
Dear Zeev,
You and your ancestors have always been part of our people, so the "return" is just a formality. But it does reaffirm to you and your ancestors that you are family and we're proud and happy to have you among us. I'm so happy that Yaacov was there to be a blessed guide for you at the right time and the right place. He is indeed Hashem's agent, doing mitzvot down here!
With heartfelt good wishes and gratitude for both you and Yaacov,
Dolly Sloan
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Dear friend,
I was deeply touched by your story and I have shared it with many of my
friends around the world. They were all moved by it.
May Hashem Bless you and Keep you May he turns always his face upon you and grant you
peace, simchas with all your love ones.
I pray the All Mighty that many more of our brothers return home. We are
waiting for you, start your journey back, with all your heart, Hashem
his here for you.
Carinosamente
Mercedes
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Verdadeiramente emocionante!Mazal Tov e benvindo!
Também pergunto si posso retransmitir a sua mensagem?
Com afeto desde sefarad-Espanha.
Damma
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B"H
Lindo e emocionante relato!
Seja muito bem-vindo à casa!
Posso retransmitir sua mensagem?
Carinho do Rio, Brasil,
Jane
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Querido Irmao Zeev/Jorge
We share in this very special occasion ..... and welcome you back home ; happy to have you confirm that we have indeed survived the horrors of our shared past. May Hashem guide you and bless you and may you be a shining light to those who have not yet returned home, and strengthen those of us who have. The news of your return is very moving and we share in your joy, grateful to have met you and to be a part of this new beginning. May your future be filled with blessings, love & laughter
Abraços -your irma
Rufina
www.saudades.org
Celebrating our Portuguese-Jewish Heritage
PROPÓSITO DA VIDA
Sem objectivo, as nossas vidas estão vazias.
FINALMENTE EM CASA
Finalmente... sim, finalmente, em casa. Foi a 4 de Novembro de 2007. Um dia inesquecível, o mais importante da minha vida e para a minha família. Não é uma casa qualquer, mas as minhas origens familiares – o povo judeu, Israel e o judaísmo. Uffff, que alívio e quanta alegria...é o mesmo sentimento de um atleta, quando corta a linha da meta...Puxa...cheguei...e para trás ficaram um conjunto de sentimentos, uns de dor, outros de ansiedade, outros de desespero, etc...finalmente consegui. Pois é, foi um percurso de muitos anos, que começou em 1985, aquando da minha primeira ida para Israel, onde permaneci até finais de 1991. Depois foi em Portugal, no ano de 2003. Posteriormente e já neste ano de 2007, tentei em Israel mais uma vez, o meu retorno e finalmente... finalmente... finalmente, uma porte se abriu, em Nova Iorque, nos estados Unidos da América. Esta jornada começa em Israel, mais precisamente em Jerusalem. Eu sou natural de Moçambique, tenho 53 anos, pai de dois filhos adultos. O mais velho chama-se João e é casado com a Elizabeth, uma cidadã americana. O mais novo chama Bruno e é solteiro. Todos residem em londres. Ah, eu sou amigo de um outro Moçambicano, que também reside em Israel, o Avner. Após tentativa desesperada e falhada, de retornar através de uma organização ortodoxa e após mais uma conversa sobre o assunto com o meu amigo Avner (estudante de Yeshiva no Machon Meir - Jerusalem), vem-me á memória o nome do Yaakov Gladstone, residente em Manhattan-Nova Iorque e presidente da “Organização Amigos dos Marranos” (friendsofmarranos@gmail.com) . Esta organização dedica-se a transmissão da educação judaica e também presta ajuda na publicação de histórias ou memórias marranas. Continuando, assim se inicia toda esta minha caminhada, na tentativa de finalizar o meu retorno. Telefono para o Miguel de Belmonte e pergunto-lhe se tem o número de telefone do Yaakov Gladstone. Responde-me, que não, mas que iria entrar em contacto com o Manuel Azevedo, porque este concerteza, que sabe. Para quem não o conhece, o Manuel Azevedo é um marrano, advogado Canadiano, de origem Portuguesa e muito participativo em vários movimentos culturais pró-judaicos e um dos fundadores da organização “ladina”. E assim foi, o Miguel (um membro da comunidade judaica de Belmonte) envia-me um email com o número de telefone do Yaakov. Telefono ao Yaakov Gladstone e peço se lhe seria possível encontrar um rabino interessado em efectuar uma “mitzvah” (quem salva uma alma salva a humanidade). O Yaakov por telefone responde-me, que iria tratar do assunto. E assim foi. Passado alguns dias, o Yaakov manda-me um email confirmando a possibilidade de o meu retorno ser efectuado em Nova Iorque. Estas as palavras no seu email:
Dear Zeev
Rabbi Posner would like to perform the Returning Ceremony on Nov.4, 2 PM. at Temple Emanu El. So please make sure to arrive before that date. Rabbi Posner will be arriving from Israel on Nov. 1. I will invite friends and well wishers for the Ceremony. I learned last night that very close friends of mine, Israelis from Tel Aviv, who are now vacationing in Greece will also be coming to stay with me, either end of Oct. or beginning of Nov. So they too will be invited to the Great Event in your Life and we will all share in your SIMCHA.
Como seria de esperar, telefono ao Avner e contei-lhe a novidade. Eu encontrava-me em Naharyia e o Avner em Jerusalém. Estamos em Outubro de 2007 e eu ansioso por chegar áquele dia 4 de Novembro. Começo a efectuar os preparativos para a minha deslocação a Nova Iorque. Por Internet compro as passagens aéreas e os bilhetes de autocarro. No dia 29 de Outubro, pelas 2 da madrugada, parto de Naharyia de combóio para Tel Aviv – aeroporto Ben Gurion, viagem, que leva cerca de 2 horas. Os combóios são modernos, cómodos e climatizados. Embarco, pelas 6 da manhã, num voo da Israir para o aeroporto de Stanstead, nos arredores de Londres. Fico cerca de 20 horas em Londres na companhia dos meus filhos e nora. Aproveito a ocasião para lhes contar em pormenor todo este processo e toda a carga sentimental e emocional envolvida. Escusado será de referir, que ficaram radiantes e mais, esperançados e convictos. No dia 30, às 9 da manhã tinha de estar no aeroporto, mas como ia num autocarro da National express e tinha havido um grande acidente, o tráfego estava condicionado, e assim perdi o vôo. Paguei mais 95 libras para não perder o bilhete e poder embarcar no dia seguinte. Com esta trapalhada, acabei por ficar 24 horas dentro do aeroporto de Gatwick. Mas ainda bem, pois já no final da madrugada encontro o meu amigo Manuel Azevedo e toca a conversar sobre o seu regresso ao Canada e a minha ida á América. A última vez, que o tinha visto foi num vôo, que ambos fizemos de Lisboa para Londres, penso em Maio e o desembarque neste aeroporto - Gatwick. Em jeito de piada, o Manuel Azevedo diz: para nos vermos é sempre em aeroportos. Embarco de Londres para Nova Iorque via Bermudas. Foi uma viagem fantástica, apesar das 10 horas com a paragem nas Bermudas. Chego finalmente ao aeroporto Kennedy e apanho um autocarro para Manhattan, que me custou $15 e cerca de uma hora. Desço na 40 street e a casa do Yaakov fica entre a 38 street e a 37 street na Lexington Avenue. Razão tinha um amigo meu de Moçambique, que reside e trabalha em Londres, de que em Manhattan os turistas passam a maior parte do seu tempo a olharem para o céu, os arranha-céus são mesmo grandes. Toco á campainha do Yaakov e é uma alegria para ambos. Estamos no dia 31 de Outubro, uma quarta-feira, umas 6 da noite locais. A diferença horária é de -5 horas, que as de Portugal. Tive , a quinta-feira e shabat para me preparar para o domingo. O shabat foi passado na sinagoga. Nestes dias, a ânsia era cada vez maior, pois o grande dia aproximava-se. Finalmente, no domingo, levantei-me cedo para me preparar para a grande e inesquecível festa. Eu e o Yaakov saímos de casa por volta das 12:45, a fim de apanhar-mos um autocarro e depois um outro. E tudo isto leva tempo e nós tinhamos combinado com outras pessoas em encontrarmo-nos á entrada da Sinagoga Templo Emanu El, ás 13:30. Fui todo o tempo a conversar com o Yaakov sobre o solene acto e escusado será dizer-vos, que parecia um vulcão, quase a entrar em erupção. Encontrámo-nos todos, no átrio de entrada do templo e depois de alguma conversa e risos, eis, que chega o rabino DAVID POSNER. O rabino Posner é o responsável pelo Templo Emanu El, Congregação Reformista. Vinha com um sorriso enorme por poder efectuar mais uma grande “mitzva” e agradeceu ao Yaakov esta oportunidade. Anteriormente, o rabino Posner efectuou a cerimónia de retorno de um outro português, o Fernando, que se encontra em Londres. O rabino acendeu as luzes interiores do Templo e que espanto, um Templo lindo, grande de altura, largura e comprimento. Nunca tinha entrado numa sinagoga tão linda, majestosa, imponente, fora do comum. É claro, que eu estava todo orgulhoso, porque até o cenário era tão espectacular...tudo contribuía para a minha fornalha interior aquecer e a pressão aumentar...que alegria interior...mas que princípio de cerimónia. A certo passo, o rabino pede-me para repetir após ele, a seguinte declaração:
No dia 4 de Novembro de 2007 – 23 de cheshvan, de acordo com o calendário tradicional Hebraico, na congregação Emanu El, em Nova Iorque, Zeev Amaral entrou para o histórico pacto entre D`us e o povo de Israel. De sua livre vontade proferiu a seguinte declaração:
Fazendo parte deste pacto eterno entre D`us e o povo Judeu, os filhos de Israel, Eu pronuncio esta afirmação. Eu escolhi por minha livre vontade ser Judeu. Eu aceito o Judaísmo e a exclusão de todas as outras religiões, fés e prácticas e agora afirmo a minha lealdade ao judaísmo e ao povo judeu em qualquer circunstância. Eu prometo estabelecer um lar judaico e participar activamente na vida da Sinagoga e da comunidade Judaica. Eu comprometo-me em ter observância na Torah e nos conhecimentos judaicos. Se for abençoado com crianças, Eu irei educá-las como judeus.
Pronunciei a SHEMA e em seguida, o certificado assinado pelo rabino e três testemunhas, foi-me entregue para eu o assinar. Assim, o fiz. Assinei o certificado com o meu nome Zeev Ben amaral e de seguida o Rabino Posner entregou-me o certificado e diz-me: welcome back to our people. Contive-me emocionalmente, pois o rabino tirou um Sefer Tora da Arca e entregou-me para a segurar para grande satisfação minha, mas também como sinal de compromisso. Segurei a Tora com uma vontade enorme. Aqui, sim, não me controlei e fiquei com um sorriso e uma expressão de contentamento; de orgulho; de dever cumprido; de ter atingido o objectivo; de ter regressado a casa; de me ter reconectado com as minhas raízes; de estar em família novamente; de ter regressado a casa; de pertencer ao povo de Israel; de ter orgulho na minha Tora e poder ser observante; poder usar o meu tefilim, talit e kipa; enfim, de ser judeu. Como todos devem calcular, a alegria é enorme e aquele dia foi o mais intenso e inesquecível da minha vida. Consegui finalmente, reiniciar o trajecto da família materna (Portugal) e paterno (Espanha), no ponto onde a inquisição o tinha abrupto e forçosamente parado. O rumo da minha vida mudou novamente de direcção e desta vez, voltando a integrar o percurso familiar original – o mundo judaico.
*** Quero deixar aqui, uma palavra de apreço e agradecimento ao YAAKOV GLADSTONE, pessoa incansável e indispensável neste finalizar de trajecto - a cerimónia. O meu muito obrigado do fundo do meu coração.
** Na foto da esquerda para a direita, o rabino Posner, eu e o Yaakov Gladstone.
SERVIR
Eliezer, o servo de Avraham, pediu a Rivka água para beber. Ela concordou e também ofereceu-se para dar água aos seus camelos. A Torá diz-nos: “Ela apressou-se e esvaziou a sua jarra e correu novamente para trazer mais água do poço – e trouxe água para todos os camelos (Bereshit 24:20)”.
O Midrásh explica: das palavras “Ela apressou-se” e “correu novamente”, aprendemos que todos os actos das pessoas íntegras são feitos com rapidez (Bamidbar Raba 10:7).
O Rabino Moshe Moshe Haim Luzzato (Itália, 1707-1746), famoso Sábio e cabalista, escreveu no seu livro ‘O Caminho dos Justos’ sobre a presteza de Rivka em fazer este acto de bondade: ‘A pessoa cuja alma anseia por fazer as vontades do Criador não será preguiçosa em cumprir as Mitsvót. Os seus movimentos serão rápidos como os movimentos do fogo e não descansará até que a missão esteja cumprida’.
O Rabino Isaac Sher (Israel, início do século 20) comentou sobre isto que até uma acção aparentemente sem significado, como oferecer água a alguém, pode se tornar espiritualmente elevada se for acompanhada da intenção adequada. Quando Rivka deu água a Eliezer e aos seus camelos, ela o fez com um amor por Hessed (bondade) que se manifestava na sua velocidade. Por esta atitude ela
mereceu tornar-se uma das matriarcas do Povo Judeu.
O Rabino Sher encorajava as pessoas a elevarem o seu nível de Hessed. A maioria das pessoas faz actos de bondade diariamente por mero hábito. Se considerarmos estes actos aparentemente insignificantes não como respostas automáticas e instintivas, mas como oportunidades de fazer a vontade do Criador, teremos sucesso em transformar o mundano em algo sublime.
Uma sugestão: quando vierem entregar-lhe um pacote ou uma carta, ofereça um copo de água a essa pessoa. É uma grande bondade e será muito bem apreciada!
Pensamento da Semana
“O coração da mãe é a sala de aula da criança!”
"O CRIME NÃO COMPENSA"
Explicam os nossos sábios que a Torá é tão precisa nas suas palavras, que até mesmo uma letra pode conter muitos ensinamentos. Um exemplo está na Parashá desta semana, Chaiei Sara, que começa por descrever a morte de Sara aos 127 anos. Avraham imediatamente começou a procurar um lugar para enterrar a sua esposa, e escolheu a "Mearat Hamachpela", uma caverna onde estavam enterrados Adam e Chava (Adão e Eva), e cujo proprietário era Efron, do povo de Het. A Torá descreve-nos um pouco da personalidade de Efron, uma pessoa cínica, materialista e oportunista. Num primeiro momento, para parecer uma boa pessoa aos olhos dos outros, ele ofereceu a Mearat Hamachpela de graça a Avraham, que recusou. Depois disso, vendo o quanto Avraham estava realmente interessado naquela caverna, cobrando 400 moedas de prata, um preço muito caro e injusto. Avraham, que entendia o valor espiritual daquela caverna, não discutiu o preço e pagou imediatamente. Mas há um detalhe interessante na forma como a Torá escreve o nome de Efron. Por diversas vezes está escrito Efron com a letra "Vav", com excessão do último versículo que fala sobre a venda, "...e pesou Avraham para Efron a prata que havia falado na presença do povo de Het, quatrocentos siclos de prata, em moeda corrente entre os mercadores" (Bereishit 23:16), onde o nome Efron está escrito sem o "Vav". Porque esta diferença, isto é, porque Efron "perdeu" uma letra do seu nome? Explica o Chafetz Chaim que aquele que rouba é um Rashá (malvado) e um tolo. Entendemos que a pessoa seja Rashá, pois está desrespeitando as ordens de D'us, que nos ensinou explicitamente "Não roubarás". Mas porque tolo? Pois a pessoa que rouba pensa que está ganhando algo, quando na verdade está perdendo. E isso não somente em aspectos espirituais, também em aspectos materiais. Todo o dinheiro que a pessoa receberá durante o ano já foi decretado em Rosh Hashaná, e portanto a pessoa que rouba apenas diminui os seus méritos espirituais, recebendo menos ainda do que já havia sido decretado. E é isso que aprendemos na Parashá da semana. Há um Midrash (parte da Torá oral) que nos ensina que enquanto Avraham contava o dinheiro, Efron permaneceu ao lado da balança, e durante todo o tempo mudou os pesos para roubar Avraham e receber mais dinheiro. Por isso a Torá retirou o último "vav" do nome de Efron, para nos ensinar que não apenas ele não ganhou nada, mas sim, perdeu. Não existe nada que passe desapercebido do controle de D'us, e portanto uma pessoa não pode tirar algo de outra pessoa sem isto estar decretado nos Céus. Mas como isso funciona na prática? Vemos que quando uma pessoa rouba, ela fica com o dinheiro do roubo, e a outra pessoa perde. Como então a Torá nos ensina que quem roubou não ganha e quem foi roubado não perde? D'us é perfeito na Sua justiça, e o faz de forma oculta, para não diminuir a nossa livre escolha. Na forma de pequenos prejuízos, a pessoa vai perdendo, sem perceber, tudo o que ganhou desonestamente. É o carro que se avaria, a geleira que estraga, a infecção que precisa de um antibiótico caro, a cano de água que arrebenta, etc. E por outro lado a pessoa que foi roubada também recebe tudo de volta, quando o seu carro passa a consumir menos combustível ou as roupas dos filhos não estragam. Nos final a justiça perfeita sempre se cumpre, mas de forma a nos deixar a livre escolha de sermos honestos ou desonestos. Todos somos contra o roubo e o engano, e sempre gritamos contra as injustiças. Criticamos os políticos que desviam dinheiro e desprezamos juízes que recebem suborno para mudar um julgamento. Porém, será que nós realmente somos tão justos e honestos quanto pensamos? Quantos de nós nunca levou uma "lembrancinha" do Hotel, para guardar para sempre na memória aquelas férias inesquecíveis? Quantos de nós nunca furou uma fila de cinema, ao encontrar amigos na fila, passando na frente de várias pessoas que já estavam há mais tempo? Quantos de nós nunca passou horas na Internet ou no telefone no dia em que o chefe não estava no escritório?
Portanto, antes de procurar erros nos outros, lembre-se, de que ao apontarmos o dedo a alguém, 3 dedos ficam apontados para nós mesmos.
Rav. Efraim Birbojm
RENOVAÇÃO
Comece sempre de novo cada dia, cada hora, cada minuto. Deves manter-te jovem, renovando-te a cada dia e começando novamente.
Porção Semanal: Chayê Sara
Bereshit 23:1-25:18
Chayê Sara começa com a morte de Sara ( aos127 anos ), e a busca de Avraham (Abraão) por um local apropriado que fosse digno da sua grandeza. Avraham recusa-se a aceitar a generosa oferta de Efron (um membro da nação chitita que vivia na terra de Israel) de dar-lhe Mearat Hamachpela na cidade de Hebron sem custo algum, e Avraham termina por pagar uma enorme soma de dinheiro pelo lote, onde finalmente sepulta a sua amada esposa.
Avraham envia o seu fiel servo, Eliezer, de volta ao seu país de origem e à sua família, a fim de encontrar uma esposa conveniente para Yitschac. Chegando à cidade de Aram Naharaim, Eliezer alinhava um plano pelo qual conseguirá selecionar uma jovem recatada e generosa, apropriada para o filho do seu amo.
Eliezer reza a D'us para que Ele lhe conceda sucesso nesta missão e o plano funcionar. Decide ficar à beira do poço da cidade, na esperança de que uma moça lhe ofereça e aos seus camelos, água para beber. Esta pessoa, que dar-se-ia ao trabalho de puxar água para um estranho e aos seus dez camelos, indo além do cumprimento do dever, certamente possuiria um grande carácter.
Rivka passa pelo teste, e após receber presentes enviados por Avraham, ela leva Eliezer à casa do seu pai. Eliezer conta os eventos do dia à família da moça e pede a Rivca que volte com ele para desposar Yitschac. Ela aceita, e eles casam-se.
Com o papel de Avraham como pai do povo judeu completado, e o manto da liderança passado à próxima geração, a porção semanal encerra com uma breve genealogia dos outros filhos de Avraham com a sua esposa Keturá (que muitos comentaristas afirmam ser na verdade Hagar) e a sua morte com a idade de 175.
Mensagem da Parashá
Certa vez perguntei a um rabino na nossa yeshivá local se ele fizera quaisquer planos para a sua reforma. Respondeu-me sucintamente: "Pretendo reformar-me, quando D'us me a conceder. Até lá, não tenho planos."
Pensei sobre aquela conversa ao estudar a Porção Semanal da Torá. A Torá diz-nos, que Avraham (Abraão) era velho, de idade avançada (Bereshit 24:1). Literalmente, a Torá usa o termo que Avraham era "entrado em dias."
Os comentaristas interpretam isso como significando que Avraham era capaz de fazer cada dia da sua vida ter um significado, mesmo em idade avançada. Além disso, ele podia lembrar-se daquilo que conseguiu em cada um dos dias da sua vida, pois cada um deles foi um dia de conquistas; e mesmo quando envelheceu, a sua paixão pelas boas acções não arrefeceu. Ainda conseguia encontrar energia e sabedoria para trazer um significado à sua existência quotidiana.
As consistentes conquistas de Avraham durante a sua longa vida, apesar das vicissitudes do tempo e da adversidade que teve de enfrentar, fornece um modelo a cada um de nós.
Ao envelhecermos, não precisamos em nos tornar menos produtivos, ou ficar mais lentos intelectual ou espiritualmente, nem temos de nos acostumar a dias inúteis e actividades improdutivas. Tendo Avraham como fonte de inspiração, podemos levar estes últimos, os dias de ouro da nossa vida.
SHABAT SHALOM