E nós (judeus) é que segregamos...
Por quase todo o mundo,quando se fala do conflito entre Israel e os Palestinos, a imprensa tem como tendência acusar o Estado de Israel como separatista, racista....
Mas como contra factos não há argumentos, aqui deixo este link,
http://www.youtube.com/watch?v=QrlcVQo0kdg
Apesar de Abu Mazen se preparar para a conferência de Annapolis, na busca da criação de um estado palestino, os meios de comunicação oficiais continuam apelando á destruição de Israel, junto da população palestina.
Num videoclip apresentado esta semana pela televisão da Autoridade Palestina canta-se: (parte da letra)
“A terra é árabe em história e identidade
A Palestina é árabe em história e identidade
Viveremos em paz, oh mãe, as nossas vidas não serão desperdiçadas
Oh mãe, eles destruiram a nossa casa
A casa do meu irmão e do meu vizinho
Não te enojes, oh mãe, as nossas pedras aumentarão
Desde Jerusalem até Acco, desde Haifa e Jericó e desde Gaza e Ramallah
Desde Belém e Jaffo, desde Bersheva e Ramla
Desde Shjem e Galileia, desde Tiberia e Hebrón…”
Fonte: Imprensa Palestina
O que é o Talmud?
O rabino Adin Steinsaltz, sábio responsável pela tradução do Talmud para o hebraico moderno, para o inglês e para o russo referiu-se à importância dessa obra magistral com as seguintes palavras: “Se a Torá é a pedra fundamental do judaísmo, o Talmud é o seu pilar central, que se projecta para o alto baseando-se nos seus fundamentos e que sustenta o magnífico conjunto da sua edificação espiritual e intelectual”.
O Talmud define e dá forma ao judaísmo, alicerçando todas as leis e rituais judaicos. Enquanto o Chumash (o Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés) apenas alude aos Mandamentos, o Talmud os explica, discute e esclarece. Não fosse este, não entenderíamos e muito menos cumpriríamos a maioria das leis e tradições da Torá e o judaísmo não existiria. Históricamente, os judeus que, individualmente ou em grupo, negaram a sua validade, acabaram por se assimilar ou desaparecer. E, como outras religiões adoptaram o texto da Torá Escrita - Torá she-bichtav, mesmo a tendo traduzido de forma errada, adicionando ou removendo partes da mesma e a interpretando de forma proibida pelo judaísmo, é o Talmud o verdadeiro divisor de águas, o texto sagrado que diferencia os judeus das outras nações do mundo.
Nós, judeus, sempre tivemos consciência de que a nossa sobrevivência como grupo dependia do estudo deste trabalho. Os inimigos históricos do nosso povo, que devido a interesses teológicos ou nacionais quiseram converter ou destruir o judaísmo, também estavam cientes dessa realidade. No passado, quem se aventurava a declarar guerra à religião judaica, começava por proibir o estudo do Talmud, sob risco de pena de morte. Através do curso da história, em diferentes países e períodos, esta magna obra foi queimada, em praça pública. Muitos dos seus trechos foram removidos por aqueles que se sentiam ameaçados pela sua genuína interpretação da Torá, pela elucidação clara e inequívoca que dava aos Mandamentos Divinos e pelo seu repúdio absoluto a qualquer forma de idolatria ou imoralidade.
Mas, o que vem a ser esta obra monumental? Pode-se dizer, com segurança, que a maioria dos judeus dos nossos dias já ouviu menção ao mesmo, mas apenas uma pequena minoria o estudou. A sua definição formal é a de ser a compilação da Lei Oral, que foi transmitida por D’us a Moisés, no Monte Sinai, tendo sido estudada e dissecada, através dos séculos, pelos sábios que viviam em Israel e na Babilónia, até ao início da Idade Média. O Talmud tem dois componentes principais: a Mishná, um livro sobre a lei judaica, escrito em hebraico, e a Guemará, comentário e elucidação do primeiro, escrita no jargão hebraico-aramaico.
Um olhar superficial sobre a Guemará pode induzir alguém a pensar que se trata apenas de explicações e elaborações sobre as leis e ensinamentos da Mishná. Mas, na realidade, trata-se de algo muito mais abrangente um conglomerado de milhares de anos de sabedoria, história, legislação, lendas e filosofia judaica. A sua santidade e autoridade, como veículos para a Revelação Divina, em nada são inferiores à da Torá Escrita. Ademais, mistura - entre outras áreas do conhecimento - as ciências à lógica, aconselhamento práctico, lições e relatos extraordinários, palavras de perspicácia e inspiração e, até mesmo, ocasionais toques de humor. O Talmud é uma mescla de arte e ciências: é o livro da legislação judaica - técnico e preciso - mas é também uma enciclopédia e uma obra magistral de sabedoria, jamais igualada na história da humanidade.
Para um iniciante no estudo do Talmud, a Guemará pode parecer que foi escrita com total liberdade de pensamento. Geralmente envereda por apartes tangenciais ao assunto em pauta, daí partindo para a discussão de um mandamento, o relato de uma história ou simplesmente oferecendo pérolas de sabedoria que, de uma maneira ou de outra, têm alguma relação com o assunto tratado. No entanto, a bem da verdade, todo o seu arcabouço é extraordinariamente bem ordenado e lógico. Cada uma de suas palavras foi submetida à meticulosa revisão antes de ser transcrita.
É irónico que esta fonte básica e fundamental da lei judaica sirva muito raramente como autoridade final e definitiva para as discussões sobre o que a Torá nos ordena. Seguimos este Pentateuco de acordo com os ditames do Shulchan Aruch (o Código da Lei Judaica) e dos sábios contemporâneos que interpretam as aplicações das suas leis. Mas o Talmud permanece sendo o alicerce imutável para praticamente todas as leis que emanam da Torá.
A Torá Oral
O Talmud cobre uma ampla variedade de assuntos, seguindo, no entanto, um plano coerente e muito bem estruturado a dizer, a Mishná, pilar central da Lei Oral. Comparada à Guemará, é concisa e objectiva. Compõe-se de uma série de declarações, organizadas por assunto e tópico, que ensinam as leis, a tradição e a história judaica. Apesar de seu conteúdo se originar do Monte Sinai, algumas de suas declarações são atribuídas ao mestre ou à escola de pensamento que as elucidou e difundiu. Os sábios talmúdicos foram mais do que a simples “cadeia de transmissão” que remonta a Moshé Rabeinu. Pois está escrito que cada um deles tinha atingido tão elevado nível espiritual que conseguia até mesmo ressuscitar os mortos. Esses mestres da Torá personificavam a Vontade de D’us e, assim sendo, cada aspecto de sua conduta e cada uma de suas palavras foram marcadas por absoluta precisão e orientação Divina.
É a Mishná que provê a Guemará de sua base organizacional e factual. Cada uma das leis talmúdicas precisa ter uma fonte e esta é encontrada na Mishná. A Guemará pode dissecar e divagar sobre os ditames da Mishná, estabelecer conexões entre os seus diferentes assuntos e esclarecer aparentes contradições, mas não pode abertamente discordar da mesma. A Mishná surge como o árbitro final em qualquer litígio talmúdico.
Há outras coletâneas de directrizes e ensinamentos, que são parte integrante da Torá Oral: Sifra e Sifri, Tosefta e Bareitot, além dos Midrashim, que também foram preservados por escrito, muitos dos quais dentro da própria Guemará. No entanto, a Mishná tem precedência sobre os demais ensinamentos da Torá Oral. Isto significa que sempre que houver uma aparente contradição entre um ditado da Mishná e qualquer outro ensinamento da Lei Oral, caberá à Guemará buscar a verdade na qual se fundamenta o tema, com base na própria Mishná.
É importante mencionar que quando as pessoas falam no Talmud, geralmente estão-se referindo ao Babilónico. No entanto, há outro que foi escrito em Israel. Conhecido como o de Jerusalém o Talmud Yerushalmi foi revisado pelo Rabi Yochanan 300 anos após a destruição do Segundo Templo. É bem mais conciso que o Talmud Bavli, o Babilónico, pois, de facto, trata principalmente das leis referentes à Terra de Israel. Em regra, os judeus que viviam na diáspora negligenciavam a obra compilada em Jerusalém, mas, nos últimos anos, vimos renascer o interesse por essa obra, devido grandemente ao retorno de milhões de judeus à Terra de Israel.
Desde o Monte Sinai, a Torá Oral - ou Torá she-be’alpê - como o seu nome bem o indica, só foi transmitida oralmente. Por razões várias, os nossos sábios nunca permitiram que fosse escrita. Mas, uma vez destruído o Segundo Templo, os líderes judeus começaram a se preocupar que a Torá Oral, sendo tão maciça e complexa, cairia no esquecimento em virtude da opressão romana e a conseqüente dispersão do povo judeu. No ano de 188 a.E.C., o Rabi Yehudá ha-Nassi, sábio cuja inigualável liderança e vastidão de conhecimentos sobre a Torá lhe valeram o título de o “Rabi (do Talmud)”, finalmente terminou de compilar a Mishná. Centenas de anos mais tarde, já no final do séc. IV da E.C., Rav Ashi, importante sábio babilónico, iniciou a compilação de todo o Talmud. Os seus discípulos e os alunos destes deram continuidade à gigantesca obra de redigi-lo. No entanto, diferentemente da Mishná, o Talmud foi oficialmente completado por nenhum erudito em particular; daí dizer-se que “ainda está por ser terminado”. Através dos séculos, as suas palavras e ensinamentos foram meticulosamente analisados, interpretados e explicados por incontáveis sábios, estudiosos e mestres. É geralmente comparado ao oceano, pois a sua vastidão é tremenda, mas a sua profundidade é incomensuravelmente maior. De facto, é um fiel testamento da Infinita Torá de D’us.
O estudo do Talmud
Em hebraico, esta palavra significa literalmente “estudo” ou “aprendizado”. É a incorporação do fundamental mandamento judaico de “estudar a Torá” - Talmud Torá. Ao contrário de quase todos os outros campos do saber, o estudo do Pentateuco tem propósitos que vão muito além da simples aquisição de conhecimentos. É um meio e um fim, por si só; o seu objetivo é o próprio aprendizado. Portanto, o grau de importância e aplicação prática da matéria em discussão tem importância secundária. Isto não significa que não tenha relevância. Pois como aprendemos com os nossos mestres, o estudo da Torá é o maior de todos os mandamentos judaicos, uma vez que faz com que se evitem os pecados e se pratiquem actos positivos e boas ações que beneficiem os nossos semelhantes. É óbvio que para aprender as leis do judaísmo - e os princípios e detalhamentos necessários para cumpri-las - é imprescindível estudar a Torá. Segundo esta perspectiva, este estudo tem um propósito prático. No entanto, o simples facto de a estudar - mesmo que não haja nenhuma aplicação prática ou razão para fazê-lo - é extraordinariamente precioso aos olhos dos Céus. Alguns dos nossos mestres foram ainda mais longe, ao dizer que o estudo da Torá, apenas, é mais importante do que o cumprimento dos outros mandamentos, apesar de nenhum deles ter o poder de substituir o outro. Pois como está escrito nas preces matinais que recitamos todos os dias,...”Elu devarim…São estes os mandamentos que, se os praticar, o homem colherá os frutos neste mundo, enquanto que a sua recompensa final o esperará na vida futura: honrar pai e mãe, praticar actos de bondade, ...promover a paz entre os homens; mas, acima de tudo, reina soberano o estudo da Torá, cujo valor a todos eles se equipara” (Mishná: Peá 1:1).
A raiz da palavra hebraica Torá é hora’á - ensinamento. O Pentateuco ensina ao homem o caminho que terá que seguir se optar por viver de acordo com os desejos e directrizes de D’us. Aquele que estuda a Torá precisa viver de uma forma que honre e eleve o judaísmo e o povo judeu. A sua vida e conduta devem refletir a sabedoria, piedade, compaixão e todos os outros ideais incorporados pela Torá. Pois, caso contrário, diziam os nossos sábios, “melhor seria nunca ter vindo a este mundo”. Afirmavam, também, categoricamente, que aquele que alega ter adquirido a sabedoria da Torá, mas não cumpre os seus mandamentos nem pratica boas acções, não a incorporou, de facto, dentro de si.
Existe uma concepção errónea generalizada de que a Torá é simplesmente um livro de lei e história judaica-divina, mas, ainda assim, apenas isto. A verdade é que representa a Vontade e a Sabedoria do Criador. O Talmud discute uma grande variedade de assuntos - uns sublimes, outros mundanos - mas todos, de alguma forma, refletem o relacionamento e envolvimento de D’us com este Seu mundo. Diferentemente das obras da Cabalá, preocupa-se, sobretudo, com o terreno e o mundano. Discute o que há de mais intrincado e, às vezes, o que aparenta ser totalmente irrelevante na lei judaica. Porém, oculto nas suas lições e ditames, escondem-se profundos segredos e ensinamentos espirituais e místicos.
A Torá abarca todos os assuntos e a estudamos para entender como nos relacionar e agir diante de cada um destes. Nas palavras do Rabino Steinsaltz: “Os mandamentos e as aplicações prácticas das leis da Torá estão subordinados à busca pela verdade que se esconde por detrás de todas as coisas. O propósito sublime do Talmud não é utilitário, de forma alguma - mas unicamente a busca da verdade”. É por esta razão, como vimos acima, que a aplicação prática de qualquer tema nele discutido é de importância secundária. O que esta obra busca é a verdade e a visão da Torá sobre qualquer assunto ou matéria, quer seja legal, histórico ou filosófico. Portanto, uma prova ou declaração que possa dar a impressão de ser auto-evidenciada poderá ser questionada ou mesmo rejeitada pelo Talmud - pois pode conter alguma falha sutil, quase imperceptível em sua lógica ou argumentação. Este apenas aceita a argumentação mais convincente. Simboliza a busca do judaísmo pela verdade absoluta. Não há dogmas na religião judaica: quase tudo pode e deve ser questionado, apesar de que a pessoa conscienciosa deve entender que a alma humana ainda não está preparada e, portanto, não pode pretender compreender, em toda a sua plenitude, a Vontade e a Sabedoria do Criador.
Como o objectivo primordial do Talmud é essa busca da verdade, esta obra é praticamente toda estruturada em perguntas e respostas. E mesmo quando as perguntas não são explicitamente articuladas, encontram-se por trás de cada afirmação e ensinamento. Talvez seja o único livro sagrado, no mundo, que não apenas permite, mas estimula os que o estudam a questioná-lo. A Sabedoria de D’us está oculta nas suas palavras, cabendo a cada um dos que o estudam, seja este sábio ou iniciante, tentar desenterrá-la. No entanto, é preciso lembrar-se que a Torá, na sua plenitude, originou-se de D’us; cada um dos seus ensinamentos que já foi ou venha a ser praticado, foi transmitido a Moisés no Monte Sinai. Assim sendo, quando um sábio Talmudista faz uma afirmação, ele não está agregando ou opinando sobre algo, mas sim revelando um assunto da lei ou da sabedoria Divina. Aquele que domina as matérias acerca da lei judaica precisa ser um verdadeiro mestre em Torá. E deve entender que carrega consigo a tremenda responsabilidade de discernir e transmitir a Vontade de D’us ao povo judeu. Os seus ensinamentos devem ser firmemente arraigados no Talmud e no Código da Lei Judaica, devendo ser uma extensão viva da Torá, originalmente entregue a Moisés.
É bem verdade que há diferenças de opinião no Talmud e isto, infelizmente, tem sido usado como desculpa para interpretações pessoais e aplicações impróprias ou tentativas de “reformular” as leis da Torá. Estas concepções erróneas geralmente são oriundas da falta de entendimento da dimensão espiritual da lei judaica. Diferentemente dos campos de conhecimento secular, pontos de vista diferentes sobre a Torá não constituem imprecisão ou erro. Pelo contrário, os mandamentos aparentemente contraditórios - que na prática, são raros - refletem as diferentes maneiras pelas quais D’us se relaciona com o mundo: por vezes com flexibilidade e condescendência, por vezes, com maior severidade. Uma das maiores polémicas históricas no Talmud ocorre entre as escolas de dois grandes sábios: Hillel e Shammai. A suas disputas acabaram sendo resolvidas por uma voz que emanou dos Céus, afirmando: “Ambos transmitem as palavras do D’us Vivo, mas a decisão está alinhada com a escola de Hillel”. O facto de um método ser preferível ao outro não invalida o outro nem significa que seja impreciso, de forma alguma. Os místicos judeus ensinaram que Hillel personificava o atributo Divino da flexibilidade e condescendência, enquanto que Shammai incorporava as qualidades Divinas da precisão e do rigor. Explicam que como vivemos num mundo imperfeito, necessitando constantemente de misericórdia, seguimos, quase que sem exceção, os mandamentos da Torá de acordo com os ditames da escola de Hillel. Na era messiânica, no entanto, quando o mundo atingir um estado de perfeição, iremos seguir a Torá como a ensinava Shammai. Por isso, devemos sempre lembrar que não há ensinamento alheio, não pertinente, no Talmud. Ainda que não sejam seguidos os ensinamentos de um determinado sábio - qualquer que seja a razão para tal - não podem, de forma alguma, ser depreciados, pois também esses preceitos são oriundos do Monte Sinai. Há uma história sobre um sábio que afirmou que um certo ensinamento não era do seu agrado, sendo repreendido pelos seus colegas que lhe disseram ser errado afirmar que “isto é bom e isto não é”, em se tratando da Torá.
O Pentateuco, na sua totalidade, é perfeito e aquele que o estuda com o espírito preparado - e com todo o respeito que merece - conecta-se de imediato com D’us. Pois o Senhor de Tudo, cujo Saber é Infinito, “condensou” a Sua Sabedoria na Sua Torá, para que o homem possa entender o pouco sobre Ele, que pode ser compreendido pela mente humana. O mérito no estudo da Lei de Moisés, por si só - não com o intuito de conquistar honras e louvores - tem inestimável valor para os Céus. Sobre o estudo do Talmud, especificamente, declarou o Rabi Yehudá ha-Nassi: “Não há medida maior de recompensa do que esta”.
Através dos séculos, o povo judeu fez muitos sacrifício, para poder estudar e ensinar e, desta forma, preservar o Talmud. Entenderam - da mesma forma, como, infelizmente, o fizeram os seus inimigos - que, de facto, era o que os preservava. Não há antídoto maior contra a assimilação judaica do que o estudo da Torá. E esta é uma das razões pelas quais, juntamente com a prática da caridade, constitui o maior dos mandamentos Divinos. Mas este estudo serve como uma confirmação disso, ainda maior do que a sobrevivência colectiva do povo judeu. Ensinam os nossos sábios que o estudo adequado da Torá “salva e protege” e é fonte de bênçãos para uma vida longa, com fartura e benesses. Pois está escrito: “O alongar-se da vida está na sua mão direita; na sua esquerda, riquezas e honra” (Provérbios, 3:16). Mesmo se apenas um único indivíduo estudar a Torá, são tantos e tão grandes os seus méritos, que têm o poder de acarretar bênçãos para o mundo inteiro. O judaísmo ensina que toda a existência física é sustentada pela força da oração, pelo estudo da Torá e pela prática de actos de bondade e justiça. Aquele que estuda a Lei de Moisés, torna-se, portanto, parceiro d’Aquele que sustenta o Universo por Ele criado.
Os sábios talmúdicos e mestres da Cabalá revelam que o estudo da Torá serve como escudo para a alma humana, protegendo-a após a vida. E, como “não há esquecimento diante do Trono de Glória do Senhor”, mesmo se uma pessoa esquecer parte da sabedoria da Torá que adquiriu, a sua alma a recorda e a transporta para a eternidade. Contanto que a pessoa se mantenha fiel aos seus preceitos, aprofundando-se nos mesmos e andando pelos seus caminhos, esta mesma Torá sempre implorará diante da Corte Celestial por essa pessoa e por todo o povo judeu. Por isso, afirmamos na prece que celebra o término de um tratado do Talmud: “A ti voltaremos e tu retornarás a nós; os nossos pensamentos estão fixados em ti, assim como os teus estão fixos em nós; não te esqueceremos assim como tu não nos esquecerás - nem neste mundo, nem no Mundo Vindouro!”
Tev Djmal
Tradução: Lilia Wachsmann
Bibliografia
• The Essential Talmud Rabbi Adin Steinsaltz Basic Books HarperCollins Publishers
• The Talmud The Steinsaltz Edition Reference Guide ,Random House
• Talmud Bavli The Schottenstein Edition Artscroll Mesorah Publications, Ltda.
• The Mishnah Yad Avraham, Artscroll Mishnah Series Mesorah Publications, Ltda.
Não há antídoto maior contra a assimilação judaica do que o estudo da Torá. E esta é uma das razões pelas quais, juntamente com a prática da caridade, constitui o maior dos mandamentos Divinos.
Pensamento da Semana
É uma grande mitzva estar sempre alegre. Com alegria é possível dar vida a uma pessoa.
“Um corpo sadio depende de uma alma sadia.”
Qual a importância de um corpo saudável?
O seu corpo pertence a D’us, que o deu a si para que cuidasse dele, como um veículo que carrega a sua alma durante a vida. Assim como você não causaria dano a outra pessoa, assim como não danificaria algo que D’us tenha criado, não deve prejudicar o seu próprio corpo. É seu dever alimentar-se bem, descansar, manter-se em forma, e tratar o seu corpo com respeito em todos os aspectos. A saúde física não é opcional; é parte da sua responsabilidade para com D’us. Por outro lado, idolatrar o corpo é destrutivo. O corpo é um veículo para a alma; o seu valor está nisso, não como um fim em si mesmo.
Muitas pessoas actualmente estão conscientes sobre a saúde. Entendemos que permanecendo saudáveis, somos mais produtivos e prolongamos a nossa vida. Percebemos que quando temos saúde, podemos concentrar-nos na nossa família e no trabalho, e em outras coisas que nos são importantes.
Porém mais relevante é que um corpo saudável permite que se concentre na sua alma, capacitando-o de cumprir a sua missão Divina neste mundo e ter uma vida significativa.
A saúde física não é arbitrária ou opcional: é parte da sua responsabilidade para com D’us.
O que é boa saúde? É algo mais que um corpo que funciona de maneira adequada, muito mais que uma temperatura de 36.5º. A boa saúde é uma alma sadia num corpo sadio. A medicina moderna começou a descobrir o efeito dramático que o espírito da pessoa pode ter no processo de cura. Foi demonstrado que pessoas com espírito sadio, optimista, por exemplo, têm um sistema imunológico mais forte; psicologicamente, também, estamos a aprender, que a saúde da pessoa é directamente afetada pela sua fé em D’us. De modo contrário, até um pequeno defeito no espírito cria um profundo defeito no corpo.
Assim como o corpo é nutrido por determinados alimentos, a alma precisa de nutrição espiritual. Esta nutrição inclui a consciência da própria missão na vida, e uma percepção de D’us, que nos concedeu a capacidade de cumprir esta missão. Uma alma sadia conecta-se com D’us por meio do estudo, prece e actos virtuosos; quando cumpre as suas obrigações morais e espirituais, a sua alma é alimentada com a energia Divina, da mesma maneira que o seu corpo é alimentado com energia material por meio do processo de digestão.
O inter-relacionamento entre corpo e alma
A saúde física não é arbitrária ou opcional: é parte de sua responsabilidade para com D’us. Embora tenhamos médicos, a responsabilidade de cuidar do corpo e alma recai primeiramente sobre nós mesmos. Inicialmente, é claro, a medicina preventiva é a melhor opção; isso inclui reconhecer a causa de um problema e não apenas os seus sintomas. A comunidade médica começou por confirmar aquilo que a Torá sempre nos ensinou: que identificar a causa de um problema e explicá-la para a pessoa pode evitar o problema, ou curá-lo antes que se agrave.
Da próxima vez que se exercitar e sentir-se reenergizado, perceba que cuidou de uma peça preciosa do acervo de D’us. Quando respirar profundamente, ou fazer uma refeição saudável, saiba que está investindo em acções valiosas. Mas lembre-se também que a saúde do seu corpo depende da saúde e da sua alma. E é a sua responsabilidade nutrir os dois. Quando o seu corpo ou a sua alma protestam, reconheça os sintomas por aquilo que são: um pedido urgente para que você cuide das suas necessidades, sejam elas físicas ou espirituais.
Cada aspecto da sua saúde física tem um componente espiritual. Quando come, deve reconhecer que o alimento não é uma simples indulgência, mas algo que gera a vitalidade necessária para levar uma vida significativa. Quando vai dormir com um humilde reconhecimento de D’us e uma avaliação séria das suas actividades daquele dia, a alma se permite beber das águas espirituais regenerativas do sono. Desempenhamos um papel importante em facilitar o processo de cura nos outros. É por isso que devemos visitar os doentes. Além do facto de que é uma obrigação óbvia, visitar uma pessoa doente demonstra que ela é importante, contribuímos com algo que aumenta a sua confiança e esperança. Isso, por sua vez, ajuda a fortalecer a determinação de sarar.
Porção Semanal: Vayerá
Bereshit 18:1 - 21:24
A Parashá Vayerá inicia-se com a incrível demonstração de bondade por Avraham (Abraão), àqueles que ele pensa serem três homens, mas que na verdade são anjos enviados por D'us. apesar do seu extremo desconforto pelo recente brit milá, circuncisão. Os anjos entregam a sua mensagem, declarando que Sara milagrosamente dará à luz o seu primeiro filho no prazo de um ano. Sara tem 90 anos e o próprio Avraham teria cem anos. Em seguida, eles seguem para a cidade de Sodoma. D'us informa a Avraham que as cidades de Sodoma e Gomorra serão destruídas por causa da perversidade, e Avraham responde com uma longa prece e dialoga com D'us pedindo pelo salvamento das cidades. Incapaz de encontrar dez cidadãos íntegros, D'us começa a destruir as cidades, mas não antes que os anjos salvem o sobrinho de Avraham, Lot e a sua família, da destruição. Acreditando que o mundo inteiro havia sido destruído, as duas filhas de Lot embebedam o pai, para que ambas possam ficar grávidas dele, e cada uma acaba por ter um filho. Sara é raptada por Avimelech, o rei de G'rar, que não havia percebido que ela era casada. D'us reage castigando-o com uma peste, que o impede de tocá-la, e informa Avimelech que Sara é casada, quando então é imediatamente libertada. Sara concebe e dá à Luz Yitschac (Isaac), e Avraham faz uma grande comemoração. Sara vê Ishmael (o filho de Avraham com Hagar) como uma ameaça ao bem-estar espiritual do seu próprio filho. Relutante a princípio, Avraham segue a ordem de D'us, de dar ouvidos à esposa, expulsando Ishmael e Hagar da sua casa. Com Ishmael a ponto de morrer de sede no deserto, D'us escuta os seus gritos e faz com que Hagar encontre um poço de água, e com isso o jovem é salvo. Avraham assina um pacto com Avimelech na cidade de Be'er Sheva, e vivem em paz por muitos anos. A porção da Torá conclui com a akeidá, o altar, o décimo e último teste de Avraham, no qual ele demonstra a sua boa vontade em obedecer à ordem do Criador, de oferecer o seu amado filho Yitschac em sacrifício.
Mensagem da Parashá
Você está recostado na sua poltrona, relaxado e envolvido num excelente livro, bebericando uma bebida gelada. Apreciando totalmente este descanso muito valorizado, é subitamente interrompido pelo som do telefone. Hesitante, pega o receptor para ouvir a voz do seu amigo, David. Ele está- sea mudar hoje e precisa da sua ajuda para carregar algumas caixas. Não desejando perturbar o seu tempo de folga com nenhuma espécie de trabalho pesado, você responde quase mecanicamente que não, pois está ocupado agora. Desligando o telefone, volta à trama absorvente do livro. A Torá, no início da porção desta semana, descreve com riqueza de detalhes como Avraham, quando visitado por três hóspedes, demonstrou enorme solicitude em servi-los e cuidar deles. Avraham "apressou-se a ir à tenda de Sara," para que ela pudesse preparar pão fresco, ele "correu até o rebanho" para preparar as melhores iguarias, e então "ficou de pé, perto deles, debaixo da árvore", enquanto comiam á sombra, assegurando-se de que cada necessidade lhes fosse fornecida (Bereshit 18:6-8). Rabeinu Bachya destaca que, embora Avraham fosse um homem idoso e estivesse fraco por causa da circuncisão que fizera apenas três dias antes, e apesar de ter muitos servos que poderiam ter atendido os hóspedes, em sinal de respeito Avraham fez tudo sozinho, com grande zelo e entusiasmo. No final da porção da Torá há uma outra situação, na qual Avraham demonstra o seu caráter zeloso. Na manhã em que Avraham levantou-se para realizar a akeidá, o sacrifício, a Torá relata que "ele se levantou cedo" para cumprir a mitsvá. Nesta difícil situação, quando Avraham recebeu ordem de levar o filho amado, pelo qual esperara ansiosamente por tantos anos, como uma oferenda, poder-se-ia pensar que a última coisa que a pessoa faria fosse acordar cedo para embarcar nesta missão! Mesmo assim, vemos que Avraham o fez. Como é possível? Uma vez mais, temos um exemplo da personificação de Avraham da qualidade de ser zeloso, rápido e entusiasta em cumprir as mitsvot, preceitos, de D'us. Avraham desenvolveu este traço a tal ponto que, mesmo nesta situação difícil e extremamente penosa, ainda foi capaz de superar o desejo natural de protelar, chegando mesmo a levantar-se cedo para fazer a vontade de D'us. Isto ensina-nos uma lição inacreditável, que justamente quando a situação é desconfortável, ainda temos a capacidade de cumprir uma mitsvá com zelo e entusiasmo, e especialmente quando a mitsvá não é tão difícil. Há um conceito bem conhecido na dinâmica humana conhecido como inércia - tendência natural da pessoa de tentar permanecer tão inactiva quanto possível. Esta tendência intensifica-se quando se trata de cumprir mitsvot, porque há um freio natural, a má inclinação, que fará todo o possível para impedir que a pessoa faça uma acção que lhe possibilitará uma recompensa no Mundo Vindouro. Com isto em mente, temos uma pergunta: Como a pessoa adquire a característica de Avraham? Como supera a sua indolência natural para atingir a grandeza? Há duas maneiras de fazer isso: Rabi Moshê Chaim Luzzatto explica que podemos fazê-lo, concentrando-nos em todas as coisas que D'us realiza para nós, pois se pudermos reconhecer todo o bem que Ele nos concede, e as enormes maravilhas que realiza desde o dia em que nascemos, sem dúvida, que nos apressaremos em fazer o possível para retribuir, com toda a nossa capacidade, cumprindo a Torá e exaltando o Seu nome. A segunda maneira, diz Chafetz Chaim, é reconhecer a importância de cada minuto. Sabemos que cada palavra da Torá que a pessoa estuda é uma mitsvá por si mesma. Se a pessoa fala à velocidade normal, seriam aproximadamente duzentas palavras por minuto, portanto, se a pessoa fala sobre a Torá por um minuto, realiza duzentas mitsvot de uma só vez. Agora pense: se a pessoa estuda por quinze minutos, cumpre três mil mitsvot! Se aprender por uma hora, faz doze mil mitsvot! E se a pessoa estuda o dia inteiro? Que tal alguns dias? Todas as mitsvot vão se somando, e quanto mais mitsvot cumpre, mais recompensa recebe. Dentro de pouco tempo, terá a capacidade de cumprir milhões! É através deste reconhecimento que adquirimos o desejo de utilizar cada momento da maneira mais completa, seja estudando Torá ou ajudando o próximo. Porém, precisamos de uma presteza e zelo especiais para nos assegurar de que corremos para fazê-las, e ao mesmo tempo buscando a certeza de que são cumpridas adequadamente. A idéia de valorizar cada momento foi explicada numa parábola por rabi Moshe Yitschac Hadarshan. Imagine se todos aqueles que estão no cemitério recebessem outra meia-hora de vida, para conseguir tanta recompensa celestial quanto lhes fosse possível. Veríamos pessoas correndo para lá e para cá, estudando Torá, visitando os doentes, rezando, consolando os enlutados e fazendo caridade, cada pessoa de acordo com a sua habilidade. E se essas pessoas recebessem algumas horas de vida, ou mesmo alguns dias? Não tentariam utilizar o tempo para cumprir tantas mitsvot quanto lhes fosse possível? E quanto a nós - quem de nós sabe quanto tempo ainda lhe resta? É bem como disse o Chafetz Chaim certa vez: "A vida é como um cartão postal. Quando iniciamos uma viagem, escrevemos em letras grandes e espalhadas. Mas quando vemos que o espaço para escrever no cartão está a acabar e ainda há tanto a dizer, começamos a escrever em letras cada vez menores, espremendo as palavras onde quer que haja um cantinho." Ocorre o mesmo com o nosso cumprimento de mitsvot; não somos tão cuidadosos sobre fazer todo o possível porque achamos que há muito tempo à disposição. Mas com o passar da vida, percebemos como o tempo é escasso na verdade, e tentamos espremer tantas mitsvot quantas pudermos. Entretanto, se percebermos agora o valor do tempo, podemos utilizá-lo ao máximo da nossa capacidade. Por isso, quando estivermos em casa, relaxadamente lendo um livro ou qualquer outra coisa que preferiríamos não interromper, devemos reflectir novamente naqueles métodos de incrementar o cumprimento da mitsvá. Devemos nos lembrar como D'us é bom para nós, e o quanto devemos realizar para retribuir pelo menos uma fracção disso. Devemos ter em mente a importância e valor de cada minuto e de cada mitsvá. Por fim, devemos considerar que não importa o desafio que seja o cumprimento de uma mitsvá, é um desafio maior que o foi para Avraham levar seu o filho ao sacrifício? Com este reconhecimento, que possamos merecer a realização de mais preceitos, elevando desta maneira a nossa recompensa, tanto neste mundo como no Mundo Vindouro.
SHABAT SHALOM
Judeus em perigo na Europa
Uma pessoa que perdeu recentemente um ente querido veio conversar comigo. Entre as várias coisas que conversamos, disse-lhe que provavelmente acharia de grande interesse um livro (em inglês) publicado recentemente intitulado Living Kaddish, escrito pelo Rabino canadiano Gedalia Zweig. Nele o Rabino Zweig desperta a nossa consciência sobre a profunda e extremamente importante mitsvá de os homens dizerem o Kadish. Ele apresenta-nos a dezenas de Judeus por todo o mundo, com diferentes antecedentes religiosos, que compartilham as suas histórias pessoais e os seus desafios para dizerem o Kadish e, ao cumprirem esta mitsvá, as suas experiências inesquecíveis, milagrosas e que modificaram as suas vidas.
Uma história que achei muito estimulante e significativa foi a de um homem chamado Martin Sokol procurando um minián (um quorum de 10 homens Judeus acima de 13 anos de idade, necessário para o serviço de orações e para se recitar o Kadish) em Bruxelas, na Bélgica. Um estranho, que se identificou como Judeu, ofereceu a Martin que seguisse o seu carro até um minián. Ao passarem por um edifício que ficava numa área cheia de depósitos de estocagem, o estranho apontou para uma porta e gritou pela janela do seu carro: “É lá dentro” e foi embora. O Sr. Sokol tocou a campainha de uma porta de aço cinza e foi rapidamente introduzido após dizer o que queria. Foi então cercado por diversos homens com metralhadoras Uzi que queriam saber quem ele era e como chegara lá. Quando contou a sua história, eles o questionaram persistentemente: Quantos anos tinha quando fez bar mitsvá? Quando é Shabat? Quantas perguntas fazemos em Pessach? Somente então o deixaram entrar no edifício. Foi aí que Martin Skol descobriu que havia entrado numa Yeshiva. O forte esquema de segurança devia-se a que alguns meses antes o líder da Comunidade Judaica de Bruxelas havia sido assassinado por terroristas da OLP. Escreveu o Sr. Skol: “Quando descobri onde estava e refleti sobre o forte esquema de segurança a que estes filhos e netos de sobreviventes do Holocausto estavam submetidos, fiquei sem palavras. Lágrimas encheram os meus olhos. A minha garganta ficou obstruída de emoção. Não consegui parar de pensar que pouco mais de cinquenta anos após o Holocausto, os Judeus estavam novamente em perigo na Europa. Para mim, esta experiência foi um símbolo da nossa longa e conturbada história”.
“O Kadish é recitado para se lembrar de pessoas amadas que não mais estão entre nós. Aquelas crianças ajudaram-me a lembrar que sobrevivemos e que sempre haverá uma outra geração que irá relembrar, que lutará para manter a nossa preciosa herança espiritual e que recitará o Kadish”.
O QUE É O KADISH DOS ENLUTADOS E POR QUE É RECITADO?
O Kadish é a prece que um enlutado recita por 11 meses após o falecimento do seu pai ou mãe. É recitado por apenas um mês em caso de falecimento de um irmão, irmã, esposa ou marido, filho ou filha. É comumente conhecido como a ‘Oração dos Mortos’. Na realidade, ao lermos a tradução das suas palavras, que estão em aramaico, contata-se que é uma afirmação na crença e confiança no Todo-Poderoso. Eis a tradução baseada no Sidur Artscroll:
Que o Seu grande Nome seja exaltado e santificado no mundo que Ele criou conforme a Sua vontade.
Que Ele queira estabelecer o Seu reinado ... durante as nossas vidas e durante a vida de toda a Família de Israel, rapidamente e em breve.
(A Congregação responde: ‘Amen. Que o Seu grande nome seja abençoado para sempre e eternamente’).
Abençoado, louvado, glorificado, exaltado, enaltecido, honrado, elevado e elogiado seja o nome do Todo-Poderoso.
(A Congregação responde: ‘Abençoado Seja’)
Acima de todas as bênçãos e cânticos, louvores e consolações que possam ser pronunciados no mundo.
Que possa haver paz abundante vinda dos Céus e vida boa sobre nós e todo Israel.
Aquele que estabelece a paz nas alturas, que possa trazer a paz sobre nós e sobre todo Israel.
Como se pode notar, não há nenhuma menção ao falecido, sobre morte ou luto. O Kadish é uma afirmação de vida: o reconhecimento do Todo-Poderoso, uma prece para que Sua grandeza seja reconhecida no mundo e um pedido por paz e vida.
O Kadish é recitado porque, além de afirmar e reassegurar a crença do enlutado no Todo-Poderoso, ele traz méritos à alma da pessoa falecida, pois aquele que recita o Kadish (o enlutado) faz com que a congregação louve o nome de D'us ao recitarem “Que o Seu grande nome seja abençoado para sempre e diariamente” e “Abençoado Seja”. Há muitas histórias no Talmud e no Midrásh (uma coletânea de explicações sobre a Torá) sobre os grandes benefícios gerados pelo pronunciamento do Kadish para a alma da pessoa falecida no Mundo Vindouro. Um amigo meu confidenciou-me, que a obrigação de dizer o Kadish não apenas lhe proporcionou uma maneira de demonstrar respeito e gratidão aos seus pais, mas o confortou tremendamente trazendo-o à sinagoga e à companhia de outros Judeus duas vezes por dia.
BONDADE acima de tudo
"O pequeno garoto entrou sozinho no restaurante e sentou-se na única mesa vaga. A empregada não deu muita atenção, e demorou vários minutos para atendê-lo. Quando finalmente chegou á sua mesa, não escondeu o seu desprezo pelo garoto. Ele nem quis ver o cardápio, apenas perguntou, com um brilho nos olhos:
- Quanto custa o sundae de chocolate?
- 3 reais – respondeu, mal humorada, a empregada.
O pequeno garoto tirou do bolso um monte de pequenas moedas e começou a contar. Virou-se então para a empregada e perguntou:
- E um bola de sorvete no prato, quanto custa?
- 2 reais e cinquenta centavos – respondeu rispidamente a impaciente empregada, vendo que havia clientes esperando pela mesa, e aquele garoto, que não tinha nem mesmo dinheiro para o Sundae, estava atrapalhando o sistema.
O garoto mais uma vez contou as suas moedinhas, pensou por alguns momentos e finalmente pediu o sorvete no prato. A empregada trouxe o sorvete e colocou-o na mesa, dando claras demonstrações de que não estava contente com a presença do garoto. Ele tomou o sorvete, levantou-se, deixou as moedinhas na mesa e saiu. Quando a empregada voltou e contou as moedinhas, uma lágrima correu pelos seus olhos. O garoto havia deixado na mesa 3 reais, dois e cinqüenta pelo sorvete, e cinqüenta centavos de gorjeta. Aquele garoto, mesmo estando com vontade de comer o sundae, decidiu tomar o sorvete mais barato apenas para poder deixar para a empregada a gorjeta. E ela o havia tratado tão mal…"
Temos duas escolhas na vida: se conformar que existem poucas pessoas boas no mundo, e desistir de ser uma boa pessoa; ou decidir que o comportamento dos outros não vai nos influenciar e nos tornar pessoas piores.
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Nesta semana lemos a Parashá Lech Lechá, que nos ajuda a conhecer um pouco mais da grandeza de Avraham Avinu, um dos pilares do judaísmo que literalmente mudou o mundo. D'us o testou com 10 testes muito difíceis, deste ter que sair da tranqüilidade da sua casa e da sua família para ir a uma terra estranha, até ser comandado a sacrificar o seu filho Itzchak. Avraham venceu todos os testes por causa de sua Emuná (fé) inabalável no Criador do universo. Mas será que Avraham sempre teve esse nível tão elevado de Emuná e conexão com D'us?
Ensina-nos o Rambam (Maimônides) que Avraham nasceu numa época em que todos faziam idolatria, e o seu pai, Terach, tinha uma loja onde eram vendidos ídolos. Foi neste ambiente que Avraham cresceu e foi educado, e no começo da sua vida ele também chegou a fazer idolatria. Porém, desde muito jovem ele já havia começado a se questionar sobre a validade daqueles deuses de pedra e de madeira. Ele pensava, dia e noite, como poderia um mundo tão perfeito, tão complexo e ao mesmo tempo tão harmónico, funcionar sem alguém que o conduzisse. E ele persistiu nesta busca até que ele encontrou a verdade: que realmente existia um Criador, que havia criado e controlava o universo inteiro.
Mas Avraham foi o único na história do mundo que buscou a verdade, o único questionador? Certamente que não. O mundo conheceu grandes génios pensadores, que também buscaram a verdade. Então porque somente Avraham conseguiu ir até o fim, até a verdade absoluta, o que nenhum outro conseguiu? Pois em geral, quando as pessoas procuram respostas e não as encontram imediatamente, elas desistem. Avraham não encontrou respostas imediatamente. Ele passou 45 anos refletindo, pensando, trabalhando as suas idéias e resolvendo os seus conflitos internos até que conseguiu chegar no total reconhecimento do Criador. Porque ele não desistiu no meio do caminho, como todos os outros? Explicam os nossos sábios que o que lhe deu forças para continuar na busca da verdade até ao fim foi o seu coração bondoso. O que isto significa?
Imagine se uma pessoa se perdesse no deserto e ficasse dias vagueando, sem água e sem comida. Já no limite das suas forças, ela cai, desmaiada, e quando acorda vê uma mesa posta, repleta de comidas e bebidas deliciosas, que ela come de forma desesperada. Ela olha em volta, procurando o benfeitor, mas não vê ninguém. Quando chega a noite ela dorme, e quando acorda a mesma coisa se repete: todo o lixo estava limpo, e a mesa estava novamente posta, com comidas e bebidas para um rei. A mesma coisa repete-se muitas outras vezes, até que ele consegue ter forças para novamente atravessar o deserto e voltar para casa, são e salvo. Será que esta pessoa não buscaria, por todos os dias da sua vida, saber quem foi o benfeitor que havia salvo a sua vida e feito tantas bondades, para pelo menos poder agradecer-lhe?
Avraham observou o sol e percebeu quanta luz e calor chegavam no mundo, sem que o sol recebesse nenhum pagamento. Olhou para a lua e para as estrelas e observou como elas iluminavam e orientavam os viajantes nocturnos, sem receber nada em troca. E começou a perceber que todo o universo havia sido construído pelo Criador apenas para nos fazer bem, constantemente, sem receber absolutamente nada em troca. E o seu coração bondoso não o deixou desistir de buscar quem era aquele Criador que fazia tantas bondades, para poder ao menos agradecê-Lo.
Vemos actualmente que muitos da elite intelectual do mundo se recusam a acreditar que o mundo tem um Criador, apesar de tantas evidências lógicas que existem. Porquê? Pois aceitar que existe um Criador implica em reconhecer que recebemos Dele coisas boas, criando automaticamente uma dívida de gratidão, e as pessoas preferem não se sentir endividadas. A grande virtude de Avraham foi vencer o seu egoísmo, e procurar, até ao fim, Aquele Quem nos faz bondades ilimitadas 24 horas por dia. E essa é a nossa escolha: viver num mundinho egoísta e fechado, ou abrir os nossos horizontes e observar, que existe uma verdade muito maior do que a que conhecemos.
Rav. Efraim Birbojm
Pensamento da Semana
“Dê sem relembrar e receba sem se esquecer!”
Porção Semanal da Torá: Lech Lehá
Bereshit (Gênesis) 12:01 - 17:27
O Todo-Poderoso ordena Avram (depois chamado de Avraham) a sair de Harán (Aram) e ir para a Terra de Canaã (depois chamada Terra de Israel). D'us, então, transmite a Avram uma mensagem eterna para o Povo Judeu e para as nações do mundo: “Abençoarei a quem os abençoar e aqueles que o amaldiçoarem, amaldiçoarei”. Defrontando-se com um período de seca e fome, Avram viaja para o Egipto e pede a Sarai (depois chamada de Sara) que diga, caso lhe perguntem, que era a sua irmã e não a sua esposa, para que os egípcios não o matassem para se casar com ela (os egípcios eram muito rigorosos em relação à prática do adultério). O Faraó expulsa Avram do Egipto depois de não ter conseguido desposar Sarai. Avram, então, estabelecese em Hebron (também conhecida como Keriát Árba) e o seu sobrinho Lot fixa residência em Sodoma. Avram resgata Lot, que havia sido sequestrado, na batalha dos Quatro Reis contra os Cinco Reis. Participando de um pacto com o Todo-Poderoso (todos os pactos com D'us são eternos, nunca serão rescindidos ou substituídos por novos pactos), D'us revela a Avram que os seus descendentes serão escravizados por 400 anos e que a eles (via Isaac) será dada a terra que “... estende-se do rio do Egipto até o grande rio Eufrates”. Sarai, estéril e sem filhos, entrega a sua serva Hagár para Avram desposá-la, para que ele possa ter filhos. Ishmael nasce. O pacto do Brit Milá, circuncisão religiosa, é realizado (leia 17:3-8). D'us modifica os seus nomes para Avraham e Sara e avisa a ambos que Sara dará a luz a Ytschák (Isaac). Avraham circuncisa todos os homens da sua casa.
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “E D’us disse a Avram: ‘Sai da tua terra e do teu local de nascimento e da casa do teu pai para a terra que Eu irei te mostrar (Bereshit 12:1)”. O Rabino Nahum de Chernobyl (Ucrânia) dedicou muito do seu tempo e esforços para salvar Judeus que estavam aprisionados nas cadeias de regimes anti-semitas. Viajava de lugar em lugar, recolhendo fundos para fazer os pagamentos necessários para libertar aqueles prisioneiros. Certa vez, quando passava pelo vilarejo ucraniano de Zhitomer, algumas pessoas inventaram algumas calúnias sobre ele e o rabino foi mandado para a prisão. Um homem bom e correcto foi visitá-lo na cadeia e disse: “O nosso antepassado Avraham destacou-se pela sua bondade para com os viajantes. Convidava e abrigava pessoas que estavam em viagem e fazia grandes esforços para que ficassem confortáveis. Sempre procurava uma maneira de como ajudar os seus convidados. Certo dia D’us falou-lhe para deixar a casa do seu pai, seu local de nascimento e a sua terra. Somente quando viveu pessoalmente como um estranho num local diferente, ele entendeu realmente o que isto significava. E isso o fez entender melhor o que poderia fazer para ajudar os seus convidados”. “ ‘Da mesma forma com o Senhor’, o visitante continuou. ‘Hashem dedica-se completamente a libertar prisioneiros. Dos Céus dão-lhe uma oportunidade de viver o que é ser prisioneiro dos inimigos do seu povo. Isto lhe dará um profundo reconhecimento da importância de fazer o máximo possível, no futuro, para libertar outras pessoas com a maior rapidez possível”.
A nossa lição: Sempre que sofrermos algum tipo de dor ou aborrecimento, lembremo-nos de cada aspecto vivido. Assim poderemos entender outros que estejam em dificuldades e estaremos aptos a ajudá-los com a maior rapidez, bondade e sensibilidade. Isto fará, também, que seja mais fácil enfrentarmos o nosso sofrimento, se o encararmos como uma experiência significativa de aprendizagem, que nos tornará mais eficientes e úteis para ajudarmos os demais.
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A Parashá Lech Lechá inicia-se com o chamado de D'us a Avraham, para que deixasse a sua terra de origem e a casa do seu pai, a sua posição de status e prosperidade, e viajasse à terra que Ele lhe mostraria.
Na chegada, com a sua esposa Sara e o sobrinho Lot, na terra de Israel, eles descobrem que a terra foi assolada por uma terrível escassez e por esta razão vão ao Egipto para uma breve estadia. Os egípcios imediatamente capturam Sara, a quem Avraham havia identificado como sua irmã, e a levam ao Rei Egípcio.
D'us reage afligindo o rei e a sua família com uma peste debilitante até que a liberte, quando então eles retornam à terra de Israel. Os pastores de Avraham e Lot começaram a brigar e os dois decidem-se separar, com Lot escolhendo as férteis planícies de Sodoma como a sua porção.
A Torá então descreve a guerra infame entre os quatro reis e os cinco reis, durante a qual Lot é feito prisioneiro. A reação de Avraham o faz derrotar miraculosamente os quatro reis previamente vitoriosos e salvar o seu sobrinho e recusa-se a ficar com as honrarias ou os despojos de guerra para si.
D'us reafirma a Avraham, que Ele está a seu lado, e promete que os seus descendentes serão tantos que serão incontáveis como as estrelas no céu. O Criador então entra na simbólica Aliança Entre as Partes, com Avraham, prometendo que os seus filhos herdarão a terra de Israel, mas não antes de serem exilados numa longa servidão.
Como não tem filhos, Sara dá a sua serva Hagar a Avraham como esposa, e nasce o seu filho Ishmael. Anos depois, D'us muda o nome de Avram (Abrão) para Avraham (Abraão), e o de Sarai para Sara, e o instruiu na mitsvá, preceito, de brit milá, circuncisão.
A porção conclui quando Avraham na idade de 99, circuncida-se a si mesmo e a seu filho Ishmael, juntamente com os outros homens da família.
Mensagem da Parashá
Enquanto Nôach é caracterizado como já sendo perfeito quando o encontramos pela primeira vez, a Torá insinua que Avraham ainda não atingira este nível de perfeição quando D'us lhe ordena: "Caminhe adiante de Mim e seja perfeito".
Embora a Torá qualifique o cumprimento a Nôach, limitando a sua perfeição dentro da sua geração, Avraham, como um indivíduo, aparentemente carece de algumas características, por meio das quais D'us não poderia descrevê-lo como perfeito e por isso deve dirigi-lo por um determinado caminho. Por que o Criador está a aconselhar Avraham a ser perfeito e de que maneira Avraham é deficiente?
Avraham teve uma traiçoeira e complicada missão na vida. A sua revelação independente da verdade do monoteísmo colocou-o em território inexplorado, onde precisaria investigar caminhos nunca antes percorridos. E assim como um desbravador num lugar inóspito, Avraham deveria buscar rumos que poderiam torná-lo desesperadamente perdido, ou mesmo levá-lo a destinos que ameaçassem a sua vida ou a missões desalentadoras.
Sendo um inovador, Avraham deve arriscar-se a fim de desenvolver, esclarecer e entender este revolucionário conceito de monoteísmo. Assim fazendo, emerge uma possibilidade real de que ele tomasse o caminho errado. Este facto não insinua a fraqueza da fé de Avraham, ao contrário, revela uma missão realmente complicada e com muitos factores contribuindo para a conclusão. Embora hoje entendamos o conceito de um D'us único quase de forma intuitiva, Avraham descobriu e formulou a noção de monoteísmo partindo do zero.
D'us, entendendo todas as ciladas e desvios em potencial que Avraham certamente enfrentaria, aconselha-o a "andar adiante d'Ele". Entretanto, ao caminhar à Sua frente, Avraham deve ser perfeito na busca do seu objectivo, a fim de assegurar o resultado correcto.
Cada um tem missões na vida - pessoal, familiar e comunitária. Em todas elas existem muitas ameaças, e corremos o risco de nos desviar do rumo do nosso destino desejado. Mesmo quando estamos mapeando os nossos próprios caminhos, desvios podem-nos fazer perder o rumo. Enquanto nos esforçarmos para atingir a perfeição, podemos continuar a perseguir a nossa missão com certo grau de segurança. É claro que a ameaça continua a existir, porém em menor grau.
Avraham pode e deve atravessar território desconhecido para completar a obra da sua vida, mas com uma orientação e mentalidade de sinceridade e perfeição.
Também nós devemos lutar pela perfeição, atingindo o mais elevado, com sinceras intenções.
O vício da inveja
Por Rabi Benjamin Blech
A nossa obsessão por adquirir coisas tem muito pouco de desejos pessoais, mas muito com a nossa recusa em ter menos que os outros.
Após aposentar-se aos sessenta e poucos anos, Rabi Benjamin Blech, rabino e professor na Yeshive University, subiu a montanha russa da fortuna até o topo, e então, assustadoramente, desceu até ao fundo. Eram os anos do desenvolvimento rápido do último século, e tudo dava certo. Acções custando centavos subiam de repente para centenas de dólares. Os investimentos de capital fizeram dele um multimilionário. A Internet e as acções ponto.com trouxeram-lhe uma fortuna que superou as suas melhores expectativas. Não foi difícil para ele planear o que faria com esta bênção inesperada. Faria vultosas doações para caridade, viagens fabulosas, ajudaria os seus filhos e netos, e asseguraria o futuro de toda a família.
Porém o dinheiro, com a mesma rapidez que veio, desapareceu.
Segue-se um trecho exclusivo do novo livro de Rabi Blech, “Taking Stock”, que é o resultado de sua odisséia pessoal. É um livro de orientação para aqueles que sofreram uma perda financeira e estão em busca de uma maneira de voltar a ter paz de espírito e bem-estar pessoal.
Os Dez Mandamentos resumem os ensinamentos mais importantes de toda a Torá. A Torá diz-nos, que estes mandamentos foram entregues em duas tábuas, cinco leis em uma e cinco na outra. O motivo? Eles tratam de duas categorias diferentes de preocupação religiosa. Os primeiros cinco ensinam-nos as nossas responsabilidades para com D'us. Os últimos cinco resumem as nossas obrigações com respeito ao próximo. Começam com três advertências que englobam transgressões muito sérias: “Não matarás”, “não cometerás adultério”, “não roubarás”. A seguir, expressando um nível de responsabilidade moral ainda mais elevado, vem o próximo mandamento: "Não darás falso testemunho contra o teu vizinho", ensinando-nos que podemos ser considerados culpados até mesmo por falar o mal.
É o último mandamento, porém, que os comentaristas explicam ter a finalidade de nos levar ao mais alto grau de santidade. Exige não apenas que controlemos as nossas acções e a nossa fala, como também os nossos pensamentos. Está dirigido a uma falta universal, e obviamente crê que podemos vencê-la: "Não cobiçarás a casa do teu vizinho; não cobiçarás a mulher do teu vizinho, nem o seu servo, ou a sua serva, nem o seu boi ou o seu burro, nem coisa alguma que pertença ao teu vizinho."
Estas cinco importantes leis sobre relacionamentos interpessoais seguem uma seqüência lógica e óbvia. Estão claramente relacionadas por ordem de dificuldade. Não matar? Muito fácil. Adultério? Bem, um pouquinho mais difícil. Não roubar coisa alguma, nem mesmo alguns clips no escritório? Muito difícil. Nem sequer posso partilhar alguma fofoca interessante só porque talvez não seja totalmente verdadeira? Você deve estar a brincar. E quer que eu não cobice a casa ou o carro de meu vizinho? Bem, isso é ir longe demais, não acha?
Estas leis, assim como os exercícios físicos, mudam para níveis cada vez mais complicados. Há um bom motivo para um seguir depois do outro.
Porém os eruditos sugerem outra maneira de contemplar a seqüência destes mandamentos. Aparecendo na segunda tábua, as leis de seis a dez podem ser entendidas como ensinando uma idéia profunda se as estudarmos na ordem inversa, de baixo para cima. Para tornar isso mais claro, listaremos os mandamentos de seis a dez:
6. Não matarás
7. Não cometerás adultério
8. Não roubarás
9. Não levantarás falso testemunho contra teu vizinho
10. Não cobiçarás…
Examinando-os de baixo para cima, o que a Torá nos ensina de maneira muito perceptiva é como entender a causa do mal. Como é possível para alguém matar um outro ser humano? Como é possível justificar a infidelidade para si mesmo e dormir com outro parceiro?
A seqüência dos mandamentos diz-nos como chegar ao fundo destas acções aparentemente incompreensíveis. Assim como o alicerce de uma casa está por baixo, assim também está a causa dos crimes contra o próximo na lista dos Dez Mandamentos. A raiz de uma árvore é responsável por tudo que ocorre acima dela. Portanto, também a "raiz" de todos os pecados mais graves é a cobiça.
Você diz a si mesmo que merece aquele objecto mais que o seu vizinho. A inveja o motiva a tentar conseguir o que deseja dando falso testemunho no tribunal. Se isso não funcionar, então, roubo. Se o objecto do seu desejo é a mulher do seu próximo, a sua cobiça leva ao adultério. E se nenhum desses se provar possível, então a única solução para o seu desejo insaciável é matar.
É por isso que a cobiça conclui o Decálogo. É tanto o fim como o começo. É o mandamento mais exigente, e conclui a lista de todos os outros porque é a chave para a sua violação, o "alicerce" do motivo que pode até mesmo levar ao assassinato.
Acompanhar o padrão de vida dos vizinhos
Para entender porque a Bolsa de Valores é tão importante para nós, temos de perceber o seu relacionamento com o ideal americano de "ter o mesmo padrão de vida dos vizinhos". A nossa obsessão para adquirir fortuna tem muito menos a ver com os nossos desejos pessoais do que com a nossa recusa em possuir menos que os outros. É por isso que existe hoje no mundo uma indústria multi-bilionária cujo propósito é a propagação sistemática da inveja, a aceitação do novo décimo mandamento, que proclama: "Tu cobiçarás." O nome da indústria é Propaganda. O seu objectivo, como admite francamente B. Earl Puckett, Presidente da Allied Stores Corporation, é este: "O nosso trabalho é tornar homens e mulheres infelizes com aquilo que têm."
"Eu tenho de ter aquilo, senão morro"
Criam-se as novas modas quase todos os meses. Aquilo que num mês é "in", no mês seguinte está "out". Numa semana você é um pária se não estiver a usar uma determinada marca de ténis. Na semana seguinte, já está ultrapassado se não tiver mudado para outra marca. Porque você deve ter constantemente alguma outra coisa? Porque as grandes empresas precisam de consumidores. Portanto, os consumidores têm de ser ensinados sobre aquilo que precisam de ter, em vez de terem aquilo que realmente precisam.
Não é segredo qual o sentimento que os grandes publicitários mais desejam despertar. Gucci foi suficientemente corajoso para admiti-lo, quando deu a um novo perfume que estava tentando popularizar o nome de "Inveja". Notável, não é, que aquilo identificado pela Torá como a causa básica do sofrimento humano – o pecado da inveja – tenha se tornado o próprio sentimento que a Era da Propaganda deseja que adotemos mais fortemente.
Quantas vezes por dia ouvimos dizer que não devemos ser felizes com aquilo que possuímos porque outros têm mais? Thomas Clapp Patton, no seu livro A Política da Inveja, nós dá o assombroso número de anúncios comerciais a que os americanos estão expostos todos os dias: cerca de 3.000. Setenta a noventa por cento do que se vê nos jornais das grandes cidades são anúncios, não notícias. A mensagem subliminar é sempre a mesma: Precise ou não, é importante ter aquilo que os outros têm.
Este é o verdadeiro significado da expressão que se ouve com freqüência dos fanáticos por compras: "Se eu não comprar aquilo, eu morro." Como pode a palavra "morrer" ser aplicada à falta de um objecto material? Somente porque alguma outra pessoa pode comprá-lo e eu não, isso me torna um "nada". E ser "nada" vale tanto quanto estar morto.
Quanto é Suficiente?
Se o desejo de possuir algo está baseado na necessidade, então a realização traz o contentamento. Se, no entanto, o objectivo é deixar de lado a necessidade e cobiçar as aquisições de outros, então estamos fadados ao desapontamento e a uma insatisfação ainda maior. Sempre existe alguém que tem um pouquinho mais – pelo menos o suficiente para provocar em nós inveja suficiente para nos impedir de ficarmos contentes com aquilo que é nosso.
O New York Times publicou uma entrevista com um homem chamado Nelson Petz. Investindo em companhias com problemas nos anos de 1980, ele apareceu na lista dos executivos mais ricos da Forbes por quase uma década. O valor das suas posses está agora estimado em 890 milhões de dólares. Porém, veja o que ele disse na entrevista: "Estou ultrapassado pelos padrões actuais. Olho para estes jovens com três ou quatro bilhões, e penso: ‘O que eu fiz de errado?’"
Não importa que Nelson Petz jamais conseguirá gastar todo o dinheiro que tem. Existem pessoas à frente dele na corrida pela fortuna, portanto, a inveja o torna um fracassado aos seus próprios olhos.
O Vício da Inveja
Se precisa de uma prova mais contundente da inveja controlando irracionalmente as pessoas, considere os incontáveis casos de pessoas viciadas em Canais de Compras ou "Compre pela Internet". Eles admitem francamente que não conseguem controlar-se e compram coisas que não precisam e não têm dinheiro para pagar. São pessoas que não têm mais espaço em casa para guardar tudo que compram. Nem sequer têm tempo para abrir as caixas ou desembrulhá-las. Precisam de alugar locais para armazenar as suas compras. Apesar disso, continuam comprando e comprando. Na mente desses indivíduos, há uma definição equivocada do seu valor pessoal. É como se o subconsciente lhes estivesse dizendo: "Não importa o preço. Quero que outras pessoas saibam que sou tão bom quanto elas."
"Os Viciados na Inveja" dão um jeito de passar a sua doença adiante para a próxima geração. No Wall Street Journal, uma enorme manchete apregoa a notícia de uma "Empresa Italiana Cria Um Visual Sob-Medida para Pais Indulgentes". O anúncio prossegue dizendo que uma firma chamada Pinco vende uma linha de roupas infantis que está se espalhando como fogo nos Estados Unidos. Vestidos para meninas de seis anos custando 600 dólares e bolsas combinando, ao preço de 200 dólares, mal permanecem por um dia nas montras. Pinco deixa claro qual é o seu público alvo: "Para mães que consideram os seus filhos um acessório da moda". Não, elas não são crianças com as suas próprias identidades. São reflexos do nosso status, do nosso valor, e do quanto podemos gastar para sermos iguais às pessoas cujas vidas cobiçamos.
O Professor Pobre
Ele é um amigo muito querido. Para proteger a sua privacidade, darei a ele o nome de Harry. Como professor universitário que recentemente recebeu a seu diploma, tem um salário razoável, tem artigos publicados em diversos jornais de prestígio, e a sua vida é intelectualmente estimulante e recompensadora. É feliz no casamento: tem três filhos maravilhosos e uma casa de classe média muito apropriada.
Faz vinte anos que se formou na High School, e foi convidado para uma reunião da classe. Ele decide ir, para descobrir o que aconteceu aos seus antigos colegas de classe. Ao encontrar os velhos amigos, percebe que não é o mais bem-sucedido da classe. Alguns têm mais dinheiro que ele, embora Harry saiba que foi melhor aluno do que eles. Outros têm mulheres que parecem mais sofisticadas e mais bonitas que a sua. Quando falam sobre os filhos, alguns são pais de jovens com maiores realizações que os seus. Quando vão embora, Harry vê que muitos deles têm carros melhores e mais caros.
Ele volta para casa naquela noite ruminando dentro de si uma espécie de desconforto que não consegue explicar. Estava tão feliz com a sua vida quando saiu de casa para ir à reunião. Agora está roído pela inveja. Está insatisfeito com o seu trabalho, a sua casa, a sua mulher, a sua vida. E na verdade, o que mudou? Nem um aspecto sequer da sua realidade! Porém ele não está mais contente, porque violou o Décimo Mandamento. A cobiça é uma doença da alma que traz consigo as conseqüências automáticas de sofrimento, amargura e frustração.
O que realmente o aborrece mais?
Digamos que você perdeu bastante dinheiro. Perdeu o seu emprego. A sua reforma teve foi reduzida a metade. Você está na verdade a lamentar por aquilo que não possui mais, ou por aquilo que outras pessoas ainda têm? É porque não tem o suficiente para a sua necessidade ou para a sua ganância? Se não houvesse alguém a quem se comparar, você ainda se sentiria tão deprimido? Quanto do que sente é o resultado do seu declínio financeiro, e quanto se deve à inveja incontrolável de outras pessoas que escaparam aos efeitos da queda no mercado de acções?
Algumas pessoas não ficam felizes, diz um famoso provérbio yidish, a menos que outros sofram grandes infortúnios. Seja honesto consigo mesmo sobre o que está realmente a incomodar-lhe. Se o seu problema principal é a inveja, aceite o conselho de Claudiano, o poeta latino do quarto século: "Aquele que cobiça é sempre pobre."
Biografia do Autor
Rabi Benjamin Blech é autor de sete livros aclamados, incluindo Entendendo o Judaísmo: Os Fundamentos da Acção e da Crença. É Professor da Talmud da Yeshive University e Rabino Emérito de Young Israel Oceanside, onde serviu por 37 anos, e do qual se aposentou para dedicar-se a escrever e dar conferências em todo o mundo.
O problema é a falta de educação
O Sr. Guinzberg (nome fictício) chegou no Beit Din (Tribunal Rabínico) decidido a pedir o divórcio da sua esposa. Depois de 15 anos casado, ele não aguentava mais viver ao lado da sua esposa. Ela estava sempre mal-humorada e reclamava de tudo o que ele fazia. O rabino chefe do Beit Din perguntou o nome dele e o nome da esposa, parou alguns instantes para pensar, como se estivesse fazendo algum cálculo, e falou:
- Sr. Guinzberg, eu entendo que o Sr. queira se divorciar, e é um direito seu. Porém, vendo o seu nome e o nome da sua esposa, percebi que a Guemátria (soma do valor numérico de cada letra) do nome dela é incompatível com a Guemátria do seu nome, e segundo a Kabalá esta pode ser a fonte dos seus problemas de Shalom Bait (Paz familiar). Eu tenho uma sugestão para si: mudaremos o nome da sua esposa, e tentaremos por mais um mês manter o casamento. Se mesmo assim não funcionar, então pode voltar e faremos imediatamente o divórcio. O Sr. Guinzberg aceitou, e o rabino propôs que a esposa dele, que se chamava Lea, passasse a ser chamada de Chana Lea. Segundo o rabino, acrescentar mais um nome resolveria o problema da Guemátria. - Porém – continuou o rabino – como vocês estão casados há 15 anos, será difícil mudar o hábito de chamá-la apenas de Lea. Por isso, vou dar-te uma sugestão. Todos os dias de manhã, no momento em que acordares, deves olhar para a tua esposa, dar um sorriso e dizer "Bom dia, Chana Lea". Todos os dias antes de dormir, olhas para a tua esposa, dás um sorriso e dizes "Boa noite, Chana Lea". E todas as vezes que a tua esposa fizer algo por ti, como servir o almoço, arrumar a casa ou passar a tua roupa, deves olhar para ela e dizer "Obrigado, Chana Lea". Assim em poucos dias te terás acostumado ao novo nome. Uma semana depois, o Sr. Guinzberg voltou ao Beit Din à procura do rabino chefe. Ele contou, com um grande sorriso nos olhos:
- Realmente esta história de Guemátria dos nomes funciona! A minha vida mudou, a minha esposa sorri para mim, parou de reclamar e estamos a entendermo-nos muito bem. Isto é um milagre!
O rabino, quando conta a história aos seus alunos, explica que o problema nunca foi a Guemátria dos nomes. O problema foi a falta de Derech Eretz (bons modos). (HISTÓRIA REAL)
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Nesta semana lemos, na Parashá Noach, sobre o dilúvio que quase apagou do mapa toda a humanidade. A geração havia se corrompido, e actos como roubo, assassinato e imoralidade sexual eram vistos com naturalidade. Somente Noach e a sua família foram salvos do dilúvio, e tiveram o mérito de recomeçar a humanidade. Apesar de ser possível construir a arca em pouco tempo, Noach passou 120 anos construindo-a, no topo de uma montanha, para que servisse como um sinal, para que as pessoas soubessem do dilúvio e se arrependessem dos seus maus actos, anulando o mau decreto. E mesmo quando o dilúvio começou, não começou com uma chuva forte, e sim com uma pequena chuva, para ainda dar tempo a outras pessoas de despertarem e se arrependerem. Mas ninguém mais se arrependeu e mereceu ser salvo. A lição a tirar é de que, quando uma pessoa não quer ver a verdade, nenhum sinal é suficiente para abrir os seus olhos, como diz o ditado "o pior cego é aquele que não quer ver". Se D'us decidiu recriar a humanidade a partir de Noach, é porque viu nele boas características, que seriam importantes para serem transmitidas aos seus futuros descendentes. A primeira grande característica de Noach é que, apesar de viver numa geração completamente pervertida, apesar de todas as influências e pressões sociais, ele conseguiu se manter íntegro e recto. É muito difícil não receber más influências, e não são raros casos de jovens que, ao andar com más companhias, se desviam e começam a usar drogas e a fazer actos de vandalismo e crueldade para serem aceites no grupo. Noach teve estrutura e força espiritual para suportar as pressões sociais, e mesmo sendo visto pelos outros como um "perdedor", manteve-se firme nas suas convicções de ser uma pessoa correcta. Porém, há uma outra boa característica de Noach que nos chama a atenção. Desde o dia que Noach entrou na arca, ele não teve um segundo de sossego. Durante os 12 meses em que ele ficou dentro da arca, o seu trabalho para alimentar os animais e manter a limpeza era incessante, e não houve uma única noite em que Noach e a sua família conseguiram deitar e dormir um sono tranquilo. Após 12 meses na arca, quando finalmente as águas baixaram, o que era esperado de Noach é que ele saísse a correr da arca, libertando-se de todo aquele trabalho pesado. Mas Noach não correu, Noach nem saiu da arca até que D'us lhe dissesse que saísse. Porquê? Pois ele tinha uma grande característica chamada "Derech Eretz" (bons modos). Como ele somente havia entrado na arca com a ordem de D'us, ele entendeu, racionalmente, que somente poderia sair também com a permissão de D'us, e por isso ele aguardou pacientemente. Derech Eretz é a capacidade de se comportar como um "Mench", uma pessoa digna, em todos os actos. Desde o bom dia para o porteiro ou o faxineiro, até o reconhecimento e o agradecimento pelas coisas boas que recebemos das pessoas mais próximas, que muitas vezes nos esquecemos com o passar do tempo, como acontece nos casamentos. Um animal faz o que seu instinto manda, e o que diferencia o ser humano de um animal, o que o faz ser um "Mench", é a possibilidade do auto-controle, do trabalho das características internas. Não gritar com as pessoas, não se ser glutão nas festas, respeitar e dar valor aos outros. São infinitas possibilidades que temos no nosso quotidiano de aperfeiçoar os nossos bons modos. O nosso comportamento externo é um reflexo do nosso interior, e portanto, as pessoas que não se comportam com Derech Eretz demonstram que precisam ainda de trabalhar as suas características interiores. Também podemos aprender Derech Eretz observando o comportamento de D'us com todas as Suas criaturas. Quando D'us criou o mundo, está escrito "Façamos o homem", no plural. Porquê? Pois ele se aconselhou com os anjos antes de criar o ser humano. Mesmo sendo perfeito, mesmo sabendo tudo, Ele quis ensinar-nos Derech Eretz, dando consideração aos anjos, que já haviam sido criados. E quando D'us pedia algo a Avraham ou a Moshé, Ele dizia "Por favor". Mesmo sendo o Criador Supremo do mundo, mesmo sendo Aquele cuja vontade sempre é cumprida, Ele pedia "por favor". Muitos confundem os bons modos do Derech Eretz com "etiqueta social". Porém, há uma grande diferença, pois que importa se a pessoa sabe com qual garfo vai comer se ela não sabe como falar de forma agradável com as outras pessoas? Para que é importante saber como se estende o guardanapo no colo ou como se limpa a boca com "classe" se a pessoa não dá o mínimo valor para os outros? Também é Derech Eretz comer de forma adequada, mas não podemos esquecer que quem dita as regras é o Criador do mundo, e Ele espera de nós muito mais do que apenas não apoiar os cotovelos na mesa.
Rav. Efraim Birbojm
Imite o comportamento Divivo
Shavua Tov! Nesta porção semanal, Noah (Noé) plantou uma videira pouco depois de sair da sua Arca. Logo que a planta produziu as suas uvas, ele preparou vinho e começou a beber, até ficar bêbado. O Midrásh conta-nos, que quando uma pessoa bebe um copo de vinho, ela se torna dócil e tranquila como um carneirinho. Depois de dois copos, torna-se como um leão, prepotente e orgulhosa de todas as coisas que acredita poder executar. Depois de três copos, ela dança como um macaco. Depois de quatro copos, rola na lama como um porco. Conta-se a história de um homem que bebia até chegar à total embriaguez e depois dormia nas calçadas. As crianças o insultavam e atiravam objectos. O seu filho, um proeminente membro da comunidade, estava muito triste e envergonhado com as bebedeiras do pai e procurava uma maneira de mantê-lo em casa. Certo dia ele viu outro bêbado caído na sarjeta e um monte de crianças rindo-se dele.
Rapidamente correu até casa para trazer o pai, para que testemunhasse os malefícios da bebida. O pai, ao ver o homem deitado e sendo zombado pelas crianças, foi até ao bêbado, abaixou-se e conversou com ele. No caminho de volta para casa, o filho perguntou-lhe: “O que o senhor disse para o homem?” O pai respondeu: “Eu não disse nada. Apenas perguntei onde ele havia conseguido um whisky tão bom”. O vício do alcoolismo – como qualquer outro vício – é difícil de ser superado. Os Alcoólatras Anónimos nos EUA têm um plano de Doze Passos, que é a base para a recuperação de qualquer vício. Todos pensamos que temos controle sobre as nossas vidas e assim sendo, é quase impossível quebrar vícios ou mudar o nosso carácter. A essência dos Alcoólatras Anónimos e grupos similares é fazer com que a pessoa perceba que não tem controle verdadeiro sobre a sua vida e que precisa de ajuda de uma Força Maior.
Os Doze Passos dos Alcoólatras Anónimos (nos EUA):
1) Admitimos que somos impotentes em relação ao álcool e que as nossas vidas se tornaram incontroláveis.
2) Chegamos à crença que existe uma Força Maior que pode restaurar a nossa sanidade.
3) Tomamos a decisão de modificar o caminho das nossas vidas e a nossa vontade, submetendo-nos ao cuidado de D’us, como O entendemos.
4) Fazer, sem medo, uma pesquisa e um inventário moral de nós mesmos.
5) Admitimos a D’us, a nós mesmos e a outros seres humanos a natureza exacta dos nossos erros.
6) Estamos inteiramente prontos para que D’us remova todos estes nossos defeitos de carácter.
7) Humildemente pedimos a D’us para remover as nossas deficiências.
8) Fizemos uma lista de todas as pessoas que prejudicamos, e desejamos indemnizar a todos.
9) Faremos indemnizações e reparações directas sempre que possível, excepto quando isso possa prejudicar a elas ou a outras pessoas.
10) Continuaremos a fazer um balanço pessoal e, sempre que estivermos errados, prontamente o admitiremos.
11) Procuraremos através da prece e da meditação melhorar o nosso contato consciente com D’us, da forma que O entendemos, orando pelo reconhecimento da Sua vontade por nós e pelo poder de conseguir isto.
12) Tendo conseguido um despertar espiritual como resultado destes passos, tentaremos passar esta mensagem a outros alcoólatras e a praticar estes princípios em todas as nossas atividades.
O Rabino Doutor Abraham J. Twersky, fundador e diretor médico do Gateway Rehabilitation Center, um famoso e bem sucedido programa para a recuperação de dependentes químicos nos EUA, contou a história de um homem que se recusou a trabalhar como conselheiro de um alcoólatra ateu em recuperação, a menos que este concordasse em rezar todos os dias. O alcoólatra professou a sua descrença em D’us, mas concordou com aquilo que achou uma ‘exigência ridícula’. Depois de algum tempo, falou o alcoólatra em recuperação: “Eu ainda não acredito em D’us, mas agora percebo que eu não sou Ele!”
Uma pessoa e D’us já são uma maioria. Tragamos os nossos problemas ao Todo-Poderoso e peçamos ajuda. Teremos assim uma chance maior de êxito. Ele não é conhecido como ‘Todo-Poderoso’ por nada. Ele possui o poder de ajudar e, quando pedimos o Seu auxílio, isto já nos torna merecedores de receber uma ‘ajudazinha’ dele. O nosso objectivo na vida é aperfeiçoarmo-nos e imitar o comportamento Divino – e isto só é possível se reconhecermos a Sua existência e o Seu poder.
Pensamento da Semana
“É mais fácil prevenir os maus hábitos, do que consertá-los!”
Porção Semanal da Torá: Noah
Bereshit (Gênesis) 06:09 - 11:32
A história de um homem correcto e justo numa geração perversa. O Todo-Poderoso ordena Noah (Noé) a construir uma arca sobre uma montanha, longe do mar. Ele demorou 120 anos para construi-la. As pessoas zombavam de Noah, perguntando: “Por que estás a construir um barco em cima da montanha?” Noah explicava que haveria um dilúvio se as pessoas não corrigissem o seu comportamento. Vemos aqui a paciência do Todo- Poderoso ao aguardar que as pessoas rectificassem os seus actos e seguissem no bom caminho, e também a Sua genialidade ao despertar a curiosidade das pessoas para que fizessem a tal pergunta na esperança que ouvissem a resposta e começassem a agir.
Aquela geração não fez Teshuvá, arrependendo-se dos seus maus caminhos, e D'us trouxe um Dilúvio que durou 40 dias. A água cobriu o planeta por 150 dias. O Todo-Poderoso criou o arco-íris, sinal do pacto que nunca mais destruiria toda a vida na Terra através da água. Por isso, ao vermos um arco-íris, é um presságio para fazermos Teshuvá -- reconhecer os erros que vamos cometendo na vida, arrependermo-nos, corrigi-los e pedir desculpas a qualquer um que tenhamos prejudicado e também a D'us.
Essa Porção Semanal conclui com a história da Torre de Babel e a genealogia de Shem (filho de Noah) até Abrão.
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
Em relação à Torre de Babel, a Torá declara: “E eles disseram: ‘Vamos construir uma cidade e uma torre que chegue até aos céus e façamos um nome para nós, a fim de que não nos dispersemos pela face da terra’ (Bereshit 11:4)”. O Midrásh Pirkei D’Rabi Eliezer (uma colectânea de explicações sobre a Torá), no capítulo 24, conta que quando as pessoas da geração da Torre de Babel estavam a meio da construção, o seguinte facto ocorreu: Se um ser humano caía da torre e morria, eles ignoravam o facto e continuavam a trabalhar. Entretanto, se um tijolo caía e quebrava, eles se sentavam e choravam.
Este Midrásh traz uma penetrante lição em quão fácil é nos desviarmos das nossas metas principais. Eles desejavam construir uma torre para o beneficio da humanidade. Entretanto, após algum tempo, o projecto em si tornou-se a meta e as vidas das pessoas foram consideradas sem importância.
De forma similar, uma pessoa pode trabalhar em benefício de alguma causa importante e ficar tão envolvida com os detalhes burocráticos deste trabalho, que acaba sendo rude com as pessoas, Ao fazermos coisas em benefício público, lembremo-nos das nossas metas. Não permitamos que a nossa devoção à causa seja uma desculpa para tratar insensivelmente os demais. Mantenhamo-nos sempre alertas para sermos sensíveis às necessidades de todas as pessoas!