Pensamento da Semana
“ Se quer fazer os outros felizes, seja bondoso. Se quer ser feliz, seja generoso! "
“ Se quer fazer os outros felizes, seja bondoso. Se quer ser feliz, seja generoso! "
Inicia-se com Moshê a reunir toda a nação de Israel para transmitir-lhes tudo aquilo que D'us lhe ordenara sobre a construção e a montagem do Mishcan nas três porções prévias da Torá. Entretanto, Moshê primeiro os adverte novamente sobre a mitsvá fundamental de guardar o Shabat, lembrando-os que embora a construção do Mishcan seja de importância transcendental, não tem precedência sobre a observância semanal do Shabat. Apenas um dia antes, em Yom Kipur, Moshê desceu do Monte Sinai com o segundo conjunto de Tábuas nas mãos, informando ao povo que eles tinham sido perdoados por D'us do horrível pecado de adorar o bezerro de ouro. Em resposta ao chamado de Moshê, os Filhos de Israel vieram com contribuições generosas para a construção do Mishcan, produzindo uma abundância de suprimentos. Os artesãos são escolhidos e inicia-se a construção, e a Torá descreve em detalhes a fabricação de cada aspecto do Mishcan.
Mensagem da Parashá
Começar um incêndio
por Benyamin Cohen
No início da Parashá Vayakhel, aprendemos sobre a proibição de acender o fogo e a regra geral de abster-se de trabalhar no Shabat. Muitos comentaristas detêm-se sobre esta idéia e dizem que, quando nos abstemos do trabalho, temos tanto tempo livre que não sabemos o que fazer com ele. Imagine esta cena: enquanto está relaxando com amigos no terraço do quintal, a conversa volta-se para observações sobre outras pessoas - "Você soube do que aconteceu com...?" ou então: "Fiquei sabendo que..." Quando as pessoas não têm nada melhor para fazer, é muito fácil e tentador começar uma conversa sobre o Maurício, Daniel, Raquel ou Miriam. O resultado é que os "incêndios" começam assim. E antes que o primeiro fogo seja extinto, torna-se uma incêndio que pode ficar fora de controle. A cusquice e a maledicência transformam-se numa bola de fogo que consume tudo e todos no seu caminho. O que a Torá nos sugere é que não apenas devemos abster-nos de começar um fogo real no Shabat, mas também impedir-nos de acender um fogo proveniente da boca, onde as fagulhas voarão para todos os lados. Devemos tentar conter-nos para não falar mal, e estarmos sempre conscientes para saber onde está o extintor de incêndio.! Melhor será de nunca o precisar usá-lo.
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Moshe transmite ao Povo Judeu a ordem do Todo-Poderoso para cessarem a construção do Mishcán (o Tabernáculo) no Shabat, para contribuírem com os itens necessários à construção do Mishcán e para construírem os seus componentes e os acessórios dos Cohanim. Os artesãos são escolhidos e o trabalho inicia-se. Os artesãos informam que houve muitas doações e, pela primeira e provavelmente única vez na história da coleta de dinheiro, foi dito ao Povo Judeu para pararem de trazer contribuições adicionais!
A Torá declara em relação ao recrutamento de trabalhadores para construírem o Mishcán (o Santuário portátil): “Toda a pessoa cujo coração o motivou, veio (Shemót 35:21)”. O que podemos aprender do facto de o versículo especificar que a motivação veio dos seus corações?
O Ramban (Rabino Moshe ben Nahman, Espanha, 1194-1270, conhecido como Nahmânides) explicou que aqueles trabalhadores não tinham nenhuma experiência prévia ou as habilidades necessárias para a tarefa de construção do Mishcán e não havia mestres capacitados para treiná-los.
Para aceitarem envolver-se num projecto de algo que não tinham a menor idéia de como fazê-lo, eles precisavam de algum incentivo interno proveniente dos seus próprios corações. E foi isto que aconteceu:
O Rabino Yeruham Levovitz (1847-1936), da Yeshivá de Mir, na Polônia, explicou que ao olharmos para as pessoas realmente ricas do mundo, constataremos que são pessoas de grande iniciativa. E a diferença entre os que chegaram ao topo por ter iniciativa e aqueles que ficaram para trás por comodidade ou inatividade é enorme. A Torá veio salientar-nos que aqueles que tiveram sucesso no sagrado trabalho de construir o Santuário, triunfaram devido à sua coragem de ‘sair da toca’ e se voluntariar para fazer o que fosse necessário.
Fiquemos atentos aos momentos das nossas vidas quando sentimos um forte desejo de atingir grandezas espirituais. Permitamos que estas lembranças nos motivem no futuro para ter ainda mais iniciativa em atingir verdadeiras realizações. Tenhamos coragem de aceitar fazer o que é necessário!
Junho de 2007 foi um ponto de viragem na história Palestiniana. O Hamas assumiu o controlo da Faixa de Gaza, expulsando os seus rivais da Fatah e executando aqueles que se opunham à sua liderança. O Hamas tornou clara, assim, a sua intenção de transformar a Faixa de Gaza num Estado Islamista, seguindo o modelo do Irão. Muitos Palestinianos, bem como outros Árabes, já ex
Estes grupos são controlados e financiados por Teerão, que lhes fornece armas, treino e os encoraja a lançar ataques, modelando-lhes a ideologia. Sem o apoio do Irão, não teriam tanto poder.
O Irão tem desafiado a comunidade internacional ao manter a sua actividade de enriquecimento de urânio, que lhe permite adquirir know-how e capacidade nuclear, melhorando os seus programas de mísseis balísticos e regozija-se com o facto da
Muitos países têm expressado a sua preocupação sobre a decisão do Irão continuar a sua pesquisa e desenvolvimento nuclear, assim como em relação às declarações do Presidente iraniano de segundo as quais “ Israel deverá ser apagado da face da terra”, que são deveras chocantes e inaceitáveis. Declarações como esta, reforçam a tese de que o Irão não deverá obter armas nucleares.
Embaixador do Estado de Israel em Portugal
Como a maioria das coisas, a resposta depende de a quem você pergunta.
O Midrash (Yalcut Shimoni sobre Tehilim 25) descreve uma espécie de "mesa-redonda" na qual esta pergunta é apresentada a quatro autoridades diferentes - Sabedoria, Profecia, Torá e D'us - cada um dos quais fornece uma diferente definição de pecado.
Segundo a Sabedoria, o pecado é um acto prejudicial. De acordo com a Profecia, é morte. Torá o vê como uma tolice. E D'us o vê como uma oportunidade.
A visão filosófica do pecado é que é uma má ideia, como caminhar descalço sobre a neve ou comer muitos alimentos engordurados. Se faz coisas más, as consequências serão más.
Isso quer dizer que Alguém fica sentado, tabulando os pecados e distribuindo os castigos? Bem, de certa forma, embora não seja algo tão simplista como um D'us vingativo acertando as contas com as Suas pequenas criaturas terráqueas por ousarem desafiar as Suas instruções. A gangrena num membro congelado é a punição enviada por D'us por aquela caminhada sobre a neve? Problemas no coração são a vingança de D'us por causa de uma dieta rica em colesterol? Definitivamente sim, se você aceita que tudo que acontece foi porque D'us queria que acontecesse. Mas o que realmente significa é que D'us estabeleceu certas "leis da natureza" que descrevem os padrões dos Seus actos sobre a nossa existência. Há leis físicas da natureza - aquelas que os cientistas avaliam e formulam hipóteses a respeito. Há também leis espirituais da natureza, que ditam que os actos espiritualmente benéficos produzem benefício espiritual, e acções espiritualmente prejudiciais causam dano espiritual. E como a nossa existência física deriva e espelha a nossa realidade espiritual, o comportamento moral e espiritual de uma pessoa terminará por afectar a sua vida física também.
Dessa maneira, o Rei Salomão (que é a fonte da perspectiva da "Sabedoria" no Midrash acima mencionado) declara no Livro dos Provérbios (Mishlê): "O mal persegue a iniquidade."
"Profecia" vai um passo além disso. O pecado não é apenas um acto prejudicial - é o acto prejudicial por excelência. A Profecia (que representa o apogeu do esforço do homem para comungar com D'us) define "vida" como uma conexão com D'us. O Pecado - o homem afastando-se de D'us - é uma ruptura desta conexão.
Sendo assim, o pecado é a morte.
A Torá concorda que o pecado seja um acto prejudicial. Concorda também que é uma ruptura do fluxo de vida do Criador para a criação. De facto, a Torá é a fonte tanto da perspectiva da Sabedoria como da Profecia sobre o pecado. Mas a Torá também vai além de ambos, ao reconhecer que a alma do homem, voluntária e conscientemente, jamais faria algo tão tolo.
O pecado, diz a Torá, é um acto de insensatez. A alma "perde a cabeça", e num momento de irracionalidade e confusão cognitiva faz algo contrário ao seu verdadeiro desejo. Então o pecado pode ser transcendido, quando a alma reconhece e identifica a tolice da sua transgressão, e reafirma a sua verdadeira vontade. Então o verdadeiro "eu" da alma transparece, revelando que o pecado foi de facto cometido apenas pelo "eu" mais externo e maleável da alma, ao passo que o seu "eu" interior jamais esteve envolvido.
E o que diz D'us? D'us, é claro, inventou as leis da natureza (tanto físicas como espirituais) e a Sabedoria que reconhece como elas funcionam. D'us é a fonte da vida, e é Ele quem decreta que a vida deveria fluir para a alma humana através de um canal construído (ou rompido) pelas acções do homem. E D'us nos deu a Torá e as suas fórmulas para a sanidade espiritual, auto-conhecimento e transcendência. Portanto, D'us é a fonte das primeiras três perspectivas sobre o pecado.
Mas há uma quarta perspectiva que vem unicamente de D'us: o pecado como uma oportunidade para o "retorno" (teshuvá).
Teshuvá é um processo que, na sua forma máxima, possibilita-nos não apenas transcender as nossas falhas como também redimi-las: literalmente, voltar no tempo e redefinir a natureza essencial de um acto passado, transformando-o de mau em bom.
Para conseguir isso, primeiro temos de sentir o acto de transgressão como algo negativo. Temos de agonizar com a total devastação que produziu na nossa alma. Temos de reconhecer, rejeitar e renunciar à sua insensatez. Apenas então poderemos voltar atrás e alterar aquilo que fizemos.
Então, o pecado é uma acção má e prejudicial? É a própria face da morte? É mera estupidez, para ser posta de lado por uma alma inerentemente pura e sábia? É uma oportunidade potente para a conquista e o crescimento? Na verdade, é tudo isso. Mas apenas pode ser a quarta perspectiva se for também as três primeiras.
Como podemos admitir a existência de lúcifer, uma vez que a sua energia é totalmente antagónica e contrária a de D'us e como Ele permitiria uma força oposta, provocar caos, já que D'us é harmonia, paz, sucesso, prosperidade e tudo o que há de melhor?
RESPOSTA:
D'us criou forças positivas e forças negativas, possibilitando desta forma que o ser humano possa exercer o seu livre arbítrio. Caso contrário, não faria sentido a aplicação de recompensa e castigo.
O objectivo, na verdade, é escolher o caminho positivo, e esta escolha possui muito mais valor na medida em que vencemos as nossas inclinações negativas.
Na Cabalá é explicado que estas forças negativas recebem o seu sustento de D'us pelas "costas" - como alguém que precisa dar algo ao seu inimigo.
Já viu algum atleta vencer uma prova dura e ganhar a medalha de ouro sem esforço?
Aqui é a mesma coisa!
Sem barreiras, seríamos todos iguais e de níveis idênticos, sem reconhecimento, sem medalhas, sem ideais, sem buscas e sem vitórias. Se existisse somente o bem, de que adiantaria o livre arbítrio?
D'us, por Sua vontade, criou forças positivas e também negativas no mundo, representadas pelo yetsêr tov (boa inclinação) e yetsêr hará (má inclinação) para que o homem lute contra as forças negativas e saia vitorioso através do fortalecimento da sua boa inclinação.
Para o homem escolher ele deve ter opções: D'us criou estas opções e a acção positiva do homem neste mundo atinge um valor e significado muito maior quando ele vence as tentações, maldades e forças negativas para elevar o nome de D'us a um nível muito maior.
O homem deve passar por todas as provas, lutar, refinar-se e vencer. Desta forma será merecedor do seu maior troféu: a medalha da vida.
“A alegria é o ingrediente básico para o sucesso na vida e é o meio pelo qual os pais transmitem a herança de uma vida de Torá aos seus filhos”
Rabino Avraham Yaacov Pam ZT"L (EUA, 1913-2001)
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “O Todo-Poderoso falou com Moshe dizendo: Fale ao Povo de Israel: ‘O Meu Shabat vocês devem cumprir pois é um sinal entre vocês e Eu para todas as gerações, para que saibam que Eu sou o Todo-Poderoso Que os torna sagrados’ (Shemót, 31:12-13)”.
Porque o Shabat é um sinal do relacionamento entre o Todo-Poderoso e o Povo Judeu?
O Hafets Haim, Rabino Israel Meir Kagan (Polônia, 1839-1933), um dos maiores líderes do Povo Judeu até ao seu falecimento, trouxe duas parábolas para ilustrar como o Shabat serve de sinal no relacionamento entre o Povo Judeu e D'us: “Quando duas pessoas estão noivas e a caminho de casarem, elas enviam presentes uma à outra. Mesmo que dificuldades surjam entre elas, enquanto
A segunda parábola: “Quando uma pessoa abre uma nova loja, ela coloca uma placa ou aviso do lado de fora informando a todos que tipo de negócio este estabelecimento realiza. Uma alfaiataria terá um símbolo que demonstra que ali trabalha um alfaiate; uma sapataria terá um símbolo de que ali existe um sapateiro. Mesmo que viaje por algum tempo, enquanto a placa permanecer afixada sobre a loja, todos podem esperar e supor que o dono voltará. Todavia, se o emblema é retirado da loja, sabemos que não pensa mais voltar”.
“Quando cumprimos o Shabat”, continuou o Hafets Haim, “testemunhamos que o Todo-Poderoso criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Ao cumprir o Shabat proclamamos que temos esta consciência. Alguém que falha em cumprir o Shabat remove este símbolo. Esta é a razão da importância do Shabat”.
Um escritor judeu não religioso certa vez escreveu: “Mais do que o Povo Judeu cuidou do Shabat, o Shabat cuidou do Povo Judeu”. Através das gerações e dos séculos o Shabat tem sido o ponto central da família e da comunidade. O Shabat deve estar no topo dos nossos investimentos no futuro judaico das nossas famílias!
Shemot 30:11 - 34:35
A diversa e abrangente parashat Ki Tissá começa com a ordem de D'us a Moshê para fazer um recenseamento, coletando uma contribuição igual de uma moeda de meio-shêkel de cada adulto do sexo masculino entre as idades de 20 e 60, e estes lucros irão para o Mishcan (Tabernáculo).
D'us descreve a Moshê o kiyor de cobre (lavatório e base) na qual os Cohanim santificarão as suas mãos e pés antes de servirem no Mishcan. É também discutido o azeite para unção que seria usado para santificar os vários utensílios para uso normal. A isso segue-se a receita para o ketoret, insenso aromático a ser queimado duas vezes ao dia. D'us designa Betsalel, da tribo de Yehudá, e Oholiyav, da tribo de Dan, a supervisionar a construção do Mishcan que está para ser iniciada. A mitsvá do Shabat é então repetida para advertir a nação de que mesmo a construção do Mishcan não suplanta a observância do dia semanal de descanso.
A Torá retorna à narrativa da Revelação no Monte Sinai, e descreve o terrível pecado do bezerro de ouro. D'us acede às preces de Moshê para que os filhos de Israel sejam poupados da aniquilação pela sua grave transgressão, e Moshê desce da montanha com as duas Tábuas dos Dez Mandamentos.
Ao testemunhar parte da população dançando ao redor do Bezerro de Ouro, Moshê quebra as Tábuas e queima o ídolo, iniciando o processo de arrependimento. Como resultado da queda do povo do seu patamar espiritual elevado, D'us anuncia que a Sua presença não pode residir entre eles.
Moshê é forçado a mudar temporariamente a tenda para fora do acampamento, para que D'us continue a se comunicar com ele. Moshê novamente sobe à montanha para rezar a D'us pedindo, que perdoe o povo judeu, e lhes devolva o status de povo escolhido. Moshê finalmente retorna com o segundo conjunto de tábuas e um pacto renovado com D'us; a sua face aparece resplandecente como resultado da revelação Divina.
Mensagem da Parashá
Ao examinar esta Porção da Torá, é interessante notar que a mitsvá de construir o Mishcan veio após a Revelação do Monte Sinai. O ponto focal do Mishcan era a Arca Sagrada, que continha as duas Tábuas. Não faria mais sentido primeiro preparar o local para colocar as Tábuas e então recebê-las? Porque o Mishcan não foi construído primeiro?
Desta dúvida aparentemente simples, emerge uma poderosa lição de vida. Quando vamos à loja de presentes judaicos mais próxima, frequentemente passamos muito tempo examinando o belo trabalho nos estojos das mezuzot, mas gastamos o mesmo tempo inspecionando a qualidade do rolo que vem dentro do estojo? Muitas vezes preocupamo-nos com o propósito secundário, esquecendo totalmente o objectivo principal. Gastamos tempo e dinheiro adquirindo um talit muito fino e uma bolsa de tefilin, mas não mostramos o mesmo entusiasmo pelo conteúdo que ali está.
Ao colocar a construção do Mishcan após a revelação no Monte Sinai, a Torá lembra-nos a não perder de vista este propósito. As Tábuas e os Dez Mandamentos nelas gravados são o mais importante: a Arca Sagrada que os contém é secundária. Mais tempo deveria ser gasto aprendendo e honrando a Torá que aprimorando a Arca que a contém. Será a cobertura da chalá ou a chalá o nosso maior foco de atenção, a bela sinagoga como santuário ou as preces que lá são ditas? Não devemos jamais deixar de lado a nossa prioridade de cumprir as mitsvot de D'us ao máximo das nossas capacidades.
O Texto narra que os Filhos de Israel, após terem vagado pelo deserto durante quarenta anos, chegam a Kadesh, na fronteira da Terra Prometida. Não há água por perto e o povo está sedento. Como faziam sempre que algo lhes afligia ou preocupava, lamentaram-se a Moisés: ..."Se, ao menos, tivéssemos perecido quando morreram nossos irmãos [na revolta de Korach]"... "Por que trouxeste a Congregação do Eterno a este deserto para que, aqui, nós e nossos animais, perecêssemos? E por que nos fizeste sair do Egito, para nos trazer a este lugar do mal?..." (Números, 20: 3-5).
Moisés e seu irmão Aarão rezaram a D'us para que surgisse água para o povo. O Eterno respondeu, ordenando a Moisés: …"Toma teu cajado e reúne a congregação, tu e teu irmão Aarão, e, na presença deles, dirige-te à rocha, e da rocha jorrará água". O povo judeu reuniu-se diante da pedra e Moisés clamou: "Agora, escutai, ó rebeldes! Será que tiraremos água desta rocha para saciar vossa sede?" E Moisés levantou sua mão e, com o cajado, bateu duas vezes na pedra. Dela jorra água em abundância e o povo e os animais se saciam. A seguir, D'us diz a Moisés: "Como não acreditaste em Mim, para me santificar aos olhos dos Filhos de Israel, não te caberá levá-los à Terra que Eu lhes dei".
O erro de Moshé, aos olhos dos Sábios
O que teria Moisés feito de errado nesse incidente, que ficou conhecido como as "Águas da discórdia"? Rashi, comentarista clássico da Torá, ressalta que D'us instruiu Moisés a falar à pedra - e não a golpeá-la. E explica que, tivesse ele extraído água da rocha apenas por se ter dirigido à mesma, ter-se-ia realizado um milagre de proporções muito maiores, e, este sim, haveria "santificado a Mim, vosso D'us, aos olhos dos Filhos de Israel".
O Rabi Moshé ben Maimon, Maimônides, oferece uma explicação diferente: o pecado de Moisés teria sido perder a paciência com o povo judeu, quando seus membros reclamaram acerca da falta d'água. Pessoa alguma, sobretudo um líder de sua estatura, considerado o homem mais espiritual que já existiu, deveria dar sinais de impaciência, ao falar. Segundo Maimônides, teria sido o desabafo "Escutai, o rebeldes!", bradado por Moisés, o que lhe teria custado a entrada na Terra Santa.
Rabi Moshé ben Nachman, Nachmânides, por sua vez, não aceita nenhuma das duas explicações acima. Esse místico comentarista bíblico levanta a seguinte colocação: se foi tão errado Moisés ter golpeado a rocha, para que lhe teria o Todo Poderoso ordenado levar consigo o cajado, quando da extração de água para o povo judeu? De fato, a Torá ressalta que Moisés "tomou o cajado diante do Eterno, como Este lhe ordenara" (Números, 20: 9). Ademais, em ocasião anterior, D'us instruíra Moisés a extrair água da rocha, golpeando-a (Êxodo, 17:6). Não teria sido razoável Moisés supor que D'us lhe dissesse levar consigo o cajado para servir idêntico propósito?"
Nachmânides também contesta a explicação de Maimônides, justificando que o episódio das "Águas da discórdia" não foi a primeira vez em que Moshé se mostrou enfurecido com os Filhos de Israel. Durante 40 anos o povo judeu reclamou, rebelou-se e pecou diante de seu líder. E muito embora Moshé os amasse e protegesse, incondicionalmente, sempre os repreendia - até mesmo por motivos bem menos importantes. Por que, então, seria punido dessa vez, em que lhes falou com rispidez, e não nas instâncias anteriores? Segundo Nachmânides, Moisés errou ao dizer ao povo judeu: "Extrairemos, nós, portanto, água desta rocha para saciá-los?". As palavras do profeta, explica-nos o sábio, poderia induzir-nos a acreditar que fora Moshé - e não D'us - quem realizara o milagre de tirar água de uma simples pedra. Qualquer um - especialmente um líder espiritual - que leva as glórias por um feito sobrenatural está usurpando o lugar do Criador. No instante em que um líder do povo judeu desenvolver seu próprio ego, ele terá fracassado em sua missão. Nachmânides encontra respaldo para sua explicação nas palavras de D'us a Moisés: "Por não teres acreditado em Mim"…, que seriam uma indicação de que Moisés falhara não em uma questão de atitude - tal como golpear a rocha ou se dirigir a seu povo com impaciência - mas em uma questão de fé. Mas, obviamente, também a explicação de Nachmânides é passível de ser contestada, pois, como atesta a própria Torá, homem algum jamais se aproximou do grau de humildade pessoal e de entendimento sobre o Divino alcançado por Moisés.
Outros sábios tentaram encontrar diferentes justificativas para o episódio das "Águas da discórdia". Cada um de seus comentários ensina importantes lições, pois, como está no Talmud, os ensinamentos de nossos Sábios, ainda que se contradigam, são portadores das Palavras de D'us. Mas, isto posto, não podemos deixar de nos perguntar: se Moshé cometeu tão grave pecado a ponto de lhe ser vetado o acesso à Terra de Israel, qual a razão para tanta polêmica sobre qual teria sido o seu erro? A Torá Escrita não o explicita, em passagem alguma. Quando um sábio o culpa de um determinado erro, outro prontamente o isenta. Considerando-se cada uma das explicações em separado, Moisés é culpado de vários delitos; mas, quando consideradas em conjunto, estes anulam-se mutuamente, isentando Moshé Rabenu de qualquer culpa que seja.
A versão "oficial" diz que Moisés teria desobedecido a uma ordem Divina. Tendo-lhe sido ordenado falar à rocha, ele a tinha golpeado com seu cajado. Mas a questão se complica ainda mais quando nos conta a Torá Oral que Moisés, de fato, iniciou por falar à rocha. Mas tal ação não fez jorrar a água. Por essa razão, o profeta faz o que lhe ordenara o Todo Poderoso em ocasião anterior: bate na pedra com o bastão. E é então que brota a água - contudo, em escassa quantidade. Havia que jorrar com mais intensidade e volume para poder saciar o povo judeu todo e seus animais. E é quando Moshé volta a golpear a rocha. De acordo com o Midrash, o próprio Moshé ficou perplexo com as conseqüências do incidente. Após a comunicação de que não poderia adentrar a Terra Prometida, ele teria dito ao Criador: "Trata-se de uma armadilha contra mim!". A Torá de certa forma respalda a queixa de que todo o episódio teria sido um pretexto utilizado por D'us para vetar sua entrada na Terra de Israel, pois, como veremos adiante, o Eterno "aguardou" 40 anos para "encontrar" um motivo para decretar que Moisés morreria no deserto.
O primeiro Tishá b'Av
Quarenta anos antes do incidente das "Águas da discórdia" ocorreu um evento que marcou, para sempre, a História Judaica. Doze homens - os líderes de cada uma das Tribos de Israel - são enviados em uma missão de espionagem à Terra Santa. Ao voltarem, dez dos doze "espiões", relatam ao povo judeu que a Terra, de fato, era grandiosa, mas que não teriam condições de a conquistar, já que não tinham chance alguma frente aos gigantes que a habitavam. E, muito embora D'us lhes houvesse prometido que conquistariam a Terra, ao ouvir o relato dos espiões, os judeus caem em prantos, desesperados. Essas lamentações e pranto desenfreados ocorreram na noite de Tishá b'Av - nono dia do mês de Menachem Av, no calendário hebraico.
Desapontado com a falta de fé de Seu Povo, D'us decreta que a geração que saíra do Egito, em sua totalidade - a dizer, os homens com mais de 20 anos - pereceriam no deserto. As únicas exceções seriam os dois espiões que não haviam sustentado o relato dos demais dez. E estes eram Yehoshua, filho de Nun, e Caleb, filho de Yefuneh.
Moisés e Aarão não eram culpados pelo pecado dos "espiões" ou pelo erro do povo que, ao chorar na noite de Tishá b'Av, demonstrou uma falta de fé em D'us. Eles deveriam ter sido incluídos, juntamente com Yehoshua e Caleb, entre os homens com mais de 20 anos que teriam o mérito de pisar na Terra Santa. Contudo, sabemos que isso não ocorreu - o que revela que seu destino também fora selado naquela noite de 9 de Av. Mas, como não haviam cometido pecado algum, D'us "buscara" um motivo para lhes negar aquele mérito. E este se apresentou, 40 anos mais tarde, no episódio das "Águas da discórdia". Toda a situação que o envolvera - a ordem que Moisés recebeu de levar seu bastão e de falar à rocha, não de a golpear - tudo aquilo fora concebido para o confundir e o fazer "tropeçar". "Trata-se de uma armadilha que Tu armaste contra mim", cita o Midrash como sendo as palavras que Moshé teria proferido ao Todo Poderoso.
Mas, por que razão teria D'us assim agido, especialmente em se tratando de Seu servo mais fiel? Se Moshé era inocente do pecado de sua geração, por que teria sido forçado a partilhar de sua sorte? O Midrash usa a seguinte parábola para o explicar: "Um pastor recebeu de seu rei a incumbência de cuidar e alimentar um rebanho de ovelhas, mas o pastor, descuidado, deixou-as dispersarem-se. Ao tentar entrar no palácio real, de volta, o rei não lhe permite a entrada, dizendo: 'Quando for recuperado o rebanho que lhe confiei, também você será readmitido'...".
Moisés não apenas foi o maior profeta da História da humanidade. Foi, também, modelo supremo do líder judeu, pastor fiel e zeloso, como o chama o Zohar. E um pastor fiel e zeloso é aquele que jamais deixa de lado seu rebanho, sem perder de vista nenhum de seus membros, pelos quais assume contínua e total responsabilidade. A geração que errou no episódio dos "espiões" foi aquela que Moisés, pessoalmente, conduzira para fora do Egito. Para proteger seu povo, ele tivera que enfrentar tudo e todos - o império egípcio, os inimigos do povo judeu com quem lutou no deserto e, até mesmo D'us, quando Ele ameaçou aniquilá-los. Durante sua longa jornada de 40 anos pelo deserto, Moisés lhes ensinou a Torá, cuidando de todas as suas necessidades materiais e espirituais. Ele não poderia - nem lhe teria permitido D'us - entrar na Terra de Israel, deixando-os sós, para trás. "És o líder dessa gente", lembra-lhe o Eterno; "seu destino é o teu destino".
O mesmo pode ser aplicado a muitos Sábios que seguiram os passos de Moshé Rabenu. Se alguém se perguntar por que tantos nunca pisaram na Terra de Israel, é porque eles, como Moisés, não podiam e nem desejariam deixar para trás de si o Povo Judeu. Enquanto um único judeu viver na Diáspora, sujeito aos perigos da perseguição e da assimilação, o Moshé de sua geração permanecerá "para trás", a fim de cuidar "de seu rebanho".
Explicação mística
Há outra explicação, esta mística, para o fato de Moshé não ter entrado na Terra de Israel. Tudo o que o profeta conseguiu era eterno. A Torá que nos transmitiu é eterna e jamais será abandonada pelo povo judeu. O Mishkan, Tabernáculo que ele ergueu em pleno deserto, nunca foi destruído - como o foram o Primeiro e o Segundo Templos, ambos extintos na trágica data de Tishá b'Av. A tradição ensina que o Mishkan foi misteriosamente escondido, onde até hoje permanece intacto. E preservadas, também o foram, as duas primeiras estelas de safira, contendo os Dez Mandamentos, que Moisés se viu forçado a quebrar, e que foram abrigadas no Aron Hacodesh, que ainda segundo a tradição está oculto em algum ponto, sob o Monte do Templo, em Jerusalém. (Morasha 49).
Os místicos revelam ser esta a razão para o veto à entrada de Moisés na Terra de Israel. Se ele tivesse sido o construtor do Templo Sagrado, este jamais teria sido destruído. Tivesse ele liderado nosso povo já em sua Terra, de lá jamais teríamos sido exilados. E, sendo assim, não tivesse ele morrido no deserto, o povo judeu jamais se teria dispersado pelos quatro cantos da Terra.
Não temos idéia do tipo de país que nossos antepassados teriam construído, se nunca tivessem sido exilados. Mas o que sabemos é que se jamais tivesse existido o primeiro Tishá b'Av - o relato dos espiões e o pranto generalizado de nosso povo; se não tivesse Moshé sido impedido de entrar na Terra de Israel; se não tivesse o Templo sido arrasado e nosso povo, exilado… o mundo seria, hoje, um lugar muito diferente, bem mais sombrio do que é. Pois coube aos judeus a missão e a dádiva Divina de ajudar e curar.
Próximo está o dia, porém, em que estará terminada a missão de nosso povo fora de Israel. Quando isto ocorrer, o Templo Sagrado será reconstruído e se iniciará uma era de paz, justiça e prosperidade para toda a humanidade. Segundo uma opinião do Talmud, isto deverá ocorrerá no nono dia do mês de Av, Tishá b'Av. Tudo indica que a justiça poética agrada aos olhos de D'us. Isto porque justamente no dia em que houve um incidente com dez espiões, que custou a Moisés a sua entrada em Israel e levou nosso povo ao exílio, há de ser o dia em que tal exílio se extinguirá. Será esse o dia em que Mashiach, a incorporação do espírito e da liderança de Moshé Rabenu, conduzirá o povo judeu, em sua totalidade, para fora do deserto e para dentro da Terra de Israel.
Bibliografia
Torah Chumash Bamidbar - The Book of Numbers; Edited by Rabbi Moshe Wisnefsky; Kehot Publications,
Tauber, Yanki, Land and See; www.chabad.org
Tauber,Yanki Waters of Strife - The Price of Leadership; www.chabad.org
por Zevi Ghivelder
No dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas, presidida pelo estadista brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou um relatório segundo o qual o território da Palestina, então sob mandato britânico, deveria ser dividido em dois estados: um árabe e outro judeu.
O primeiro documento oficial que deu uma pálida esperança do retorno do povo judeu à sua terra de origem data de 1917, quando o ministro britânico dos Assuntos Estrangeiros, Lord Arthur James Balfour, escreveu uma carta a Lord Rotschild, proeminência da comunidade judaica da Inglaterra, com os seguintes dizeres: "O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização deste objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país". A carta do ministro foi imediatamente aprovada pela França e pela Itália, desde que a Palestina fosse submetida a um mandato britânico. Os Estados Unidos só ratificaram os termos daquela carta em agosto de 1918. Entretanto, no decorrer das décadas seguintes, a chamada Declaração Balfour acabou tornando-se um inútil pedaço de papel, pois foi o próprio Reino Unido que empreendeu inesgotáveis esforços, é verdade, mas no sentido contrário, para impedir que o ideal sionista viesse a se concretizar.
A hostilidade dos árabes palestinos contra as primeiras levas de imigrantes judeus, que implantaram colônias agrícolas (kibutzim e moshavim) em Eretz Israel, foi fruto da política externa desenvolvida pela Inglaterra de 1919 até 1948. Durante o período de seu mandato, a diplomacia inglesa era orientada no sentido de se apresentar perante o mundo como um árbitro imparcial, empenhado em promover a paz e a justiça entre os povos daquela região. Mas, na verdade, o Reino Unido foi ativo participante na confrontação entre árabes e judeus. Não se tratou de um comportamento causado por simples malignidade ou anti-semitismo explícito, mas pela coerência em manter seu domínio sobre um inigualável reinado, que ocupava quase um terço do planeta e ao longo do qual, como se dizia na época, o sol nunca se punha. A Inglaterra mantinha colônias em todos os continentes, algumas extensas e importantes como a Índia, e não tinha razões concretas para abrir mão de sua vocação imperial que, naturalmente, abrangia a Palestina e outros países do Oriente Médio. Para começar, a administração militar britânica, sediada no Cairo, proibiu, durante dois anos, que o conteúdo da Declaração Balfour fosse divulgado na Palestina "por se tratar de um documento altamente confidencial". O líder sionista Zeev Jabotinsky, nascido na Rússia, que serviu como tenente da Legião Judaica durante a 1a Guerra Mundial, anotou em seu diário: "Nem na Rússia, nem na Polônia, houve uma atmosfera tão impregnada de ódio como aquela que prevaleceu nas forças armadas britânicas, na Palestina, em 1919 e 1920".
É preciso acentuar que o Reino Unido havia recebido um mandato e não um título de soberania sobre a Palestina, concedido pela Liga das Nações, formada em Versalhes, em 1919. Entretanto, à medida que diminuía a influência internacional da Liga, aumentava a prepotência da Inglaterra na Palestina. A título de preservar o que intitulavam de "capacidade econômica de absorção", os britânicos impuseram medidas cada vez mais severas para impedir a imigração judaica, ao mesmo tempo em que faziam vista grossa para o influxo de sírios e transjordanianos, atraídos pelo progresso com que os judeus já haviam beneficiado a região. Como resultado da política britânica de disseminar o conceito do pan-arabismo, ocorreram os massacres de 1929 contra os judeus, apontados pelos ingleses como autores de um complô para ocupar os lugares sagrados muçulmanos no Monte do Templo, em Jerusalém. Os mandatários nada fizeram para impedir o derramamento de sangue e é impressionante constatar como esta bem arquitetada mentira é invocada até os dias atuais, como pretexto para ataques de palestinos contra alvos israelenses. Os ingleses decerto incrementariam seu domínio sobre a Palestina se um acontecimento maior, e de graves proporções, não os obrigasse a um sério envolvimento em outra direção: a eclosão da 2a Guerra Mundial. Antes, em maio de 1939, eles haviam emitido o White Paper, documento que proibia a imigração judaica para a Palestina e enterrava, de vez, a Declaração Balfour. Contudo, além da proibição, havia outros itens inaceitáveis: o estabelecimento de um estado árabe nos dez anos seguintes; a nomeação de um governo palestino; a admissão de apenas 75 mil judeus nos cinco anos seguintes; futuras imigrações dependeriam da aprovação dos árabes e as vendas de terras para judeus se tornariam rigidamente restringidas. Em setembro daquele ano, enquanto os nazistas ocupavam a Polônia, David Ben Gurion, líder da Agência Judaica na Palestina, declarou: "Guerrearemos contra Hitler como se não houvesse o White Paper e lutaremos contra o White Paper como se não houvesse guerra". Em maio de 1940, quando Winston Churchill, simpatizante do sionismo, tornou-se primeiro-ministro do Reino Unido, houve a esperança de que o White Paper fosse revogado. Chegou a haver, mesmo, um período de distensão entre ingleses e judeus. No entanto, quando a Itália entrou na guerra, naquele mesmo mês, a proximidade das ações militares entre os aliados e as forças do Eixo, no Oriente Médio, fez com que Churchill deixasse intocado o White Paper, de modo a não antagonizar os países árabes. A causa sionista só começou, ainda que longinqüamente, a ser considerada pela opinião pública mundial quando, em abril de 1942, o navio Struma, transportando refugiados judeus da Romênia, não pôde aportar em Haifa e acabou afundando, talvez torpedeado, no Mar Negro. Das centenas de passageiros, apenas dois sobreviveram. Foi sob o luto do Struma que um judeu polonês chamado Menachem Begin conseguiu entrar na Palestina e ali começou a organizar uma luta armada clandestina contra a Inglaterra.
Em 1943, à medida que aumentavam as atrocidades e os assassinatos em massa cometidos pelos nazistas contra os judeus na Europa, crescia também a resistência judaica contra os ingleses com a finalidade de forçar o acolhimento de um maior número de imigrantes na Palestina. Em novembro do ano seguinte, Lord Moyne, o ministro britânico residente no Cairo, foi assassinado por um grupo de extremistas judeus. Moyne era amigo íntimo de Churchill e sua morte fez com que este se alienasse por completo da causa sionista. Ao fim da 2a Guerra Mundial, a situação do mandato inglês tornava-se cada vez mais insustentável. Derrotando Winston Churchill, o trabalhista Clement Atlee assumiu o cargo de primeiro-ministro no Reino Unido. Os judeus de Eretz Israel, na maioria socialistas, acreditavam que teriam um novo e bom entendimento com o governo de Londres. Pura ilusão. Não houve qualquer mudança na política externa britânica e, enquanto as portas da Palestina continuavam fechadas, centenas de milhares de sobreviventes do Holocausto permaneciam em rudimentares acampamentos espalhados por diversos países europeus.
Pressionado pela opinião pública judaica americana, o presidente Harry Truman pressionava Atlee para que abrandasse sua política no Oriente Médio. Contudo, os ingleses endureciam cada vez mais, por perceberem que estavam prestes a perder seus poderes coloniais, tendo como foco principal a Índia. Em maio de 1946, uma Comissão de Inquérito Anglo-americana, depois de percorrer a Palestina, recomendou que o White Paper fosse revogado e que fossem imediatamente recebidos cem mil refugiados. Os ingleses recusaram, argumentando que se isto acontecesse, aumentaria a tensão entre árabes e judeus. No começo de 1947, a Palestina era uma espinha atravessada na garganta do império britânico, que para lá havia deslocado um contingente de cem mil homens e se via obrigado a arcar com os altos custos de sua manutenção, pesada despesa para a combalida situação econômica do país no pós-guerra. No dia 14 de fevereiro de 1947, o chanceler britânico Ernest Bevin anunciou que a Inglaterra renunciaria a seu mandato desde que o assunto da Palestina fosse levado à tutela das Nações Unidas. Além de ser um declarado anti-semita, Bevin se apegava a um ferrenho pragmatismo, argumentando que a Grã-Bretanha seria sempre dependente do petróleo dos países árabes e isto não poderia ser ameaçado pela existência de uma minúscula pátria judaica no Oriente Médio. Enquanto ele pouco se importava com os deslocados e sobreviventes de guerra, estes ainda encontravam bom humor para cantar, em iídiche, em seus improvisados barracões em campos europeus: "Que viva o camarada Bevin, que viva 100 anos, 99 em hospitais".
Em função da atitude britânica, as Nações Unidas criaram um Comitê Especial, também conhecido como Comitê Ad Hoc, encarregado de ouvir de viva-voz os argumentos de judeus e árabes na Palestina, devendo seu relatório ser entregue até o dia 31 de agosto. Foi durante esta viagem que os membros do Comitê puderam testemunhar a agonia do navio Exodus, ancorado no porto de Haifa, quando foram proibidos de desembarcar centenas de refugiados judeus, levados de volta para a Europa. Aquele dramático episódio foi, sem dúvida, um dos fatores que levaram o Comitê Especial a sugerir a partilha da Palestina entre árabes e judeus, ficando Jerusalém sob administração internacional. O debate e a votação sobre o relatório do Comitê na sede das Nações Unidas, em Flushing Meadows, Nova York, foram marcados para o dia 26 de novembro. Nesse meio tempo, o sinistro Ernest Bevin enviou um memorando para a delegação inglesa na ONU no qual dizia que a partilha seria injusta para os árabes, que inflamaria o mundo muçulmano e que "qualquer acordo com os sionistas teria pouca compensação se comparado à perda do mundo árabe". Às três horas da tarde da data marcada, foi aberta por Oswaldo Aranha a sessão da Assembléia Geral que registrou, com enorme surpresa, o discurso pró-sionista proferido pelo delegado soviético, pois o Kremlin seguia a política de enfraquecer as posições americana e inglesa no Oriente Médio. Seguiram-se outros pronunciamentos, contra e a favor da partilha. Boa parte dos oradores contrários bateu na tecla de que um estado judeu naquela região corresponderia a um enclave comunista.
Embaixador Andrei Gromiko, da União Soviética: "A experiência que extraímos ao estudar a questão palestina, bem como o relatório do Comitê Especial, evidenciam que árabes e judeus não podem e não querem estar juntos. Não há o que fazer para que ambos vivam no mesmo território e, portanto, a única alternativa viável é dividi-lo. Essa partilha terá um profundo significado histórico porque irá de encontro aos legítimos anseios do povo judeu".
Embaixador Lange, da Polônia: "A comunidade judaica da Polônia resistiu contra a ocupação alemã de nosso país, destacando-se a revolta do gueto de Varsóvia que hoje já é conhecida pelo mundo inteiro. Sabemos que a maioria dos judeus considera a Palestina como seu lar nacional e não podemos deixar de simpatizar com essa aspiração. A atual situação exige uma solução imediata e não podemos mais adiá-la".
Embaixador Amir Faisal Al Saud, da Arábia Saudita: "Senhores membros desta Assembléia, lembrem-se que conforme o preâmbulo da Carta das Nações Unidas, todos juraram que desaprovariam, perante D'us e a história, atos de agressão e envidariam esforços em favor da paz. O que hoje está sendo tentado com relação à Palestina não é um ato de flagrante agressão? Não é tirânico que um organismo internacional partilhe um país para presentear o agressor?"
Embaixador Amir Arslan, da Síria: "Todos aqueles que aprovam o plano de partilhar a Palestina em dois estados independentes certamente ignoram os aspectos legais da questão. As manobras feitas para colocar este plano em marcha fazem com que a opinião pública mundial o veja como uma ação humanitária, mas trata-se do maior escândalo político de todos os tempos".
Embaixador Rodriguez Fabregal, do Uruguai: "Por que é necessário que exista um estado dos judeus? Para dar fim à discriminação e à perseguição deste segmento da humanidade. Nenhum outro povo tem sofrido tanto quanto o povo judeu. Os que votarem a favor da partilha, não estarão votando contra os dois setores da realidade social da Palestina. Estarão votando pelo progresso de ambos, por seu desenvolvimento cívico e por sua futura presença na comunidade das nações".
Embaixador Sassen, da Holanda: "Quando os nazistas perseguiram os judeus em nosso país, a resistência holandesa teve como uma de suas prioridades a sua salvação. O mandato britânico na Palestina revelou-se ineficiente e as Nações Unidas têm a obrigação de resolver essa questão, mas não de forma unitária. Nossa delegação votará a favor do relatório do Comitê Especial".
Embaixador Sir Carl Berendsen, da Nova Zelândia: "Todas as soluções propostas contra a partilha da Palestina se revelaram inviáveis e impraticáveis. A criação de dois estados separados irá de encontro às legítimas reivindicações do povo judeu".
Embaixador Van Langenhove, da Bélgica: "Já expusemos as nossas dúvidas quanto à solução adotada pelo Comitê Especial. Não sabemos se é inteiramente justa, duvidamos que seja prática e tememos que envolva grandes riscos. Mas, qual a alternativa? Uma solução ou nenhuma, ou seja, maiores problemas e até mesmo o caos. Não queremos assumir tal responsabilidade votando de forma negativa ou nos abstendo. Votaremos a favor".
Ao fim dos debates, Oswaldo Aranha marcou uma nova rodada para o dia seguinte, 27 de novembro. Reproduzo aqui um trecho de um texto que escrevi para esta revista, intitulado "O Dia em que Israel Nasceu", já que não existe a respeito outra verdade, nem outra versão: "Naquele dia, quando a Assembléia Geral se reuniu, os líderes judeus eram uma só depressão. Estavam longe de serem alcançados os dois terços dos votos necessários para a partilha. A única alternativa era pedir aos embaixadores favoráveis que discursassem o máximo possível para que o horário extrapolasse, obrigando o adiamento da sessão. O dia seguinte seria feriado nos Estados Unidos e, atendendo aos apelos da liderança judaica, Oswaldo Aranha, num gesto amigável, marcou a próxima sessão para dois dias depois. Esse intervalo de 24 horas era crucial para que a causa sionista obtivesse mais votos, como de fato aconteceu".
Finalmente, no dia 29 de novembro de 1947, a proposta partilha da Palestina foi colocada em votação na Assembléia Geral das Nações Unidas. Ao término, Oswaldo Aranha declarou com voz firme: "O relatório do Comitê Especial está adotado por 33 votos a favor (entre os quais o do Brasil), 13 contra, 10 abstenções e uma ausência". Foi estabelecido o dia 14 de maio de 1948 para que o Reino Unido se retirasse totalmente da Palestina. Passaram-se, portanto, cinco meses e meio antes da independência do Estado de Israel, no decorrer dos quais os ingleses fizeram o possível e o impossível para favorecer os árabes e prejudicar os judeus. Porém, esta já é outra longa e tortuosa história.
"Nem na Rússia, nem na Polônia, houve uma atmosfera tão impregnada de ódio como aquela que prevaleceu nas forças armadas britânicas, na Palestina, em 1919 e 1920".
Zevi Ghivelder é escritor e jornalista
Como os americanos reconheceram Israel
1939
17 de maio - Emissão de um documento britânico (White Paper) restringindo a imigração de judeus para a Palestina.
25 de maio - O senador Harry S. Truman protesta contra a decisão da Inglaterra.
1945
24 de agosto - O Relatório Harrison é apresentado ao presidente Truman, denunciando maus tratos infligidos aos refugiados judeus sobreviventes do Holocausto.
31 de agosto - Com base no Relatório Harrison, o presidente Truman escreve ao primeiro-ministro britânico, Clement Atlee, pedindo que um razoável número de judeus seja admitido na Palestina.
22 de outubro - Os senadores americanos Robert Wagner e Robert Taft expressam-se favoráveis à constituição de um estado judeu na Palestina.
13 de novembro - O governo Atlee anuncia a formação de um Comitê Anglo-americano para analisar a questão da Palestina.
1946
20 de abril - O Comitê Anglo-americano recomenda a admissão de 100 mil judeus na Palestina.
8 de maio - Truman escreve para Atlee manifestando o desejo de que a recomendação do Comitê seja cumprida.
24 de setembro - Clark Clifford, assessor de Truman, escreve ao presidente advertindo que a União Soviética deseja alcançar total influência no Oriente Médio. Assim, a política do Kremlin será encorajar a imigração judaica, constituída por milhares de russos, ucranianos e georgianos e, ao mesmo tempo, denunciar a política de sede por petróleo dos Estados Unidos e da Inglaterra no tocante à Palestina, com a finalidade de inflamar os árabes.
4 de outubro - Na véspera do Yom Kipur, o presidente Truman se declara a favor da criação de "um estado judeu viável".
28 de outubro - O presidente Truman escreve ao Rei Saud, da Arábia Saudita, dizendo que "um lar nacional judaico deve ser instituído na Palestina".
1947
7 de fevereiro - O governo britânico anuncia que dará término a seu mandato na Palestina.
14 de fevereiro - O governo britânico anuncia que vai delegar às Nações Unidas a resolução da questão da Palestina.
13 de maio - A Assembléia Geral das Nações Unidas anuncia a formação de um Comitê Especial constituído por onze países para estudar a questão.
31 de agosto - O Comitê Especial apresenta seu relatório que sugere que a Palestina seja partilhada entre um estado árabe e outro judeu.
17 de setembro - George Marshall, secretário de estado americano, manifesta sua relutância no sentido de endossar a partilha.
10 de outubro - O Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos emite um documento intitulado "O Problema da Palestina", no qual sustenta que a partilha ensejará que a União Soviética assuma o lugar de ingleses e americanos no Oriente Médio, ameaçando o suprimento de petróleo para o Ocidente.
11 de outubro - Herschel Johnson, vice-representante americano no Conselho de Segurança da ONU, afirma que os Estados Unidos apoiam o plano de partilha.
19 de novembro - O presidente Truman recebe Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial, que lhe discorre sobre a importância da incorporação do Neguev ao futuro estado judaico. (O Neguev estava fora do traçado inicial da partilha).
29 de novembro - A Assembléia Geral das Nações Unidas aprova a partilha proposta pelo Comitê Especial.
5 de dezembro - O secretário de estado George Marshall anuncia a imposição de um embargo dos Estados Unidos a qualquer carregamento de armas para o Oriente Médio.
1948
12 de fevereiro - James Forrestal, secretário de defesa americano, afirma que a implementação da partilha acarretará eventos que obrigarão a uma mobilização das forças armadas dos Estados Unidos.
21 de fevereiro - O judeu Eddie Jacobson, ex-sócio e amigo pessoal de Truman, escreve ao presidente pedindo que torne a receber Chaim Weizmann, mas a solicitação é recusada.
8 de março - O assessor presidencial Clark Clifford apresenta a Truman um memorando intitulado "A Política dos Estados Unidos com Relação à Palestina", no qual afirma que o apoio à partilha está em plena conformidade com a política externa dos Estados Unidos.
13 de março - Sem solicitar audiência, Eddie Jacobson irrompe na Casa Branca e reitera a Truman seu pedido para que receba Chaim Weizmann. Resposta de Truman: "OK, você venceu!"
18 de março - Truman recebe Weizmann e diz que espera seja feita justiça na Palestina sem derramamento de sangue.
22 de março - Diferentes escalões do Departamento de Estado continuam opondo-se à partilha e o presidente americano escreve para seu irmão, Vivian Truman: "Acredito estar agindo corretamente, e que todos eles vão para o inferno".
12 de maio - Harry Truman reúne-se no Salão Oval da Casa Branca com o secretário de estado George Marshall, com o subsecretário Robert Lovett e o assessor Clark Clifford. Este argumenta em favor do reconhecimento do estado judaico, conforme a resolução das Nações Unidas. Marshall fica enfurecido e diz que se tal medida for aprovada por Truman, ele sequer votará no presidente nas eleições que se aproximavam. O presidente nada comenta.
13 de maio - Clark Clifford, defensor inabalável da causa judaica, informa a Robert Lovett que, finalmente, Marshall não vai apoiar nem se opor à decisão de Truman, posicionando-se alheio ao problema.
14 de maio - David Ben Gurion proclama a independência do estado judaico, a ser chamado Israel, a partir da meia-noite daquele dia, correspondendo às 6 da tarde em Washington.
Declaração de Independência do Estado de Israel
Governo Provisório de Israel
Official Gazette: Número 1; Tel Aviv, 5 Iyar 5708, 14.5.1948 Página 1
David Ben-Gurion lendo a declaração
David Ben-Gurion lendo a declaração (versão reduzida)
A terra de Israel é o local de origem do povo judeu. Aqui a sua identidade espiritual, política e religiosa foi moldada. Aqui eles primeiro atingiram a formação de um estado, criaram valores culturais de significância nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros. Depois de serem forçosamente exilados de sua terra, o povo conservou consigo sua fé durante sua Dispersão e nunca deixou de rezar e sonhar com o retorno para sua terra e com a restauração, lá, de sua liberdade política.
Impelidos por sua ligação histórica e de tradições, judeus lutaram geração após geração para se reestabelecerem em sua antiga terra natal. Nas décadas recentes, eles voltaram em massa. Pioneiros, desafiadores refugiados e defensores, eles fizeram desertos florescerem, reavivaram a língua hebraica, construíram vilarejos e pequenas cidades, criaram uma próspera comunidade que controla a sua própria economia e cultura, adorando a paz mas sabendo como se defender, trazendo as bênçãos de progresso para todos os habitantes do país e aspirando a um estado independente.
No ano 5657 (1897), nas conferências do pai espiritual do Estado Judeu, Theodore Herzl, o Primeiro Congresso Sionista delineou e proclamou o direito de o povo judeu fazer renascer o seu próprio país.
Este direito foi reconhecido na Declaração Balfour de 2 de novembro de 1917 e reafirmado no Mandato da Liga das Nações que, em particular, deu sanção internacional para a conexão histórica entre o povo judeu e Eretz-Israel e o direito de o povo judeu reconstruir o seu Lar Nacional.
A catástrofe que recentemente caiu sobre o povo judeu - o massacre de milhões de judeus na Europa - foi outra demonstração clara da urgência de resolver o problema da falta de um lar através do reestabelecimento em Eretz-Israel do Estado Judeu, que abriria bem os portões da terra natal para todo judeu e conferiria ao povo judeu o status de membro privilegiado na comudidade de nações.
Sobreviventes do holocausto nazista na Europa, assim como os judeus do resto do mundo, continuaram a migrar para Eretz-Israel, apesar das dificuldades, restrições e perigos e nunca deixaram de assegurar o seu direito a uma vida de dignidade, liberdade e trabalho honesto em seu lar nacional.
Na Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaica deste país contribuiu por completo com as nações que amam a paz e a liberdade contra as forças da tirania nazista e, com o sangue de seus soldados e seus esforços de guerra, ganhou o direito de ser reconhecida entre os povos que fundaram as Nações Unidas.
No dia 29 de novembro de 1947, a Assembéia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução do estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz-Israel; a Assembéia Geral requereu aos habitantes de Eretz-Israel tomarem as medidas necessárias para a implementação desta resolução. Este reconhecimento das Nações Unidas pelo direito de o povo judeu estabelecer o seu Estado é irrevogável.
Este é o direito natural de o povo judeu ser mestre de seu próprio destino, como todas as outras nações, em seu próprio Estado soberano.
De acordo, nós, membros do Conselho do Povo, representantes da Comunidade Judaica de Eretz-Israel e do Movimento Sionista, estamos aqui reunidos no dia de término do Mandato Britânico sobre Eretz-Israel e, por virtude de nossos direitos naturais e históricos e pela força da resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, aqui declaramos o estabelecimento do estado judeu em Eretz-Israel, a ser conhecido como Estado de Israel.
Declaramos que, vigorando a partir do término do Mandato a esta noite, véspera de Shabbath, 6 de Iyar de 5708 (15 de maio de 1948), até o estabelecimento das autoridades eleitas, regulares do Estado em acordo com a Constituição que será adotada pela Assembléia Constituinte Eleita no mais tardar em 1o. de outubro de 1948, o Conselho do Povo atuará como Conselho Provisório do Estado, e seu órgão executivo, a Administração do Povo, será o Governo Provisório do Estado Judeu, a ser chamado "Israel."
O Estado de Israel será aberto para imigração judaica e para a o recebimento de exilados; patrocinará o desenvolvimento do país para o benefício de todos os seus habitantes; será baseado na liberdade, justiça e paz como imaginado pelos profetas de Israel; garantirá liberdade de religião, consciência, língua, educação e cultura; respeitará os lugares sagrados de todas as religiões; e será fiel aos princípios da Ata das Nações Unidas.
O Estado de Israel está preparado para cooperar com agências e representantes das Nações Unidas a implementar a resolução da Assembléia Geral de 29 de novembro de 1947 e tomará as medidas necessárias para trazer a unidade econômica de toda Eretz-Israel.
Nós fazemos um apelo às Nações Unidas para assistir o povo judeu a construir o seu Estado e para receber o Estado de Israel na comunidade das nações.
Nós fazemos um apelo - em meio ao duro ataque lançado contra nós há meses - aos habitantes árabes do Estado de Israel para manter a paz e participar da construção do Estado na base de igual e completa cidadania e através de representação em todas as suas instituições provisórias e permanentes.
Nós estendemos nossa mão a todos os estados vizinhos e seus povos numa oferta de paz e boa vizinhança, e apelamos a eles para o estabelecimento de laços de cooperação e ajuda mútua com o soberano povo judeu, estabelecido em sua própria terra. O Estado de Israel está preparado para fazer a sua parte em um esforço comum para o desenvolvimento de todo o Oriente Médio.
Nós apelamos ao povo judeu em toda a Diáspora para ajudar os judeus de Eretz-Israel nas tarefas de imigração e construção e de os apoiarem na grande luta de realização do antigo sonho - a redenção de Israel.
Colocando nossa confiança no Misericordioso, nós afixamos nossas assinaturas a esta proclamação nesta sessão do Conselho de Estado, no solo da Terra Natal, na cidade de Tel-Aviv, nesta véspera de Shabbath, em 5 de Iyar de 5708 (14 de maio de 1948).
David Ben-Gurion
Daniel Auster Mordekhai Bentov Yitzchak Ben Zvi Eliyahu Berligne Fritz Bernstein Rabbi Wolf Gold Meir Grabovsky Yitzchak Gruenbaum Dr. Abraham Granovsky Eliyahu Dobkin Meir Wilner-Kovner Zerach Wahrhaftig Herzl Vardi Rachel Cohen Rabbi Kalman Kahana Saadia Kobashi Rabbi Yitzchak Meir Levin Meir David Loewenstein Zvi Luria Golda Myerson Nachum Nir Zvi Segal Rabbi Yehuda Leib Hacohen Fishman David Zvi Pinkas Aharon Zisling Moshe Kolodny Eliezer Kaplan Abraham Katznelson Felix Rosenblueth David Remez Berl Repetur Mordekhai Shattner Ben Zion Sternberg Bekhor Shitreet Moshe Shapira Moshe Shertok
14 de maio - Às 6 horas e 11 minutos, a Casa Branca divulga a seguinte declaração: "Este governo foi informado de que um estado judeu acaba de ser proclamado na Palestina. Os Estados Unidos reconhecem o governo provisório e a autoridade de facto do Estado de Israel".
15 de maio - Os exércitos do Egito, Síria, Jordânia. Líbano e Iraque atacam o Estado de Israel.
1949
25 de janeiro - Após eleições populares um governo permanente toma posse em Israel.
31 de janeiro - Os Estados Unidos reconhecem Israel na condição de jure.
24 de fevereiro a 20 de julho - Israel assina, na ilha de Rodes, sob mediação do diplomata americano Ralph Bunche, tratados de armistício com o Egito, Líbano, Síria e Jordânia.
Exodus 27:20-30:10
D'us descreve a Moshê as vestes especiais que devem ser usadas pelos Cohanim durante o serviço, tecidas e adornadas com materiais doados pelo povo. Os Cohanim comuns envergavam quatro vestimentas especiais, ao passo que quatro vestes adicionais deveriam ser vestidas exclusivamente pelo Cohen Gadol. Todos os Cohanim vestiam:
1) O ketonet – uma túnica longa de linho;
2) michnasayim – calções de linho;
3) mitznefet ou migba’at – um turbante de linho;
4) aynet – uma longa faixa ao redor da cintura. Além disso, o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) vestia:
5) O efod, uma veste similar a um avental, feita de lã azul, roxa e vermelha, linho e fios de ouro;
6) o choshen – um peitoral contendo doze pedras preciosas inscritas com os nomes das doze tribos de Israel;
7) me’il – uma capa de lã azul, com sinos de ouro e romãs decorativas na barra;
8) o tsitsit – uma placa de ouro usada sobre a testa, com a inscrição "Sagrado para D’us".
A porção da Torá então transfere a sua atenção aos mandamentos de D'us referentes ao melu'im, inauguração ritual para o Mishcan recentemente construído, a ser realizada exclusivamente por Moshê por sete dias.
Tetsavê também inclui as instruções detalhadas de D’us para a iniciação de sete dias de Aharon e os seus quatro filhos – Nadav, Avihu, Elazar e Itamar – no sacerdócio, e pela construção do Altar de Ouro sobre o qual o ketoret (incenso) era queimado. Todas estas ordens são na verdade realizadas na porção conclusiva de Shemot, Parashat Pekudê.
Mensagem da Parashá
A Porção desta semana começa com a familiar proclamação de D'us a Seu leal servo Moshê: "Ordenarás aos Filhos de Israel que eles lhe tragam azeite puro e prensado de oliva para iluminação, para abastecer continuamente a lamparina" (Shemot 27:20). D'us então prossegue a divulgar os métodos pelos quais Aharon e os seus filhos acenderão a Menorá sagrada.
Logo após, Moshê finalmente recebe ordens para designar o seu irmão e os filhos como Cohanim oficiais do Mishcan consagrado, e somente então a Torá se aprofunda nas inúmeras outras responsabilidades conferidas aos santos Cohanim. "Porque," poderia alguém perguntar numa súbita antecipação, "a Menorá foi destacada como a única ordem sacerdotal a preceder o compromisso dos Cohanim?"
Rabi Moshê Feinstein explica que esta é uma tradição bem conhecida, que a Menorá representa a nossa mais preciosa fonte de sabedoria e direccionamento, a Torá. Assim como a Menorá era uma constante e infalível fonte de luz nos mais recônditos santuários do palácio terreno de D'us, assim também a Torá deve servir como uma tocha corajosa a guiar-nos através dos abismos da nossa existência. É por essa razão que a mitsvá do acendimento da Menorá foi separado dos outros comandos sacerdotais - para ensinar-nos que as lições que são inerentes e simbolizadas por ela dizem respeito a todo judeu. A Menorá ensina-nos muitos métodos importantes de aprender a preciosa Torá de D'us, bem como divulgar a sua sabedoria a outras pessoas.
Por exemplo, a Torá exorta-nos que o azeite usado deve vir de azeitonas que foram "katit", explicado pelo Rashi que devem ser prensadas à mão, em vez de uma prensa mecânica. Este detalhe aparentemente menor ensina-nos que para adquirir verdadeiramente o aprendizado da Torá, a pessoa deve utilizar todas as suas energias e potencial, e empenhar-se realmente na firme busca do dom da sabedoria concedido por D'us ao povo judeu. Não há atalhos ou seminários relâmpago para atingir-se um verdadeiro entendimento da Torá. Também, assim como uma vela é acesa mantendo-se a chama no pavio por tempo suficiente para que o fogo pegue e queime por si mesmo, assim também um professor deve imbuir os seus alunos com sabedoria até que eles sejam capazes de apreender a informação e desejar ainda mais conhecimento por sua própria iniciativa, o supremo objectivo do professor.
Finalmente, os Cohanim receberam ordens de encher os copos da Menorá todas as noites com cinco lug (uma medida) de azeite, independentemente da duração da noite. Esta lei simples também nos ensina um ponto vital nos nossos métodos de instrução. Não importa quais sejam as capacidades intelectuais do aluno, o professor deve querer dedicar tempo igual à educação de cada estudante. O professor não deveria pensar que o aluno brilhante possa entender por si só, porque esta falta de atenção por parte do professor pode fazer com que o aluno volte a sua atenção para outros assuntos. E o estudante com problemas de compreensão jamais deve ser dispensado como se lhe faltasse o potencial para tornar-se grande.
Resumindo, se a pessoa á procura de uma introvisão da sabedoria e Torá, deve-se voltar para a Menorá. Como estipula o Talmud: "Aquele que deseja a sabedoria deve voltar-se para o sul (a localização da Menorá no Templo -Tratado Baba Batra 25b).
Neste estilo, Ramban procura esclarecer a discrepância gramatical acima apresentada. A respeito de qualquer projecto ou empreendimento meritórios assumidos em nome do Judaísmo, a pessoa pode-se considerar um parceiro simplesmente por contribuir com dinheiro e outros recursos para ajudar outras pessoas a completarem o projecto. Por este motivo, a respeito de todos os outros utensílios do Mishcan, a Torá dirige a sua ordem somente a Moshê, pois o povo judeu já fizera a sua parte ao contribuir com a matéria prima para o fundo de construção. Agora Moshê deve continuar o trabalho realmente construindo os utensílios.
Entretanto, este não é o caso quando se trata do estudo de Torá. Portanto, a ordem de construir a Arca, que como já foi mencionado antes representa a Torá e o seu estudo, é dirigida não apenas a Moshê, mas a todo o povo judeu. D'us deseja indicar que embora o povo tenha contribuído com prata e ouro, deve apesar disso participar da real construção da Arca Sagrada - e, por extensão, do estudo de Torá.
É claro que quem doou os recursos pelo mérito do estudo da Torá deve ser grandemente louvado e parabenizado. Entretanto, ao mesmo tempo, deve entender que não pode simplesmente sentar-se de lado e permitir que outros sozinhos estudem a Torá. Todos devemos participar neste empreendimento. Também não devemos pensar que a Torá é um livro fechado, reservado para eruditos e mentes brilhantes. A Torá pode ser estudada em muitos níveis diferentes e de vários ângulos, de forma que cada indivíduo pode abordá-la segundo o seu próprio nível. Do amador ao grande erudito, a pessoa só tem a ganhar estudando-a.
A Torá é eterna e lá está para que a estudemos a qualquer tempo - e agora é o tempo de abri-la e vermos os tesouros que contém.