27.2.08

O Irão e a ameaça à Paz no Médio Oriente



Junho de 2007 foi um ponto de viragem na história Palestiniana. O Hamas assumiu o controlo da Faixa de Gaza, expulsando os seus rivais da Fatah e executando aqueles que se opunham à sua liderança. O Hamas tornou clara, assim, a sua intenção de transformar a Faixa de Gaza num Estado Islamista, seguindo o modelo do Irão. Muitos Palestinianos, bem como outros Árabes, já expressaram, nomeadamente nos media árabes, o seu medo de que as acções do Hamas representem uma tentativa do Irão assumir o controlo da sua terra e usurpar a sua causa.
A tomada de Gaza pelo Hamas, a tentativa de tomada do poder pelo Hezbollah no Líbano, os acontecimentos no Iraque e os planos nucleares nas mãos de uma ditadura radical são ameaças actuais que o Médio Oriente enfrenta e que têm algo em comum: o Irão.
Apesar de todos estes acontecimentos terem as suas raízes localmente, estão também relacionados com o desejo do Irão obter hegemonia regional. A sua estratégia tem-se revelado desde a Revolução Islâmica de 1979, mas só recentemente começou a dar frutos. O tão almejado objectivo da Revolução era tornar o Irão numa sociedade Islamista, que levaria a Revolução a todo o Médio Oriente e ao Mundo Islâmico.
O Irão tenta exercer a sua influência de três formas: incitamento e propaganda (onde se inclui a negação do Holocausto e o anti-Semitismo), promoção de grupos extremistas e a projecção do próprio poder do Estado. Actualmente, o Irão patrocina grupos Islamistas radicais no Afeganistão, Iraque, Líbano e também entre os Palestinianos, bem como noutros locais. No entanto, os seus “clientes” mais importantes são o Hezbollah, o Hamas e a Jihad Islâmica nos territórios Palestinianos.
Estes grupos são controlados e financiados por Teerão, que lhes fornece armas, treino e os encoraja a lançar ataques, modelando-lhes a ideologia. Sem o apoio do Irão, não teriam tanto poder.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, é também o representante oficial do guia espiritual e líder supremo do Irão, no Líbano. Em 2006, o Hezbollah lançou ataques em Israel que levaram à guerra, acções que jamais teriam sido levadas a cabo se não tivesse o apoio incondicional do Irão. O Vice Secretário-Geral do Hezbollah admitiu, numa entrevista televisiva, que cada decisão está sujeia à aprovação do Irão.
O Irão tenta controlar toda a região e aqueles que se opõem a uma tomada do Líbano pela Síria e pelo Irão, quer sejam políticos ou jornalistas, têm sido sistematicamente assassinados em ataques terroristas. O Irão tem tentado, claramente, tornar o Líbano num Estado satélite.
No horizonte, vislumbra-se a hipótese de um arsenal nuclear iraniano. Se Teerão obtiver esta arma de destruição maciça, vai inspirar um maior número de forças radicais e terroristas a atacar Israel, o Ocidente e o os Estados Árabes moderados. Protegidos pelo escudo nuclear, o Irão e os seus seguidores serão capazes de atingir interesses ocidentais sem recear quaisquer retaliações. Se o Irão tiver oportunidade, continuará a bloquear qualquer perspectiva de Paz e Segurança.
O Irão tem desafiado a comunidade internacional ao manter a sua actividade de enriquecimento de urânio, que lhe permite adquirir know-how e capacidade nuclear, melhorando os seus programas de mísseis balísticos e regozija-se com o facto da pressão internacional não afectar os seus objectivos.
Muitos países têm expressado a sua preocupação sobre a decisão do Irão continuar a sua pesquisa e desenvolvimento nuclear, assim como em relação às declarações do Presidente iraniano de segundo as quais “ Israel deverá ser apagado da face da terra”, que são deveras chocantes e inaceitáveis. Declarações como esta, reforçam a tese de que o Irão não deverá obter armas nucleares.

Aaron Ram

Embaixador do Estado de Israel em Portugal