14.2.08

Porção Semanal: Tetsavê


Exodus 27:20-30:10

Seguindo-se aos mandamentos detalhados da porção da última semana a respeito da construção do Mishcan, a parashat Tetsavê começa com a mitsvá diária dada a Aharon e aos seus filhos de abastecer a menorá no Mishcan com puro azeite de oliva.

D'us descreve a Moshê as vestes especiais que devem ser usadas pelos Cohanim durante o serviço, tecidas e adornadas com materiais doados pelo povo. Os Cohanim comuns envergavam quatro vestimentas especiais, ao passo que quatro vestes adicionais deveriam ser vestidas exclusivamente pelo Cohen Gadol. Todos os Cohanim vestiam:

1) O ketonet – uma túnica longa de linho;

2) michnasayim – calções de linho;

3) mitznefet ou migba’at – um turbante de linho;

4) aynet – uma longa faixa ao redor da cintura. Além disso, o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) vestia:

5) O efod, uma veste similar a um avental, feita de lã azul, roxa e vermelha, linho e fios de ouro;

6) o choshen – um peitoral contendo doze pedras preciosas inscritas com os nomes das doze tribos de Israel;

7) me’il – uma capa de lã azul, com sinos de ouro e romãs decorativas na barra;

8) o tsitsit – uma placa de ouro usada sobre a testa, com a inscrição "Sagrado para D’us".

A porção da Torá então transfere a sua atenção aos mandamentos de D'us referentes ao melu'im, inauguração ritual para o Mishcan recentemente construído, a ser realizada exclusivamente por Moshê por sete dias.

Tetsavê também inclui as instruções detalhadas de D’us para a iniciação de sete dias de Aharon e os seus quatro filhos – Nadav, Avihu, Elazar e Itamar – no sacerdócio, e pela construção do Altar de Ouro sobre o qual o ketoret (incenso) era queimado. Todas estas ordens são na verdade realizadas na porção conclusiva de Shemot, Parashat Pekudê.

Mensagem da Parashá

A Porção desta semana começa com a familiar proclamação de D'us a Seu leal servo Moshê: "Ordenarás aos Filhos de Israel que eles lhe tragam azeite puro e prensado de oliva para iluminação, para abastecer continuamente a lamparina" (Shemot 27:20). D'us então prossegue a divulgar os métodos pelos quais Aharon e os seus filhos acenderão a Menorá sagrada.

Logo após, Moshê finalmente recebe ordens para designar o seu irmão e os filhos como Cohanim oficiais do Mishcan consagrado, e somente então a Torá se aprofunda nas inúmeras outras responsabilidades conferidas aos santos Cohanim. "Porque," poderia alguém perguntar numa súbita antecipação, "a Menorá foi destacada como a única ordem sacerdotal a preceder o compromisso dos Cohanim?"

Rabi Moshê Feinstein explica que esta é uma tradição bem conhecida, que a Menorá representa a nossa mais preciosa fonte de sabedoria e direccionamento, a Torá. Assim como a Menorá era uma constante e infalível fonte de luz nos mais recônditos santuários do palácio terreno de D'us, assim também a Torá deve servir como uma tocha corajosa a guiar-nos através dos abismos da nossa existência. É por essa razão que a mitsvá do acendimento da Menorá foi separado dos outros comandos sacerdotais - para ensinar-nos que as lições que são inerentes e simbolizadas por ela dizem respeito a todo judeu. A Menorá ensina-nos muitos métodos importantes de aprender a preciosa Torá de D'us, bem como divulgar a sua sabedoria a outras pessoas.

Por exemplo, a Torá exorta-nos que o azeite usado deve vir de azeitonas que foram "katit", explicado pelo Rashi que devem ser prensadas à mão, em vez de uma prensa mecânica. Este detalhe aparentemente menor ensina-nos que para adquirir verdadeiramente o aprendizado da Torá, a pessoa deve utilizar todas as suas energias e potencial, e empenhar-se realmente na firme busca do dom da sabedoria concedido por D'us ao povo judeu. Não há atalhos ou seminários relâmpago para atingir-se um verdadeiro entendimento da Torá. Também, assim como uma vela é acesa mantendo-se a chama no pavio por tempo suficiente para que o fogo pegue e queime por si mesmo, assim também um professor deve imbuir os seus alunos com sabedoria até que eles sejam capazes de apreender a informação e desejar ainda mais conhecimento por sua própria iniciativa, o supremo objectivo do professor.

Finalmente, os Cohanim receberam ordens de encher os copos da Menorá todas as noites com cinco lug (uma medida) de azeite, independentemente da duração da noite. Esta lei simples também nos ensina um ponto vital nos nossos métodos de instrução. Não importa quais sejam as capacidades intelectuais do aluno, o professor deve querer dedicar tempo igual à educação de cada estudante. O professor não deveria pensar que o aluno brilhante possa entender por si só, porque esta falta de atenção por parte do professor pode fazer com que o aluno volte a sua atenção para outros assuntos. E o estudante com problemas de compreensão jamais deve ser dispensado como se lhe faltasse o potencial para tornar-se grande.

Resumindo, se a pessoa á procura de uma introvisão da sabedoria e Torá, deve-se voltar para a Menorá. Como estipula o Talmud: "Aquele que deseja a sabedoria deve voltar-se para o sul (a localização da Menorá no Templo -Tratado Baba Batra 25b).

Neste estilo, Ramban procura esclarecer a discrepância gramatical acima apresentada. A respeito de qualquer projecto ou empreendimento meritórios assumidos em nome do Judaísmo, a pessoa pode-se considerar um parceiro simplesmente por contribuir com dinheiro e outros recursos para ajudar outras pessoas a completarem o projecto. Por este motivo, a respeito de todos os outros utensílios do Mishcan, a Torá dirige a sua ordem somente a Moshê, pois o povo judeu já fizera a sua parte ao contribuir com a matéria prima para o fundo de construção. Agora Moshê deve continuar o trabalho realmente construindo os utensílios.

Entretanto, este não é o caso quando se trata do estudo de Torá. Portanto, a ordem de construir a Arca, que como já foi mencionado antes representa a Torá e o seu estudo, é dirigida não apenas a Moshê, mas a todo o povo judeu. D'us deseja indicar que embora o povo tenha contribuído com prata e ouro, deve apesar disso participar da real construção da Arca Sagrada - e, por extensão, do estudo de Torá.

É claro que quem doou os recursos pelo mérito do estudo da Torá deve ser grandemente louvado e parabenizado. Entretanto, ao mesmo tempo, deve entender que não pode simplesmente sentar-se de lado e permitir que outros sozinhos estudem a Torá. Todos devemos participar neste empreendimento. Também não devemos pensar que a Torá é um livro fechado, reservado para eruditos e mentes brilhantes. A Torá pode ser estudada em muitos níveis diferentes e de vários ângulos, de forma que cada indivíduo pode abordá-la segundo o seu próprio nível. Do amador ao grande erudito, a pessoa só tem a ganhar estudando-a.

A Torá é eterna e lá está para que a estudemos a qualquer tempo - e agora é o tempo de abri-la e vermos os tesouros que contém.