9.7.10

A medieval justiça islâmica-iraniana

Irão condena à morte mãe de dois filhos por adultério

Três juízes, por "convicção", decidem que Sakineh Ashtiani será executada por lapidação.
"Tudo o que peço é uma carta. Quero uma carta para a minha querida mãe. Por favor, escrevam a carta de perdão porque ela é inocente, 100% inocente." Este é o mais recente apelo lançado por Sajjad Ghadarzade, de 22 anos, aos responsáveis iranianos em defesa de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a mulher que a "convicção" de três juizes condenou à morte por lapidação. Uma decisão que voltou a colocar o Irão no banco dos réus da comunidade internacional.
A lapidação, ou seja a morte por apedrejamento, foi classificada por John Kerry como "uma punição bárbara". Para este democrata, presidente da Comissão de Relações Externas do Senado dos EUA, o Governo do Irão "deve abolir tal método como uma forma de punição legítima". Howard Berman, presidente da Comissão de Relações Externas da Câmara dos Representantes dos EUA, considerou a decisão "desumana".
Em Londres, várias vozes - inclusive de artistas como Colin Firth e Emma Thompson - insurgiram-se contra a "sentença dos três juizes". "A lapidação é uma punição medieval que não tem lugar no mundo moderno", disse Alistair Burt, responsável no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Profundamente preocupada" com as notícias de execuções iminentes no Irão, entre elas a de Sakineh, foi como se afirmou a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
Outros países fizeram também ouvir a sua voz junto das autoridades iranianas. O embaixador do Irão em Oslo foi, a propósito, convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros norueguês para explicar a situação. Isto enquanto organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, desenvolvem intensos esforços junto das autoridades iranianas para que poupem a vida a Sakineh. O seu filho mais vellho corre o risco de ser preso por ter enviado uma carta às organizações de defesa dos direitos humanos a rejeitar as acusações de adultério e a denunciar o mutismo das autoridades iranianas face aos seus pedidos de clemência. A angústia e o desespero de Sajad e da sua irmã Farideh, de 17 anos, derivam da eventual perda da mãe e da forma brutal como a 'justiça' decidiu que seria executada.
Integrada oficialmente no código penal iraniano com a Revolução Islâmica de 1979, a lapidação é sempre feita em público e na presença da família da vítima que, no caso da mulher, é enterrada até ao peito e apedrejada até à morte por 20 homens. As pedras utilizadas não podem ser muito grandes, para que não a matem de imediato, nem muito pequenas.
Sajad esgotou todos os meios, bateu a todas as portas para salvar a mãe, até que alguém lhe disse: "Agora só [o guia supremo] aytollah Khamenei ou o chefe do sistema judicial iraniano, Sadegh Larijani poderão evitar a execução". O jovem escreveu aos dois responsáveis. E ao mundo: "A minha mãe e eu estamos a pedir a todas as pessoas do mundo que nos ajudem e estamos muito gratos pelo que foi feito até agora."


Nota pessoal

Se essa lei faz parte do código penal iraniano, que veio com a revolução islâmica de 1979, então afirmo eu, que os governantes são pura e simplesmente medievais.
Para meu espanto, ainda não vi manifestações da esquerda europeia ou de outros grupos dos ditos “defensores dos direitos humanos”, a promoverem desfiles, entregarem panfletos ou a emitirem opiniões na imprensa em denúncia de tamanha barbaridade.
Assim, especificando o nosso País, gostaria de observar o Bloco de Esquerda e alguns comunistas a levantarem a voz, escreverem blogues e organizarem campanhas de esclarecimento, contra tão vil acto e condenarem publicamente o governo iraniano e a sua medieval justiça islâmica.