20.6.10

PORQUÊ?

Por Pilar Rahola

Quem é Pilar Rahola?

Pilar Rahola é um político espanhol, jornalista e activista e membro da esquerda espanhola. Os seus artigos são publicados em Espanha e em alguns dos mais importantes jornais da América Latina.
"Porque não vemos manifestações contra as ditaduras islâmicas em Londres, Paris, Barcelona?
Ou manifestações contra a ditadura birmanesa?
Porque não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres que vivem sem qualquer protecção legal?
Porque não há manifestações contra o uso de crianças como bombas humanas?
Porque houve uma ausência de liderança no apoio às vítimas da ditadura islâmica do Sudão?
Porque é que nunca há qualquer indignação contra os atos de terrorismo cometidos contra Israel?
Porque não há clamor pela esquerda europeia contra o fanatismo islâmico?
Porque não defender o direito de Israel a existir?
Porque confundir apoio à causa Palestina com a defesa do terrorismo palestino?
E, finalmente, a questão de um milhão de dólares: Porque a esquerda na Europa e em todo o mundo obcecado com as duas democracias mais sólidas, os Estados Unidos e Israel, e não com as piores ditaduras do planeta? As duas democracias mais sólidas, que têm sofrido ataques mais sangrentos do terrorismo e que a esquerda não se importa.
E então, o conceito de liberdade. Em cada fórum europeu pró-palestino, ouço os gritos da esquerda com fervor: "Queremos liberdade para o povo!"
Não é verdade. Eles nunca estão preocupados com a liberdade para o povo da Síria, Yémen, Irão, Sudão, por exemplo. Nunca se preocupam quando o Hamas destrói a liberdade dos palestinianos. Essa esquerda só está preocupada com a utilização do conceito de liberdade Palestina como uma arma contra a liberdade de Israel. As consequências resultantes dessas patologias ideológicas é a manipulação da imprensa.
A imprensa internacional causa danos graves ao relatar sobre a questão israelo-palestina. Sobre este assunto não informam, fazem sim propaganda maliciosa.
Ao relatar sobre Israel, a maioria dos jornalistas esquecem-se do código de ética jornalista.
E assim, qualquer ato de Israel à autodefesa torna-se um massacre, e qualquer confronto, o genocídio. Tantas coisas estúpidas que já foram escritas sobre Israel, que não há qualquer acusação, que se possa produzir contra o jornalista.
Ao mesmo tempo, nunca a imprensa discutiu a interferência da Síria e do Irão na propagação da violência contra Israel, a doutrinação das crianças e da corrupção dos palestinianos.
E quando a informação sobre as vítimas, cada vítima Palestina é relatada como tragédia e todas as vítimas israelitas é camuflada, escondida ou relatada com desdém.
E deixem-me acrescentar sobre o tema da esquerda espanhola. Muitos são os exemplos que ilustram o anti-americanismo e sentimentos anti-israelitas que definem a esquerda espanhola. Por exemplo, um dos partidos de esquerda em Espanha expulsou um dos seus membros, por este ter criado um site pró-Israel. Passo a citar o documento de afastamento: "Os nossos amigos são o povo do Irão, da Líbia e da Venezuela, oprimidos pelo imperialismo, e não um estado nazista como Israel".
Um outro exemplo, o socialista de Campozuelos, presidente da Câmara, trocou o dia do Shoah ( homenagem às vítimas do Holocausto), pelo dia Nabka Day, que lamenta a criação do Estado de Israel, mostrando desprezo por seis milhões de judeus europeus assassinados no Holocausto.
Ou na minha cidade natal de Barcelona, onde o município decidiu comemorar o 60º aniversário da criação do Estado de Israel, mas, também promover uma semana de solidariedade para com o povo palestino. Assim, convidou Leila Khaled, uma famosa terrorista dos anos 70 e actual líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina, uma organização terrorista assim descrito pela União Europeia, que promove a utilização de bombas contra Israel.
Desta forma politicamente correta de pensar até os discursos do presidente Zapatero foram poluídos por ela. A sua política externa cai dentro da esquerda lunática e em questões do Médio Oriente, é inequivocamente pró-árabe. Posso assegurar-vos que em locais privados, Zapatero culpa Israel pelo conflito no Médio Oriente, e as políticas de Moratinos, ministro dos Negócios Estrangeiros reflectem isso. O facto de Zapatero ter escolhido usar um kafiah no meio do conflito do Líbano, não é coincidência, é um símbolo.
A Espanha sofreu o pior ataque terrorista na Europa, e está na mira de todas as organizações terroristas islâmicas. Como eu escrevi antes, eles matam-nos com celulares conectados a satélites, mas também conectados à Idade Média.
E ainda, a esquerda espanhola é a mais anti-Israel no mundo.
E afirma ser anti-Israel por ser solidária. Esta é a loucura que eu quero denunciar nesta conferência.

Conclusão:
Eu não sou judia. Ideologicamente eu sou de esquerda e jornalista de profissão. Porque não sou anti-Israel, como os meus colegas? Porque, como uma não-judia tenho a responsabilidade histórica de lutar contra o ódio judaico e, actualmente, contra o ódio da sua pátria histórica, Israel. Lutar contra o anti-semitismo não é somente um dever dos judeus, mas também o é dos não-judeus.
Como jornalista é meu dever procurar a verdade além do preconceito, mentiras e manipulações. A verdade sobre Israel não é contada. Como uma pessoa de esquerda que ama o progresso, sou obrigada a defender a liberdade, a cultura, a educação cívica para as crianças, a convivência e as leis que as tábuas da aliança tornaram em princípios universais.
Princípios que o fundamentalismo islâmico sistematicamente destrói. Com isto, quero dizer que, como uma não-judia, jornalista e de esquerda, tenho o dever moral a triplicar para com Israel, porque, se Israel for destruído, a liberdade, a modernidade e a cultura serão destruídas também.