Espanha e antisemitismo
O anti-semitismo cresce nas aulas e no conjunto da sociedade espanhola
Observatorio Estatal de Convivencia Escolar29/09/2008 EFE
Mais da metade dos estudantes da secundária entrevistados num estudo do Observatório Estatal de Convívio Escolar, não quereria sentar-se ao lado de um judeu na sala de aula, informou hoje o presidente da Federação de Comunidades Judias da Espanha (FCJE), Jacobo Israel.
O levantamento realizado pelo dito organismo do Ministério da Educação, e que segundo a FCJE será apresentado proximamente, foi realizado entre mais de 23.000 estudantes da educação secundária e mais de 6.000 professores em 300 centros, públicos e privados, de todas as comunidades autónomas excepto Catalunha.
O estudo põe de manifesto também que a disposição dos jovens para compartilhar tarefas com alunos estrangeiros tem melhorado um pouco, se comparado a estudos anteriores, em relação aos alunos latino-americanos ou os procedentes da África negra, enquanto que 46% dos adolescentes espanhóis estão nada ou pouco dispostos a trabalhar com um latino-americano.
A situação de intolerância na sala de aula não tem melhorado nos últimos anos, e em alguns casos tem aumentado, acima de tudo com relação ás minorias étnicas tais como os ciganos, marroquinos e judeus. Jacobo Israel, que manteve, na altura um encontro com os meios informativos, no início do novo ano judeu (Rosh Hashaná), assinalou não obstante o crescimento do novo anti-semitismo, a comunidade judia em Espanha praticamente não tem sofrido actos anti-semitas, excepto alguns casos isolados procedentes de pequenos grupos.
O presidente da FCJE disse também que o temor a uma possível agressão ou um acto de violência poderia vir mais de grupos de origem islâmico. Este estudo sobre o crescimento do anti-semitismo e a islamofobia, une-se ao que fez público a semana passada o instituto norte-americano de pesquisas Pew Research Center, segundo o qual a rejeição contra os judeus e muçulmanos tem crescido na Europa nos últimos quatro anos, e em Espanha, principalmente, em relação aos judeus.
O estudo destaca que 46% dos espanhóis, 36% dos poloneses e 34% dos russos vêem desfavoravelmente os judeus, enquanto que 25% dos alemães e 20% dos franceses pensam o mesmo.
Jacobo Israel reconheceu que existe em Espanha um grande desconhecimento em relação ao judaísmo, e que geralmente esse conhecimento fica restrito às informações sobre a situação no Médio Oriente e o Holocausto (Shoá).
Actualmente, a população judia em Espanha segundo os dados fornecidos pela FCJE está formada por umas 40.000 pessoas que moram fundamentalmente em Madrid, Barcelona, Málaga, Melilla, Ceuta, Valência, Palma de Mallorca, Marbella, Torremolinos, Sevilha, Las Palmas de Gran Canaria, Santa Cruz de Tenerife, Alicante e Benidorm.
Ao todo existem em Espanha umas 14 comunidades federadas à FCJE e três entidades culturais associadas, mais de 30 sinagogas, algumas delas capazes de comportar até 800 pessoas; uns trinta rabinos e cemitérios judeus em várias cidades tais como Madrid, Barcelona, Sevilha, Málaga, etc.
Os judeus possuem também em Espanha escolas dominicais assim como também colégios específicos de ensino infantil, primário e secundário em Madrid, Barcelona, Melilla e Málaga.
A FCJE realiza a promoção, apoio e ajuda para impulsar a vida religiosa, educativa, cultural, social e política dos judeus em Espanha, e por isso dispõe da Radio Sefarad (www.radiosefarad.com), uma emissora radiofónica na Internet que, desde 2003, transmite diariamente diversos programas informativos e culturais.
Possui também, o programa semanal "Shalom" na TVE (Televisão Espanhola), e o programa "A Voz da Torá", cuja emissão semanal acontece aos domingos às 06:00 horas em Rádio 1.
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