Catástrofes são resultado das nossas más acções
A Parashá desta semana, Noach, conta-nos sobre o terrível dilúvio que devastou o mundo. Somente Noach (Noé), a sua família e alguns animais foram salvos (7 pares de cada animal Kasher e 1 par de cada animal não-Kasher). O resto de toda a criação, inclusive as plantas, foi completamente apagado da face da Terra. A Torá explica que o dilúvio ocorreu pois o ser humano havia se corrompido e desviado dos caminhos correctos, cometendo actos como roubo, assassinato e relações proibidas. Mas se foi o ser humano quem pecou, porque os animais e as plantas também sofreram com o dilúvio?Quando D'us colocou Adam Harishon (Adão) no Gan Éden, ordenou que ele tomasse conta do jardim, como está escrito "E D'us pegou no homem e o colocou no Jardim do Éden, para trabalhá-lo e guardá-lo" (Génesis 2:15). Explica o Midrash (parte da Torá Oral) que D'us levou Adam Harishon por todo o Jardim do Éden, mostrou-lhe todas as árvores e disse: "Veja como são belas Criações Minhas. Eu criei tudo isto para o seu benefício. Tome cuidado para não destruir nem arruinar o Meu mundo". Mas por acaso Adam era jardineiro? D'us estava a pedir-lhe para que ele irrigasse as plantas? Obviamente que não, pois D'us mesmo irrigava o Jardim, como está escrito: "E saía um rio do Éden para regar o jardim..." (Génesis 2:10). Então o que quer dizer que Adam tinha que cuidar do jardim para não destruí-lo?
Segundo o livro Messilat Yesharim (Caminho dos Justos), D'us criou todo o universo para servir o ser humano e ajudá-lo a cumprir o seu objectivo. Porém, todo o mundo material também é para o ser humano um grande teste. Se o ser humano utiliza o mundo material como uma ferramenta para se conectar com a espiritualidade, ele se eleva e eleva o mundo inteiro. Mas se o ser humano utiliza a sua livre escolha para se conectar com o mundo material apenas em busca do preenchimento dos seus desejos e vontades, corrompe-se e cai espiritualmente, e o mundo inteiro cai também. D'us estava advertindo Adam Harishon, explicando que se ele pecasse, o reflexo seria sentido em toda a criação.
Foi isso o que aconteceu nos dias de Noach, uma geração voltada apenas à busca de prazeres materiais. Por não colocar limites, eles começaram com prazeres permitidos e chegaram á inveja, o roubo e os prazeres sexuais ilícitos. E os actos errados do ser humano influenciaram negativamente e corromperam toda a restante criação, fazendo com que tudo fosse destruído no dilúvio.
Actualmente a ecologia e o direito dos animais estão na moda. É chique fazer manifestos pelas baleias na Antártida ou pelas focas na Oceania. Os animais "conquistaram" definitivamente seus direitos: cachorros frequentam psicólogos, andam com roupas da Daslu e muitos casais optam por ter cachorros ao invés de ter filhos. O que a Torá fala sobre isso?
Há uma proibição da Torá de causar qualquer sofrimento desnecessário aos animais ou destruir e desperdiçar qualquer coisa no mundo. D'us deu-nos o mundo para desenvolvê-lo e embelezá-lo, não para destruí-lo. Mas nas leis de D'us, o "direito" de um animal não sofrer é igual ao "direito" de uma árvore ou de uma planta de não sofrerem de forma desnecessária ao serem cortadas. Não podemos tratar mal os animais, mas não pelo "direito" deles, e sim por nós mesmos. Por causa das semelhanças fisiológicas que temos com os animais, tratá-los com crueldade causa um efeito negativo subconscientes na nossa personalidade, diminuindo a nossa sensibilidade. Uma pessoa que maltrata animais certamente chegará a maltratar seres humanos, o que é muito grave perante D'us.
Porém, se maltratar os animais é prejudicial ao ser humano, o outro lado também é muito perigoso. Preocupação e amor extremos com os animais e com a natureza podem nos fazer perder a referência, levando a confundir o que é o principal e o que é secundário. Existem milhares de movimentos ecológicos, mas quantos movimentos ajudam crianças africanas subnutridas que morrem, em pleno século 21, de fome? Porque tantas pessoas sentem mais dó de um cachorro abandonado do que de uma criança abandonada? Porque vestimos camisas com a frase "salvem as baleias" em vez de "salvem as crianças" ? Um estudo com crianças de 12 anos mostrou que se elas vissem o seu cachorro e um estranho a afogar-se, 35% salvariam sem nenhuma dúvida o cachorro, enquanto 35 % ficariam em dúvida do que seria o correcto fazer.
Aqueles que colocam os animais no mesmo nível dos seres humanos correm o risco de tratar os seres humanos como animais e de ignorar o sofrimento humano. Um exemplo marcante foi a Alemanha ter criado a Sociedade Protectora dos Animais pouco anos antes do Holocausto. Provavelmente as mesmas pessoas que criaram a Sociedade também participaram, ou se calaram, na morte e tortura de 6 milhões de seres humanos.
Nada ocorre por acaso, e as grandes tragédias da natureza, como tornados, furacões e Tsunamis, que matam milhares de pessoas, animais e plantas, são cada vez mais frequentes. Todas estas catástrofes são resultado das nossas más acções. D'us criou um mundo maravilhoso, e é óbvio que devemos cuidar dele e ter atitudes ecologicamente correctas, como não deitar lixo na rua, reciclar produtos e não desperdiçar os recursos naturais. Mas aprendemos da geração de Noach que não há maior contribuição ecológica do que andar nos caminhos correctos.
"Nós condenamos totalmente infligir sofrimento sobre os nossos irmãos animais, e a diminuição do prazer, a não ser que seja necessário para o benefício individual dos mesmos. Nós declaramos a nossa crença de que todas as criaturas com sentimentos têm direito à vida, à liberdade e à busca de felicidade" (Declaração assinada por 150 académicos da Universidade de Cambridge, durante o Simpósio dos Direitos dos Animais).
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