Shalom
31.7.09
29.7.09
Tisha Beav
Neste mesmo dia, através da História, muitas tragédias aconteceram ao Povo Judeu, incluindo:
Teshuvá é um processo de quatro etapas:
O estudo da Torá é o coração, a alma e o sangue do Povo Judeu. É o segredo da nossa sobrevivência. Estudar leva ao entendimento e o entendimento leva à acção. Uma pessoa não consegue amar aquilo que não entende. Estudar Torá dá-nos uma grande satisfação ao nos proporcionar a oportunidade de entendermos as nossas vidas. Em Tishá BeÁv somos proibidos de estudar Torá, com excepção daquelas partes que tratam sobre as calamidades que o Povo Judeu tem sofrido. Precisamos parar, refletir, mudar a nós mesmos e, somente assim, estaremos aptos a fazer deste um mundo melhor. Durante toda a nossa História passámos por Holocaustos, Pogroms, Cruzadas e outros massacres. Isto por si só já nos faria despertar a seguinte pergunta: “Por que os nossos ancestrais tão persistentemente insistiram em se manterem Judeus quando, com poucas palavras, poderiam terem-se convertido – excepto durante o Holocausto – e salvo as suas vidas e a dos seus familiares? O que eles sabiam que não sabemos? O que precisamos então saber?” Repetindo a história que compartilhei convosco - o imperador francês Napoleão Bonaparte caminhava pelas ruas de Paris, quando ouviu lamentos e gritos vindos de uma sinagoga. Querendo saber o motivo, vieram informar-lhe que aquele era o dia de Tishá BeÁv e que os Judeus estavam a chorar pela destruição do seu Templo em Jerusalém. “Como eu não ouvi sobre isto? Quando aconteceu?”, perguntou Napoleão. Quando descobriu que o facto ocorrera há quase 2.000 anos, Napoleão permaneceu em silencio e então falou: “Uma nação que recorda o seu Templo destruído e lamenta tão profundamente e por tanto tempo a sua perda, certamente terá o mérito de o reconstruír novamente!”
28.7.09
Anti-semitismo em Portugal
Este novo fenómeno apareceu na localidade de Mangualde sendo o protagonista dessa mensagem, o actual presidente da Câmara Municipal, o Sr. Soares Marques.
Num seu discurso de campanha fez a seguinte afirmação “ Vamos ganhar as eleições ...contra os cristãos novos do PS”.
Para comprovar o denunciado podem clicar http://omocho.info/mocho3/
É muito grave este tipo de argumentação em especial vindo de uma autoridade autárquica pública numa cidade do interior de Portugal, com um total populacional de cerca de 25.000 habitantes.
Para quem esteve na Torre do Tombo e verificou a existência de vários processos levados a efeito pela inquisição católica contra cidadãos de Mangualde, levo muito a sério este tipo de sentimento.
É necessário denunciar este tipo de comportamento anti-democrático e perigoso, muito perigoso.
O cidadão Soares Marques é um irresponsável verbal nesta triste afirmação. Porquê?
Muito simples, a “incitação” promove o ódio, o medo e a violência. Esta arma é muito utilizada por pessoas com princípios dictatoriais.
Temos de denunciar públicamente estas pessoas, que por vezes se escondem na pele do cordeiro.
Portugal teve um cidadão chamado Aristides de Sousa Mendes, que salvou milhares de Judeus e de que muito se orgulha de tal facto. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Aristides_de_Sousa_Mendes )
Portugal, através do ex-presidente da Republica, Dr. Mário Soares, pediu desculpa pelos acontecimentos provocados aos judeus na época da Inquisição.
Como judeu tenho o dever de denunciar actos anti-semiticos.
27.7.09
“Europa murió en Auschwitz”
Sebastián Vivar Rodríguez – Periodista español cristiano, en Barcelona (España) Premio Internacional de Literatura.Caminaba por la Rambla del Raval (Barcelona) y lo vi claro:
Europa murió en Auschwitz. Nosotros asesinamos a 6 millones de judíos, para acabar importando 20 millones de musulmanes por lo común integristas. ¿Qué no es posible generalizar?
Bien, en vista de cómo nos han ido las cosas yo creo que si se puede generalizar. Que si hay excepciones? De acuerdo… pero son excepciones.
Para el resto, es decir, en general debe decirse que en Auschwitz quemamos la cultura, la inteligencia y la capacidad de crear riqueza; quemamos al pueblo del mundo, el que se autoproclama el elegido de Dios. Porque es el pueblo que ha proporcionado a la Humanidad las mayores mentes capaces de cambiar el rumbo de la historia (Cristo, Marx, Eintein, Freud), y grandes momentos de progreso y bienestar!!. Y es preciso decir también que el resultado de relajar fronteras y del relativismo cultural y de valores bajo el absurdo pretexto de la tolerancia han sido estos 20 millones de musulmanes, a menudo analfabetos y fanáticos que Europa ha dejado entrar y que en el mejor de los supuestos están, como decía, en esta Rambla del Raval, expresión máximo del tercer mundo y del gueto y que en el peor de los casos preparan atentados como el de Manhattan o el de Madrid, en los pisos de protección oficial que les proporcionamos día a día. Hemos cambiado a la cultura por el fanatismo, a la capacidad de crear riqueza por la voluntad de destruirla, a la inteligencia por la superstición.
Hemos cambiado el instinto de superación de los judíos, que ni en las peores condiciones imaginables no se han cansado nunca de querer un mundo mejor en paz, por la pulsión suicida de Leganés. Los diamantes como riqueza portátil para la próxima vez que deban huir, por las piedras palestinas contra cualquier intento de paz.
Hemos cambiado el orgullo de sobrevivir, por la obsesión fanática por morir, y de paso matarnos a nosotros y a nuestros hijos.
¡Qué error hemos cometido!
24.7.09
Porção Semanal: Devarim
Esta semana começamos o quinto e último livro da Torá, Devarim (Deuteronómio), conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, a revisão da Torá. O seu conteúdo foi falado por Moshê ao povo judeu durante as cinco semanas finais da sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar na Terra de Israel. Nele, Moshê explica e comenta muitas das mitsvot outorgadas previamente e outras que aqui aparecem pela primeira vez, mas também os adverte continuamente a permanecer diligentes e fiéis às leis e ensinamentos de D’us.
A Parashat Devarim (Devarim 1:1-3:22) começa com a velada censura de Moshê, na qual faz referência aos numerosos pecados e rebeliões dos quarenta anos anteriores. Prossegue então relatando vários dos incidentes mais significativos que ocorreram com o povo judeu no deserto, lançando uma luz sobre as narrativas prévias da Torá.
Moshê fala da malograda missão dos espiões: dez dos doze homens enviados para vigiar a terra tinham voltado com um relatório negativo, e devido à falta de fé do povo, D’us condenou toda a nação a vaguear por quarenta anos no deserto, tempo durante o qual a geração do êxodo morreu. Moshê então avança para discutir a conquista dos Filhos de Israel da margem leste do Rio Jordão. A Porção da Torá conclui com palavras de encorajamento para o sucessor de Moshê, Yehoshua.
Mensagem da Parashá
Repita o que eu disser
por Benyamin Cohen
O Livro de Devarim contém as palavras de Moshê aos Filhos de Israel; é basicamente um sumário dos primeiros quatro livros da Torá. De facto, a palavra "Deuteronómio", tirada da palavra grega Deutronomion, na verdade significa "Segunda Lei", basicamente uma repetição da Torá. Isto faz-nos pensar. Porquê? Porque razão D’us incluiu na Torá todo um quinto livro que consistia basicamente de uma revisão? Os primeiro quatro livros não foram suficientes? Compreensivelmente, podemos extrair um lição significativa da inclusão deste quinto livro, aparentemente supérfluo. Talvez a seguinte intrigante declaração, conforme relatada no Talmud, possa lançar um pouco de luz na situação. O Talmud enfatiza que quando uma pessoa está revisando algo, deveria fazê-lo por 101 vezes. Qual a diferença entre 100 e 101 vezes? Os comentaristas do Talmud explicam que, sob uma observação psicológica, a pessoa revisará um conceito 100 vezes simplesmente para alcançar um objectivo elevado. A verdadeira revisão é superada pela conquista manifesta da pessoa. Em termos bem simples, 100 é um belo número redondo. Revisar 101 vezes demonstra a suprema natureza do carácter da pessoa envolvida. Ao revisar 100 vezes, dirá talvez: "Completei a minha missão. Posso sair e divertir-me." Revisar 101 vezes, no entanto, diz que você está acima e além do chamado do dever. Quantas vezes ao final de uma palestra declaramos: "Foi incrível. Pretendo aproveitar estas lições para a minha vida quotidiana." Quantas vezes aprendemos algo numa aula que realmente nos inspira? Quantas vezes lemos um artigo sobre as lições da Torá pensando como ele é esclarecedor? Porém, apenas um dia depois, as lições e inspirações simplesmente desaparecem. Voltar aos nossos empregos e rotinas diárias simplesmente apaga aquilo que aprendemos apenas um dia antes. Se pudéssemos separar o curto tempo necessário para revisar, imagine como seria mais duradouro o impacto que teriam estas lições. Ao implementar até mesmo o mais brando regime de revisão, podemos usar as lições que aprendemos na aula ou lemos num livro para elevar-nos a níveis mais altos na compreensão e prática da Torá, sem ao menos percebermos isso. Pense nos resultados! Serão literalmente espantosos. Se está a pensar em revisão, leia este artigo uma vez mais.
16.7.09
Porção Semanal: Matot
Bereshit 47:28 - 49:26
Matot (Bamidbar 30:2 - 32:42) inicia-se com uma discussão das leis sobre nedarim (promessas) e shevuot (juramentos). A Torá então descreve a batalha do povo judeu e a vitória sobre Midyan, seguida por uma narrativa detalhada da distribuição dos despojos de guerra.
Antecipando a próxima chegada à Terra de Israel, as tribos de Reuven e Gad adiantaram-se para requerer que a sua herança fosse a leste do Rio Jordão, ao invés de exactamente na Terra Santa, pois a margem leste seria mais apropriada para os seus abundantes rebanhos.
Após alguma discussão, Moshê concorda, mas apenas sob a condição de que ajudassem o restante da nação a conquistar toda a Terra de Israel, antes de retornarem para estabelecer-se no seu legado.
Mensagem da Parashá
Assassino impiedoso
por Ranon Cortell
Duas porções atrás, ao final da Parashá Balac, uma praga terrível e destruidora assolou os filhos de Israel, devido aos pecados instigados pelos nossos inimigos, os Moavitas e Medianitas.
Na mesma porção, toda a nossa existência foi também perigosamente ameaçada por um hábil e poderoso feiticeiro não-judeu, Bilam, que foi contratado pelas forças conjuntas de Median e Moav para amaldiçoar o povo judeu, esperando torná-lo uma vítima indefesa para os seus selvagens inimigos. Mesmo assim, na porção desta semana, quando D'us decide que chegou a hora de vingar a honra de Israel e destruir os seus inimigos, Ele ordena a Moshê que destrua apenas os medianitas, permitindo que os moavitas escapem ilesos.
Porque os medianitas foram escolhidos para a destruição, enquanto que os moavitas, que lideraram a extrema intrusão, foram poupados?
Para responder a esta questão, Rashi explica que os moavitas agiram puramente por razões de auto-defesa contra um inimigo avultado e potente nas suas fronteiras, enquanto que os medianitas haviam se engajado numa disputa que não lhes dizia respeito, pois não foram ameaçados pelos judeus por viverem longe da rota para a Terra de Israel. Foi pela acção de ódio infundado dos medianitas que D'us quis vingança.
Rashi explica que tal ódio e envolvimento nas disputas de outro povo é especialmente perigosa espiritualmente porque mesmo quando as partes chegam a um acordo, o ódio daquele que está de fora da disputa conservará o seu vigor pois, afinal, não era baseado em coisa alguma.
Esta mensagem é especialmente fundamental para a nossa geração, para quem ódio infundado é um dos nossos maiores erros e desafios. O Talmud (Tratado Yoma 9b) exorta-nos que no caso do insuportável pecado de ódio fútil e infundado para com um irmão judeu, a esposa e o filho de quem odeia morrerá, D'us não o permita. Rashi explica que esta punição é midá k'neged midá, pois assim como a pessoa falhou em amar o próximo, aqueles que ama serão tirados do seu convívio. Portanto, devemos ter o cuidado com este pecado de ódio injustificado como um assassino impiedoso, e combatê-lo com fervor.
Rabi Yechiel Weinberg relata uma conversa que teve com o Alter de Slabodka. Certo dia, o Alter estava falando sobre as "Três Semanas", o período de luto pela destruição dos Templos. Resumindo, ele explicou que a razão para a instituição deste período de luto foi despertar-nos da nossa rotina de pecado e incitar-nos ao arrependimento, para que possamos nos tornar merecedores da reconstrução do Templo. A destruição do Primeiro Templo foi devida ao envolvimento do povo judeu em assassinato, idolatria e relacionamentos imorais, e mesmo assim o exílio durou apenas setenta anos. O Segundo Templo, por outro lado, apesar do envolvimento dos judeus na Torá e boas acções, foi arrasado principalmente por causa do pecado ameaçador do ódio infundado, e infelizmente ainda não merecemos vê-lo reconstruído.
"Fique atento," ordena o Alter, "esta influência sinistra ainda espreita entre nós, e infelizmente não temos o nível de boas acções e Torá que envolveu os nossos antepassados." " Honestamente," pergunta ele, "quantos de nós, ao ver um colega elevado a uma posição de honra que acreditamos ser a nossa por merecimento, não fervemos face a tão horrível insulto, e imaginamos porque os nossos amigos não correram a defender a nossa honra? E mesmo assim, quantos de nós simplesmente passam pelos impulsos e leis deste período sem agir sobre a sua mensagem essencial – erradicar o ódio injustificado do nosso coração?"
Devemos interiorizar esta mensagem, arrepender-nos dos nossos pecados cometidos, e aprendermos a praticar o amor injustificado.
Quando conseguirmos isso, e com a ajuda de D'us, o Templo será reconstruído.
Que seja para breve.
13.7.09
Dia da maioridade
Na tradição judaica, a Torá é dividida em porções semanais, as parashiot, lidas publicamente na sinagoga na manhã de Shabbat. Uma parte mais reduzida da mesma porção semanal é lida também no serviço religioso matinal às segundas e quintas-feiras.Estes três dias da semana, em que é lida a Torá, são também ocasiões para o Bar Mitzvá – a cerimónia de passagem dos rapazes judeus de 13 anos à idade adulta. É evidente que em muitos aspectos, um rapaz de 13 anos é ainda um adolescente, mas a lei judaica determina que a partir dessa idade – exactamente 13 anos e um dia – ele passa a ser responsável por si mesmo no cumprimento dos preceitos religiosos.
O Bar Mitzvá – literalmente "filho do mandamento" – é o momento para uma festa pública em honra do rapaz. O acontecimento central da celebração é a leitura pública do rolo da Torá, pela voz do próprio "bar mitzvado". Após alguns meses de treino intensivo, aprendendo o texto e a melodia especial da leitura da Torá, o jovem mostra os seus dotes de baal korê, o leito da Torá. A família que decide fazer o Bar Mitzvá no Shabbat organiza depois um banquete público – ou no mínimo um pequeno lanche matinal – após o final do serviço religioso. Muitas famílias, em especial as não-tanto-religiosas, decidem fazer a festa no Kotel, o Muro Ocidental, em Jerusalém, às segundas e quintas-feiras. São esses os dias mais movimentados no lugar mais santo do Judaísmo. Dezenas de rapazes, acompanhados pelas suas famílias rumam ao Kotel para a sua festa de Bar Mitzvá. Com eles, chegam fotógrafos e operadores de câmara com a missão de perpetuar o momento para a posteridade. Para os menos preparados na arte de ler a Torá, alguém mais experiente é convidado para fazer a leitura em seu lugar. Nesses casos, a participação do rapaz no ritual limita-se então a "subir à Torá": aproxima-se do rolo da Torá, faz uma bênção e escuta a leitura. Por várias vezes, presenciei cerimónias de Bar Mitzvá de rapazes de famílias não-religiosas. A estranheza do rapaz perante tal momento inédito na sua vida é comovente. Ele é um alienígena num planeta desconhecido, um planeta que os pais nunca lhe mostraram. Ele é o actor principal daquela peça, mas está totalmente baralhado pelo seu papel, imerso na estranheza – para ele – dos rituais. Para muitos destes filhos de famílias "afastadas", esta será a primeira vez que participam num serviço religioso. Ainda assim, a família pouco cumpridora dos mandamentos diários, teima em manter a tradição e realiza a festa do rito de passagem do seu filho com grande orgulho e empenho. Judeus estrangeiros abastados, em especial americanos, têm o costume de vir a Jerusalém por ocasião do Bar Mitzvá dos seus filhos. À porta do hotel onde a família fica hospedada, são afixadas faixas de felicitação ao "novo adulto" e em alguns pontos estratégicos do trajeto até ao Muro cartazes indicam o local da festa aos outros convidados. Nas décadas mais recentes, introduziu-se este costume também para as meninas. Ao atingir a maturidade religiosa aos 12 anos, as meninas judias também têm uma celebração especial. Não lêem da Torá, nem ninguém lê a Torá para elas publicamente. A versão feminina deste rito de passagem não é mais do que um banquete com as amigas. Por vezes, o banquete é partilhado por várias meninas de 12 anos que celebram juntas o seu Bat Mitzvá, "a filha do mandamento". Inventado pelas correntes reformistas do Judaísmo, desejosas da "integração" e "igualdade" da mulher na vida religiosa judaica, aos poucos o ritual foi penetrando no mundo ortodoxo judaico. Com algumas reticências, como é óbvio. No Brasil, por exemplo, é costume a festa de Bar mitzvá ser uma oportunidade para a ostentação do status familiar. Os banquetes contam com a actuação de estrelas da música local – conheço gente que teve a Elba Ramalho ou um desfile de escola de samba na sua "pouco ortodoxa" festa. Em todos os casos, o Bar Mitzvá e o Bat Mitzvá – ortodoxo, reformista, ou meio-termo, é um momento de festa que é recordado para toda a vida. Para os afastados, será das raras vezes que tiveram e terão contacto com a tradição judaica – talvez por muitos anos. Para outros, é exactamente aquilo que a festa pretende ser: a porta de entrada na vida judaica activa. O momento em que eles passam da inconsequente menoridade, à consciente adopção da rica e extraordinária tradição judaica.
*extraído do blog Clara Mente2.7.09
Porção Semanal: Balac
Bamidbar 22:2 - 25:9
A Parashá Balac muda das viagens do povo judeu no deserto para contar a história de Bilam, o profeta pagão que tentou amaldiçoar os Filhos de Israel. Contratado por Balac, o rei de Moav, Bilam concorda em embarcar numa jornada até ao acampamento israelita; entretanto, primeiro pede permissão a D'us, e vai com a condição de que falaria apenas aquilo que D'us colocasse na sua boca. Durante a viagem, um anjo com uma espada bloqueia o caminho de Bilam, fazendo com que se desvie repetidas vezes da estrada. Incapaz de ver o anjo, Bilam reage golpeando o jumento desobediente por três vezes. Milagrosamente, D'us faz com que o animal fale com Bilam, e D'us abre os olhos do humilhado profeta, para que possa ver o anjo de pé no seu caminho. O anjo então lembra a Bilam uma vez mais que ele pode apenas falar as palavras que o Criador colocar na sua boca. Próximo do acampamento dos judeus, Bilam tenta amaldiçoá-los repetidamente; em todas as vezes D'us o impede, e em vez disso ele termina por pronunciar várias bênçãos e preces, para consternação de Bilam.
A Porção da Torá termina com a licenciosidade dos homens judeus com as filhas promíscuas de Moav e Median, e o indecente acto público de Zimri, um príncipe da Tribo de Shimon, com uma princesa medianita. Pinechas, neto de Aharon, reage furiosamente furando-os até a morte com uma lança, detendo uma peste que D'us havia feito irromper no acampamento.
A mensagem
O Talmud (Tratado Berachot 12b) declara que os Sábios queriam incluir a porção Balac desta semana da Torá no nosso recital diário da prece fundamental Shemá. A questão, é claro: porque? O que há de tão especial na Porção Balac da Torá para justificar que seja recitada diariamente numa das nossas preces mais importantes? A resposta pode ser encontrada num versículo em particular - "Eles são uma nação que se levanta como um jovem leão" (Bamidbar 23:24).
O Sfas Emes explica que os rabinos consideraram este versículo tão importante porque representa uma das mais elevadas aclamações do povo judeu. Como o leão, somos uma nação que sempre se levanta; não importa o quanto caímos, sempre nos levantamos. Isso é o que são os judeus, e é o traço de carácter do qual mais nos orgulhamos. Somos um povo que se ergue das cinzas. Essa é uma qualidade expressa por qualquer um que tenha alguma ligação com uma família que passou pelo Holocausto, e sobrevive hoje para chamar-se judeu. Nos campos de concentração, Eichmann tirou a cortina de uma Arca Sagrada e colocou-a sobre a entrada da câmara de gás. Sobre ela estava escrito o versículo: "Este é o portão para D'us; os justos passarão por ele." Fez isso como zombaria - zombando de D'us, do povo judeu, e de tudo aquilo além do reino deste mundo físico. Porém a mensagem era bem verdadeira - os judeus que passaram por aquela cortina tornaram-se justos. Eichmann e os nazistas desapareceram há muito tempo, mas colocamos de volta aquela cortina nas nossas arcas. Erguemo-nos novamente como um leão, e existem agora mais cortinas e mais sinagogas para colocá-las do que jamais houve antes. Não importa quantas vezes possamos cair, sempre nos levantamos novamente. Esta é a característica do povo de Israel. Os profetas chamam-nos de "uma nação de sobreviventes." O Rei Salomão escreveu: "Um justo que cai sete vezes e se levanta novamente" (Mishlê 24:16). O que é, exactamente, um justo? Um indivíduo justo não é necessariamente quem jamais comete pecado, mas sim a pessoa que peca e levanta-se novamente. Esta é a mensagem que o Rabino Hutner escreveu a um dos seus alunos que estava desanimado sobre a sua aparente falta de conquistas e desenvolvimento espirituais. O rabino disse-lhe: "Não desista. É disso que trata a vida - as batalhas, os conflitos. Os nossos sábios dizem que o único modo de tornar-se um indivíduo justo é após a queda. Isso é o que o torna melhor. O crescimento vem apenas com o conflito. Não é automático. Por vezes precisa de perder algumas batalhas antes de vencer a guerra."
É disso que trata a teshuvá, retorno ao caminho de Torá e mitsvot. Haverá batalhas, retrocessos, conflitos e perdas. Mas temos de nos levantar outra vez. É uma lição na história judaica e uma lição a cada um de nós. Às vezes, nós, como judeus, podemos hibernar. Podemos passar anos sem cumprir mitsvot. De repente despertamos como um leão e mudamos. Somos uma nação que não é derrotada, uma nação de sobreviventes. É devido a esta característica que ainda estamos aqui hoje.
SHABAT SHALOM