Porção Semanal da Torá: Nassó
Bamidbár (Números) 1:21 - 7:89Esta porção semanal inclui as novas instruções de trabalho para os Levitas. Moshe é instruído a como purificar todo o acampamento, em preparação para a dedicação do Mishcán, o Santuário Portátil.
São dadas 4 leis para os Cohanim:
1) a restituição de objectos roubados, quando o seu dono faleceu e não há nenhum parente para reclamá-los -- os objectos vão para os Cohanim;
2) um homem, ao suspeitar que a sua esposa lhe foi infiel, deve trazê-la aos Cohanim para uma cerimônia de esclarecimento, chamada Sotá;
3) se um homem resolve isolar-se do mundo material e consagrar-se exclusivamente ao serviço do Todo-Poderoso, tornando-se um Nazir (jurando não beber vinho ou comer produtos feitos com uvas, não ter contacto com mortos nem cortar os cabelos), deve vir aos Cohanim ao final do período de duração do seu juramento;
4) os Cohanim foram ordenados a abençoar o povo com a benção: "Possa D'us abençoá-lo e protegê-lo. Possa D'us iluminar a Sua face sobre você e trazer-lhe graça. Possa D'us levantar o Seu semblante sobre si e trazer-lhe a paz".
O Mishcán foi erigido e dedicado no primeiro dia de Nissán, no segundo ano após o Êxodo do Egipto. Os líderes de cada Tribo, com fervor, trouxeram carroças e bois para transportar o Mishcán. Depois, cada líder ofertou, em cada um dos 12 dias de dedicação, presentes idênticos de ouro e prata, animais e oferendas de alimentos.
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá ordena os Cohanim a abençoarem o Povo Judeu. A benção começa com “Possa D’us abençoá-lo e protegê-lo” (Bamidbár 06:24). Por que o Povo Judeu foi abençoado no singular?
O Rabino Moshe Leib de Sassov (1745-1807), conhecido pelo seu grande amor pelo Povo Judeu e os seus inúmeros actos de caridade, explicou que isto é para nos ensinar que
a verdadeira grandeza das bênçãos é a união: Quando nos sentimos como uma unidade indivisível, importando-nos uns com os outros, então somos realmente abençoados -- e sentimos esta benção.
É fácil criticar as diferenças dentro do Povo e considerar a si mesmo como um ser separado dos demais.
É verdade que duas pessoas não são exatamente idênticas, mas existem muitos factores comuns entre elas.
Focalizando no facto de que todo ser humano foi criado à imagem do Todo-Poderoso, teremos uma maior identificação com os outros e isto acarretará uma maior unidade dentro do Povo Judeu.
A nossa lição:Devemos sempre valorizar as características positivas das pessoas, julgá-las sempre pelo
lado do mérito e procurar não avaliar toda uma conjuntura por causa de um factor negativo isolado!
Shavuót
BOM DIA! Shavuót começa na terça-feira à noite, 22 de maio, e tem dois dias de duração (a propósito, Yzkor é rezado na quinta-feira, 24 de maio). É o aniversário do recebimento da Torá pelo Povo Judeu, há 3.319 anos atrás no Monte Sinai.
O que é Shavuót e Como é Celebrada?
A Torá chama Shavuót de ‘A Festividade das Semanas’ (Bamidbár 28:26). A própria palavra ‘Shavuót’ significa ‘semanas’ em hebraico. Isto refere-se às sete semanas que contamos desde o segundo dia de Pessach (quando uma oferenda de cevada era levada ao Templo Sagrado, em Jerusalém) até a Festa de Shavuót. É, também, um dos três Regalím (Pessach e Sucót são os outros dois), onde, na época em que o Beth HaMikdash, o Grande Templo Sagrado, ali estava erguido, cada homem na Terra de Israel tinha a obrigação de viajar para Jerusalém para celebrar esta festividade.
Shavuót é a celebração da outorga da Torá no Monte Sinai para todo o Povo Judeu. É uma época de dedicação e comprometimento ao estudo da Torá.
A Torá é o sangue vital do povo Judeu. Os nossos inimigos sempre souberam que quando nós Judeus paramos de estudar a Torá, a nossa assimilação é inevitável. Sem conhecimento não há comprometimento.
Ninguém pode amar o que não conhece. Uma pessoa não pode fazer ou entender o que nunca aprendeu.
Um Judeu é ordenado a estudar Torá de dia e de noite e ensiná-la aos seus filhos. Se quisermos que as nossas famílias permaneçam Judia e que os nossos filhos se casem dentro da comunidade, então devemos integrar um programa de estudo de Torá nas nossas vidas e implementar estes ensinamentos no nosso lar e em nós mesmos. Uma pessoa pode dizer aos seus filhos qualquer coisa, mas somente quando eles vêem os seus pais a estudarem e fazendo mitsvót, herdarão o amor em serem Judeus. Lembre-se: um pai somente deve ao seu filho três coisas: exemplo, exemplo e exemplo!
Shavuót é uma época propícia para a nossa re-dedicação à Torá e, particularmente, para o estudo da Torá. Como podemos utilizar esta oportunidade para crescer e fortalecer a nossa identidade como Judeus?
Da mesma forma que uma pessoa gatinha antes de andar e anda antes de correr, o mesmo se dá com as mitsvót (preceitos). A pessoa deve escolher mais uma mitsvá, fazê-la bem e depois construir a sua própria estrutura sobre ela. Eis aqui algumas sugestões:
1. Ouça algum CD sobre temas judaicos ou compareça a uma aula sobre qualquer assunto da Torá a cada mês, pelos próximos três meses. Ou compre uma cópia do Pirkei Avót (Ética dos Pais) e leia uma página por dia. É uma dose concentrada de sabedoria sobre a vida.
2. Assegure-se que tem uma mezuzá casher ao menos na porta de entrada da sua casa. (O lar Judeu deve ter mezuzót nas portas de todos os recintos, excepto na casa de banho). Aprenda sobre o profundo significado da mezuzá e reflita sobre ele quando olhar para cada mezuzá.
3. Escolha algum alimento não casher e não o coma -- apenas porque você é Judeu (Judia).
4. Fale o Shemá Israel e os três parágrafos seguintes pelo menos uma vez por dia. Aprenda o significado das palavras e as idéias nelas incluídas. Isto mudará o seu enfoque e as suas atitudes. Procure um Sidur.
5. Faça um Shabat especial: ascenda duas velas, com a sua respectiva bênção, antes do pôr-do-sol. Faça, também, uma refeição familiar de Shabat na sexta-feira à noite, com o Kidush, Netilat Yadáim (lavagem ritual das mãos, vertendo água 3 vezes em cada mão) e HaMotzí (a benção antes de comer Halá).
6. Leia a porção semanal da Torá -- isto o manterá conectado e o colocará num atalho para o seu crescimento!
Em Shavuót existe o costume de passarmos a noite inteira acordados, estudando Torá. Virtualmente todas as sinagogas e Yeshivót têm estudos programados durante a noite, concluindo com a oração matinal de Shacharit. A razão: na manhã em que o Povo Judeu iria receber a Torá, no Monte Sinai, eles dormiram.
Nós, agora, podemos rectificar a tendência de entregarmo-nos aos nossos instintos, demonstrando a nossa resolução ao permanecermos acordados toda esta noite. É uma experiência fascinante para compartilharmos com os nossos filhos. Procure uma sinagoga com programação para Shavuót e desfrute esta noite especial!
Uma história de Shavuót:
O Rabino Pessach Krohn (autor do ‘Jóias do Maguid’) contou no seu livro “Around the
Maggid's Table” uma parábola que o Rabino Shmuel Blech de Lakewood, EUA, contou aos freqüentadores da sua congregação. Em resumo: Uma comunidade comprou um novo Sefer Torá e as mulheres foram convidadas a fazer um mantel (uma capa) para ele. Todos seriam usados em diversas ocasiões durante o ano, mas o mais belo mantel adornaria a Torá durante a festa de recebimento da Torá na sinagoga.
Quando as capas foram expostas, o rabino e os chefes da comunidade escolheram a mais bonita.
Somente um problema: quando cobriram a Torá com ela, descobriram que era muito curta. A alegria da mulher que a fez logo se transformou em vergonha. Porem, ela teve uma grande idéia! “Esperem! Vocês ainda podem usá-la! Cortem a Torá no tamanho certo e a capa servirá perfeitamente!”
Concluiu o Rabino Blech: “Com certeza todos concordamos que a sugestão da mulher era ridícula.
Ainda assim, quantos de nós, no nosso dia-a-dia, fazemos exactamente o que a mulher propôs? Todos nós temos um certo estilo de vida que achamos ser o mais adequado. Às vezes, entretanto, o que pensamos ser desejável e importante é uma violação das leis da Torá ou dos nossos Sábios. Muitas pessoas tentam encontrar um caminho que contorne a Lei e talvez até ‘corte’ algum aspecto da Torá, para que ela se ‘adeque’ aos nossos desejos. Na verdade, o que devemos fazer é cuidar para que as nossas vidas se encaixem nos critérios da Torá, alterando as nossas prioridades”!
Pensamento da semana
'Quando um ensina, dois aprendem'
Porção Semanal: Bamidbar
Bamidbar 1:1 - 4:20
A Parashá Bamidbar, a primeira porção do quarto livro da Torá, está principalmente envolvida com o recenseamento do povo judeu feito no segundo mês de seu segundo ano no deserto. Após relacionarem os líderes das doze tribos de Israel, a Torá apresenta os totais de homens entre as idades de 20 e 60 anos para cada tribo, sendo que a contagem totalizou 603.550.
A estrutura do acampamento é então descrita, com a tribo de Levi no meio, guardando o Mishcan, Tabernáculo, e cercada pelas doze tribos de Israel, cada uma na área que lhe foi designada. É feita a designação da tribo de Levi como os líderes espirituais do povo judeu, e seu próprio censo é realizado, à parte do restante de Israel.
A porção da Torá conclui com as instruções dadas à família de Kehat, o segundo filho de Levi, pelo seu papel em lidar com as partes mais sagradas do Mishcan.
Mensagem da ParasháNa porção desta semana de Bamidbar, encontramos um Midrash fascinante no primeiro versículo: "E D'us falou a Moshê no deserto do Sinai." O Midrash explica que a Torá foi outorgada em associação com três coisas - fogo, água e no deserto.
Rabi Meir Shapiro dá uma bela explicação sobre a importância destas três coisas. Explica que o traço de caráter que destacou o povo judeu desde o início é o espírito de auto-sacrifício. Isso tem sido sempre evidente em nosso cumprimento das leis da Torá e em nossa aderência à sua fé.
Avraham, o primeiro de nossos Patriarcas, permitiu-se ser atirado a uma fornalha ardente por ter quebrado os ídolos de seu pai, e foi salvo apenas por um verdadeiro milagre de D'us. Por este ato, ele conferiu a todas as gerações futuras a vontade e a força de morrer por seu judaísmo. Algumas pessoas poderiam argumentar que este foi um ato de heroísmo isolado de um indivíduo notável. Deveriam então considerar um segundo exemplo envolvendo todo o povo judeu. Quando o Mar Vermelho foi dividido, o povo judeu marchou como uma só nação para as águas enraivecidas, a um comando do Criador.
É claro que alguém poderia argumentar ainda que este teste ocorreu em um período de tempo relativamente curto. Deixemos então que considerem o terceiro exemplo, o fato de toda a nação judaica voluntariamente entrar no deserto sem comida ou bebida, não sabendo quanto tempo teriam de lá permanecer. Fizeram isso apenas por amor e lealdade a D'us, como está escrito em Yirmiyáhu "Lembro-Me da afeição de tua juventude... como seguiram-Me no deserto, numa terra que não era semeada" (2:1).
Foi em virtude destes três testes - pelo fogo, água e deserto - que a Torá foi outorgada ao povo judeu como sua possessão eterna. A disposição para desistir de suas vidas pela sua crença em D'us, assegurou nossa sobrevivência até os dias de hoje.
SHABAT SHALOM
Yerushaláyim – Se eu esquecer de ti Jerusalém…
Devemos começar a entender a importância da memória. Memória não é apenas história ou arquivo morto. Por definição, a memória passada cria o presente. Repressão da memória cria o desequílibro mental. A saúde depende da recuperação da memória. Ditadores consolidam seu poder distorcendo a memória. Stalin apagou Trotsky e Bukharin de fotografias. Revisionistas negam que o Holocausto tenha acontecido. Que diferença faz? O homem é memória. Ninguém pode apagar o que foi visto (testemunhado) e documentado.Pessoas que perdem a memória não perdem apenas suas referências; perdem também suas identidades. Ficam perdidas no tempo, pois sem memória, o presente não tem contexto e nem significado.Yerushaláyim é para nós judeus como a luz, a água e o ar. O centro para o qual nos voltamos três vezes ao dia, dirigindo nossas preces a D’us; voltamos nossa mente e coração em direção a Yerushaláyim; onde quer que estejamos, judeus na Europa, Ásia, Africa, não importa, todos estarão voltados para a direção em que nasce o sol, onde se encontrava erguido o Bet Hamicdash, o Templo Sagrado.Quando os judeus foram exilados de Jerusalém pela primeira vez, o profeta Yirmiyáhu escreveu: "Se eu esquecer de ti Yerushaláyim, que minha mão direita perca sua destreza. E que minha língua fique grudada a meu palato. Se eu não me lembrar de ti. Se não elevar Yerushaláyim acima de minha maior alegria". Yerushaláyim fez, faz e eternamente fará parte da vida do Povo Judeu. É lembrada nos momentos mais felizes. Em todos os casamento judaicos, a cena mais emocionante sob a chupá é aquela que dá desfecho à cerimônia em que um copo é quebrado pelo noivo em lembrança à destruição do Templo Sagrado de Jerusalém.Em outros lugares D'us é teoria, mas em Jerusalém Ele pode ser sentido como uma presença tangível, em incontáveis fatos históricos relatados na Torá, que marcaram cada pedra, cada estrada que conduzia a ela. O exato local onde seria construído o Templo Sagrado foi testemunha da cena em que Yaacov teve o sonho de anjos subindo e descendo de uma escada; foi também palco do sacrifício de Yitschac levado por seu pai Avraham, o qual declarou sobre o lugar: "Este é o local onde D'us é visto.". Jerusalém foi cenário de batalhas e glórias, de liberdade e exílio, onde sempre alimentou nossa memória e esperança. Foi de construção, destruição e se D’us quiser, será de reconstrução definitiva.
Antigamente o Monte do Templo era o ponto mais alto da cidade de Yerushaláyim, mas no ano 135, escravos romanos levaram a sujeira para fora da montanha, transformaram-a no vale que vemos hoje em dia na Cidade Velha. Os romanos expeliram os Judeus de Yerushaláyim e os impediram de retornar, causando a dor da morte. A vida judaica, proclamaram, terminava agora. Os Cruzados reescreveram a importância de Yerushaláyim, não mais como o centro unificador do povo judeu, mas o local de outras paixões alheias ao judaísmo. Como os romanos eles expulsaram os judeus, e destruíram sinagogas. Os muçulmanos vieram depois, e como os outros, reescreveram a memória de Jerusalém, banindo judeus e cristãos. Construíram mesquitas sistematicamente, em todo local santo para os Judeus. Eles apagaram o passado. Cada uma destas culturas reescreveu nosso lugar, o lugar judaico na história. Nos reduziram, acreditavam eles, à caixa de pó da história -- certa vez um grande povo, mas agora, abandonado por D'us e ultrapassado pelo tempo.No entanto, contrariando qualquer lógica ou estatística, continuamos aqui. Nossa memória jamais nos traiu. Todos os anos, ao final do sêder de Pêssach, data em que celebramos nosso Êxodo do Egito e liberdade rumo a Terra Santa, declaramos: "No próximo ano em Jerusalém", o desejo de chegar a uma época em que não precisaremos mais viver na galut, diáspora, o sonho de um mundo no qual amor e justiça, paz e união nos reconduzirão ao centro do universo, a moradia de D’us.Yerushaláyim está viva e sempre presente. Quando construímos nossas casas, deixamos um pequeno quadrado sem acabamento, e quebramos um copo em casamentos, em memória a Yerushaláyim. Do mundo inteiro nos viramos e rezamos para Yerushaláyim, e porque a memória foi mantida viva, o povo judeu sobreviveu.Quando Yerushaláyim foi liberada, tempo era confuso. O passado ficou presente. O que nós tínhamos almejado se tornou nosso. O que nós tínhamos sonhado ficou real, e os soldados choraram, pois um país mediterrâneo adolescente recuperava uma memória perdida durante 2000 anos, repentinamente. O passado estava imediatamente presente, inacreditavelmente transformando-nos no que sabíamos que sempre fomos.Quem somos nós? Nós não somos itinerantes menosprezados e empobrecidos, sobrevivendo às custas da benevolência inconstante de outras nações. Não somos uma nação de fazendeiros que recuperam pântanos, nem de guerreiros - entretanto quando nós precisamos, somos todas estas coisas. Somos uma nação de sacerdotes e profetas, que tem servido de exemplo, inspiração e luz a toda a humanidade.O Talmud diz que o nome Yerushaláyim vem de D'us, composto de duas partes: "Yira", que significa 'ver' e 'shalem', 'paz'; portanto, "Visão da paz". A cidade, capital espiritual do mundo, nos dá força para almejar e alcançar esta visão. A matemática de nossos atos no cumprimento de Torá e mitsvot, desde Avraham até nossos dias, envolvendo todos os judeus que trilham o caminho da teshuvá (retorno), tem nos conduzido verdadeira e irremediavelmente a Jerusalém e ao início de uma nova era… quase palpável!
Pensamento da semana
Se continuar a persistir no seu objectivo...tera' mais possibilidades de o atingir.
Porção Semanal: Behar
Vayicrá 25:1 - 26:2
Behar, concentra-se principalmente nas mitsvot referentes à terra de Israel, começando com a ordem de cumprir Shemitá - a mitsvá de deixar o campo sem cultivo a cada sete anos, abstendo-se de plantar e colher. Da mesma forma, a terra em Israel deve permanecer não cultivada no Yovel, ou 50º ano, quando então a propriedade de todas as terras retorna automaticamente à sua herança ancestral.
D'us promete que abençoará a terra no sexto ano, para que produza alimentos suficientes para durar por todo o período de Shemitá. Após descrever este processo, pelo qual os proprietários originais da terra podem redimir sua propriedade ancestral nos anos que precedem Yovel, a porção muda para falar sobre os pobres e oprimidos. Não apenas somos ordenados a dar-lhes tsedacá e fazer atos de bondade, como o ideal seria fornecer-lhes os meios para sair de seu estado de pobreza.
Somos proibidos de receber e pagar quaisquer juros em empréstimos feitos a outros judeus. A Torá então discute os vários detalhes a respeito de servos judeus e não-judeus que trabalham para judeus, e a mitsvá de redimir judeus que são servos de não-judeus. Todos os servos judeus devem ser libertados antes do início do ano Yovel.
A porção conclui repetindo a proibição da idolatria, e as mitsvot de guardar o Shabat da profanação e reverenciar os locais santificados de D'us.
Mensagem da Parashá
A porção desta semana da Torá pinta um quadro sinistro para os fazendeiros do Israel. Após receberem ordens na Parashá Kedoshim (Vayicrá 19:9) de que algumas porções da colheita devem ser deixadas para os pobres (como os cantos dos campos, a produção esquecida quando da colheita, etc.), esta semana a Torá informa ao fazendeiro que deve também observar a Shemitá, permitindo que seu campo permaneça inculto a cada sete anos.
Certamente, esta é uma pílula difícil de engolir: manter-se casher e celebrar o Shabat são uma coisa, mas sacrificar o próprio meio de vida por um ano inteiro parece equivalente ao suicídio financeiro. Por que a Torá exigiu tanto de simples fazendeiros?
Embora vários comentaristas ofereçam interpretações do mandamento da Shemitá, o Keli Yacar rejeita a maioria destas explicações e em seu lugar oferece sua própria hipótese. Ele teoriza que a Torá havia exigido a cessação de toda atividade agrícola a fim de inculcar no povo judeu um senso de confiança e fé em D'us. Se eles tivessem permissão de plantar e colher à vontade, chegariam à conclusão equivocada que seu meio de vida e sustento devem ser atribuídos à sua própria labuta e esforço. Os judeus deduziriam erroneamente que seu próprio controle sobre as forças naturais do mundo estabeleciam seu destino e seu sucesso.
Portanto, o Criador instituiu o ciclo Shemitá para que o povo judeu percebesse que suas conquistas e realizações dependem completamente da graça e boa vontade Dele. Quando confrontado com a realidade da colheita inexistente, os judeus não têm outra escolha a não ser voltar-se para D'us por sustento e apoio.
Embora muitos de nós, como não somos fazendeiros, não possamos apreciar completamente a importância de um ano Shemitá, mesmo assim podemos também extrair uma lição para nossa vida. Muitas vezes tornamo-nos presas de nosso sucesso, dando-nos tapinhas nas costas e nos congratulando por um trabalho bem feito. Deixamos de perceber a verdadeira fonte de nossa prosperidade. Iludimo-nos pensando que "minha força e o poder de minha mão trouxeram-me esta riqueza" (Devarim 8:17). Apenas quando passamos por tempos difíceis finalmente percebemos nossa impropriedade.
A fim de lembrarmo-nos do verdadeiro Provedor de nossas necessidades, o Criador deve tomar atitudes severas que nos forçarão a reexaminar nossa autoconfiança. Ao suportar estes tempos duros e que exigem muito de nós, podemos chegar a uma total apreciação da bondade e compaixão de D'us.
As virtudes do Coração
A Lei Judaica ordena que um judeu adquira um etrog antes do feriado de Sucot, e recite uma bênção sobre ele a cada dia da Festa (exceto no Shabat).Agnon relata que pouco antes de Sucot , no bairro de Talpiot em Jerusalém, onde mora, ele encontrou um dos seus vizinhos, um rabino idoso originário da Rússia, numa loja que vendia etroguim. O rabino disse a Agnon que como a Lei Judaica considera algo muito especial a aquisição de um etrog perfeito, esteticamente belo, ele estava disposto a gastar uma grande quantia para comprar este objeto ritual, apesar dos seus meios limitados.
Agnon ficou surpreso um dia depois, quando começou o feriado e o rabino não tirou seu etrog durante o serviço na sinagoga. Perplexo, ele perguntou ao homem onde estava o lindo etrog. O rabino contou-lhe a seguinte história:Acordei cedo, como de costume, e preparei-me para recitar a bênção sobre o etrog na sucá em meu terraço. Como você sabe, tenho um vizinho com família grande, e nossos terraços são adjacentes. Como você também sabe muito bem, nosso vizinho, pai de todas aquelas crianças na casa ao lado, infelizmente é um homem de pavio curto. Muitas vezes, ele grita com os filhos; já falei com ele sobre a sua severidade, mas isso de nada adiantou.Enquanto eu estava na sucá no meu terraço, preparando-me para recitar a bênção sobre o etrog, ouvi uma criança chorar. Era uma menininha, uma das filhas do nosso vizinho. Fui até lá para ver o que estava acontecendo. Ela contou-me que também tinha acordado cedo e saído ao terraço para examinar o etrog do pai, cuja aparência estética e deliciosa fragrância a tinham encantado. Desobedecendo às instruções do pai, ela tinha tirado o etrog do estojo para olhá-lo. Infelizmente, deixou-o cair no piso de pedra, danificando-o irremediavelmente, tornando-o inaceitável para uso ritual. Ela sabia que o pai ficaria furioso, e talvez a punisse severamente. Daí as lágrimas assustadas e os gemidos de apreensão.Eu a consolei, e depois coloquei meu etrog no estojo do pai dela, levando o etrog danificado para minha casa. Disse a ela para contar ao pai que o vizinho insistia para ele aceitar o presente do etrog, e que ele estaria honrando a mim e ao feriado se o fizesse.Agnon conclui: "O etrog do meu vizinho, mesmo danificado, ritualmente inútil, era o mais lindo etrog que eu jamais vira."Gosto dessa história porque, ao seu modo suave, nos lembra de como um judeu deve comportar-se. Somos convocados a construir uma sociedade de vidas sagradas e atos generosos. A sensibilidade, juntamente com a bondade, é o próprio centro dos valores judaicos. O Judaísmo não é uma fé de momentos sagrados separados da vida diária. É uma religião que infunde a textura da vida diária, das ações cotidianas, palavras e relacionamentos.No ardente primeiro capítulo de Yeshayáhu, o profeta denuncia aqueles que são escrupulosos ao oferecer sacrifícios, porém negligenciam os pobres, ou abusam dos fracos. O Judaísmo não é Judaísmo se desconectamos nossos deveres a D'us das nossas obrigações para com nossos semelhantes, os seres humanos. Ser judeu é estar alerta ao sofrimento dos outros. Isto é lindamente expresso numa famosa linha nos Salmos:1"Eu era jovem e agora sou velho, porém não vi o justo abandonado ou seus filhos mendigando pão."A pergunta é óbvia: Certamente no decorrer da história, houve vezes em que os justos foram abandonados? Uma linda explicação pode ser encontrada nas palavras-chave do versículo: lo ra'iti, normalmente traduzidas como "Eu não vi." O verbo ra'iti, porém ocorre duas vezes no Livro de Esther com um significado bem diferente. "Como posso suportar assistir (eichachah uchal vera'iti) ao desastre que cairá sobre meu povo?" E "como posso suportar assistir à destruição da minha família?"2 O verbo aqui não significa meramente "ver". Significa "ficar ali assistindo, ser uma testemunha passiva, um espectador desengajado." Ra'iti nesse sentido significa ver e não fazer nada para ajudar. Isso, para Esther, como para o Salmista, é uma impossibilidade moral. Um judeu jamais pode ser indiferente às necessidades dos outros.
Lido dessa maneira, o versículo declara: "Eu era jovem e agora sou velho, e não fiquei simplesmente parado olhando quando os justos foram abandonados e seus filhos forçados a mendigar pão." Eu estendi uma mão amiga e um coração amoroso à pessoa em necessidade.O mundo é tremendamente rico. A imaginação humana é incapaz de prestar atenção a todas as suas facetas. O artista vê o mundo em cores, o escultor em formas, o músico percebe o mundo em sons, e o industrial em ações. O Salmista vê o mundo inteiro em termos de uma arena para a bondade, compaixão e justiça. Ser judeu é ser sensível à pobreza, ao sofrimento e à solidão dos outros.Uma história: O famoso filósofo, Bertrand Russel, tinha o hábito de pontuar suas palestras com comentários sarcásticos e irônicos. Esta prática ofendeu um aluno em sua aula sobre ética, que quis saber como um professor de ética podia ser tão cínico.Russel perguntou ao estudante: "O que mais você está estudando?" O aluno respondeu: "Estudo matemática." Disse Russel: "Então por que não pergunta ao seu professor de matemática por que ele não é um triângulo ou um trapézio?"
O professor astutamente ilustrou que se a ética obriga o professor de ética a ser uma pessoa ética, a matemática deveria obrigar o matemático a ser uma figura geométrica.Em contraste, o pensamento judaico insiste que as verdades Divinas estão incorporadas exatamente no tipo de pessoa que nos tornamos. O Talmud pergunta o que é maior, talmud ou maassê, o estudo ou a ação? E responde: o estudo é notável porque leva à ação.3 O conhecimento, então, não é um fim em si mesmo, mas um caminho para a transformação do caráter. Judaicamente, estudar não é testado passando nos exames, mas sim pela maneira como se vive. Se eu me tornar um notável erudito mas não viver moralmente, então minha educação pode ter sido um sucesso acadêmico, mas uma falha em termos de Judaísmo.Quando a Torá fala sobre educação, faz isso de uma maneira admirável. Ela não fala – como fazem os grandes pensadores gregos, Platão e Aristóteles – da busca pelo conhecimento e da procura da verdade. Fala de ensinar às crianças como se comportarem ética e espiritualmente. Avraham é escolhido "para que ele instrua seus filhos e sua família para manterem o caminho de D'us, promovendo paz e justiça." A educação judaica não é sobre a contemplação abstrata da verdade, é sobre moral e vida sagrada.Na verdade, Maimônides explica que viver de maneira sagrada é um tema geral no Judaísmo. Assim, em seu comentário ao versículo "ande nos caminhos de D'us"4 ele declara: Somos ordenados a desenvolver alguns traços de caráter – sermos bondosos, misericordiosos e sagrados, pois D'us é bom, misericordioso e sagrado. Isso significa que além de prescrever ou proibir determinadas ações, o Judaísmo exige que desenvolvamos algumas virtudes do coração. O Judaísmo é mais que uma coreografia de comportamento. A Torá está preocupada não apenas com a conduta, mas também com o caráter; não somente com mitsvot que cumprimos, mas também com o tipo de pessoa que somos5.Há pessoas bem-sucedidas, inteligentes ou influentes, mas também há pessoas que a Torá transformou, e você pode dizer isso pelo seu comportamento, sua maneira de relacionar-se com as pessoas. Eles trazem orgulho e honra ao Judaísmo. Como o rabino que deu seu etrog a uma criança. Pois a meta do Judaísmo é que o homem seja uma incorporação da Torá, para a Torá estar no homem, em sua alma e em seus atos.
O significado íntimo da Matzá
Rabino Pinchas Stolper
Comer matzá é um acto de desafio às leis da natureza, tempo e história.
Por que a matzá é tão fundamental para a celebração de Pessach? Por que Pessach é chamado de Chag HaMatzot, "o Feriado das Matzot" pela Torá? Por que este alimento tão simples é a base da experiência e ideologia judaica? Por que a matzá simboliza a liberdade humana?
A Matzá tem muitos aspectos. É o "pão da aflição”, pão do homem pobre, que os escravos comem. Também é o pão da libertação e liberdade. Vamos examinar seus variados significados.
O pão é considerado o alimento básico, mas a matzá é o pão mais básico ainda, a comida mais simples feita pelo homem. A matzá inclui a mistura dos três elementos essenciais que definem o homem civilizado: grão, água e fogo. Nenhum elemento externo além da farinha e água é permitido para definir ou influenciar sua forma. A Matzá é feita de farinha e água fria, nada mais. Se a mistura da farinha com a água passar dos 18 minutos, o processo de fermentação já começa a acontecer. A bactéria de levedura, encontrada no ar, invade a massa, se multiplica em milhões e causa a fermentação. Os microorganismos de levedura são um exército invasor não convidado, que se intrometem na mistura da farinha e água, e se deliciam com as gostosas moléculas de açúcar. Como os microorganismos de levedura se multiplicam em bilhões, liberam também o dióxido de carbono, um tipo de gás, que azeda a massa tornando-a tênue e iluminada e fazendo com que cresça.
A intervenção desta força externa é uma expressão simbólica da intrusão das forças externas no homem; forças que influenciam pessoas a inclinar-se de seu determinado caminho e as atraem ao pecado, comprometendo a independência humana, a autonomia e as escolhas.Os microorganismos de levedura começam seu trabalho independentemente da vontade humana e da pessoa que combinou a farinha com a água que constitui a mistura da massa de farinha. A fermentação, isto é, o chametz, representa estas forças negativas. Representa a inclinação para o mal, a vontade de pecar, a influência de idéias estranhas, prazeres e forças. É a voz não convidada que nos influencia a ignorar a presença e o poder do mal, até que seja tarde demais.
Qual é a diferença entre chametz (fermento) e matzá? O tempo. Nada mais. Os ingredientes são os mesmos. Por definição, a massa feita de farinha e água quando passa dos 18 minutos, antes de estar completamente assada, torna-se chametz, fermento. Pois a matzá é um pão que não é fermentado, representa o homem com controle de suas paixões, exercendo sua independência, sua vontades disciplinadas, não influenciadas pelas forças externas.A Matzá é o oposto do chametz.
Para parafrasear o Rabino Chaim Friedlander, um dos gigantes do pensamento judaico em nossa geração, a fermentação demonstra causa e efeito no mundo da natureza. Quando testemunhamos o trabalho da natureza, aparentemente fazendo as coisas sozinha, sem qualquer intervenção externa, percebemos como os processos naturais têm o efeito de esconder a Mão de Deus.
As Matzot são assadas rapidamente, num esforço para superar as influências e limitações do tempo. Nós assamos as matzot enrugadas e achatadas, com a finalidade de relembrar o Êxodo, quando o Povo de Israel fugiu para o Egito rapidamente, como a Torá fala: "Você deve comer matzot durante sete dias...o pão do sofrimento, pois deixou o Egito apressadamente." Esta mitzvá ensina que o controle de D’us da natureza e da história está acima e além das restrições e limitações de tempo. D’us não exige causa e efeito. Não precisa de tempo para realizar Suas metas. Em Pessach, devemos imitar D’us e estar criativos espiritualmente, agindo com zelo e rapidez, vivendo a vida além do tempo, em sociedade com D’us que está acima do tempo e é infinito. Respondemos a D’us agindo de forma a desafiar a natureza, quebrar os limites impostos pelo tempo e natureza.
A precipitada partida dos judeus do Egito aconteceu devido à Praga da morte dos primogênitos egípcios, o que convenceu Faraó de que se caso não respondesse às pressões de D’us sem um momento adicional de atraso, todo o Egito enfrentaria um colapso e a destruição imediata. Para o Egito sobreviver, Israel deveria partir imediatamente.
Para Israel sobreviver tinham que fugir imediatamente.D’us forçou a mão do Faraó. Ele o fez para ensinar ao Faraó e a toda a humanidade que atrás do curso natural dos eventos, que podem ser descritos como o trabalho de causa e efeito, a Mão de D’us compele as forças da história e da natureza para se ajustar ao Seu programa de trabalho. Como o Maharal (Rabino Yehuda Loewe Ben Bezalel, uma notável figura do pensamento judaico) explica, era necessário que a humanidade ficasse ciente do fato de que o Êxodo foi o resultado direto da Vontade e intervenção de D’us.
Mas, por que a pressa? Por que, depois de 210 anos de escravidão, D’us finalmente decidiu pressionar os Egípcios a tirar os judeus com rapidez e força? Os Sábios ensinam que os judeus alcançaram o 49° grau de decadência. Assim, se entrassem no 50° grau, algo que era iminente, atingiriam um ponto sem volta e ficariam sem solução. Uma vez que cederam a imoralidade infame, ao materialismo, à decadência e ao paganismo dos Egípcios, suas origens, as de Avraham, se tornariam irreconhecíveis e afundariam e desapareceriam na confusão da sociedade egípcia.
Os Sábios explicam que cada grau adicional de decadência implica numa progressão geométrica, algo como a escala Richter, onde cada número é dez vezes maior que o anterior. Então desde que Israel não passasse pelo 50° grau de impureza, suas origens, as de Avraham estariam ainda reconhecíveis, entretanto sujas. Os Sábios ensinam que durante aqueles 210 anos de escravização, os "Israelitas, para seu beneficio, não mudaram seus nomes, sua cultura, seu idioma ou sua vestimenta”, indicando claramente que apesar das constantes pressões e insultos, permaneceram judeus em todos os sentidos. Os nomes em hebraico dos judeus, como relatados na Bíblia, demonstra que adoraram continuamente o verdadeiro D’us de Israel e permaneceram fieis a sua herança.
Mas, depois de 210 anos estavam próximos de perder esta herança. Tiveram que superar as pressões do tempo tornando-se um povo infinito, eterno. Isto necessitava ajuda Divina; D’us pegou rapidamente Seu Povo e os libertou. Sua libertação milagrosa desafiou as leis da natureza, do tempo e da história.
O Maharal explica que é por essa razão que eles foram ordenados a comer matzá quando observavam o Pessach de sua libertação e por todos ou outros Pessach subseqüentes ao longo de toda a eternidade. A matzá é a única comida que sua fabricação ordena que seja feita sem tempo, ou seja, além do tempo, o mais depressa possível. A proibição do fermento também nos ensina que a natureza não opera independentemente, e sim é controlada por D’us. A natureza é a Vontade de D’us escondida no mundo natural.
Quando aplicado ao próprio ser humano, os Sábios ensinam que o "ato de inflar da massa”, natureza do chametz, simboliza o traço característico da arrogância e da vaidade. A superfície achatada, a matzá não fermentada representa a humildade. A humildade é o início da libertação e o fundamento do crescimento espiritual. Só uma pessoa que pode reconhecer suas negligências e se submeter a uma sabedoria superior pode se livrar de suas próprias limitações. Quando comemos matzá, interiorizamos a qualidade de humildade como a essência da fé. Não comer chametz, nos liberta da arrogância e do egocentrismo.
Num sentido simbólico, o Povo de Israel tornou-se "fermentado" a ponto de quase se tornarem chametz. D’us salvou Israel de se tornar chametz, o que causaria a destruição de Israel. Foi a Mão redentora de D’us que garantiu a Israel que continuariam sendo “matzá”, a essência da humildade, por todos os tempos.
Por todas as razões acima, as palavras "mitzvá" e "matzá" são análogas. Nossos Sábios ensinam, "mitzvah ela 'haba 'ah leyadcha Al tachmitzena, quando uma mitzvá chegar, não permita que ela fermente", isto é, quando a oportunidade para fazer uma mitzvá surge, faça-a depressa. Este ensinamento se aplica a urgência de assar a matzá de Pessach com rapidez a todas as mitzvot. O judeu espera conquistar o tempo, viver além do tempo, associar sua vida a D’us, Que é infinito e eterno. Os judeus nunca desperdiçam o tempo; o presente é agora, por isso é tão precioso. Os judeus empregam o tempo para submetê-lo às metas da eternidade. Isto é feito fazendo deste um artigo precioso, preenchendo-o com Torá, mitzvot e chessed (bondade).
Um trecho do livro “Living Beyond Time”, da Artscroll Publications.
Porção Semanal: Emor
Bereshit 47:28 - 49:26Seguindo os passos da ordem dada na porção da semana anterior a toda a população judaica para ser santa, a Parashá Emor (Vayicrá 21:1-24:23) começa discutindo várias leis dirigidas especificamente aos Cohanim e ao Cohen Gadol, cujo serviço Divino exige que mantenham um alto padrão de pureza. Ela contém a ordem para que o Cohen abstenha-se de ficar ritualmente impuro através do contato com um corpo morto (exceto parentes próximos) e aumenta as restrições sobre quem poderiam desposar. A porção cita defeitos físicos que impedem um cohen de realizar seu trabalho no Templo Sagrado, a menos que se cure. O assunto então volta-se à nação inteira: qualquer um que esteja tamê, impuro, recebe ordens de afastar-se dos locais e coisas que sejam especialmente sagradas. Após discutir as leis de terumá (a pequena porcentagem de comida que deve ser separada da colheita na Terra de Israel e dada a um Cohen, antes que a porção restante possa ser comida) e as várias imperfeições que tornam uma oferenda inadequada, somos advertidos a ser cuidadosos para não profanar o nome de D’us e, ao contrário, santificá-Lo a todo custo. A Torá continua a discutir as festas do ano (Pêssach, Shavuot, Rosh Hashaná, Yom Kipur, Sucot e Shemini Atsêret), seguidas pelas duas mitsvot constantes mantidas no Mishcan: o acendimento da menorá todos os dias e a exibição de lechem hapanim a cada semana. A porção termina com o horrível incidente de um homem que amaldiçoou o nome de D’us e foi punido com a pena de morte por ordem Divina.
Mensagem da ParasháNa saúde e na doençapor Matthew LeaderInfelizmente, as pessoas nem sempre são justas. Se alguém informar a você que não pode ter um determinado trabalho devido a um defeito físico, seja o trabalho de médico, advogado ou Chefe da Tribo, a maioria das pessoas diria: "Ei, meu senhor, isso não é justo!" Entretanto, todos esperam que D’us seja justo, se não na prática, pelo menos nas regras escritas. Eis por que muitos sábios através dos tempos têm discutido a parte aparentemente não igualitária da porção desta semana da Torá, que trata das leis dos Cohanim. Após descrever vários detalhes de como um Cohen deveria manter-se especialmente puro, D’us diz a Moshê que um Cohen com qualquer defeito físico, como cegueira, eczema ou mesmo um pé quebrado não poderia aproximar-se do Mishcan para realizar o serviço sacerdotal de trazer oferendas, pois isso "profanaria Meu local sagrado" (Vayicrá 21:23).Como pode ser? Nossa religião não é para aperfeiçoamento interior, onde o Criador nos julga pelos nossos pensamentos e ações, não pela nossa aparência pessoal? Na prece fundamental do Shemá, está escrito que devemos servir a D’us "com todo nosso coração e toda nossa força" e Ele ficará satisfeito conosco. O salmo Aishet Chayil, recitado toda sexta-feira à noite como um louvor às mulheres da casa, informa-nos que "o encanto é falsidade e a beleza é vã, mas uma mulher que teme D’us, essa deve ser louvada." Então, como pode uma pessoa que tem a infelicidade de ser cega ou desenvolver uma doença de pele ser excluída do serviço de D’us, se possui um bom coração?Convenientemente, Rabi Meir Simcha HaCohen de Dvinsk faz a mesma pergunta, e nos dá a resposta em duas partes. A primeira é a mais óbvia – pois D’us é o árbitro daquilo que constitui a verdadeira justiça, e tudo que Ele faz é justo por definição. As leis a respeito das oferendas são chukim e podemos apenas adivinhar as razões pelas quais Ele deseja que certas pessoas estejam envolvidas neste serviço, e outras sejam excluídas. Isso nos ensina que não devemos aplicar nossos limitados ideais humanos de "justiça" às ações de D’us. Esta resposta é mais compreensível no caso de um Cohen que nasceu com um defeito. Entretanto, isso não é realmente compreensível no caso de alguém que D’us considerou merecedor quando anteriormente desempenhou o serviço sacerdotal, mas agora foi golpeado por essa lista. Devemos portanto assumir que esta pessoa tornou-se desmerecedora de servir, através de algum pecado ou ato que cometeu. Mas certamente há pessoas defeituosas que são mais justas que outras saudáveis.Rabi Meir Simcha responde a isso de uma maneira judaica clássica, fazendo outra pergunta: Se deveria haver desqualificações, por que D’us simplesmente não dizia ao profeta da época quais pessoas haviam pecado, e o profeta as desqualificaria do serviço sacerdotal? Rashi declara que o fato de a Torá escrever a palavra "defeitos" uma vez mais (ibid. 21:21), após já ter listado vários exemplos, ensina-nos que qualquer defeito físico é motivo para desqualificação, mesmo um que não seja aparente ou visível de imediato. Portanto, explica Rabi Meir Simcha, o defeito físico é uma maneira de D’us enviar uma mensagem direta à pessoa afligida que, mesmo se suas ações parecem ser puras externamente, podem existir falhas internas ou um traço de caráter que ele precisa remediar. O defeito de forma alguma significa que ele é "mau" ou "pecador"; ao contrário, sugere que há um pequeno atributo ou atividade que ele precisa aperfeiçoar antes de retomar o serviço sacerdotal. Talvez apenas o próprio Cohen possa descobrir esta falha através de sua própria introspecção, enquanto as "autoridades religiosas" da época possam ser incapazes de encontrar o problema interno.Esta lição de responsabilidade pessoal não se aplica apenas aos Cohanim. Cada um de nós, em nosso próprio nível, deve manter nosso relacionamento único com D’us e responder às sutis mensagens que Ele envia constantemente em nossa direção.