11.5.07

Porção Semanal: Behar


Vayicrá 25:1 - 26:2

Behar, concentra-se principalmente nas mitsvot referentes à terra de Israel, começando com a ordem de cumprir Shemitá - a mitsvá de deixar o campo sem cultivo a cada sete anos, abstendo-se de plantar e colher. Da mesma forma, a terra em Israel deve permanecer não cultivada no Yovel, ou 50º ano, quando então a propriedade de todas as terras retorna automaticamente à sua herança ancestral.
D'us promete que abençoará a terra no sexto ano, para que produza alimentos suficientes para durar por todo o período de Shemitá. Após descrever este processo, pelo qual os proprietários originais da terra podem redimir sua propriedade ancestral nos anos que precedem Yovel, a porção muda para falar sobre os pobres e oprimidos. Não apenas somos ordenados a dar-lhes tsedacá e fazer atos de bondade, como o ideal seria fornecer-lhes os meios para sair de seu estado de pobreza.
Somos proibidos de receber e pagar quaisquer juros em empréstimos feitos a outros judeus. A Torá então discute os vários detalhes a respeito de servos judeus e não-judeus que trabalham para judeus, e a mitsvá de redimir judeus que são servos de não-judeus. Todos os servos judeus devem ser libertados antes do início do ano Yovel.
A porção conclui repetindo a proibição da idolatria, e as mitsvot de guardar o Shabat da profanação e reverenciar os locais santificados de D'us.


Mensagem da Parashá

A porção desta semana da Torá pinta um quadro sinistro para os fazendeiros do Israel. Após receberem ordens na Parashá Kedoshim (Vayicrá 19:9) de que algumas porções da colheita devem ser deixadas para os pobres (como os cantos dos campos, a produção esquecida quando da colheita, etc.), esta semana a Torá informa ao fazendeiro que deve também observar a Shemitá, permitindo que seu campo permaneça inculto a cada sete anos.
Certamente, esta é uma pílula difícil de engolir: manter-se casher e celebrar o Shabat são uma coisa, mas sacrificar o próprio meio de vida por um ano inteiro parece equivalente ao suicídio financeiro. Por que a Torá exigiu tanto de simples fazendeiros?
Embora vários comentaristas ofereçam interpretações do mandamento da Shemitá, o Keli Yacar rejeita a maioria destas explicações e em seu lugar oferece sua própria hipótese. Ele teoriza que a Torá havia exigido a cessação de toda atividade agrícola a fim de inculcar no povo judeu um senso de confiança e fé em D'us. Se eles tivessem permissão de plantar e colher à vontade, chegariam à conclusão equivocada que seu meio de vida e sustento devem ser atribuídos à sua própria labuta e esforço. Os judeus deduziriam erroneamente que seu próprio controle sobre as forças naturais do mundo estabeleciam seu destino e seu sucesso.
Portanto, o Criador instituiu o ciclo Shemitá para que o povo judeu percebesse que suas conquistas e realizações dependem completamente da graça e boa vontade Dele. Quando confrontado com a realidade da colheita inexistente, os judeus não têm outra escolha a não ser voltar-se para D'us por sustento e apoio.
Embora muitos de nós, como não somos fazendeiros, não possamos apreciar completamente a importância de um ano Shemitá, mesmo assim podemos também extrair uma lição para nossa vida. Muitas vezes tornamo-nos presas de nosso sucesso, dando-nos tapinhas nas costas e nos congratulando por um trabalho bem feito. Deixamos de perceber a verdadeira fonte de nossa prosperidade. Iludimo-nos pensando que "minha força e o poder de minha mão trouxeram-me esta riqueza" (Devarim 8:17). Apenas quando passamos por tempos difíceis finalmente percebemos nossa impropriedade.
A fim de lembrarmo-nos do verdadeiro Provedor de nossas necessidades, o Criador deve tomar atitudes severas que nos forçarão a reexaminar nossa autoconfiança. Ao suportar estes tempos duros e que exigem muito de nós, podemos chegar a uma total apreciação da bondade e compaixão de D'us.