10.6.06

As diferenças em relação ao Mandamento do Shabat

BOM DIA! Terminamos a pouco de celebrar Shavuót e o recebimento da Torá pelo Povo Judeu. Nos últimos milhares de anos, a vasta maioria dos Judeus e a maioria da população mundial acreditavam que D'us deu a Torá ao Povo Judeu no Monte Sinai há 3.318 anos atrás. Quase a totalidade dos Judeus durante este período acreditava que D'us ditou a Torá para Moshe, que a escreveu letra por letra, palavra por palavra. Isto quer dizer que tudo aquilo que está escrito na Torá é preciso e tem o objectivo de transmitir um determinado significado.
A Torá é um livro de instruções para a vida. Nós a estudamos e aos seus comentários, principalmente a Mishná e a Guemará, para entender as suas lições. Na semana passada lemos sobre os Dez Mandamentos (não as Dez Sugestões, como alguém poderia pensar...) na porção semanal de Ytró, no livro Shemót. Na porção semanal de Vaethanán, os Dez Mandamentos são novamente listados. É fascinante notar que existem muitas diferenças entre as palavras empregadas nos Dez Mandamentos nestas duas porções. O editor estava com sono? Não, se acreditamos que D’us ditou a Torá e Moshe a escreveu fielmente, palavra por palavra, letra por letra. Então, que podemos aprender destas diferenças?
O seguinte quadro compara as diferenças em relação ao Mandamento do Shabat. Foi adaptada de um original publicado por meu amigo, o Rabino Shraga Simmons, do Aish HaTorá. (Você pode se inscrever para recebê-lo semanalmente pela Internet, no endereço www.aish.com/torahportion/shragasweekly ). As diferenças estão em LETRAS MAIÚSCULAS.

Que Podemos Aprender da Diferença nos Dez Mandamentos em Relação ao Shabat?
No livro Shemót (Êxodos – o segundo livro da Torá), capítulo 20, versículo 8, o Mandamento foi assim declarado:

LEMBRE do Dia do Shabat para santificá-lo. Seis dias trabalhará e fará todos os seus serviços e ao Sétimo Dia será o Shabat para o Todo-Poderoso, o seu D’us. Não fará nenhum trabalho, você, o seu filho e a sua filha, o seu empregado e a sua empregada, O SEU ANIMAL e o peregrino que estiver em suas cidades. PORQUE EM SEIS DIAS O TODO-PODEROSO CRIOU OS CÉUS E A TERRA, O MAR E TUDO QUE HÁ NELES, E REPOUSOU NO SÉTIMO DIA. Portanto, O TODO-PODEROSO ABENÇOOU O SHABAT E SANTIFICOU-O”.

No livro Devarim (Deuteronômio – o quinto livro da Torá), capítulo 5, versículo 12, o Mandamento foi assim declarado:

GUARDE o Dia do Shabat para santificá-lo, COMO LHE ORDENOU O TODO-PODEROSO, SEU D’US. Seis dias trabalhará e fará todos os seus serviços e o Sétimo Dia será o Shabat para o Todo-Poderoso, o seu D’us. Não fará nenhum trabalho, você, o seu filho e a sua filha, o seu empregado e a sua empregada, O SEU BOI, O SEU BURRO E TODOS OS SEUS ANIMAIS e o peregrino que estiver em suas cidades, PARA QUE DESCANSEM O SEU EMPREGADO E A SUA EMPREGADA, BEM COMO VOCÊ. E LEMBRE-SE QUE VOCÊS FORAM ESCRAVOS NO EGIPTO E O TODO-PODEROSO, O SEU D’US, OS TIROU DE LÁ, COM MÃO FORTE E COM BRAÇO ESTENDIDO. PORTANTO, O TODO-PODEROSO, O SEU D’US, ORDENOU-LHE A CUIDAR DO SHABAT”.

Eis as explicações das duas diferenças:
1) “LEMBRE” vs. “GUARDE”
O mandamento para LEMBRAR significa que devemos lembrar o Shabat durante o decorrer da semana. Comprando algo especial para o Shabat estaremos cumprindo este mandamento. Recitando o Cântico do Dia (Salmos específicos lidos a cada dia da semana), que é parte das preces matinais em todos os dias da semana, também cumprimos este mandamento, pois o seu início sempre menciona o Shabat. Até mesmo pronunciando o nome em Hebraico dos dias da semana podemos cumprir este mandamento, pois o nome dos dias em Hebraico são ‘Primeiro’, ‘Segundo’, ‘Terceiro’, ... enumerados em relação ao Shabat!
A mitsvá de LEMBRAR também inclui os mandamentos positivos do dia: fazer o Kidush e comer comidas especiais e apetitosas.
A palavra ‘CUIDAR’ significa não transgredir as actividades proibidas no Shabat, como fazer lume, fogo, por exemplo. (Existem 39 categorias de actividades criativas que devemos nos abster no Shabat).
2)“O TODO-PODEROSO CRIOU” vs. “VOCÊS FORAM ESCRAVOS NO EGITO”
A Torá nos conta, no livro Shemót (Êxodos), que devemos guardar o Shabat como um testemunho da criação do mundo por D’us. No Livro Devarim (Deuteronômio) consta que devemos guardar o Shabat porque D’us nos tirou do Egipto.
Se uma pessoa fosse guardar o Shabat somente porque D’us criou o mundo, perderia um detalhe muito importante: que D’us não apenas criou o mundo e depois ‘saiu de cena’. D’us mantém um relacionamento pessoal com cada ser humano e constantemente interage com o mundo que Ele criou.
Guardar o Shabat porque D’us nos tirou do Egipto é um testemunho que D’us está envolvido nas nossas vidas. Assim D’us declarou: “Eu os tirei do Egipto para ser o seu D’us (Bamidbár – o quarto livro da Torá – 15:41). Noutras palavras: “EU OS TIREI DO EGIPTO na condição de que mantenhamos um relacionamento. Vocês serão a Minha nação e Eu SEREI O VOSSO D’US”. D’us não só criou o mundo, mas mantém uma relação viva e uma dinâmica connosco.