Mensagem de Torahlaam à Comunidade Anti-Semita
Caros anti-semitas, o Judaísmo está baseado em regras de moral e ética bem amplas e definidas, transmitidas através da Torá e que abrangem todas as áreas da vida de todos os judeus e de todo o ser humano. Para um judeu ser religioso ele precisa antes de mais nada ser ético e nunca um assassino. Esta é a marca registrada que deve reger o comportamento de qualquer judeu em todos os campos, tanto nos relacionamentos interpessoais dele com outros seres humanos quanto dele em relação ao Eterno. Desde a Criação do mundo, do homem, da mulher e desde à confiança em ambos depositada pelo Eterno, logo foi definido qual deveria ser o padrão de conduta para merecer o recebimento das Bênçãos Divinas. Um compromisso estabelecido e uma palavra dada sempre devem ser mantidos. Esta é uma entre tantas lições que se aprende da transgressão ocorrida no Gan Eden (Paraíso). O Dilúvio que devastou o mundo a fim de purificá-lo com suas águas, poupou a família de Nôach, um homem bom e justo, fornecendo uma prova ímpar sobre a importância de quem se conduz com moralidade no mundo, mas as Cruzadas e a Inquisição não poupavam ninguém. O patriarca Yaacov, apesar de tantas vezes ter sido enganado por seu sôgro Lavan (Labão), homem sem escrúpulos, que contradizia um sem número de vezes sua palavra, cumpriu compromissos mesmo duvidosos afim de manter intacta sua integridade, o que o levou a sacrificar vinte anos de sua vida trabalhando sem trégua. Hoje, se Yaacov ou Lavan tivesse que ser beatificado, com certeza, seria pedida a beatificação de Lavan, assim como a Igreja Católica beatificou o Cardeal Stepinac, pois esta igreja já é conhecida de longa data.A Torá, meus caros, segue com inúmeros e incontáveis exemplos nos dando uma visão de qual caminho devemos seguir e de como devemos agir durante todos os anos de nossas vidas. Devemos ser o espelho do Eterno aos olhos do mundo e não a espada de Constantino I, O Grande, aos olhos do mundo, tão usada a mando da Igreja ao longo dos séculos da formidável Era da Graça. Saibam que religioso significa ser ético, aquele que pratica atos justos e bons ao invés de fazer guerra para ampliar os territórios devido a interesses políticos e econômicos, torturar e matar como ocorrido ao longo dos séculos. Um judeu sem ética não é considerado observante e nem religioso, e apesar de cumprir cuidadosamente as leis do Judaísmo entre o homem e o Eterno, enquanto permanecer não-ético, também não chegará a entender que o Criador rejeita a simples observância de leis entre o indivíduo e Ele por aqueles que agem de forma imoral e violenta tão preferida pelas igrejas ao longo destes dois mil anos desta formidável Era da Graça.
Em inúmeras ocasiões os Profetas de Israel censuraram veementemente judeus cuja observância mecânica da Torá demonstravam uma falta de preocupação pelos princípios éticos nelas contidos. Ao contrário, os papas, em particular, quando tinham conhecimento de fiéis que ensinavam ou pensavam de forma diferente ao da igreja romana, enviava tropas para que estes fossem exterminados. Sabem por que isto acontecia? Por que centenas de ensinamentos propagados através destas instituições careciam de preocupação e ética, mas precisavam ser mantidos a todo custo nem que fosse através da força da espada. Nós judeus, observantes das leis que regem o comportamento entre o indivíduo e o Criador, dedicamos um cuidado especial às regras que regem a Kashrut (Alimentação Judaica), dedicamos atenção e somos bem minuciosos ao tratarmos com educação e respeito ao próximo. A observância das leis de pessoa para pessoa, de como amar ao próximo como a si mesmo é uma Mitsvá (Preceito) de tanto peso que deveria ser levada à prática em todos os atos que interlaçam os relacionamentos humanos, mas nós nunca observamos isto por parte da Igreja. Sabem por que? Por que nestas horas quando nós não estávamos fugindo de espadas, que sempre se apresentavam afiadas e dos vossos garrotes pontiagudos, estávamos morrendo devido ao derramamento de chumbo derretido que eram colocados nos nossos ouvidos e bocas nas masmorras inquisitórias.
A Torá mostra como a má inclinação, a que todos nós estamos sujeitos, pode ser driblada e dominada, mas a Igreja, por exemplo, concedia livre acesso a ela ao longo dos séculos e depois transportava a culpa para o demônio. Sabem por que? Porque era mais fácil. Dependerá muito mais do nível de discernimento espiritual, do refinamento em que cada pessoa se encontra pelo mérito de seu esforço pessoal, do que simplesmente relegar a justificativa de atos negativos simplesmente como obra do azar, do acaso ou do demônio tão comercializado hoje em dia por muitas igrejas. A ética é o equilíbrio permanente na balança onde o bem está acima do mal, e os atos são direcionados seguindo a orientação apontada pela própria Torá e não pela espada de Constantino I, O Grande, ou pelos vis panfletos de Lutero. Dominar nossos maus instintos, vencer obstáculos e tentações da vida é uma forma de exercer nosso livre arbítrio de forma positiva. Por isto, meus caros, que nós judeus, não precisamos nos exorcizar com chicotes e nem fazer celibato, e é por isto que em nossa terra não há os homicídios, raptos, estupros e crimes hediondos tão comuns na sociedade de vocês, repleta de princípios cristãos.
Nós temos a Halachá (Código das Leis Judaicas) que é uma palavra hebraica que significa caminho, mas vocês indicaram o caminho com a espada nestes dois mil anos, não foi? A Halachá fornece todos os instrumentos necessários para se chegar a um determinado lugar, que deve ser o da santidade, moralidade e ética. As leis da ética e conduta do povo judeu são o meio, mas depende exclusivamente de cada um de nós, judeus, usá-lo de forma correta para realmente nos tornarmos exemplos vivos da Torá, judeus verdadeiros, por dentro e por fora.
Caros anti-semitas, sabemos que vocês estão contrariados conosco em Israel e em muitos lugares onde haja um de nós. Na verdade, parece que vocês estão bem zangados, furiosos e até ultrajados. De fato, a cada ano que passa vocês parecem ficar mais aborrecidos conosco. Hoje, é o que vocês chamam de brutal repressão aos palestinos, ontem, foi o Líbano, antes disto foi o bombardeio ao reator nuclear em Bagdá, a Guerra de Yom Kipur e a Campanha do Sinai. Parece que os judeus que triunfam e que, portanto, vivem, incomodam vocês ainda mais. Parece que muito antes de existir um Israel, nós, judeus, já incomodávamos vocês.
Perturbamos os cruzados que, em seu caminho para libertarem falsamente a Terra Santa, estavam tão contrariados conosco que assassinaram incontáveis números de nós. Durante séculos, incomodamos a igreja romana que deu tudo de si para definir o nosso relacionamento por meio da Inquisição, e perturbamos o inimigo supremo de Roma, Martinho Lutero, que, em sua conclamação para incendiar as sinagogas juntamente conosco dentro delas, demonstrou um admirável espírito ecumênico e cristão. Incomodamos os cossacos de Khmelnitsky, que massacraram dezenas de milhares de nós entre os anos de 1648 e 1649. Contrariamos um povo alemão que elegeu Adolf Hitler e incomodamos um povo austríaco que aplaudiu sua entrada em Viena, e abalamos uma porção de nações eslavas, polonesas, eslovacas, lituanas, ucranianas, russas, húngaras e romenas.
Devido a isto tudo, ficamos tão aborrecidos por incomodar a vocês, que decidimos deixá-los, por assim dizer, e estabelecer o Estado de Israel. O argumento foi que, vivendo em contato próximo a vocês, como estrangeiros residentes nos vários países, nós o incomodamos, irritamos e perturbamos. Que melhor idéia, então, deixar vocês? Portanto, decidimos voltar para casa, para o mesmo país de origem do qual fomos expulsos há mil e novecentos anos por um romano que, aparentemente, também incomodamos. Infelizmente, parece que é difícil de agradar vocês. Tendo sobrevivido às Cruzadas, Inquisição, Pogroms, Holocausto e às calúnias de vocês, tendo nos afastado do mundo em geral para vivermos em paz no nosso pequeno Estado de Israel, parece que continuamos a incomodá-los. Vocês estão aborrecidos porque reprimimos os pobres palestinos e estão profundamente irados pelo fato de que não abrimos mão dos territórios de 1967, que obviamente são o obstáculo à paz no Médio Oriente. Por muitas vezes, Moscou e Washington ficaram aborrecidos, os árabes radicais estão perturbados, e os gentis e moderados egípcios estão aborrecidos.
Vamos analisar a reação de um judeu em Israel. Nos anos de 1920, 1921 e 1929, não havia os territórios de 1967 de hoje para impedirem a paz entre judeus e árabes. Na verdade, não havia nenhum Estado de Israel para incomodar ninguém. Apesar disto, os mesmos palestinos oprimidos e reprimidos esquartejaram dezenas de judeus em Jerusalém, Jaffa, Safed e Hebron. Na verdade, secenta e sete judeus foram massacrados em um único dia, em 1929, em Hebron. Meus caros, por que os árabes e os palestinos massacraram secenta e sete judeus em um único dia no ano de 1929? Poderia ter sido por causa da fúria deles pela agressão israelense que só iria acontecer no ano de 1967? E por que quinhentos e dez judeus, homens, mulheres e crianças, foram assassinados nas rebeliões árabes entre os anos de 1936 e 1939? Foi porque os árabes estavam abalados por causa do que iria acontecer no ano de 1967? Vocês lembram quando foi proposto no ano de 1947, nas Nações Unidas, um Plano de Divisão para criar um Estado Palestino ao longo de um minúsculo Israel e os árabes gritaram Não e foram à guerra e mataram seis mil judeus? Este incômodo foi causado pela agressão que só iria ocorrer no ano de 1967? E, por falar nisto, por que na época não ouvimos seu grito cínico de aborrecimento? Os pobres palestinos que hoje matam judeus com explosivos e pedras são parte do mesmo povo que, quando possuíam todos os territórios que agora exigem que lhes sejam dados para o seu estado, tentaram empurrar o estado judeu para o fundo do Mar Mediterrâneo. As mesmas faces retorcidas, o mesmo ódio, o mesmo grito de Itbach al yahud (Massacrem os judeus) que vemos e ouvimos atualmente, foram ouvidos naquela época. O mesmo povo, o mesmo sonho de destruir Israel. O que eles não conseguiram fazer no passado, sonham em fazer no presente, mas não devemos "reprimi-los".
Caros anti-semitas, vocês assistiram de camarote o Holocausto e assistiram de camarote no ano de 1948, quando sete estados deflagraram uma guerra que a Liga Árabe orgulhosamente comparou aos massacres mongóis. Vocês assistiram de camarote no ano de 1967 enquanto Nasser, barbaramente aclamado por uma turba selvagem em todas as capitais árabes do mundo, jurou jogar os judeus ao mar. E vocês assistiriam de camarote, amanhã, se Israel estivesse enfrentando a extinção? Claro que sim, pois nós já conhecemos vocês de longa data. E, como sabemos que os árabes-palestinos sonham todos os dias com esta extinção, faremos todo o possível para permanecermos vivos em nosso próprio país e em outros lugares do mundo. Se isto os aborrece, meus caros, pensem quantas vezes no passado vocês nos aborreceram.
Caros anti-semitas, durante quase vinte séculos fomos escravizados pela igreja cristã, fomos a mão de obra escrava mais usada da história da humanidade, fomos dispersos, separados de nossa terra e de nossos entes queridos, fomos quase destruídos pela Inquisição, maldito seja o seu nome e os seus executores e fomos quase exterminados pelo Holocausto, maldito seja o seu nome e os seus executores. Mesmo assim, sobrevivemos a todas as vicissitudes do tempo. Na verdade, sobrevivemos em várias ocasiões. Nos adaptamos às várias circunstâncias, crescemos e nos multiplicamos e no dia 15 de maio do ano de 1948 nos transformamos em uma nação. Conservamos a nossa língua, nossa escrita, nossa cultura e nossa religião, o Judaísmo.
Nós, judeus, estamos em quase todo o lugar, em vilarejos, em municípios, condados, em metrópoles, em megalópoles. Estamos em todos estes lugares nas condições de pobres, mas não miseráveis, ricos, milionários, mega milionários, mega bilionários. Mas, atualmente, estamos nos reunindo mais uma vez para realizar o longo e difícil caminho de volta. O fim da nossa diáspora está chegando ao fim, pisaremos na Terra de Israel, e fecharemos os nossos olhos e sentiremos o vento de Sião tocar os nossos cabelos, rostos e barba, comeremos tâmaras e romãs de baixo dos pés das oliveiras e veremos o pôr do sol no deserto e no horizonte da cidade de Jerusalém, caminharemos pela parte velha da cidade até chegarmos ao Muro das Lamentações, e diante dele saberemos que tudo o que o Eterno, Bendito Seja o Seu Nome, disse para nós é verdade, saberemos então que nossa longa e difícil jornada chegou ao fim e que finalmente estamos em casa.
Em cada evento, meus caros, se com a nossa existência vocês se sentem incomodados por nós, saibam que muitos de nós estamos retornando ao Judaísmo e que não damos a mínima para os seus anti-semitismos e revisionismos. Neste meio tempo, após os falsos e cínicos pedidos de perdão proferidos pela Igreja Católica, enquanto vocês tentam reescrever a história das Cruzadas e da Inquisição, o Ecumenismo tenta se fortalecer para pavimentar a internacionalização de Jerusalém, para, assim, repartir a terra de Israel como se fosse um bolo, e enquanto os Revisionistas tentam reescrever a história do Holocausto, o Judaísmo Messiânico tenta nos enganar, mas no fim todo o esforço de vocês será e continuará em vão, como foi em vão toda a violência executada por vocês contra nós.
Baseado na Carta Aberta ao Mundo da autoria de Ariel Ben Attar publicado na página
http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/cartaAberta/home.html
<< Home