27.8.08

"Shemá Yisra'El Adonay Echad"

Por Christian Gondar Henríquez s"t

Esta é a primeira coisa que aprendemos em casa, quando os nossos pais fazem questão de que nós sejamos capazes de compreender o alcance e significado desta mensagem, que é aliás uma declaração aos quatro ângulos da terra e do universo.
O que significa isto?
A resposta é relativamente simples... Adonay não é divisível. Não é divisível em vários deuses. Nem sequer quando a raíz etimológica do nome Elohim seja aparentemente plural (porque é abrangente ao ponto de incluir aos que pertencem ao Seu mundo), nem mesmo assim é possível pluralizar Adonay e fazer Dele inúmeros deuses ou representantes subalternos. Muito menos mediadores. E isto leva-nos a compreender a falácia dos povos pagãos que insistem em que todos os caminhos levam ao mesmo destino, isto é, a Roma. Nisto certamente os pagãos têm toda a razão. Realmente, Roma é o arquétipo da abominação pagã e portanto, perfila-se como o lugar ideal para adorar aos falsos deuses do hedonismo do século XXI que estão por toda parte e inundam as aspirações do coração da humanidade. Mas o problema intrínseco do homem continua o mesmo: "La'Pétach Chatat Robess We'Elecha Teshuqató We'Atáh Timshol Bo" (O pecado está à porta rastejando que nem um ofídio e o seu desejo é você, mas compete a si derrotá-lo). Adonay jamais diz para pegar em água benta ou utilizar um mediador entre Deus e os homens e sim diz que é da inteira responsa-bilidade do homem assumir a vitória sobre o seu pior imimigo que por incrível que pareça não é aquele ser com chifres que alguns adoram culpar e sim a sua própria natureza humana ou yesser ha'rá. É precisamente aí onde começa a cobardia do homem que insiste em esconder-se da presença de Deus desde os tempos do Gan Éden (Jardim do Éden) atrás de desculpas, pretensos advogados defensores ou de representantes humanos de Deus na terra. Afinal, então para que serve acreditar em Adonay? Se o homem insiste em profanar o Seu Nome e uma e outra vez banaliza e minimaliza o poder e a importância de Deus com absoluta desfaçatez e continua a criar caminhos alternativos dos quais aliás o próprio Adonay proibiu de maneira expressa que fossem adoptados. Bom, Adonay é e sempre será o Marco de Referência Eterno inabalável que servirá de testemunha aos homens para que não digam que não sabiam disso ou que jamais alguém lhes referiu estas verdades eternas. Por favor, paremos um momento para pensar, reflitam e digam. Apesar de Adonay ter afirmado claramente várias vezes no livro de Yeshayahu Ha'Nabi (Isaías o profeta) que Ele é o único Deus e que jamais houve outro deus antes dele, não há e não haverá outro deus depois dele e que Ele é o Único que pode salvar. Não é absurdo afirmar o contrário? Então vem um homem simples e afirma que é Deus em pessoa ou que é um profeta de Deus e que então deve ser adorado no lugar de Deus e então as multidões o seguem e cospem na face de Adonay. Percebem então que isto é uma contradição absurda? Sendo assim, este fenómeno demonstra apenas uma coisa: Que as multidões acreditam mais nos homens do que no próprio Adonay e que então duvidam que Adonay diz a verdade. É precisamente aqui onde radica a raíz do mal. O cúmulo da profanação é quando o homem decide quem adorar e ainda com os seus actos de idolatria cospe no próprio rosto de Adonay e o chama de mentiroso. Eis o verdadeiro problema de acreditar no que os homens afirmam, isto é, numa religião. A religião tem esse poder de castrar a mente dos homens e transformá-los em verdadeiros eunucos pensantes e ainda se especializa em cultivar homens ao mais puro estilo bonsai, "hominhos" cuja ética e desenvolvimento espiritual sempre será balizado pela hipocrisia de dogmas absurdos que cerceam a mente do homem até transformá-lo num bagaço a mercê das ondas do mar da impiedade. Existe uma religião que afirma que só o facto de olhar para uma mulher formosa já é pecado. No entanto no judaísmo, o sexo jamais foi considerado uma coisa suja e imunda e sim parte vital e primordial da criação divina e portanto digno do mais absoluto respeito e para isso estabeleceu códigos rígidos de comportamento que em nada se parecem aos códigos hipócritas das religiões. O judaísmo apenas se preocupa em que não haja leviandade e em que o direito alheio seja respeitado. É por isso que estabelece nos Asséret ha'Dibrot (nos Dez Mandamentos) que a mulher do semelhante não deverá ser cobiçada. Senão a estrutura social seria abalada e haveria consequências desastrosas para o destino da humanidade como um todo. Além disso, o judaísmo estabelece "shin be shin, áyin be áyin" (dente por dente, olho por olho). Mas o que isto significa apesar das campanhas publicitárias milenares empreendidas contra o judaísmo por causa desta declaração? Por incrível que pareça, nesta mensagem está contida a peça mais dramática do amor de Deus pela humanidade, já que o âmago desta mensagem jamais foi nem tem sido a vingança, senão muito pelo contrário a perpétua preocupação de Adonay em que os direitos e deveres do homem sejam respeitados e em que realmente haja indemnização e reparações pelos danos causados em situações extremas, tanto para o ézrach (israelita natural da terra) como para o guer (estrangeiro) e isto, sem discriminações de nenhum tipo. Porque Adonay proíbe terminantemente que se discrimine o estrangeiro que quiser morar entre nós e ser como um de nós. Todavia, todos nós sabemos como certa religião apóstata deturpou esta mensagem ao ponto de transformá-la num cavalo de batalha para uma campanha publicitária destinada a denegrir o judaísmo por mais de dois mil anos. Que tácticas mais abjetas cheias de ignomínia empregam as religiões para conseguir os seus fins maquiavélicos. De modo que, para concluir, é necessário esclarecer a todos os homens que o judaísmo jamais tem sido uma religião. Por isso, nos identificamos com o judaísmo plenamente todos aqueles que queremos preservar a memória do Povo da Nação, isto é, a memória dos autênticos israelitas através da nossa memória colectiva; a nossa história perpétua, a nossa identidade, a nossa cultura, a nossa civilização milenar cuja pátria espiritual vai muito além do mundo físico que é apenas um simples arremedo do verdadeiro mundo do Olam Ha'bá (Mundo Vindouro), que Adonay tem preparado para o seu Am Segulá.
Shalom.