27.3.08

Porção Semanal: Shemini


Bereshit 47:28 - 49:26

A Parashá Shemini (Vayicrá 9:11-11:47) começa por discutir os eventos que ocorreram no oitavo e último dia de melu'im, serviço de inauguração do Mishcan. Após meses de preparação e antecipação, Aharon e os seus filhos são finalmente instalados como cohanim, num serviço elaborado.
Aharon abençoa o povo, e toda a nação se rejubila quando a presença de D’us paira sobre eles. Entretanto, o entusiasmo é interrompido abruptamente quando os dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, são consumidos por um fogo celestial e morrem no Mishcan, enquanto ofereciam ketoret, incenso, sobre o altar. A Torá declara que eles morreram porque trouxeram um "fogo estranho" no santuário interior do Mishcan, cujo significado é discutido pelos comentaristas à exaustão.
Aharon recebe ordens de que os cohanim são proibidos de entrar no Mishcan enquanto impuros, e a Torá continua a relatar os eventos que ocorreram imediatamente após a morte trágica de Nadav e Avihu. A porção termina com uma lista dos animais casher e não-casher, e várias leis sobre tumá, impureza.

Mensagem da Parashá

Pureza e impureza

A porção Shemini discute os animais puros que são permitidos consumir, e os impuros, que somos proibidos de ingerir. A Torá fornece dois sinais para reconhecer um animal puro: ser ruminante e ter os cascos fendidos.
Uma das razões oferecidas para as leis dietéticas é que tudo que a pessoa come transforma-se em carne e sangue, tornando-se parte integrante daquela pessoa. Portanto, a Torá proíbe determinados alimentos para impedir o homem de assimilar as más características da comida proibida.
Se há uma proibição contra comer animais que não ruminam e não têm o casco fendido (para impedir a assimilação das características daqueles animais), a conduta apropriada para o homem deveria ser uma que adoptasse os conceitos de um casco fendido e ruminar a comida.
O casco deve ser inteiramente fendido, de cima a baixo. O casco é dividido em dois, para indicar que a nossa caminhada na terra, i.e., os nossos envolvimentos mundanos, devem incluir dois princípios básicos: aproximar-se daquilo que é bom e afastar-se daquilo que não é.
Mas o sinal de um casco fendido em si não é o suficiente. Deve também haver o sinal de ruminar a comida. É preciso ser muito cuidadoso para "ruminar" toda a actividade mundana que se pretende aceitar. Deve-se esclarecer e determinar, de uma vez por todas, se realizará determinadas tarefas, e se for este o caso, de que forma deverá fazê-lo. Somente então a acção em si será comparada a um "animal puro" – algo que pode e é usado para a nossa missão espiritual na vida.
Quanto às aves, não confiamos somente nos sinais, mas também exigimos uma tradição afirmando a pureza dessas espécies. Alguém poderia perguntar porque precisamos dessa tradição. Observar os sinais deveria ser suficiente. No entanto, isso vem ensinar-nos, que não se pode confiar na própria inteligência. É possível estudar o Código da Lei Judaica e até seguir um tipo de comportamento que o próprio intelecto determina como sendo "além da letra da lei."
Deve-se seguir a tradição. A palavra hebraica para tradição é messorá, que está relacionada à palavra messirá – devoção e ser atado junto. Para seguir esta tradição judaica devemos ser devotados e ligar-nos com outros judeus e líderes de Torá, que podem ensinar-nos os caminhos da nossa tradição.