18.2.07

Grandeza versus dificuldades

BOM DIA! Em algum momento da vida, quase todos fazem a velha pergunta:“Por que coisas desagradáveis acontecem a pessoas boas?” Recentemente recebi uma cópia de um incrível e surpreendente livro, repleto de sabedoria, intitulado ‘Finding Light in the Darkness -The Toughest Challenges and How to Grow from Them (Encontrando Luz na Escuridão – Os Mais Duros Desafios e Como Crescer a partir Deles)’, escrito pelo Rabino Shaul Rosenblatt.
Quais as credenciais do Rabino Rosenblatt para escrever sobre este tópico? Aos 27 anos de idade, Elana, a sua esposa e mãe de seus 4 filhos, descobriu que tinha câncer. Após 3 anos a lutar pela vida, Elana devolveu a sua alma ao Criador e Shaul, viúvo, ficou para cuidar das crianças.
O livro narra os seus esforços para entender e, no final das contas, conseguir crescer a partir de toda a situação. Entretanto, comprei mais 10 cópias para distribuir a várias pessoas que pensei que poderiam se beneficiar dele. Eis alguns excertos do livro:
“Como início para isto – e para a maioria das questões da vida – precisamos primeiramente definir os termos sobre os quais falaremos. Isto é ainda mais importante aqui, pois ao tratarmos sobre o porquê de coisas ruins acontecerem neste mundo, precisamos começar definindo o que é ‘ruim’.”
“Acredito que muito da nossa dificuldade em lidar com as coisas desagradáveis que nos acontecem provêem de uma definição de ‘ruim’ que é totalmente inconsistente com o Judaísmo”.
“Talvez para a maioria das pessoas a definição de ‘ruim’ seja ‘dor’.A ‘dor’ e o ‘ruim’ são praticamente sinónimos. Seja a dor que alguém sofre ao morrer de uma terrível doença, a dor de alguém como Elana, sabendo que nunca dançaria no casamento de seus filhos, ou a dor de crianças morrendo de fome na África ou no Gueto de Varsóvia. É a dor envolvida nestas situações que as tornam ‘ruins’. Se ninguém no Holocausto sofresse nenhum tipo de dor – se fossem gentilmente ‘colocados para dormir’ sem ter a menor ideia do que lhes estava acontecendo – também seria algo horrível, mas talvez não nos incomodasse da maneira que nos incomoda. Tomemos alguns momentos para reflectir sobre isto, pois é importante entender exactamente aquilo que está nos incomodando para podermos seguir em frente”.
“Se a dor estiver de alguma forma conectada à nossa definição de ‘ruim’ – seja emocional, física ou uma dor espiritual – então a questão do por que coisas ruins acontecem a pessoas boas é claramente irrespondível, uma vez que a dor ocorre a todos os seres humanos durante a maior parte de suas vidas, sem distinguir se são bons ou ruins. Se a dor, por si só, é manifestamente ruim, então D'us nitidamente criou um mundo que está repleto de ruindade.”
“No entanto, não há nada, absolutamente nada, que aconteça connosco neste mundo que seja bom ou ruim. Tudo é completamente neutro. Porém, todas as coisas que acontecem têm o potencial de nos elevar a um nível maior de bondade – ou nos arrastar para bem longe de D'us. Tudo tem o potencial para ser ‘bom’ e tudo tem o potencial para ser ‘ruim’. Coisas ‘ruins’ não acontecem a pessoas boas e nem coisas ‘boas’, também. Coisas acontecem que são ou mais ou menos dolorosas, mas não são inerentemente ‘boas’ ou ‘ruins’. Nós, seres humanos, somos os únicos árbitros a decidir se aquilo que ocorre em nossas vidas será, no final, bom ou ruim. A escolha está inteiramente em nossas mãos”.
“Elana e eu tomamos uma decisão quando soubemos que ela estava doente. Não tivemos a chance de escolher se ela teria câncer ou não, mas tínhamos agora a chance de escolher como reagir ao câncer. Sabíamos que poderíamos desesperar, que poderíamos nos esconder do mundo e aceitar o nosso ‘destino’, ou poderíamos decidir ser felizes com todas as coisas boas que tínhamos. Decidimos aproveitar bem o tempo de convívio entre nós e com as nossas crianças, desfrutando a vida em geral. Sabíamos também que poderíamos nos aproximar mais de D'us ou nos afastar Dele – as escolhas estavam inteiramente em nossas mãos”.
“Então, para ser brutalmente honesto, peço a vocês que se perguntem: para que estamos neste mundo? Pelo conforto? Para evitar a dor? Para viver setenta ou oitenta anos de vida com o mínimo de desafios possível? Se esta é a nossa meta, então certamente muitas coisas ‘ruins’ acontecerão ao longo do caminho – porque este é um mundo de dor, e a dor é contrária a tudo que vivemos. Se, entretanto, acreditarmos, como eu acredito, que estamos aqui para nos elevarmos em santidade, para crescermos e tentarmos chegar a uma auto perfeição, então tudo o que nos acontece são oportunidades de ouro. E quanto mais desafiadora, maior é a oportunidade. A Mishná nos ensina que ‘De acordo com a dor será a recompensa (Pirkei Avót 5:23)’. Não está escrito ‘conforme o esforço’, mas ‘conforme a dor’. O nível de dor
define o nível de potencial para a elevação espiritual. É lógico, não procuramos por dores, mas quando ela vier, devemos ‘abraçá-la’ como uma oportunidade de lutarmos por nosso aperfeiçoamento e crescimento espiritual e de carácter”.
“Como regra, será que a dor e as dificuldades na vida tornam mais fácil ou mais difícil a elevação espiritual? Se formos honestos, teremos de reconhecer que os desafios nos ajudam a chegar à grandeza. A grandeza, habitualmente, não é encontrada entre aqueles que passam seus dias deitados na praia ou velejando pelo mundo em iates de milhões de dólares. A grandeza é muito mais frequentemente encontrada entre os que encaram as adversidades da vida e as superam. Aqueles que atingem seu verdadeiro potencial são os que lutam em situações difíceis e constroem o seu carácter neste processo”.