Porção Semanal da Torá: Yitró
Esta é a porção semanal que relata a outorga dos Dez Mandamentos. Sabe que há diferenças entre os Dez Mandamentos enunciados aqui (Shemót 20:1-14) e os relatados no livro Devarim (5:6-18), o quinto livro da Torá? (Sugestão: peça às suas crianças para descobrir as diferenças, como um jogo à mesa de Shabat: há aproximadamente 30 diferenças).Antes de dar os Dez Mandamentos, o Todo-Poderoso disse a Moshe para informar o Povo Judeu: “E agora, se Me ouvirem com atenção e observarem o Meu pacto, serão para Mim o mais amado tesouro dentre todos os povos, pois Meu é o mundo. Vocês deverão ser para Mim um reino de Cohanim (sacerdotes - um modelo de conduta para o resto do mundo) e uma nação santa” (Shemót 19:5-6).
O sogro de Moshe, Yitró, junta-se ao Povo Judeu no deserto, aconselha Moshe sobre a melhor forma de servir e julgar o Povo -- apontando uma hierarquia de tribunais e juízes intermediários -- e retorna a Midián, a sua terra natal. Os Dez Mandamentos são dados, sendo que os dois primeiros foram ouvidos directa e pessoalmente de D’us, por cada Judeu. O Povo, então, pede a Moshe para ser o intermediário na transmissão dos oito Mandamentos restantes, pois toda aquela experiência estava a ser muito intensa para eles.
A porção conclui com o Todo-Poderoso dizendo a Moshe para instruir o Povo Judeu a não fazer imagens de D’us. São ordenados, então, a construir um altar de pedra, mas sem utilizar nenhum instrumento metálico na sua construção.
Dvar Torá: Baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “Quando fizerem um altar de pedras para Mim, não devem fazê-lo com pedras talhadas, pois se levantarem a sua lâmina sobre elas, terão profanado estas pedras. (Shemót 20:22)”.
Porque talhar as pedras com uma lâmina de metal seria uma profanação das pedras? Que lição pode aprender disto?
As pedras utilizadas para o altar do Beit HaMikdásh (o grande Templo Sagrado de Jerusalém) seriam consideradas desqualificadas se fossem cortadas ou preparadas com qualquer implemento metálico (Rambam, Hilchot Beit HaMikdásh 1:15). Rashi, o Rabino Shlomo ben Ytschák (França, 1040-1104), um dos maiores comentaristas da Torá e do Talmud, cita uma Mehilta (um Midrásh) que explica que já que o altar tinha a função de estabelecer a paz entre o Povo de Israel e o seu Pai nos Céus, era proibida a utilização, na sua construção, de um instrumento que também pudesse ser utilizado em actos de violência.
A Mehilta traz então um kal vachomer (uma inferência de algo menor para outro maior): “As pedras do altar, que não enxergam, não falam e nem ouvem, mas que estabeleciam a paz dentro do Povo, sobre elas a Torá disse que não poderíamos bater nelas com nenhum instrumento metálico. Por conseguinte, alguém que promove a paz entre marido e esposa, entre uma família e outra ou entre uma pessoa e outra, com certeza terá o mérito de que nada de ruim recaia sobre ele/a”.
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