22.6.06

Julgar outras pessoas


Como livrar a mente, o coração e a alma do veneno de julgar outras pessoas?


Como livrar a mente, o coração e a alma doveneno de julgar outras pessoas?
Alguém me desprezou na semana passada. Ela me olhou através do quarto e não fez nenhuma questão de acenar ou me dar algum sorriso. E não foi só isto, pois eu ainda me sentei e brinquei com sua filha por meia hora, e a mãe não teve a mínima decência de me agradecer. Para adicionar o insulto à injustiça, eu fiz um favor grátis para esta mulher, como faço às vezes, e ela nem pode sequer levar dois segundos para reconhecer minha presença?! O que é isso! Eu senti que fui aproveitada, enganada, com vontade de vingança e, acima de tudo, brava! De fato, meu estado emocional era tão severo que eu cheguei a telefonar para dois amigos para reclamar, conversando por horas, e ainda discuti o ocorrido com meu marido. Fiz um esforço muito grande para não revelar quem era a mulher.
Eu telefonei para dois amigos para reclamar, e conversei com eles por horas.
Uma semana mais tarde, tive a oportunidade de visitar esta mulher. Desde aquele acontecimento me livrei da mágoa que sentia em relação a ela e pude ser educada e amigável. Mas, agora era o momento perfeito para "resolver este problema" de uma forma não emocional. Então da forma mais indiferente que eu pude perguntei: "Você me viu na biblioteca na semana passada?"Seu rosto ficou branco. "Não," ela disse. "Que dia foi isto?"Eu comecei a me sentir incomodada. Eu me preparei para uma desculpa, ou uma explicação, mas fingir ignorância era realmente ultrajante."Você estava olhando direto para mim," eu expliquei tão pacientemente quanto possível. "Eu li para sua filha por mais ou menos meia hora." Disse filha, observando a sua mudança, movimentando a cabeça vigorosamente, confirmando as minhas palavras."Hmmmm," disse minha amiga, olhando à distância. Ela parecia estar confusa. "Deve ter sido o dia em que eu deveria encontrar por alguém na biblioteca. Eu estava olhando cuidadosamente o lugar inteiro, à procura desta pessoa em particular. Eu me lembro de estar muito distraída. De fato, eu deixei minha filha andar pela biblioteca, imaginei que ela poderia se cuidar sozinha e ler um pouco algum livro. Eu não lembro mesmo de te-lâ visto".
Eu senti como uma daquelas bolas de praia infláveis que, de repente sofrem um súbito vazamento. Era inconcebível! Eu tinha gastado todas as minhas energias mentais e sentimentais preocupada com a rudeza desta mulher, e no final, tudo não passou de um mero desentendimento! Longe de tentar me desprezar, minha amiga simplesmente não me viu. E pensar que esta possibilidade nem sequer cruzou minha mente!

A leitura na hora da refeição

Aqui é onde o suco laranja entra. Há pouco tempo atrás começamos a comprar uma certa marca de suco de laranja, processada e empacotada por uma companhia judaica. Como um ávido leitor, tenho o pequeno hábito de ler enquanto como. Não importa o que seja: o que estiver na minha frente enquanto estou comendo, eu leio. Pode ser uma revista, um pacote de salgadinho e até... uma caixa de papelão de suco de laranja!
Ao invés de um resumo sobre como reduzir colesterol, o recipiente continha "A Estrada para Tranqüilidade."
Assim que observei cuidadosamente esta caixa de papelão, eu critiquei a cópia do anúncio que estava de um lado, li as informações nutricionais sobre o produto no outro lado, e então quase engasguei com a comida quando cheguei ao terceiro lado. Ao invés de um resumo sobre como o suco de laranja pode reduzir seu colesterol, o recipiente tinha uma passagem intitulada: "A Estrada para Tranqüilidade." Prosseguia com uma citação que estava disponível na Chofetz Chaim Heritage Foundation (Fundação de Herança de Chofetz Chaim), uma organização dedicada a melhorar e aumentar a qualidade das relações interpessoais. Abaixo se encontra uma parte da citação do recipiente do suco de laranja:
As pessoas nem sempre falam ou agem como nós desejamos. Como resultado disto, às vezes nos sentimos impelidos a embarcar por uma estrada tomada de raiva ou decepção.Mas há um outro caminho -- uma estrada principal - uma que passa por cima da estrada da raiva e da discórdia e leva você a uma vida mais tranqüila. Esta estrada é sinalizada pela famosa frase "o benefício da dúvida."
Olhar o erro do próximo da melhor forma possível, não significa que somos ingênuos. Quer dizer que temos a perspicácia de saber que o mal-entendido, a falta de experiência, a preocupação e a tensão estão normalmente atrás de atos ofensivos de pessoas contrárias a nós.
A estrada principal. É isto! A estrada melancólica da raiva, do ressentimento, e da vingança é uma estrada pisoteada e está toda suja. É a estrada na qual a maioria das pessoas viaja porque é a rota mais fácil. Poucos segundos são suficientes para mudar para o "modo ofensivo" e algum tipo de desprezo é automaticamente acompanhado de uma reação psicológica que faz com que minha adrenalina flua e meu coração bata mais rápido.
Mas nossos Sábios nos dizem que existe um caminho para escapar da dependência da raiva e do aborrecimento. Simplesmente se eu me reprogramar, posso livrar minha mente, coração, e espírito dos perigos físicos e sentimentais das conseqüências que podem ocorrer e do julgamento errado.
Posso respirar fundo e dizer:-"Hmmmmm, não é muito comum aquela pessoa me tratar daquele modo. Ela deve estar tendo um dia ruim."- "Eu sei que provavelmente ele não notou que pisou acidentalmente no meu dedo do pé."- "Ela não percebeu que passou na minha frente na fila."- "Meu marido normalmente compra flores para mim. Ele deve ter estado muito ocupado não trazê-las esta semana."

Bebendo o Veneno
Bem, a mensagem foi muito clara. Depois de dois minutos na frente daquela caixa de papelão de suco de laranja, eu me senti maravilhoso e muito feliz, pronto para testar a "estrada principal".
Então, de repente um pensamento traiçoeiro passou pela minha cabeça: Mas e se não for verdade? E se aquela caixa foi má comigo de propósito? E se não fosse por acidente que o meu vizinho me molhou com sua mangueira esta manhã? E se eu soubesse que aquela mulher era rude e fazia comentários insensíveis o tempo todo? Em resumo, por que eu deveria julgar alguém favoravelmente se estivesse certa de que suas ações são desonrosas?!
Embaixo de minha pergunta, encontra-se a resposta, quando eu pratico um pouco de humildade e paciência, a resposta vem a mim. A verdade é que quando eu julgo favoravelmente, o verdadeiro benfeitor sou eu-mesma. Assim, eu me protejo da dor de cabeça, da angústia causada pela raiva e pelo ressentimento. Eu evito o perigo da vingança, de guardar mágoas, e da fofoca (todos os que são proibidos pela Torá). Em resumo, eu posso perder muito mais se eu não julgar favoravelmente.Como um amigo explicou: "Quando nós ficarmos chateados com alguém, é como se bebêssemos um frasco de veneno, pois esperamos que esta pessoa morra."

Mas eu já estou farto e cansado de todo o veneno. Ao invés disso, prefiro tomar suco de laranja.

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