27.9.09

YOM KIPUR

O Yom Kipur (Dia Judaico do arrependimento) começa ao pôr do sol de domingo, hoje, dia 27 de Setembro e termina ao pôr do sol de segunda-feira, dia 28 de Setembro.

Significado de Yom Kipur

Após o pecado do bezerro de ouro, Moshê (Moisés) rezou e, no dia dez do mês hebraico de Tishrei, D'us concedeu pleno perdão ao povo judeu.Yom Kipur é o Dia da Expiação, sobre o qual declara a Torá: "No décimo dia do sétimo mês afligirás a tua alma e não trabalharás, pois neste dia, a expiação será feita para te purificar; perante D'us serás purificado de todos os teus pecados." Esclarecendo a natureza de Yom Kipur, o Rambam escreve: "É o dia de arrependimento para todos, para o indivíduo e para a comunidade; é o tempo do perdão para Israel. Por isso todos são obrigados a se arrepender e a confessar os erros em Yom Kipur."A expiação obtida através de Yom Kipur é muito mais elevada do que aquela conseguida através do arrependimento, pois neste dia os judeus e D'us são apenas um. O judeu une-se com D'us para revelar um vínculo intocável pelo pecado, sem obstáculos.Teshuvá, o retorno do judeu ao bom caminho, não está restrito apenas a Yom Kipur. Há muitas outras épocas que são propícias para que isto ocorra, e na verdade, um judeu pode, e deve ficar em estado de reflexão, alerta e arrependimento todos os dias do ano.
A obtenção do perdão
Os Rabinos afirmam que a pessoa deve primeiro arrepender-se, e então obterá a expiação especial de Yom Kipur (que é infinitamente mais elevada que aquela conseguida apenas pela teshuvá).Mas como Yom Kipur consegue isto? A expiação não é meramente a remissão da punição pelo pecado; significa também que a alma de um judeu é purificada das máculas causadas pelo pecado. Além disso, não apenas nenhuma impressão das transgressões permanece, como as transgressões são transformadas em méritos.Que isto possa ser atingido através de teshuvá é compreensível; um judeu sente genuíno remorso pelas falhas cometidas erradicando o prazer que extraiu dos pecados. A sua alma é então purificada. O próprio pecado deve ser visualizado como uma contribuição ao processo de teshuvá. Uma transgressão separa a pessoa de D'us. O sentimento de ser afastado de D'us age como um lembrete para o retorno, para estabelecer um vínculo mais intenso com o Criador.O que é a expiação obtida através de Yom Kipur? Se a expiação significa apenas a remissão da punição, seria compreensível que "o próprio dia" pudesse abolir a punição que de outra forma seria devida pelos pecados de alguém através do ano. Mas a expiação, como dizemos, significa também a purificação das manchas da alma. Como pode "o próprio dia," sem a força transformadora de teshuvá, atingir este ponto?
Três níveis no vínculo de um judeu com D'us
O pecado afeta o vínculo de um judeu com D'us, e há três diferentes níveis neste vínculo:
1 – O relacionamento estabelecido por um judeu através do cumprimento das mitsvot: a aceitação do jugo celestial por parte do judeu e a sua prontidão em seguir as diretivas de D'us estabelecem um vínculo entre ele próprio e D'us.
2 – Uma conexão íntima, mais profunda que a primeira. Como este vínculo transcende aquele forjado pela aquiescência com a vontade de D'us, permanece válido mesmo quando alguém transgride aquela vontade e por causa disso prejudica o primeiro nível do relacionamento, que a teshuvá tem o poder de purificar as manchas na alma, causadas pelo pecado – o que enfraqueceu o nível inferior da conexão.
3 – O vínculo unindo a essência de um judeu com a Essência de D'us. Isto não é restrito a nenhum vínculo, e transcende toda a expressão humana. Ao contrário dos dois anteriores, este relacionamento não pode ser produzido pelo serviço do homem a D'us, mesmo o serviço de teshuvá, pois as ações do homem não importam quão elevadas, são inerentemente limitadas. Pelo contrário, este é um vínculo intrínseco à alma judaica, que é "uma parte do D'us acima" – e neste nível, o judeu e D'us são completamente um só. Como este vínculo transcende todos os limites, não pode ser afetado pelas ações do homem. Assim como não pode ser produzido pelo serviço do homem a D'us, da mesma forma não pode ser prejudicado pela omissão do serviço ou através do pecado. Pecados e máculas não podem tocar este nível.
A unidade entre o judeu e D'us
Em Yom Kipur, este vínculo entre a essência de um judeu e a Essência de D'us revela-se em cada judeu – e por isso todas as manchas em sua alma causadas pelos pecados são automaticamente removidas.Esta é a diferença entre a expiação de Yom Kipur e aquela de qualquer outra época. Na última, o pecado causa manchas na alma, e por isso a pessoa deve trabalhar ativamente para conseguir a expiação – arrependendo-se, o que produz um relacionamento mais profundo entre o homem e D'us. A maior expiação de Yom Kipur, entretanto, vem com a revelação de um vínculo tão elevado que, em primeiro lugar, nenhuma mancha pode ocorrer.Este conceito é expresso no serviço de Yom Kipur do Cohen gadol, o Sumo Sacerdote, que representava todo o judaísmo. Um dos momentos mais importantes daquele serviço era a sua entrada no Santo dos Santos, sobre o qual a Torá diz: "Nenhum homem deve estar no Ohel Moed quando ele entra para fazer expiação." O Talmud comenta que isto se refere até mesmo aos anjos. Ninguém, homem ou anjo, poderia ficar no Santo dos Santos naquela hora, pois o serviço de Yom Kipur é a revelação da unidade essencial entre os judeus e seu Criador. Apenas o judeu e D'us estão lá – sozinhos.
Revelação da essência do judeu
Tal revelação é possível não apenas no Templo Sagrado, através do Cohen Gadol, mas para todo o judeu em suas preces de Yom Kipur. Este é o único dia do ano que tem cinco serviços de prece, correspondendo aos cinco níveis da alma. Na última prece do serviço, Ne'ilah, o quinto e mais elevado nível da alma é revelado, um nível que é a quintessência da alma. "Ne'ilah" significa "trancar", indicando que naquela hora os judeus estão trancados sozinhos com D'us. A essência de um judeu é misturada e unida à essência de D'us.Yom Kipur, então, é um dia no qual não existem fatores externos, quando apenas a essência do judeu espalha o seu brilho. Teshuvá pode erradicar o pecado e as manchas na alma; Yom Kipur transcende inteiramente o conceito de pecado e arrependimento – e por isso traz uma expiação mais elevada que em qualquer outra época.

Col Nidrê

Chegando à sinagoga os homens vestem o Talit, xaile de reza, ainda à luz do dia além da túnica branca (Kitel). Esta vestimenta simboliza a pureza sem pecado, pois neste dia somos comparados a anjos: não comemos, não bebemos, mas rezamos o tempo todo, e estamos livres de nossos pecados.
O serviço começa com a retirada dos Rolos da Torá por membros veneráveis da comunidade, que então tomam um lugar a cada lado do chazan,(cantor). O chazan então lentamente recita o Col Nidrê três vezes num tom solene, e todos repetem.
O serviço da noite segue-se à prece de Col Nidrê, com preces adicionais especiais que são rezadas apenas na noite de Yom Kipur.

O shofar no final de Yom Kipur

Ao término do Serviço de Yom Kipur, o shofar é tocado por várias razões:
É o símbolo da vitória, como o clarim das trombetas dos exércitos vitoriosos ao voltarem do campo de batalha. O shofar anuncia a vitória sobre os nossos pecados e tentações.
O shofar lembra-nos a Outorga das Segundas Tábuas. Moshê, Moisés, desceu do Monte Sinai pela última vez em Yom Kipur, trazendo as Segundas Tábuas com os Dez Mandamentos, recebidas com alegria e o som do shofar.
É um sinal de partida da Presença Divina, como está escrito: "D'us ascendeu ao som do shofar".
É um lembrete do shofar que costumava ser tocado em Yom Kipur para anunciar o Ano do Jubileu.
Está escrito que, ao término do jejum de Yom Kipur, uma Voz Celestial proclama: "Vão e comam o pão com alegria, pois D'us aceitou as vossas preces e vos perdoou!" É por isso um Yom Tov e saudamos uns aos outros com "Bom Yom Tov". O toque do shofar serve também para chamar a atenção sobre a importância deste Yom Tov.