18.6.09

Porção Semanal da Torá: Shelach



Bamidbár (Números) 13:1 - 15:41
O Povo Judeu recebeu a Torá no Monte Sinai e está pronto para entrar na Terra de Israel. Há um consenso entre o Povo de que devem mandar espiões para verificar se é possível conquistá-la. Moshe sabe que a promessa do Todo-Poderoso de nos dar aquela terra incluía, também, a garantia da sua conquista. Entretanto, um dos princípios de vida que aprendemos desta porção semanal é que o Todo-Poderoso dá a cada um de nós livre-arbítrio para irmos na direcção que bem escolhermos. Então Moshe, por decreto Divino, envia os chefes das tribos (homens do mais alto calibre espiritual) para espionar a terra. Doze espiões são mandados. Dez voltam com o relato de que existiam grandes fortificações e gigantes, e incitam o Povo a não entrar na terra. Yehoshua ben Nun e Calev ben Yefunê (cunhado de Moshe) tentam opor-se à rebelião, mas não têm sucesso. O Todo-Poderoso decreta que o Povo Judeu vagará 40 anos pelo deserto, um ano por cada dia que espionaram a Terra de Israel. Isto aconteceu no dia 9 do mês hebreu de Av (Tishá BeÁv), uma data conhecida em toda a história Judaica pelas suas tragédias: a destruição de ambos os Templos em Jerusalém, a expulsão dos Judeus da Espanha, em 1492, e a saída do primeiro comboio para Auschwitz, entre outras.
Dvar Tora
Os dez espiões retornaram e fizeram o seu relato ao Povo Judeu: “As pessoas que moram naquela terra são extremamente bárbaras e violentas e as cidades são fortificadas e muito grandes. Também vimos os filhos dos gigantes. Não poderemos entrar na Terra de Israel porque eles são mais fortes que nós (Bamidbár 13:28-31). Os espiões foram enviados para reconhecer o território e relatar o que viram. Qual foi o seu erro? O Rabino Ytschak Arama (Espanha, 1420-1494), autor do livro Akeidat Ytschak explicou que o relato dos espiões foi apropriado. Eles observaram e contaram o que viram. O seu erro foi tirar uma conclusão e transmiti-lá como um facto, convencendo o povo de que não deveriam tentar entrar em Israel. Não era da sua responsabilidade tirarem qualquer conclusão, apenas reportar os factos. Eles estavam errados com respeito a que não poderiam conquistar os inimigos. O Todo-Poderoso tem o poder de ajudar-nos mesmo nos casos em que, aparente- mente, todas as chances estão contra nós. Apenas porque nas suas mentes eles não acreditavam ser possível ter sucesso em conquistar a Terra Prometida, isto não significava que não era realmente possível.
Qual a nossa lição?
É muito comum vermos alguns fragmentos de uma situação e tiramos conclusões erróneas baseadas nas nossas percepções. Precisamos de ser muito cuidadosos porque muitas vezes há outros factores que desconhecemos ou que não levamos em consideração. É um talento muito especial ser capaz de tomar decisões correctas baseadas em factos reais. Isto é especialmente verdadeiro, quando se fizer uma avaliação sobre as outras pessoas. Há aqueles que têm uma forte tendência de tirar conclusões negativas sobre os demais, conclusões que se revelam ser inexactas. Mesmo aquilo que observamos sobre a outra pessoa possa ser basicamente verdadeiro, tenhamos sempre em mente que as nossas conclusões podem estar equivocadas e que a outra pessoa merece ser avaliada sob uma perspectiva favorável.
SHABAT SHALOM