21.5.09

Porção semanal


Bamidbar 1:1 - 4:20

A Parashá Bamidbar, a primeira porção do quarto livro da Torá, está principalmente envolvida com o recenseamento do povo judeu feito no segundo mês de seu segundo ano no deserto. Após relacionarem os líderes das doze tribos de Israel, a Torá apresenta os totais de homens entre as idades de 20 e 60 anos para cada tribo, sendo que a contagem totalizou 603.550. A estrutura do acampamento é então descrita, com a tribo de Levi no meio, guardando o Mishcan, Tabernáculo, e cercada pelas doze tribos de Israel, cada uma na área que lhe foi designada. É feita a designação da tribo de Levi como os líderes espirituais do povo judeu, e o seu próprio censo é realizado, à parte do restante de Israel. A porção da Torá conclui com as instruções dadas à família de Kehat, o segundo filho de Levi, pelo seu papel em lidar com as partes mais sagradas do Mishcan.
Mensagem da Parashá
Na porção desta semana de Bamidbar, encontramos um Midrash fascinante no primeiro versículo: "E D'us falou a Moshê no deserto do Sinai." O Midrash explica que a Torá foi outorgada em associação com três coisas - fogo, água e no deserto. O Rabi Meir Shapiro dá uma bela explicação sobre a importância destas três coisas. Explica que o traço de carácter que destacou o povo judeu desde o início é o espírito de auto-sacrifício. Isso tem sido sempre evidente no nosso cumprimento das leis da Torá e na nossa aderência à sua fé. Avraham, o primeiro dos nossos Patriarcas, permitiu-se ser atirado a uma fornalha ardente por ter quebrado os ídolos do seu pai, e foi salvo apenas por um verdadeiro milagre de D'us. Por este acto, ele conferiu a todas as gerações futuras a vontade e a força de morrer pelo seu judaísmo. Algumas pessoas poderiam argumentar que este foi um acto de heroísmo isolado de um indivíduo notável. Deveriam então considerar um segundo exemplo envolvendo todo o povo judeu. Quando o Mar Vermelho foi dividido, o povo judeu marchou como uma só nação para as águas enraivecidas, tendo ao seu comando, o Criador. É claro que alguém poderia argumentar ainda que este teste ocorreu num período de tempo relativamente curto. Deixemos então que considerem o terceiro exemplo, o facto de toda a nação judaica voluntariamente entrar no deserto sem comida ou bebida, não sabendo quanto tempo teriam de lá permanecer. Fizeram isso apenas por amor e lealdade a D'us, como está escrito em Yirmiyáhu "Lembro-Me da afeição da tua juventude... como seguiram-Me no deserto, numa terra que não era semeada" (2:1). Foi em virtude destes três testes - pelo fogo, água e deserto - que a Torá foi outorgada ao povo judeu como a sua possessão eterna. A disposição para desistir da vida pela sua crença em D'us, assegurou a nossa sobrevivência até aos dias de hoje.