Os mandamentos descritos na Parashá Acharê Mot (Vayicrá 16:1-18:30), seguem cronologicamente as mortes trágicas dos dois filhos mais velhos de Aharon, Nadav e Avihu, sobre as quais lemos na Parashá Shemini há algumas semanas. A porção desta semana começa com uma longa descrição do serviço especial de Yom Kipur, a ser realizado no Mishcan pelo Cohen Gadol. O serviço incluía a confissão do Cohen Gadol em seu próprio nome e em nome de toda a nação; a seleção por sorteio entre duas cabras, uma das quais seria a oferenda pelo pecado nacional, e a outra seria empurrada de um penhasco no deserto, como portadora dos pecados do povo; e as complicadas cerimônias de aspersão de incenso e sangue a serem realizadas no Codesh HaKedoshim (Santo dos Santos). Seguindo a ordem de que Yom Kipur e as suas leis de jejum e abstinência de trabalho seriam observadas eternamente pelo povo judeu como um dia de perdão, a Torá proíbe a oferenda de corbanot fora das instalações do Mishcan. O sangue não pode ser ingerido, e durante o processo da shechitá (abate ritual), uma porção do sangue derramado deve ser coberta. A porção da Torá conclui com uma lista dos relacionamentos sexuais imorais e proibidos, e a ordem de que o povo judeu mantenha e assegure a santidade da terra de Israel.
Mensagem da Parashá
Instinto animal por Yoel Spotts
Na porção desta semana da Torá encontramos vários mandamentos que aparentemente têm pouco em comum. Começamos com uma listagem das leis e práticas de Yom Kipur e a proibição de comer sangue. Finalmente, a porção conclui com uma discussão dos relacionamentos proibidos. Desprezando a possibilidade de que estes mandamentos em particular estarem ligados ao acaso para formar a porção Acharê Mot da Torá, certamente seremos capazes de descobrir um tema comum, conectando estes vários tópicos.De forma bem interessante, vemos que a Torá proíbe o consumo do sangue de qualquer animal, mesmo aqueles que são casher. Assim, a Torá não apenas exclui a grande maioria das criaturas da nossa dieta, como limita a nossa licença quanto aos permissíveis. Além disso, a Torá exige de nós um dia de total e absoluta abstinência de toda alimentação. As restrições e regras parecem quase esmagadoras.De facto, descobrimos uma estrutura muito similar a respeito dos relacionamentos proibidos. Na porção desta semana, a Torá lista para nós os indivíduos impróprios que não devemos escolher como companhia. Entretanto, isso não é tudo. A Torá regula severamente o relacionamento mesmo com as pessoas que nos são permitidas. Uma união adequada deve ser precedida por kidushin, a santificação do casamento. Um casamento mal sucedido deve ser terminado pela concessão de um documento de divórcio, ou guet. Relacionamentos extra-maritais são vistos com desdém. Dessa forma, vemos que a Torá coloca severas restrições e limitações sobre os alimentos que comemos e sobre os nossos relacionamentos.As semelhanças não param por aqui. A porção desta semana não é o único local em que encontramos estes dois tópicos agrupados juntos. De facto, o Rambam coloca as Leis dos Relacionamentos Proibidos e as Leis dos Alimentos Proibidos na mesma secção no seu código da Lei Judaica. O Rambam denomina esta secção, curiosamente, de kedushá. Embora "kedushá" seja geralmente traduzida como "santidade", muitos comentaristas assinalam que o termo também conota a noção de "separado" ou "distinto".Assim, poderia parecer que o Rambam deseja transmitir-nos, que estas duas áreas da lei nos possibilitam separar e distinguir a nós mesmos.Agora, finalmente as peças encaixam-se nos lugares certos. Quando D’us criou o universo, colocou tanto o homem como o animal neste planeta. À primeira vista, o homem parece não ser diferente de qualquer outra criatura. Afinal, ambos se alimentam, ambos procriam, e ambos praticam as mesmas atividades físicas mundanas. Não somos, então, diferentes dos animais que perambulam pela terra? Os dons da fala, raciocínio e liberdade são todos indicativos de que o homem é na verdade diferente e separado dos animais. Entretanto, quando deixamos que os nossos desejos animalescos reinem livremente, agindo sem quaisquer restrições, estamos na verdade a demonstrar, que não somos melhores que o nosso cachorro ou gato de estimação. Quando continuamos a satisfazer as nossas ânsias gastronómicas e a ser escravos do nosso apetite carnal, reduzimo-nos a um mero ajuntamento de carne e ossos.Por este motivo, a Torá contém tantas proibições na área de ingestão de alimentos e relações sexuais. A Torá prescreve-nos o controle dos nossos desejos básicos a fim de nos "separar" e "distinguir" de todas as outras criaturas. Demonstrando a nossa força de vontade e a nossa disciplina, podemos elevar-nos acima de meros seres físicos. Não admira, que após ter introduzido estas leis na porção da Torá desta semana – o jejum em Yom Kipur, abster-se de ingerir sangue, e evitar os relacionamentos proibidos – a Torá comece a porção da próxima semana com a admoestação "kedoshin te'heyu – serás santo e distinto", pois apenas santificando estes aspectos físicos da nossa vida podemos ter sucesso também na nossa busca espiritual.
A5 Iyar 5708 foi lida em Tel Aviv a Declaração de Independência do Estado de Israel. A sua leitura foi feita por David Ben Gurion, o 1º primeiro-ministro e seu fundador. “A terra de Israel é o local de origem do povo judeu. Aqui a sua identidade espiritual, política e religiosa foi moldada. Aqui eles primeiro atingiram a formação de um estado, criaram valores culturais de significância nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros. Depois de serem forçosamente exilados da sua terra, o povo conservou consigo a sua fé durante a sua Dispersão e nunca deixou de rezar e sonhar com o retorno á sua terra e com a restauração, lá, da sua liberdade política”. Este ano, a data de 5 lyar 5769 incide a 29 de Abril de 2009. Temos 61 anos de existência como Nação, o nosso espaço no mundo, o nosso refúgio, a nossa família, a nossa cultura, a nossa identidade, o nosso sistema político, económico e religioso, a nossa Jerusalem.
Israel – 61 anos
por Zevi Ghivelder
No dia 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas, presidida pelo estadista brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou um relatório segundo o qual o território da Palestina, então sob mandato britânico, deveria ser dividido em dois estados: um árabe e outro judeu.
O primeiro documento oficial que deu uma pálida esperança do retorno do povo judeu à sua terra de origem data de 1917, quando o ministro britânico dos Assuntos Estrangeiros, Lord Arthur James Balfour, escreveu uma carta a Lord Rotschild, proeminência da comunidade judaica da Inglaterra, com os seguintes dizeres: "O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização deste objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existentes na Palestina, nem contra os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país". A carta do ministro foi imediatamente aprovada pela França e pela Itália, desde que a Palestina fosse submetida a um mandato britânico. Os Estados Unidos só ratificaram os termos daquela carta em agosto de 1918. Entretanto, no decorrer das décadas seguintes, a chamada Declaração Balfour acabou tornando-se um inútil pedaço de papel, pois foi o próprio Reino Unido que empreendeu inesgotáveis esforços, é verdade, mas no sentido contrário, para impedir que o ideal sionista viesse a se concretizar.
A hostilidade dos árabes palestinos contra as primeiras levas de imigrantes judeus, que implantaram colônias agrícolas (kibutzim e moshavim) em Eretz Israel, foi fruto da política externa desenvolvida pela Inglaterra de 1919 até 1948. Durante o período de seu mandato, a diplomacia inglesa era orientada no sentido de se apresentar perante o mundo como um árbitro imparcial, empenhado em promover a paz e a justiça entre os povos daquela região. Mas, na verdade, o Reino Unido foi ativo participante na confrontação entre árabes e judeus. Não se tratou de um comportamento causado por simples malignidade ou anti-semitismo explícito, mas pela coerência em manter seu domínio sobre um inigualável reinado, que ocupava quase um terço do planeta e ao longo do qual, como se dizia na época, o sol nunca se punha. A Inglaterra mantinha colônias em todos os continentes, algumas extensas e importantes como a Índia, e não tinha razões concretas para abrir mão de sua vocação imperial que, naturalmente, abrangia a Palestina e outros países do Oriente Médio. Para começar, a administração militar britânica, sediada no Cairo, proibiu, durante dois anos, que o conteúdo da Declaração Balfour fosse divulgado na Palestina "por se tratar de um documento altamente confidencial". O líder sionista Zeev Jabotinsky, nascido na Rússia, que serviu como tenente da Legião Judaica durante a 1a Guerra Mundial, anotou em seu diário: "Nem na Rússia, nem na Polônia, houve uma atmosfera tão impregnada de ódio como aquela que prevaleceu nas forças armadas britânicas, na Palestina, em 1919 e 1920".
É preciso acentuar que o Reino Unido havia recebido um mandato e não um título de soberania sobre a Palestina, concedido pela Liga das Nações, formada em Versalhes, em 1919. Entretanto, à medida que diminuía a influência internacional da Liga, aumentava a prepotência da Inglaterra na Palestina. A título de preservar o que intitulavam de "capacidade econômica de absorção", os britânicos impuseram medidas cada vez mais severas para impedir a imigração judaica, ao mesmo tempo em que faziam vista grossa para o influxo de sírios e transjordanianos, atraídos pelo progresso com que os judeus já haviam beneficiado a região. Como resultado da política britânica de disseminar o conceito do pan-arabismo, ocorreram os massacres de 1929 contra os judeus, apontados pelos ingleses como autores de um complô para ocupar os lugares sagrados muçulmanos no Monte do Templo, em Jerusalém. Os mandatários nada fizeram para impedir o derramamento de sangue e é impressionante constatar como esta bem arquitetada mentira é invocada até os dias atuais, como pretexto para ataques de palestinos contra alvos israelenses. Os ingleses decerto incrementariam seu domínio sobre a Palestina se um acontecimento maior, e de graves proporções, não os obrigasse a um sério envolvimento em outra direção: a eclosão da 2a Guerra Mundial. Antes, em maio de 1939, eles haviam emitido o White Paper, documento que proibia a imigração judaica para a Palestina e enterrava, de vez, a Declaração Balfour. Contudo, além da proibição, havia outros itens inaceitáveis: o estabelecimento de um estado árabe nos dez anos seguintes; a nomeação de um governo palestino; a admissão de apenas 75 mil judeus nos cinco anos seguintes; futuras imigrações dependeriam da aprovação dos árabes e as vendas de terras para judeus se tornariam rigidamente restringidas. Em setembro daquele ano, enquanto os nazistas ocupavam a Polônia, David Ben Gurion, líder da Agência Judaica na Palestina, declarou: "Guerrearemos contra Hitler como se não houvesse o White Paper e lutaremos contra o White Paper como se não houvesse guerra". Em maio de 1940, quando Winston Churchill, simpatizante do sionismo, tornou-se primeiro-ministro do Reino Unido, houve a esperança de que o White Paper fosse revogado. Chegou a haver, mesmo, um período de distensão entre ingleses e judeus. No entanto, quando a Itália entrou na guerra, naquele mesmo mês, a proximidade das ações militares entre os aliados e as forças do Eixo, no Oriente Médio, fez com que Churchill deixasse intocado o White Paper, de modo a não antagonizar os países árabes. A causa sionista só começou, ainda que longinqüamente, a ser considerada pela opinião pública mundial quando, em abril de 1942, o navio Struma, transportando refugiados judeus da Romênia, não pôde aportar em Haifa e acabou afundando, talvez torpedeado, no Mar Negro. Das centenas de passageiros, apenas dois sobreviveram. Foi sob o luto do Struma que um judeu polonês chamado Menachem Begin conseguiu entrar na Palestina e ali começou a organizar uma luta armada clandestina contra a Inglaterra.
Em 1943, à medida que aumentavam as atrocidades e os assassinatos em massa cometidos pelos nazistas contra os judeus na Europa, crescia também a resistência judaica contra os ingleses com a finalidade de forçar o acolhimento de um maior número de imigrantes na Palestina. Em novembro do ano seguinte, Lord Moyne, o ministro britânico residente no Cairo, foi assassinado por um grupo de extremistas judeus. Moyne era amigo íntimo de Churchill e sua morte fez com que este se alienasse por completo da causa sionista. Ao fim da 2a Guerra Mundial, a situação do mandato inglês tornava-se cada vez mais insustentável. Derrotando Winston Churchill, o trabalhista Clement Atlee assumiu o cargo de primeiro-ministro no Reino Unido. Os judeus de Eretz Israel, na maioria socialistas, acreditavam que teriam um novo e bom entendimento com o governo de Londres. Pura ilusão. Não houve qualquer mudança na política externa britânica e, enquanto as portas da Palestina continuavam fechadas, centenas de milhares de sobreviventes do Holocausto permaneciam em rudimentares acampamentos espalhados por diversos países europeus.
Pressionado pela opinião pública judaica americana, o presidente Harry Truman pressionava Atlee para que abrandasse sua política no Oriente Médio. Contudo, os ingleses endureciam cada vez mais, por perceberem que estavam prestes a perder seus poderes coloniais, tendo como foco principal a Índia. Em maio de 1946, uma Comissão de Inquérito Anglo-americana, depois de percorrer a Palestina, recomendou que o White Paper fosse revogado e que fossem imediatamente recebidos cem mil refugiados. Os ingleses recusaram, argumentando que se isto acontecesse, aumentaria a tensão entre árabes e judeus. No começo de 1947, a Palestina era uma espinha atravessada na garganta do império britânico, que para lá havia deslocado um contingente de cem mil homens e se via obrigado a arcar com os altos custos de sua manutenção, pesada despesa para a combalida situação econômica do país no pós-guerra. No dia 14 de fevereiro de 1947, o chanceler britânico Ernest Bevin anunciou que a Inglaterra renunciaria a seu mandato desde que o assunto da Palestina fosse levado à tutela das Nações Unidas. Além de ser um declarado anti-semita, Bevin se apegava a um ferrenho pragmatismo, argumentando que a Grã-Bretanha seria sempre dependente do petróleo dos países árabes e isto não poderia ser ameaçado pela existência de uma minúscula pátria judaica no Oriente Médio. Enquanto ele pouco se importava com os deslocados e sobreviventes de guerra, estes ainda encontravam bom humor para cantar, em iídiche, em seus improvisados barracões em campos europeus: "Que viva o camarada Bevin, que viva 100 anos, 99 em hospitais".
Em função da atitude britânica, as Nações Unidas criaram um Comitê Especial, também conhecido como Comitê Ad Hoc, encarregado de ouvir de viva-voz os argumentos de judeus e árabes na Palestina, devendo seu relatório ser entregue até o dia 31 de agosto. Foi durante esta viagem que os membros do Comitê puderam testemunhar a agonia do navio Exodus, ancorado no porto de Haifa, quando foram proibidos de desembarcar centenas de refugiados judeus, levados de volta para a Europa. Aquele dramático episódio foi, sem dúvida, um dos fatores que levaram o Comitê Especial a sugerir a partilha da Palestina entre árabes e judeus, ficando Jerusalém sob administração internacional. O debate e a votação sobre o relatório do Comitê na sede das Nações Unidas, em Flushing Meadows, Nova York, foram marcados para o dia 26 de novembro. Nesse meio tempo, o sinistro Ernest Bevin enviou um memorando para a delegação inglesa na ONU no qual dizia que a partilha seria injusta para os árabes, que inflamaria o mundo muçulmano e que "qualquer acordo com os sionistas teria pouca compensação se comparado à perda do mundo árabe". Às três horas da tarde da data marcada, foi aberta por Oswaldo Aranha a sessão da Assembléia Geral que registrou, com enorme surpresa, o discurso pró-sionista proferido pelo delegado soviético, pois o Kremlin seguia a política de enfraquecer as posições americana e inglesa no Oriente Médio. Seguiram-se outros pronunciamentos, contra e a favor da partilha. Boa parte dos oradores contrários bateu na tecla de que um estado judeu naquela região corresponderia a um enclave comunista.
Embaixador Andrei Gromiko, da União Soviética: "A experiência que extraímos ao estudar a questão palestina, bem como o relatório do Comitê Especial, evidenciam que árabes e judeus não podem e não querem estar juntos. Não há o que fazer para que ambos vivam no mesmo território e, portanto, a única alternativa viável é dividi-lo. Essa partilha terá um profundo significado histórico porque irá de encontro aos legítimos anseios do povo judeu".
Embaixador Lange, da Polônia: "A comunidade judaica da Polônia resistiu contra a ocupação alemã de nosso país, destacando-se a revolta do gueto de Varsóvia que hoje já é conhecida pelo mundo inteiro. Sabemos que a maioria dos judeus considera a Palestina como seu lar nacional e não podemos deixar de simpatizar com essa aspiração. A atual situação exige uma solução imediata e não podemos mais adiá-la".
Embaixador Amir Faisal Al Saud, da Arábia Saudita: "Senhores membros desta Assembléia, lembrem-se que conforme o preâmbulo da Carta das Nações Unidas, todos juraram que desaprovariam, perante D'us e a história, atos de agressão e envidariam esforços em favor da paz. O que hoje está sendo tentado com relação à Palestina não é um ato de flagrante agressão? Não é tirânico que um organismo internacional partilhe um país para presentear o agressor?"
Embaixador Amir Arslan, da Síria: "Todos aqueles que aprovam o plano de partilhar a Palestina em dois estados independentes certamente ignoram os aspectos legais da questão. As manobras feitas para colocar este plano em marcha fazem com que a opinião pública mundial o veja como uma ação humanitária, mas trata-se do maior escândalo político de todos os tempos".
Embaixador Rodriguez Fabregal, do Uruguai: "Por que é necessário que exista um estado dos judeus? Para dar fim à discriminação e à perseguição deste segmento da humanidade. Nenhum outro povo tem sofrido tanto quanto o povo judeu. Os que votarem a favor da partilha, não estarão votando contra os dois setores da realidade social da Palestina. Estarão votando pelo progresso de ambos, por seu desenvolvimento cívico e por sua futura presença na comunidade das nações".
Embaixador Sassen, da Holanda: "Quando os nazistas perseguiram os judeus em nosso país, a resistência holandesa teve como uma de suas prioridades a sua salvação. O mandato britânico na Palestina revelou-se ineficiente e as Nações Unidas têm a obrigação de resolver essa questão, mas não de forma unitária. Nossa delegação votará a favor do relatório do Comitê Especial".
Embaixador Sir Carl Berendsen, da Nova Zelândia: "Todas as soluções propostas contra a partilha da Palestina se revelaram inviáveis e impraticáveis. A criação de dois estados separados irá de encontro às legítimas reivindicações do povo judeu".
Embaixador Van Langenhove, da Bélgica: "Já expusemos as nossas dúvidas quanto à solução adotada pelo Comitê Especial. Não sabemos se é inteiramente justa, duvidamos que seja prática e tememos que envolva grandes riscos. Mas, qual a alternativa? Uma solução ou nenhuma, ou seja, maiores problemas e até mesmo o caos. Não queremos assumir tal responsabilidade votando de forma negativa ou nos abstendo. Votaremos a favor".
Ao fim dos debates, Oswaldo Aranha marcou uma nova rodada para o dia seguinte, 27 de novembro. Reproduzo aqui um trecho de um texto que escrevi para esta revista, intitulado "O Dia em que Israel Nasceu", já que não existe a respeito outra verdade, nem outra versão: "Naquele dia, quando a Assembléia Geral se reuniu, os líderes judeus eram uma só depressão. Estavam longe de serem alcançados os dois terços dos votos necessários para a partilha. A única alternativa era pedir aos embaixadores favoráveis que discursassem o máximo possível para que o horário extrapolasse, obrigando o adiamento da sessão. O dia seguinte seria feriado nos Estados Unidos e, atendendo aos apelos da liderança judaica, Oswaldo Aranha, num gesto amigável, marcou a próxima sessão para dois dias depois. Esse intervalo de 24 horas era crucial para que a causa sionista obtivesse mais votos, como de fato aconteceu".
Finalmente, no dia 29 de novembro de 1947, a proposta partilha da Palestina foi colocada em votação na Assembléia Geral das Nações Unidas. Ao término, Oswaldo Aranha declarou com voz firme: "O relatório do Comitê Especial está adotado por 33 votos a favor (entre os quais o do Brasil), 13 contra, 10 abstenções e uma ausência". Foi estabelecido o dia 14 de maio de 1948 para que o Reino Unido se retirasse totalmente da Palestina. Passaram-se, portanto, cinco meses e meio antes da independência do Estado de Israel, no decorrer dos quais os ingleses fizeram o possível e o impossível para favorecer os árabes e prejudicar os judeus. Porém, esta já é outra longa e tortuosa história.
"Nem na Rússia, nem na Polônia, houve uma atmosfera tão impregnada de ódio como aquela que prevaleceu nas forças armadas britânicas, na Palestina, em 1919 e 1920".
Zevi Ghivelder é escritor e jornalista
Como os americanos reconheceram Israel
1939
17 de maio - Emissão de um documento britânico (White Paper) restringindo a imigração de judeus para a Palestina.
25 de maio - O senador Harry S. Truman protesta contra a decisão da Inglaterra.
1945
24 de agosto - O Relatório Harrison é apresentado ao presidente Truman, denunciando maus tratos infligidos aos refugiados judeus sobreviventes do Holocausto.
31 de agosto - Com base no Relatório Harrison, o presidente Truman escreve ao primeiro-ministro britânico, Clement Atlee, pedindo que um razoável número de judeus seja admitido na Palestina.
22 de outubro - Os senadores americanos Robert Wagner e Robert Taft expressam-se favoráveis à constituição de um estado judeu na Palestina.
13 de novembro - O governo Atlee anuncia a formação de um Comitê Anglo-americano para analisar a questão da Palestina.
1946
20 de abril - O Comitê Anglo-americano recomenda a admissão de 100 mil judeus na Palestina.
8 de maio - Truman escreve para Atlee manifestando o desejo de que a recomendação do Comitê seja cumprida.
24 de setembro - Clark Clifford, assessor de Truman, escreve ao presidente advertindo que a União Soviética deseja alcançar total influência no Oriente Médio. Assim, a política do Kremlin será encorajar a imigração judaica, constituída por milhares de russos, ucranianos e georgianos e, ao mesmo tempo, denunciar a política de sede por petróleo dos Estados Unidos e da Inglaterra no tocante à Palestina, com a finalidade de inflamar os árabes.
4 de outubro - Na véspera do Yom Kipur, o presidente Truman se declara a favor da criação de "um estado judeu viável".
28 de outubro - O presidente Truman escreve ao Rei Saud, da Arábia Saudita, dizendo que "um lar nacional judaico deve ser instituído na Palestina".
1947
7 de fevereiro - O governo britânico anuncia que dará término a seu mandato na Palestina.
14 de fevereiro - O governo britânico anuncia que vai delegar às Nações Unidas a resolução da questão da Palestina.
13 de maio - A Assembléia Geral das Nações Unidas anuncia a formação de um Comitê Especial constituído por onze países para estudar a questão.
31 de agosto - O Comitê Especial apresenta seu relatório que sugere que a Palestina seja partilhada entre um estado árabe e outro judeu.
17 de setembro - George Marshall, secretário de estado americano, manifesta sua relutância no sentido de endossar a partilha.
10 de outubro - O Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos emite um documento intitulado "O Problema da Palestina", no qual sustenta que a partilha ensejará que a União Soviética assuma o lugar de ingleses e americanos no Oriente Médio, ameaçando o suprimento de petróleo para o Ocidente.
11 de outubro - Herschel Johnson, vice-representante americano no Conselho de Segurança da ONU, afirma que os Estados Unidos apoiam o plano de partilha.
19 de novembro - O presidente Truman recebe Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial, que lhe discorre sobre a importância da incorporação do Neguev ao futuro estado judaico. (O Neguev estava fora do traçado inicial da partilha).
29 de novembro - A Assembléia Geral das Nações Unidas aprova a partilha proposta pelo Comitê Especial.
5 de dezembro - O secretário de estado George Marshall anuncia a imposição de um embargo dos Estados Unidos a qualquer carregamento de armas para o Oriente Médio.
1948
12 de fevereiro - James Forrestal, secretário de defesa americano, afirma que a implementação da partilha acarretará eventos que obrigarão a uma mobilização das forças armadas dos Estados Unidos.
21 de fevereiro - O judeu Eddie Jacobson, ex-sócio e amigo pessoal de Truman, escreve ao presidente pedindo que torne a receber Chaim Weizmann, mas a solicitação é recusada.
8 de março - O assessor presidencial Clark Clifford apresenta a Truman um memorando intitulado "A Política dos Estados Unidos com Relação à Palestina", no qual afirma que o apoio à partilha está em plena conformidade com a política externa dos Estados Unidos.
13 de março - Sem solicitar audiência, Eddie Jacobson irrompe na Casa Branca e reitera a Truman seu pedido para que receba Chaim Weizmann. Resposta de Truman: "OK, você venceu!"
18 de março - Truman recebe Weizmann e diz que espera seja feita justiça na Palestina sem derramamento de sangue.
22 de março - Diferentes escalões do Departamento de Estado continuam opondo-se à partilha e o presidente americano escreve para seu irmão, Vivian Truman: "Acredito estar agindo corretamente, e que todos eles vão para o inferno".
12 de maio - Harry Truman reúne-se no Salão Oval da Casa Branca com o secretário de estado George Marshall, com o subsecretário Robert Lovett e o assessor Clark Clifford. Este argumenta em favor do reconhecimento do estado judaico, conforme a resolução das Nações Unidas. Marshall fica enfurecido e diz que se tal medida for aprovada por Truman, ele sequer votará no presidente nas eleições que se aproximavam. O presidente nada comenta.
13 de maio - Clark Clifford, defensor inabalável da causa judaica, informa a Robert Lovett que, finalmente, Marshall não vai apoiar nem se opor à decisão de Truman, posicionando-se alheio ao problema.
14 de maio - David Ben Gurion proclama a independência do estado judaico, a ser chamado Israel, a partir da meia-noite daquele dia, correspondendo às 6 da tarde em Washington.
Declaração de Independência do Estado de Israel
Governo Provisório de Israel
Official Gazette: Número 1; Tel Aviv, 5 Iyar 5708, 14.5.1948 Página 1
A terra de Israel é o local de origem do povo judeu. Aqui a sua identidade espiritual, política e religiosa foi moldada. Aqui eles primeiro atingiram a formação de um estado, criaram valores culturais de significância nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros. Depois de serem forçosamente exilados da sua terra, o povo conservou consigo a sua fé durante a sua Dispersão e nunca deixou de rezar e sonhar com o retorno á sua terra e com a restauração, lá, da sua liberdade política.
Impelidos pela sua ligação histórica e de tradições, os judeus lutaram geração após geração para se reestabelecerem ena sua antiga terra natal. Nas décadas recentes, voltaram em massa. Pioneiros, desafiadores refugiados e defensores, fizeram desertos florescerem, reavivaram a língua hebraica, construíram vilarejos e pequenas cidades, criaram uma próspera comunidade que controla a sua própria economia e cultura, adorando a paz mas sabendo como se defender, trazendo as bênçãos de progresso para todos os habitantes do país e aspirando a um estado independente.
No ano 5657 (1897), nas conferências do pai espiritual do Estado Judeu, Theodore Herzl, o Primeiro Congresso Sionista delineou e proclamou o direito do povo judeu fazer renascer o seu próprio país.
Este direito foi reconhecido na Declaração Balfour de 2 de novembro de 1917 e reafirmado no Mandato da Liga das Nações que, em particular, deu sanção internacional para a conexão histórica entre o povo judeu e Eretz-Israel e o direito de o povo judeu reconstruir o seu Lar Nacional.
A catástrofe que recentemente caiu sobre o povo judeu - o massacre de milhões de judeus na Europa - foi outra demonstração clara da urgência de resolver o problema da falta de um lar através do reestabelecimento em Eretz-Israel do Estado Judeu, que abriria bem os portões da terra natal para todo judeu e conferiria ao povo judeu o status de membro privilegiado na comudidade de nações.
Sobreviventes do holocausto nazista na Europa, assim como os judeus do resto do mundo, continuaram a migrar para Eretz-Israel, apesar das dificuldades, restrições e perigos e nunca deixaram de assegurar o seu direito a uma vida de dignidade, liberdade e trabalho honesto no seu lar nacional.
Na Segunda Guerra Mundial, a comunidade judaica deste país contribuiu por completo com as nações que amam a paz e a liberdade contra as forças da tirania nazista e, com o sangue dos seus soldados e os seus esforços de guerra, ganhou o direito de ser reconhecida entre os povos que fundaram as Nações Unidas.
No dia 29 de novembro de 1947, a Assembéia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução do estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz-Israel; a Assembéia Geral requereu aos habitantes de Eretz-Israel tomarem as medidas necessárias para a implementação desta resolução. Este reconhecimento das Nações Unidas pelo direito do povo judeu estabelecer o seu Estado é irrevogável.
Este é o direito natural de o povo judeu ser mestre do seu próprio destino, como todas as outras nações, no seu próprio Estado soberano.
De acordo, nós, membros do Conselho do Povo, representantes da Comunidade Judaica de Eretz-Israel e do Movimento Sionista, estamos aqui reunidos no dia de término do Mandato Britânico sobre Eretz-Israel e, por virtude dos nossos direitos naturais e históricos e pela força da resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, aqui declaramos o estabelecimento do estado judeu em Eretz-Israel, a ser conhecido como Estado de Israel.
Declaramos que, vigorando a partir do término do Mandato a esta noite, véspera de Shabbath, 6 de Iyar de 5708 (15 de maio de 1948), até ao estabelecimento das autoridades eleitas, regulares do Estado em acordo com a Constituição que será adoptada pela Assembléia Constituinte Eleita no mais tardar em 1o. de outubro de 1948, o Conselho do Povo actuará como Conselho Provisório do Estado, e o seu órgão executivo, a Administração do Povo, será o Governo Provisório do Estado Judeu, a ser chamado "Israel."
O Estado de Israel será aberto á imigração judaica e para ao seu recebimento de exilados; patrocinará o desenvolvimento do país para o benefício de todos os seus habitantes; será baseado na liberdade, justiça e paz como imaginado pelos profetas de Israel; garantirá liberdade de religião, consciência, língua, educação e cultura; respeitará os lugares sagrados de todas as religiões; e será fiel aos princípios da Acta das Nações Unidas.
O Estado de Israel está preparado para cooperar com agências e representantes das Nações Unidas a implementar a resolução da Assembléia Geral de 29 de novembro de 1947 e tomará as medidas necessárias para trazer a unidade económica de toda Eretz-Israel.
Nós fazemos um apelo às Nações Unidas para assistir o povo judeu na construção do seu Estado e receber o Estado de Israel na comunidade das nações.
Nós fazemos um apelo – depois de um duro ataque lançado contra nós há meses - aos habitantes árabes do Estado de Israel para manter a paz e participar da construção do Estado na base da igualdade e completa cidadania e através da representação em todas as suas instituições provisórias e permanentes.
Nós estendemos a nossa mão a todos os estados vizinhos e aos seus povos numa oferta de paz e boa vizinhança, e apelamos para o estabelecimento de laços de cooperação e ajuda mútua com o soberano povo judeu, estabelecido na sua própria terra. O Estado de Israel está preparado para fazer a sua parte num esforço comum para o desenvolvimento de todo o Médio Oriente.
Nós apelamos ao povo judeu em toda a Diáspora para ajudar os judeus de Eretz-Israel nas tarefas de imigração e construção e de os apoiarem na grande luta de realização do antigo sonho - a redenção de Israel.
Colocando a nossa confiança no Misericordioso, nós afixamos as nossas assinaturas a esta proclamação nesta sessão do Conselho de Estado, no solo da Terra Natal, na cidade de Tel-Aviv, nesta véspera de Shabbath, em 5 de Iyar de 5708 (14 de maio de 1948).
DavidBen-Gurion Daniel Auster Mordekhai Bentov Yitzchak Ben Zvi Eliyahu Berligne Fritz Bernstein Rabbi Wolf Gold Meir Grabovsky Yitzchak Gruenbaum Dr. Abraham Granovsky Eliyahu Dobkin Meir Wilner-Kovner Zerach Wahrhaftig Herzl Vardi Rachel Cohen Rabbi Kalman Kahana Saadia Kobashi Rabbi Yitzchak Meir Levin Meir David Loewenstein Zvi Luria Golda Myerson Nachum Nir Zvi Segal Rabbi Yehuda Leib Hacohen Fishman David Zvi Pinkas Aharon Zisling Moshe Kolodny Eliezer Kaplan Abraham Katznelson Felix Rosenblueth David Remez Berl Repetur Mordekhai Shattner Ben Zion Sternberg Bekhor Shitreet Moshe Shapira Moshe Shertok
14 de maio - Às 6 horas e 11 minutos, a Casa Branca divulga a seguinte declaração: "Este governo foi informado de que um estado judeu acaba de ser proclamado na Palestina. Os Estados Unidos reconhecem o governo provisório e a autoridade de facto do Estado de Israel".
15 de maio - Os exércitos do Egito, Síria, Jordânia. Líbano e Iraque atacam o Estado de Israel.
1949
25 de janeiro - Após eleições populares um governo permanente toma posse em Israel.
31 de janeiro - Os Estados Unidos reconhecem Israel na condição de juri.
24 de fevereiro a 20 de julho - Israel assina, na ilha de Rodes, sob mediação do diplomata americano Ralph Bunche, tratados de armistício com o Egipto, Líbano, Síria e Jordânia.
A 4 de lyar – 28 de Abril de 2009, comemora-se o dia dos soldados falecidos em defesa do Estado de Israel.
Este feriado nacional ( Yom Hazikaron ) honra a memória de todos os militares ( IDF ) falecidos ao serviço da Nação de Israel. Assim, também são relembrados todos os caídos ao serviço da segurança do Estado Israelita, que intervieram no moderno conflito entre os Árabes e Israel, bem como todos os outros antes da fundação do Estado de Israel. Nesta data, o ano passado, Israel tinha 22.437 soldados mortos em combate e 1.635 civis vítimas de actos terroristas.
Este dia inicia-se após o pôr do sol (cerca das 8 da noite) do dia 27 de Abril e a sirene a tocar durante 1 minuto. Os cidadãos israelitas param e colocam-se em silêncio como sinal de respeito. A cerimónia oficial terá lugar no MURO e a bandeira de Israel ficará a meia haste.
Na manhã seguinte, dia 28 de Abril, a sirene voltará a soar por 2 minutos, ás 11 da manhã locais dando início ás visitas aos cemitérios. Termina entre as 7 e as 8 da noite, com o hastear da bandeira e o início oficial do DIA da INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL, no Monte Herzl.
A ligação entre estas duas comemorações serve como lembrança o custo do preço pago pelo povo Judeu na sua independência, como Nação.
Podem também ver este video em Inglês http://www.road90.com/watch.php?id=DRmjdtFK2D
A Torá continua a relatar as leis de pureza física e espiritual. Esta Porção Semanal foca a Tzaraát, um tipo de sofrimento físico causado por transgredir as leis referentes à fala (não caluniar, não mentir, não falar palavrões, não fofocar, etc.) e o seu processo de purificação. A Tzaraát aflige, progressivamente, a casa, as roupas e a pele da pessoa, a menos que purifique a sua forma de falar. Há duas categorias de transgressões possíveis ao se falar:
1) Lashón HaRá(literalmente, ‘má língua’) – fazer uma declaração prejudicial ou que cause desprezo a outra pessoa, mesmo que esteja a dizer a verdade;
2) Rechilút(fofoca) – dizer a uma pessoa as coisas negativas que outro disse ou cometeu contra ela.
Desfazer o mal causado pela fala é comparado á tentativa de recolher uma grande quantidade de penas, após as lançar durante uma forte ventania!
Dvar Torá
A Torá declara: “Quando aparecer na pele da pessoa um inchaço, crosta ou mancha características da doença Tzaraát, ela deve ser levada a Aharon, o Sumo-Sacerdote, ou a algum dos seus filhos, os sacerdotes” (Vaikrá 13:2). Porque a pessoa precisava de ser trazida a Aharon, o Sumo-Sacerdote? O Rabino Hanoch explicou: Os nossos Sábios ensinaram que a Tzaraát era uma doença que se manifestava pelo facto de a pessoa ter falado Lashón Hará, palavras difamatórias, contra os outros. Quando as pessoas dizem coisas negativas, elas frequentemente racionalizam que é correcto falar o que falaram. Uma das desculpas mais comum utilizadas é que estão a falar a verdade: “O sujeito sobre quem estamos ‘a comentar’ fez tantas coisas erradas que é importante divulgar como ele é mau”. Também alegam que nunca fariam isto sem ter as mais elevadas intenções em mente e dizem que ‘é uma Mitsvá’ difamá-lo(a). Embora as suas alegações possam parecer louváveis a princípio, elas acabam por causar muito ódio, intrigas, brigas e dor. Porque a pessoa com Tzaráat era trazida a Aharon, o Sumo-Sacerdote? Uma das mais conhecidas características de Aharon é que ele fazia todo o possível para manter a paz dentro do povo. Sempre, que as pessoas brigavam, ele falava em particular com cada um dos ‘envolvidos’, dizendo que o outro estava arrependido e falando coisas amáveis e positivas sobre ele. Depois, quando estes ‘brigões’ se encontravam, o rancor já não mais existia e acabavam por fazerem as pazes. Quando sabemos, que a outra pessoa falou positivamente sobre nós, automaticamente sentimos um sentimento positivo em relação a ela e isto promove muito a amizade entre nós. Esta era a lição que Aharon transmitia aos que falavam contra os demais: “Não justifique as suas ofensas e o que está a fazer de mal contra os outros, reivindicando que deseja apenas divulgar a verdade. Pelo contrário: faça todo o possível para ajudar as pessoas a sentirem amor umas pelas outras!”