Porção Semanal da Torá... YTRO
Shemót (Êxodus) 18:01 - 20:23
Esta é a porção semanal que relata a outorga dos Dez Mandamentos. Sabia que há diferenças entre os Dez Mandamentos enunciados aqui (Shemót 20:1-14) e os relatados no livro Devarim (5:6-18), o quinto livro da Torá? (Sugestão: peça às suas crianças para descobrir as diferenças, como um jogo à mesa de Shabat: há aproximadamente 30 diferenças). Antes de dar os Dez Mandamentos, o Todo-Poderoso disse a Moshe para informar o Povo Judeu: “E agora, se Me ouvirem com atenção e observarem o Meu pacto, serão para Mim o mais amado tesouro dentre todos os povos, pois Meu é o mundo. Vocês deverão ser para Mim um reino de Cohanim (sacerdotes - um modelo de conduta para o resto do mundo) e uma nação santa” (Shemót 19:5-6). O sogro de Moshe, Yitró, junta-se ao Povo Judeu no deserto, aconselha Moshe sobre a melhor forma de servir e julgar o Povo -- apontando uma hierarquia de tribunais e juizes intermediários e retorna a Midián, a sua terra natal. Os Dez Mandamentos são dados, sendo que os dois primeiros foram ouvidos directa e pessoalmente de D’us, por cada Judeu. O Povo, então, pede a Moshe para ser o intermediário na transmissão dos oito Mandamentos restantes, pois toda aquela experiência estava a ser muito intensa para eles. A porção conclui com o Todo-Poderoso dizendo a Moshe para instruir o Povo Judeu a não fazer imagens de D’us. São ordenados, então, a construir um altar de pedra, mas sem a utilização de instrumento metálico na sua construção.
Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara o seguinte, em relação aos preparativos para o recebimento da Torá no Monte Sinai: “E os Israelitas acamparam lá, próximos à montanha (Shemót 19:02)”. A palavra em Hebraico utilizada pela Torá para ‘acampar’ é ‘Vaihan’. O que é particularmente interessante é que ‘Vaihan’ é o verbo no singular, como se quisesse dizer: ‘Acampou’. A forma gramatical correcta seria ‘Vaiahanu’, ‘acamparam’. O que aprendemos da palavra ‘Vaihan’?
Rashi, o grande comentarista francês da Torá (França, 1040-1104), explicou que o verbo no singular foi utilizado para nos contar como o Povo Judeu estava unido, como se fossem uma só pessoa e com um só coração, ou seja, em plena união e harmonia. Por isso, o verbo está no singular. Daqui, explicou o Rabino Yeruham Levovitz (Polônia, 1874-1936), aprendemos que o amor pelo próximo é um pré-requisito para o recebimento da Torá. O Rabino Ytschak de Vorki (Polónia, 1779-1848) salientou que a palavra ‘Vaihan’, além de significar ‘acampou’, também tem origem na palavra ‘Hen’, que significa ‘ser bem aceite’. Ou seja: o Povo encontrou graça aos olhos uns dos outros e, consequentemente, foi bem aceite aos olhos do Todo-Poderoso. Quando apenas se olha para os defeitos e falhas de uma pessoa, acabamos distanciando-nos dela. Entretanto, quando vemos o lado bom e positivo dos demais, tornamo-nos mais próximos das pessoas. Esta unidade é um requerimento fundamental para a aceitação da Torá. Como desenvolvemos esta característica?
Encontramos no livro Nahal Kedumim [da autoria do Rabino Haim Yossef David Azoulay zt’l (1724-1806)], que o sentido de união entre as pessoas só é possível quando há humildade. Quando os Israelitas vieram ao Monte Sinai, que era uma montanha mais baixa do que as que estavam ao seu redor (e, portanto, um símbolo de humildade), eles absorveram este atributo. Ao comportarmo-nos com humildade, não sentiremos necessidade de ter poder sobre os demais ou de sentirmo-nos superiores a eles, salientando as suas falhas e defeitos. Pelo contrário: fortalecendo a nossa humildade podemos realçar o lado bom dos demais. As características de amar o próximo, ver o lado positivo e ter humildade andam de mãos dadas. Ao crescermos nestas características, tornar-nos-emos pessoas mais elevadas e merecedoras de receber este grande tesouro que é a Torá.
SHABAT SHALOM
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