5.9.08

Porção Semanal: Shofetim


Bereshit 47:28 - 49:26

Shofetim (Devarim 16:18-21:9) trata primeiro dos mandamentos a respeito da criação de um sistema de liderança na Terra de Israel, começando com a designação de cortes, juizes e oficiais em cada cidade. Após esboçar o processo de julgar um idólatra, a Torá ensina que a pena de morte deve ser imposta a qualquer erudito que pronunciar uma decisão contra o Grande Sanhedrin (Suprema Corte de 71 juizes) em Jerusalém, não importa o quanto sejam notáveis os eruditos envolvidos na disputa.

O povo judeu recebe ordens de requisitar um rei assim que estiver instalado em Israel. São relacionados alguns dos presentes especiais que devem ser dados aos cohanim, sacerdotes.
Após descrever a natureza da profecia, a Torá repete as leis do Ir Hamiklat, cidade de refúgio para assassinos acidentais, e descreve o caso judiciário especial de Edim Zomemim, testemunhas conspiratórias.

A Torá então fala de vários aspectos da conduta da nação durante a guerra, dizendo-lhes para não temer os inimigos, e relacionando aquelas pessoas que estão isentas do serviço militar. Deve-se primeiro dar ao inimigo a oportunidade de paz, e o povo judeu deve ser cuidadoso para não destruir nenhuma árvore frutífera durante a batalha.

A porção da Torá conclui com o caso do assassinato não resolvido e com o ritual da eglá arufá, a novilha decapitada, que serve como expiação para o povo das cidades vizinhas por não terem impedido o assassinato.

Mensagem da Parashá

A raposa e o peixe
pelo Rabi Daniel Cohen

Um estudo demográfico das cidades de refúgio descritas na porção desta semana da Torá revela um elemento surpreendente na população. Podería-se presumir que as cidades compreendiam somente os levitas que tinham lá a sua residência permanente e alguns indivíduos que mataram acidentalmente e buscavam protecção dos seus perseguidores. Entretanto, há um outro grupo – os rabinos. O Talmud (Tratado Makot) explica que qualquer indivíduo que fugisse para a cidade de refúgio deveria levar consigo o seu rabino (não o seu advogado, o contador, ou o médico). Analisando esta lei, podemos fazer uma avaliação mais profunda da primazia da Torá na vida de uma pessoa.

Esta obrigação brota de um versículo: "Ele [o assassino acidental] deve fugir para uma das cidades e viver" (Devarim 19:4).

Somente o sustento físico não permite que o assassino "viva". Apenas quando é completado com sustento espiritual (i.e., o seu rabino) pode viver realmente. Um comentário não característico do Rambam apoia esta noção. Embora o estilo do Rambam na sua obra legal magna seja elucidar a lei judaica, ele acrescenta um comentário revelador ao articular o requerimento de trazer o rabino da pessoa à cidade de refúgio. Ele escreve que indivíduos sábios carentes de estudo e conhecimento de Torá são considerados carentes de vida. A Torá infunde vida.

Uma história contada no Talmud sobre Rabi Akiva cristaliza a importância da Torá. Rabi Akiva viveu durante o período dos perseguidores romanos, que proibiam o estudo de Torá. Apesar da proibição, Rabi Akiva continuou os seus estudos e foi capturado e sentenciado à morte pelos romanos. Quando inquirido pelos seus alunos porque assumira tal risco, contou-lhes a história da raposa e do peixe.

Uma astuta raposa fez uma maravilhosa proposta ao peixe: "Venha para a terra, e ficará a salvo da rede do pescador!" O precavido peixe respondeu: "Vivendo na água, existe uma possibilidade de que eu possa viver, evitando a rede do pescador. Entretanto, na terra certamente morrerei."
Sem as águas potentes da Torá, nós também não podemos sobreviver.

Quando a pessoa deixar este mundo, uma das perguntas que D'us lhe fará é se reservou tempo para o estudo da Torá todos os dias (Talmud Tratado Sanhedrin 7a e Shabat 31a). A Torá não é meramente um guia legal para a vida. Estudando a Torá, aprofundamos o nosso conhecimento das mitsvot e revigoramos o nosso relacionamento com D'us.

Ao aproximarmo-nos de Rosh Hashaná, façamos um compromisso de imergirmos no mar da Torá e que sejamos abençoados pelas suas águas vivas a cada dia.

SHABAT SHALOM