29.8.08

Elul

Shabat Shalom! De volta das férias, todos os alunos estavam descansados e alegres. Aproveitando o ‘alto astral‘ da turma, o professor resolveu ensinar algo muito importante aos seus alunos, para que aproveitassem bem todo seu segundo semestre letivo: pediu a todos que trouxessem, no dia seguinte, uma sacola de plástico e dez batatas.
Na manhã seguinte, lá estavam todos muito curiosos, com as suas sacolas e batatas. O professor então pediu para que cada aluno separasse uma batata para cada colega com quem tivesse discutido ou brigado no semestre anterior, escrevesse o nome do mesmo na batata e as colocassem dento da sacola. Depois ordenou a todos que, durante uma semana, andassem com aquela sacola de batatas seja lá para onde fossem.
Alguns alunos reclamaram que as suas sacolas estavam muito pesadas. Porém, o mais interessante veio com o passar dos dias: as batatas começaram a se deteriorar e o cheiro a aparecer.
Ao final dos sete dias, com um cheiro terrível no ar e os alunos de braços cansados, o professor falou:
- Caros alunos! O que quis que vocês aprendessem foram duas coisas:
1) Ao terem de carregar a sacola de batatas para todos os lugares aonde iam, tiveram de se concentrar nisto e automaticamente deixaram de notar outras coisas mais importantes ao seu redor, e
2) Mesmo que inicialmente as batatas pareciam belas e importantes, com o passar dos dias o mau cheiro acabou com todo este pensamento inicial!
As batatas nas quais vocês escreveram o nome de colegas com que discutiram no semestre passado a princípio pareciam bonitas e gostosas, da mesma maneira que uma discussão, no seu início, parece ser importante e interessante, a ponto de valer a pena guardar as mágoas que logicamente resultam. Porém, com o passar dos dias, o ‘mau cheiro’ vai aumentando, e o custo de carregá-las para todos os lados acaba
sendo muito alto. Agora, caros alunos, vocês entenderam que não vale a pena carregar as ‘batatas’ de discussões, broncas, mágoas, fofocas, etc. Portanto, perdoar o colega e abandonar a má vontade em relação aos demais é a única maneira de se livrar das batatas!
Creio que esta é uma grande lição para nós, queridos leitores, à medida que o fim do ano Judaico se aproxima. Vale a pena deitar fora as batatas e iniciar o novo ano com o pé direito, com união e amizade entre todos nós!
E vamos aos preparativos:

O Que Há de Especial no Mês de Elul?
Domingo (31 de agosto) e segunda-feira (1 de setembro) são dias de Rosh Chódesh, o começo do novo mês hebreu de Elul. Este é um mês muito especial no ano Judaico, pois precede Rosh HaShaná, o Ano Novo Judaico (que começa dia 30 de setembro, terça-feira, ao entardecer). A cosmologia Judaica ensina-nos que cada período do ano nos oferece uma oportunidade espiritual especial para o sucesso. Por exemplo: Pessach é tempo de se trabalhar sobre a liberdade, Sucót sobre a alegria e assim por diante.
Elul, quando soletrado em letras Hebraicas, é o acróstico das palavras “Eu pelo meu amado e meu amado por mim” (ani l'dodi v'dodi li -- frequentemente inscrito no lado interno de anéis de casamento). Este mês é um período de elevada espiritualidade, onde o Todo-Poderoso está ‘mais próximo e mais acessível’.
É uma época de introspecção e preparação para Rosh HaShaná, propícia ao balanço espiritual e ao correcto encaminhamento da nossa vida.
O Rabino Noah Weinberg, Shlita, fundador e director do Aish HaTorá, compara a possibilidade de chegarmos próximos a D’us em Elul com o exemplo de se tentar marcar uma audiência com o Presidente da República. É uma tarefa muito difícil de se ter sucesso -- a menos que seja ano eleitoral. Elul é como um ano eleitoral. O Todo-Poderoso é como um pai amoroso esperando que voltemos para casa.

Para ajudá-lo em sua preparação para Rosh HaShaná, o Dia do Julgamento, apresento-lhe algumas perguntas para fazer a si mesmo e discutir com amigos e familiares, extraídas do fabuloso e indispensável livro ‘The Rosh Hashanah-Yom Kipur Survival Kit’, do Rabino Shimon Apisdorf. Eis, então, as ‘Perguntas Para Uma Vida Mais Cheia de Significado’:
1) Quando mais sinto que minha vida tem sentido?
2) Àqueles que mais significam para mim - será que já lhes contei como me sinto?
3) Existem alguns ideais pelos quais estaria disposto a morrer?
4) Se pudesse começar a minha vida novamente, mudaria alguma coisa?
5) O que me traria mais alegria que qualquer outra coisa neste mundo?
6) Quais foram minhas 3 maiores realizações desde o último Rosh HaShaná?
7) Quais os 3 maiores erros que cometi desde o último Rosh HaShaná?
8) De que projecto ou meta, se não realizado, mais me arrependerei no próximo Rosh HaShaná?
9) Se soubesse que não falharia, a que me comprometeria na vida?
10) Quais minhas 3 maiores metas na vida? Que estou fazendo para atingi-las? Que medidas práticas posso tomar, nos próximos 2 meses, em direcção a estas metas?
11) Se pudesse dar somente 3 conselhos aos meus filhos, quais seriam?
Achando as Grandes Festas chatas? Muitas pessoas reclamam que não conseguem acompanhar os serviços religiosos e não os entendem. Dizem que os acham ‘chatos, sem significado ou espiritualidade’.
Faz sentido! A menos que haja preparação e esforço para entendê-los, será um milagre se tiverem quaisquer tipos de experiência que seja.