2.8.08

Porção Semanal: Massê


Bereshit 47:28 - 49:26

A Parashat Mass’ê (Bamidbar 33:1 - 36:13) inicia-se com um resumo de toda a rota viajada pelo povo judeu durante os seus quarenta anos no deserto, começando com o seu Êxodo do Egipto e concluindo com a sua chegada às margens do Rio Jordão.

Após ordenar ao povo para expulsar todos os habitantes da Terra Santa, a Torá delineia as fronteiras exactas da terra de Israel. Já que os levitas não receberiam uma porção como os demais, cidades especiais foram separadas para eles. Alguns destes locais serviriam também como cidades de refúgio para alguém que, sem intenção, tenha matado uma pessoa, e então fugiria para uma destas cidades para buscar abrigo e evitar a vingança de um parente próximo da vítima, lá permanecendo até a morte do actual Cohen Gadol.

Após estabelecer os parâmetros para as várias categorias de assassinato, o livro Bamidbar conclui com informação mais completa a respeito das filhas de Tslofchad e as leis sobre a herança.

Mensagem da Parashá

Uma rota para o equilíbrio
por Rabi Yonason Goldson

O povo judeu é único no sentido de ser verdadeiramente um, não uma colecção de indivíduos juntando-se para formar uma nação, mas uma única alma colectiva dividida em entidades separadas. Cada um tem uma identidade definindo o seu papel especial como parte integral do todo. Assim como o corpo humano não funciona adequadamente a menos que cada parte faça o seu trabalho, assim também a neshamá (alma) judaica colectiva adoece quando os indivíduos que a compõem não cumprem as suas responsabilidades. E quando o corpo não está bem, todas as suas partes sofrem.

O poder e a responsabilidade a nós confiados por D'us são impressionantes, e as consequências das nossas falhas são potencialmente desastrosas. O Criador, na Sua infinita sabedoria, entendeu que a maioria de nós inevitavelmente tropeçaria de vez em quando durante a nossa passagem pela vida neste mundo. Assim, Ele construiu no Seu plano da criação um plano de emergência: quando uma pessoa tropeça, outra pode ajudá-la; quando algum judeu danifica o universo por agir de forma irreflectida ou descuidada, outro judeu pode reparar o seu dano.

Aqueles tsadikim, os justos que mergulham no estudo e prática da Torá de D'us, são a equipe da reparação. Ao atingirem níveis ainda mais elevados de entendimento e observância através da sua sensibilidade a cada nuance e entonação das palavras da Torá, rectificam os enganos cometidos pelo restante de nós, e guiam-nos na direcção a um maior entendimento sobre nós mesmos, para que não se erre novamente.

Nas palavras da porção desta semana da Torá há uma sutil alusão a estas idéias. Quando alguém conta as suas viagens, normalmente diz que viajou a um determinado lugar e lá permaneceu. A Torá, entretanto, ao contar as jornadas dos filhos de Israel, emprega um fraseado estranho, sem mencionar chegada alguma. Além disso, a lista começa por declar: "E Moshê escreveu as suas saídas, conforme as suas jornadas… e essas são suas jornadas conforme as suas saídas." (Bamidbar 33:2); além da aparente inconsistência e redundância, o próprio significado do versículo é evasivo.

As palavras deste versículo contêm o seguinte significado alegórico: nas nossas jornadas pela vida, como as viagens dos filhos de Israel pelo deserto, às vezes "viajamos" para fora do caminho que D'us nos preparou, e assim, encontramo- nos perdidos num deserto espiritual. Nestes momentos, os justos entre nós "saem" para rectificar o que fizemos; pela sua persistência pessoal no estudo e prática da Torá, guiam-nos de volta ao caminho certo pelo exemplo que estabelecem. Dessa maneira, após "nos afastarmos" de um lugar, eles "acampam" no próximo, significando que eles restabelecem o balanço celestial do universo, e restauram a direcção do povo judeu à sua correcta orientação.

Quem são estes tsadikim?

Ninguém deveria ficar satisfeito com as suas conquistas, dizem os nossos sábios, até que tenha atingido o nível dos nossos antepassados Avraham, Yitschac e Yaacov. Esta não é uma tarefa impossível? Assustadora, talvez, mas não impossível, pois os sábios com as suas palavras pretendiam transmitir-nos que assim como os Patriarcas aperfeiçoaram-se ao perceber o completo potencial que D'us lhes concedeu, assim também seremos como eles se desenvolvermos ao máximo o nosso potencial.

Dessa maneira, pedimos três vezes ao dia ao Criador nas nossas preces para "colocar o nosso quinhão junto deles – os justos – para sempre".

Que HASHEM nos guie e nos ajude a desenvolvermo-nos até ao limite do nosso potencial, para que possamos ser contados juntos com os justos neste mundo e no vindouro.