22.7.08

O dia 17 do mês hebraico de Tamuz

BOM DIA! A história é contada que, certa vez, o imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821) ouviu lamentos e gritos vindos de uma sinagoga. Querendo saber o motivo, vieram-lhe informar que aquele era o dia de Tishá BeAv e que os Judeus estavam chorando pela destruição do seu Templo em Jerusalém. Como eu não ouvi sobre isto? Por que não me informaram? Quando aconteceu?, perguntou

Napoleão. Quando descobriu que o facto ocorrera quase 1.700 anos atrás, Napoleão falou: “Uma nação que recorda o seu Templo destruído e lamenta tão profundamente e por tanto tempo a sua perda, certamente sobreviverá e terá o mérito de tê-lo reconstruído novamente!Por que os Judeus relembram o Templo de Jerusalém e lamentam a sua perda até aos dias de hoje?

Ao conhecermos e entendermos a nossa história, poderemos colocar as nossas vidas na devida perspectiva: poderemos entender a nós mesmos, ao nosso povo, as nossas metas e os nossos valores. Saberemos a direcção das nossas vidas, o que queremos conseguir e o que estamos prontos a suportar para atingir o nosso destino. Há uma frase famosa de um filósofo do século XIX que resume bem este conceito:

Se você tem um porquepelo que viver, conseguirá suportar qualquer como!

Estamos para entrar num período do calendário Judaico conhecido como As Três Semanas– o período entre o dia 17 do mês hebraico de Tamuz (domingo, 20 de julho) e o dia 9 do mês de Av (que se inicia sábado à noite, 9 de agosto). É um período tão desfavorável em toda a nossa história, que o Shulchán Aruch, o Código das Leis Judaicas, nos aconselha a adiar processos judiciais e proíbe até a realização de casamentos. Também não cortamos o cabelo, não compramos ou vestimos roupas novas, não ouvimos música e nem fazemos viagens por recreação. É um período de introspecção, com pensamentos voltados a corrigir os nossos erros ou maus comportamentos na vida. Durante este período, ambos os Templos, em Jerusalém, foram destruídos.

Mas por que lamentamos a perda destes Templos depois de tantos anos? O que eles significaram e significam para nós, habitantes do século 21?

O Templo Sagrado de Jerusalém era o centro focal do Povo Judeu. Três vezes ao ano – em Pessach, Shavuót e Sucót – os Judeus que moravam em Israel e nas vizinhanças vinham orar e celebrar no Templo.

Ele nos oferecia uma tremenda oportunidade de nos aproximarmos do Criador, de nos elevarmos espiritualmente. Ele representava o propósito do Povo Judeu na Terra de Israel: ser um Povo sagrado, unido com o Todo-Poderoso na nossa terra, um estado Judaico. Isto é o que ansiamos por recuperar e é por isto que lamentamos e relembramos a perda do que uma vez tivemos.

Cinco calamidades ocorreram no dia 17 de Tamuz:

1) Moshe quebrou as primeiras pedras (Não eram Tabuas da Lei, mas Pedras da Lei) contendo os 10 Mandamentos, quando desceu do Monte Sinai e viu o povo idolatrando o Bezerro de Ouro;

2) A Oferenda Diária (Korban Tamid) parou de ser realizada no Primeiro Templo;

3) Romperam-se as muralhas de Jerusalém, durante o cerco à cidade, na época do 2º. Templo;

4) Apóstomo, o Perverso, um oficial romano, queimou um Sefer Torá (Rolos da Torá); 5) Um ídolo foi colocado no Santuário do Segundo Templo.

17 de Tamuz é um dia de jejum, e este ano calhou no passado domingo, 20 de julho. O propósito do jejum é despertarmos nossos corações para o arrependimento, ao relembrarmos os erros de nossos antepassados, que acarretaram tantas tragédias, e nossa repetição dos mesmos erros. O jejum é a preparação para o arrependimento – para quebrar a dominação do corpo sobre o nosso lado espiritual. A pessoa deve-se

engajar num auto-exame e tomar a resolução de corrigir os seus erros na suas relação com D'us, com as pessoas que convive e consigo mesma.

É interessante notar que Sadam Hussein era estudioso de História Judaica. Ele baptizou o reator nuclear (do qual planeava fabricar uma bomba para mandá-la sobre Israel) como – adivinhou? – Tamuz 17!