5.8.08

Estejamos atentos…

Recentemente, tive a oportunidade de ler as ameaças veladas de uma cristã que visivelmente molesta pelo facto de ter sido impedida de espalhar as suas doutrinas proselitistas num site judeu através de uma mensagem intitulada: "Jesus te ama", chegou ao extremo da desfaçatez ao apelar a um princípio que eles (os cristãos) não fazem a mínima idéia do que se trata e só em épocas recentes têm começado a aprender de maneira a não estarem na contramão da história. O princípio em questão chama-se...Respeito.

Francamente, a falta de vergonha desta gente deixa-me estupefacto. Imaginem só, entram na sua casa, invadem a sua vida, propalam o ódio doentio anti-semita por séculos a fio, tentaram exterminar o povo judeu ( desde os romanos), sequestram as suas crianças, confiscam os seus bens, imputam-nos o crime da crucifixão cometido pelos soldados romanos e ainda afirmam sem nenhuma justificação ou facto histórico, que todo o povo judeu é culpado de tais crimes e agora, em pleno século XXI ainda querem que abramos as nossas portas a estas pessoas como se nada tivesse acontecido.

Em primeiro lugar, o povo judeu jamais participou de alguma crucifixão, já que os membros da casta sacerdotal judia não são judeus e sim cohanim (sacerdotes). Os cohanim pertencem a outra tribo que nada tem a ver com o povo judeu em assuntos laicos. A ignorância desta gente é tão grave, leviana e preconceituosa que nem sequer sabem distinguir um judeu de um cohen (sacerdote) ou entre cohen e levita e assim por diante. Para eles (os cristãos) é muito mais fácil e conveniente colocar todos no mesmo saco. Segundo o conceito cristão, ser-se judeu é a mesma coisa que rubenita, gadita, asherita, benjamita, etc.

O que estas pessoas ignorantes não sabem é que os israelitas até estavam em pé de guerra contra nós, os judeus, no passado. Além disso, um dos seus própios apóstolos chamado Tiago, na epístola de Tiago 1:1, reconhece abertamente a nossa inocência ao esclarecer bem no começo da sua epístola que todas as tribos de Israel na época de Jesus estavam na dispersão.

Imaginem só, temos sido condenados durante séculos pelos cristãos in absentia, isto é, sem sequer estarmos presentes, pelo famoso crime da crucifixão desse falso messias que chamam de Cristo. Haja maldade, injustiça e preconceito para fazer uma canalhice dessas com todo um povo por mais de dois milénios. Quiçá, este exemplo possa servir para tirar as teias de aranha da mente destes cristãos ímpios, cruéis e implacáveis.

O povo judeu sempre foi bom na criação de ovelhas e isto era abominação para o povo egípcio. Todavia, a coexistência pacífica era perfeitamente possível entre ambos os povos e por isso, não se misturavam. Não era devido ao preconceito e sim devido ao respeito mútuo que sentiam, que não era aceite nem sequer sentar-se na mesma mesa. E este costume é o mesmo para nós, os judeus, em relação aos cristãos.

O Cristianismo e tudo o que representa, para os judeus é uma absoluta abominação e é por este motivo que preferimos estar bem distantes. Nós, os judeus, não queremos nem desejamos manter nenhum tipo de vínculo com eles, a não ser apenas os vínculos sociais que todos os povos civilizados costumam manter em matéria de assuntos civis e afins. Os cristãos, têm tentado destruido durante milénios a nossa identidade através do proselitismo religioso, as torturas e o extermínio em massa cometido por nações cristãs. Estes factos históricos da sua maldade continuam sem prescrever nos anais dos crimes hediondos que têm cometido contra nós, isto é, crimes contra a humanidade.

Até agora, ainda não temos visto traduzido em factos sinais autênticos de arrependimento por todo o mal que têm causado ao Povo de Israel. A única coisa que pedimos é que nos deixe de uma vez por todas viver em paz. Parem de intrometer-se nas nossas vidas. Deixem-nos viver como judeus, já que isto é um direito nosso, que nós, os judeus, jamais temos negado a povo algum.

Se no evangelho de Mateus 23:15 está escrita mais uma falácia sobre o povo judeu, isto é, que praticava o proselitismo, mas fiquem sabendo que o povo judeu jamais tem praticado o proselitismo religioso, já que isso fere os nossos costumes no âmago, pois para nós, os judeus, o princípio da tolerância e o respeito ao direito alheio é um dos pilares mais importantes da nossa civilização. Aliás, é por isso que o judaísmo não tem só é uma religião, mas também um modo de vida e cultura.

O judaísmo para nós é uma herança cultural dos nossos patriarcas israelitas, uma tradição histórica, uma memória colectiva, a nossa própria identidade. É por este motivo, que jamais verá um judeu a bater nas portas das casas ou gritando no meio das ruas para apregoar quaisquer crenças, porque isto é o cúmulo da falta do respeito ao livre arbítrio dos povos, que é o que o próprio HASHEM, o Deus de Israel, tem ensinado desde tempos antigos.
"Às vezes a verdade corresponde a uma dimensão diferente, onde a mentira que embaça a visão tem-se disfarçado à luz da razão até convencer-nos que o engano, a falácia e o erro nos brindam a certeza da sua correcção."

Christian Gondar Henríquez