11.6.08

Parashá Behaalotecha


“Quando acenderes as velas do candelabro…” (Bamidbar 8:2)
“E falarás a Aaron e lhe dirás : “Quando acenderes as velas do candelabro...” Rashi comenta a relação entre as parashiot, dizendo: a parashá do acendimento das velas do candelabro continua à dos sacrifícios que deviam oferecer os príncipes das tribos na inauguração do Tabernáculo, pelo que Aaron chegou a ressentir-se, pois a sua tribo não foi incluída para oferecer e por isso o Eterno lhe anunciou: “Aaron, a tua obrigação é de maior importância que a dos príncipes das tribos”. Os comentaristas questionam este comentário de Rashi: Como se demonstra que a importância da obrigação da tribo de Aaron , de preparar tudo para acender as velas é maior que a da oferta dos sacrifícios? Acender as velas pode ser feito por um Israel não pertencente à tribo de Aaron mas apenas os preparativos para acender as velas é um privilégio da sua tribo. Encontramos também que, em Shabat todos os sacrifícios obrigatórios, como os Temidim, os Musafim supunham uma profanação das leis sabáticas mas entretanto os preparativos dos mesmos deveriam ser feitos antecipadamente, não podendo realizar-se durante o Shabat. Por outro lado, o acender das velas do candelabro do Santuário podia realizar-se em Shabat tal como também os seus preparativos, pelo que o eterno disse a Aaron: ”A tua obrigação é maior que a deles”, pois apenas podiam realizar a Mitzvá e não os preparativos. A luz na Torá tem um grande simbolismo: Pois a vela é a Miztvá e a Torá as luz” e assim como uma pequena fonte de luz pode afastar a escuridão de um pequeno espaço, também um dito da Torá pode contradizer muita ignorância. Vemos no conceito do candelabro do Tabernáculo, que os preparativos das velas chegam a ser mais importantes que o próprio acender; também encontramos essa ideia nos conhecimentos da Torá, nos quais o valor não se encontra no conhecimento em si, senão no esforço realizado para alcançá-lo e na intenção para o estudo. “Tanto aquele que alcançou muito conhecimento da Torá como aquele que não chegou a alcançá-lo. O importante encontra-se na intenção”, assim disseram os nossos Sábios. O Talmud comenta-nos sobre o mestre de Rabi Meir (Baal Hanés) Elishá Ben Abuyá “Acher” que chegou a alcançar. Como podemos entender que com tanto o conhecimento da Torá, chegasse a profanar o Shabat conscientemente em público. Ao que responde o Talmud que tudo se encontra radicado na intenção, a isto comenta: Abuyá costumava convidar os Sábios para sua casa. Um dia no entusiasmo do estudo, Abuyá viu que uma chama estava acesa nas cabeças dos Sábios e punha em perigo que se acendesse o tecto de madeira, ao que lhe advertiram que o fogo da Torá não danifica; observou então Abyuá, como a chama chegava ao tecto e não o queimava. Também se disse: Se os Sábio são capazes de produzir um fogo que não queima, então fiz-me para eles. Toda a intenção com a qual foi encaminhado Elishá por seu pai no estudo da Torá não provocou efeito na sua pessoa, senão que o converteu num armazém de livros e dados, um simples disco duro de computador.
Muitos programas de estudos se inovaram nas escolas, com uma periocidade tal que por vezes parecia que a educação se tinha convertido numa moda de roupas, cada ano surgia uma nova ideia ou renovada; parecia que não estávamos contentes com os avanços educativos dos nossos meninos. Educação ou ensino, existe uma grande diferença entre ambas as expressões. Já não existem mais centros educativos, pois os professores não se sentem responsáveis nem com direitos para educar, hoje não são só vendedores ambulantes de conhecimento, escolas de ensino, os nossos filhos sabem muito mais matérias do que nós, estudam mais matemáticas e talvez até mais história, a internet ”abriu os olhos” a muitas fontes mas na verdade acreditamos que a internet educa, a quem lhe interessa. A Mishná em Pirkei Avot disse: toda a Torá que não acompanhada de um ofício terminará por se suprimir e acarretará o pecado; uma Mishná muito querida por todos aqueles que gostam de trabalhar e não dedicam qualquer esforço ao estudo da Torá mas parece que esquecem a ordem de preferências que está escrita na Torá: o primordial é a educação, a Torá deve ser acompanhada pela necessidade mas “se esqueço a Torá para que quero a necessidade”. Rabi Moisés HaRambam exerceu a profissão de médico na Corte do Sultão do Egipto e certamente estudou e praticou muito para chegar a esse ponto mas esquecemos que muito antes já tinha alcançado os níveis mais altos de conhecimento e cumprimento da Torá, como o testemunham uma longa lista de livros e respostas, assim como a sua obra “Mishné Torá”. Não convertamos os nossos centros de educação, onde os conhecimentos e a tecnologia são primordiais, nas escolas de ensino, onde os conhecimentos e a tecnologia são os que determinam o nome do lugar. A Alemanha chegou a ser o centro das ciências, das artes, tecnologia, etc mas pelos vistos faltou-lhe o único que não tinham e os resultados tristemente mais foram conhecidos. Está certo o ditado: “Se não há pão não há Torá, já que dificilmente se pode estudar se não existe esse mínimo para poder viver mas não esqueçamos a continuação do mesmo ditado do Perek: “Se não há Torá, não há pão”, esse pão sem Torá pode converter-se em “tóxico”.


Resumo da Parashá

O Eterno disse a Moshé que conferisse a Aaron a tarefa de situar as luzes do candelabro (Menorá), de maneira que iluminassem para a frente. Hashem ordenou que os levitas se separassem para o seu serviço no Mishkan, devendo Moshé purificá-los mediante o orvalho de água pura sobre eles, passando uma navalha sobre todo o seu corpo e lavando as suas roupas. Também deviam apresentar sacrifícios. Moshé devia aproximar os levitas perante o Tabernáculo e também reunir a congregação dos Filhos de Israel para que depois Aaron os apresente perante o Povo. Assim seriam os representantes dos Bnei Israel perante o Eterno e Aaron devia consagrá-los perante Hashem. Apenas os levitas com idades compreendidas entre os trinta e os cinquenta anos de idade podiam servir enquanto que os que tinham idades compreendidas entre os vinte e cinco e trinta anos deviam preparar-se para as futuras tarefas no serviço religioso. No dia 14 de Nissan do seguinte ano depois da saída do Egipto, celebrou-se o primeiro dia de Pessach. Houve quem pudesse observá-lo nessa data por se encontrar impuro e por isso solicitaram a autorização para participarem nas ofertas pascais. Moshé consultou o Eterno, que lhe respondeu que, no mês seguinte, no dia 14 de Iyar (Pessach Sheni), quem se encontrasse impuro ou estivesse longe do Tabernáculo, devia apresentar um Korban de Pessach e comer pão ázimo (Matzá) e ervas amargas. Quando se inaugurou o Mishkan, a nuvem divina de dia cobria o lugar e durante a noite tinha aparência de fogo. Esta nuvem era um sinal para que a congregação continuasse a sua viajem. Quando a nuvem se alçava os Bnei Israel partiam e no lugar onde parava, acampavam. Hashem ordenou a Moshé que se fizessem trompetas de prata para poder anunciar com elas o começo da marcha para convocar o povo frente ao santuário, para avisar quando deveriam ir à guerra ou para proclamar os dias de grande alegria, festividades, o novo mês (Rosh Chodesh). O Povo começou a sua trajectória através do deserto sob a guia da nuvem divina, sendo a sua primeira paragem no deserto de Paran, lugar onde a nuvem pousou. Moshé pediu a seu sogro, Itro, que se aproximasse, acompanhando-os nesta travessia mas decidiu voltar a Midian. Portanto, durante a travessia do deserto o povo começou a queixar-se pela liderança de Moshé. A ira do Eterno não se fez esperar e produziu um incêndio no acampamento fazendo estragos até que Moshé orou ao Todopoderoso e o fogo se extinguiu. Um grupo de não hebreus que vieram desde o êxodo do Egipto, queixou-se novamente pela falta de carne para comer. Também reclamaram a falta de peixe, de frutas e verduras, como no Egipto. O povo apenas recebia o maná. Moshé sentiu sobre si a carga de dirigir o Povo, o que era muito pesado para uma só pessoa. O Todopoderoso indicou-lhe que reunisse setenta dos anciãos do Povo de Israel para que o ajudassem na condução da Congregação. O espírito profético pousou então sobre esses anciãos. O Eterno enviou então grandes quantidades de aves (codornizes) que caíram no acampamento e assim as pessoas recolheram-nas e muitos deles ávidos por comê-las morreram perante a ira de Hashem. Por último, nesta parashá, Miriam e Aaron falaram contra Moshé e ela foi castigada com lepra mas curou-se totalmente durante uma semana.