10.2.08

...quando se age com a emoção.

BOM DIA! Certa vez estacionei em frente a uma pizzaria para comprar duas pizzas para a minha família. Quando saí havia um homem encostado no meu carro - de cara feia, braços cruzados, pernas cruzadas. Olhou para mim com os olhos cheio de ódio e falou num tom agressivo: “Então é você!” Perguntei: “Eu o quê?” Furioso, ele respondeu: “Quem bloqueou o meu carro!”
Olhei e realmente não havia espaço para manobrar o carro para fora do local onde estava estacionado. Abaixei as pizzas e falei: “Sinto muito. Não percebi que o havia bloqueado. No futuro tomarei mais cuidado para que isto não aconteça. Por favor desculpe-me pelo seu tempo perdido e por ser o motivo da sua irritação”.
O homem desencostou-se do carro e veio na minha direcção!... e deu-me um enorme abraço! Ele exclamou: “Esta é a primeira vez que ouço alguém pedir desculpas e não arranjar uma confusão. Pode bloquear-me sempre que quiser!” História verídica.
Todos os dias nos deparamos com pessoas preocupadas e angustiadas. E de vez em quando estas pessoas somos nós. Toda a pessoa está correcta na sua própria mente. Pensamos muito claramente porque estamos certos, porque o outro está errado e porque ele ou ela é merecedor da nossa fúria. (Recentemente um assinante do Meór HaShabat enviou-me 23 cópias da edição via fax. Eu escrevi-lhe um bilhete educado perguntando se havia algum problema e como poderia ajudá-lo. Ele enviou 23 cópias do meu bilhete de volta...)

É difícil ser racional e misericordioso quando se age com a emoção
. O que podemos fazer? Uma técnica é “Vá ao balcão”. Finja que está num teatro, assistindo a uma peça, sentado no balcão. Você não está envolvido; apenas observando. Seremos então capazes de pensar sobre a nossa situação mais objectivamente.
Perguntemo-nos: “Se eu fosse a outra pessoa, como reagiria?” Ver de outro ponto de vista ajuda a activar o nosso lado racional e a calma. Fale com um tom de voz suave. Uma voz suave afasta a raiva. Não diga nada que vá inflamar a outra pessoa e não a interrompa quando estiver a falar (isso demonstra uma falta de respeito e é muito irritante). Concorde com o que pode e desculpe-se aonde puder.
Por último, saibamos que todos os seres humanos, em algum grau, são um pouco insanos. A insanidade é definida como fazer a mesma coisa e esperar um resultado diferente. As pessoas não querem perder o controle e ficar bravas, mas fazem isto repetidamente. A vantagem de saber que somos todos um pouco malucos é tripla:

1) Podemos ter mais compaixão dos demais;

2) Podemos termais compaixão de nós mesmos;

3) Sabendo que somos um pouco insanos, podemos tomar alguma providência a respeito! (Quando não sabemos que há um problema, não podemos e nem iremos fazer nada a respeito).

Existe outra ‘técnica’ que aprendi em Israel, embora não tenho a certeza que vá resultar num outro país. Quando trabalhava na sede do Aish HaTorá na Cidade Velha de Jerusalém, o Quadrilátero Judeu tinha um estacionamento com apenas uma entrada/saída. Isto significa que regularmente um carro queria sair e outro queria entrar ao mesmo tempo. Um dia testemunhei uma ‘Partida de Ténis’ verbal entre dois motoristas a discutir quem deveria retroceder e dar passagem ao outro. Nenhum teve sucesso em convencer o outro. (Um espectador sugeriu que os dois fizessem um duelo ao estilo do Velho Oeste americano e o perdedor faria marcha atrás. Os dois concordaram que o espectador era louco e voltaram a gritar um com o outro).
Finalmente um dos contendores, confiante e desafiadoramente, perguntou: “Yesh lehá teudat normali?" (Você tem um Certificado de Sanidade?) O outro ficou perdido, sem palavras, e não respondeu. Voltou ao carro, fez a marcha para trás e deixou o primeiro rapaz entrar no estacionamento.
No dia seguinte fui visitar um senhor no Hospital Hadassa. Um homem perguntou-me como chegar a um determinado endereço. “Desculpe-me, mas eu não sei”, respondi. Imediatamente ele começou a açoitar-me verbalmente: “Como você não sabe? Você deveria saber!...” Fui ao ‘balcão’ e disse para mim mesmo: “Isto é realmente bizarro”. Então, lembrei-me de ontem no estacionamento! Eu
interrompi-o e perguntei em hebraico: “Com licença. “Yesh lehá teudat normali?" O senhor tem Certificado de Sanidade?” Ele olhou para mim como se tivesse levado um choque eléctrico, calou-se e foi-se embora.
Como disse antes, vocês podem tentar, mas não sei se vai funcionar... em qualquer lugar fora de Israel.