30.7.07

Pensamento da semana

A diferença entre um degrau e um obstáculo no caminho
está em como utilizamos os tijolos
!

Dicas sobre o casamento

BOM DIA! Pensei em presentear vocês, meus queridos leitores, com o seguinte presente: dicas para se ter um casamento feliz, baseado em ensinamentos de meu amigo, o Rabino canadense Arye Pamensky. Quem é Arye Pamensky? Ele é o director do Pamensky Relationship Institute, dedicado a prover casais com estratégias para criarem casamentos extraordinários. Ele lançou, em 1997, um seminário intitulado “Como fazer um bom casamento tornar-se excelente”, que acabou tornando-se um dos mais populares programas do gênero. Em um único ano ele deu palestras a mais de 10.000 pessoas em 100 cidades nos 5 continentes, sobre como se ter um maravilhoso casamento!
Ele também tem um site: www.happywife.com. Lá se pode aprender mais sobre diversos tópicos, como: ‘Como tornar um bom casamento excelente’; ‘Como ter uma boa briga’; ‘Tornando o amor real no dia-a-dia’; ‘Sentindo-se só’; ‘Dinheiro’; ‘Crianças’; ‘Resolução de Conflitos’ e muito mais.
Eis um exemplo de como ele é REALMENTE bom no que ensina! Recentemente, o Rabino Arye
recebeu um cheque de 5.000 dólares de alguém que nem conhecia. Quando ligou para agradecer e esclarecer o motivo da doação, o homem lhe falou: “Rabino, minha esposa e eu passamos os últimos 10 anos em terapias para melhorar nosso casamento. Fomos a um seminário seu, começamos a praticar o que o senhor ensinou, nos livramos da terapia e agora temos o mais maravilhoso e admirável casamento.
Acredite-me: eu lhe devo muito mais do que US$ 5.000. Então, por favor, aceite estes 5.000 dólares como expressão de minha eterna gratidão!”
O Rabino Pamensky ensina: Homens e mulheres são diferentes, não apenas física e emocionalmente. Talvez a maior diferença é que as mulheres são seres ‘relacionantes’ ... e os homens não.
Num seminário, ele dividiu os homens e mulheres em 2 grupos, para que descrevessem o que pensavam ser ideal em relação a um marido, uma esposa e o casamento. Quando se reuniram novamente, ele chamou uma mulher. Entretanto, antes de pedir que relatasse as descrições, perguntou o nome de uma moça que estava em seu grupo. “Quantos filhos ela tem? E filhas?” Depois perguntou, aleatoriamente, o mesmo sobre outras duas mulheres. A mulher sabia tudo sobre cada colega do grupo.
O Rabino então chamou um homem e perguntou-lhe o nome de QUALQUER membro do grupo. Ele não sabia. Nenhum deles sabia. Eles desenvolveram excelentes descrições sobre um marido ideal, sobre uma esposa e um casamento ideais, mas não lhes era importante saber o nome dos colegas ou sobre suas famílias. Falou o Rabino Pamensky: “Sabe quando eles descobriram o nome dos outros colegas? Quando as suas esposas os apresentaram!”
O que os homens precisam então para ter sucesso com um ser ‘relacionante’? Eles precisam de uma de tarefas para saber o que fazer! Eis o início desta lista: Sua tarefa é fazer sua esposa feliz o tempo todo! E sabem porque isto é tão importante? Se o marido faz sua esposa feliz, ela retribuirá seu esforço com muito abundância, pois ela é um ser ‘relacionante’ e percebe que seu marido está se relacionando com ela, dando atenção a ela. Faça-a feliz e ela tornará o relacionamento alegre e repleto de paixão, conexão, intimidade, proximidade e crescimento.
Como se faz uma esposa feliz? O Rabino Pamensky cita o Rabino Moshe Aharon Stern Z”tl (1926-1998), ex-director da Yeshivá de Kamenitz, em Jerusalém, que certa vez aconselhou: “A única coisa que você precisa fazer são os 3 ‘A’s: Atenção, Afeição e Apreço. Toda mulher precisa de atenção, deseja afeição e merecidamente merece Agradecimentos e Apreço.
Continua o Rabino Pamensky: “O relacionamento dentro do casal não é apenas intelectual. A
principal linguagem de um relacionamento é o sentimento. Os sentimentos não têm nada haver com a lógica. Um marido tem que fazer sua esposa sentir (e não apenas dizer) que ela é a parte mais importante da vida dele, a primeira e absoluta prioridade!”
Como se dá atenção? Coloque de lado o jornal, pare de digitar no computador, desligue a música ... vire-se, olhe para sua esposa, olhe em seus olhos ... e ouça. Por que uma mulher interrompe seu marido no último momento da prorrogação do jogo de futebol ou de basquete? Porque quer assegurar-se que é mais importante do que o jogo. Dê a ela atenção e ela lhe dará espaço.
Como dar afeição à esposa? O homem tende a compartimentar sua vida: um tom de voz nos
negócios, outro tom para os filhos, um tom para brincar com o cachorro, etc. Para sua esposa, o marido deve o tempo todo utilizar um tom de afeição, amor e respeito.
E o que o Rabino Pamensky aconselha às mulheres para tornarem seus maridos felizes? Duas
coisas:
1. Todos os homens são ‘egos gigantes com pernas’! E egos precisam de aplausos o tempo todo, especialmente quando seu marido faz seu trabalho de deixá-la feliz! Ele tem que sentir que se você fosse a única mulher no mundo e houvesse 3 bilhões de homens querendo casar com você, você iria escolhê-lo! Você significa muito para ele e, portanto, o seu aplauso é o único que faz diferença para a vida dele.
2. A segunda coisa que uma mulher precisa saber para tornar seu marido feliz é dar um tempo a ele – especialmente quando ele NÃO faz sua tarefa de tornar sua esposa feliz! Não implique, aborreça ou o critique se ele der uma ‘escorregada’. Não ajuda em nada e ainda torna as coisas piores! Os homens fazem o cálculo ‘Custo X Benefício’. Eles com certeza preferem cumprir sua tarefa e receber um aplauso do que horas incontáveis de reclamação!

26.7.07

Porção Semanal: Vaet'chanan


Bereshit 47:28 - 49:26

Vaet'chanan (Devarim 3:23-7:11) continua o relato da Torá sobre o discurso final de Moshê aos Filhos de Israel. Ele diz ao povo que implorou a D'us para permitir-lhe entrar na terra de Israel, mas o Criador recusou o seu pedido.
Moshê então continua a exortar e advertir o povo a obedecer à Torá e aos seus mandamentos, não aumentando nem subtraindo as suas mitsvot. Diz-lhes para lembrarem-se sempre da incrível Revelação que viveram no Monte Sinai, passando aquela memória de geração em geração. Moshê adverte o povo judeu sobre o prolongado exílio que viverão se abandonarem a Torá, e como D'us ao final os levará de volta à terra de Israel. Após designar as três cidades de refúgio na margem oriental do Rio Jordão, Moshê repete os Dez Mandamentos e ainda descreve a revelação do Criador no Monte Sinai, enquanto ao mesmo tempo continua a admoestar o povo judeu a manter a sua observância na Torá. Moshê ensina-lhes então o primeiro parágrafo do Shemá, a passagem fundamental que recitamos duas vezes ao dia, expressando a nossa crença de que D'us é um, e declarando o nosso compromisso de amá-Lo e servi-Lo. Mais uma vez, Moshê exorta o povo a confiar emD'us, permanecer fiel à Torá, e ficar sempre consciente das ciladas da prosperidade e do sucesso.
Após ordenar ao povo judeu que ensine aos seus filhos sobre o milagroso Êxodo do Egipto, a porção conclui com alguns mandamentos adicionais e avisos a respeito da conquista próxima da terra de Israel.

Mensagem da Parashá

Mitsvot valiosas

por Benyamin Cohen

Se você tivesse que escolher apenas uma mitsvá para cumprir, qual seria ela?
Imagine um prisioneiro a quem fosse concedido um dia de suspensão da pena, e no qual pudesse cumprir qualquer mitsvá que desejasse. Escolheria Rosh Hashaná, para que tivesse uma chance de ouvir o som do shofar? Ou talvez escolhesse Yom Kipur, para que pudesse rezar a D’us na sinagoga pedindo misericórdia e perdão? Talvez devesse escolher Shabat para que pudesse recitar o kidush e ficar ao sol apreciando a santidade do dia?
Este caso intrigante realmente aconteceu no século dezesseis e foi levado perante o Radvaz, rabino-chefe do Egipto que escreveu uma clássica colecção de respostas haláchica. De forma bem surpreendente, ele respondeu que o prisioneiro deveria escolher o primeiro dia disponível – independentemente de ser ou não um feriado, um Shabat, ou meramente um dia de semana. A sua argumentação estava baseada numa declaração de Pirkê Avot (2:1): "Seja tão escrupuloso ao cumprir uma mitsvá 'menor' como é ao cumprir uma 'maior', pois não sabe as recompensas concedidas pelas mitsvot."
Os sábios estão ensinando-nos a não discriminar entre as mitsvot. Devemos ser tão cuidadosos com uma mitsvá 'difícil' como somos com uma 'fácil.' Portanto, não podemos tratar uma mitsvá como tendo prioridade sobre outra.
Onde encontramos este conceito na própria Torá escrita?
A Torá de forma alguma vincula uma recompensa a uma mitsvá específica. Se cada mitsvá tivesse uma recompensa correspondente, seria muito fácil e conveniente para nós sermos selectivos nas nossas acções, simplesmente optando por realizar a mitsvá que desejamos. Portanto, a Torá apenas menciona uma recompensa para duas mitsvot específicas. Na porção desta semana da Torá, lemos o quinto mandamento filial de honrar os pais, sobre o qual a Torá em Parashat Yitrô declarou que a recompensa é vida longa. A outra mitsvá – espantar a ave mãe antes de pegar os seus ovos – está também relacionada à recompensa da longevidade.
O que há de tão significativo sobre estas duas mitsvot para haver uma recompensa específica a elas atribuída?
O Talmud ensina que honrar o próprio pai e mãe é a mitsvá mais difícil de cumprir adequadamente. Relata várias ilustrações de rabinos tentando cumprir esta mitsvá. Uma história fala de Rabino Tarfon que inclinava-se e permitia que a sua mãe o pisasse, cada vez que ia subir para a cama. Mesmo assim, declara o Talmud, isso não preenche metade das suas obrigações!
Qual a mitsvá mais fácil de ser cumprida?
Imagine-se caminhando pela rua quando avista uma mãe pássaro agachada sobre alguns ovos. A Torá ordena que enxotemos a ave antes de tirar os ovos.
Isso é tão fácil de fazer – apenas um aceno de mão. Não requer nenhum esforço, não custa nada. Como diz sucintamente o Talmud no Tratado Chulin, esta é a mais fácil de todas as mitsvot.
Estas duas mitsvot são as únicas mencionadas com uma recompensa específica porque, na verdade, elas englobam todas as restantes 611 mitsvot. Ao dizer-nos que a recompensa, tanto para a mais simples como para a mais difícil é a mesma, D’us está-nos a ensinar, que todas as mitsvot são criadas iguais, no sentido em que há uma recompensa concedida para ambas e para cada uma entre elas.
Se tivéssemos de escolher uma mitsvá, qual seria?
A primeira que surgir no nosso caminho. Não perca a chance!

SHABAT SHALOM

22.7.07

Pensamento da Semana


Ao invés de apontar um dedo crítico, estenda uma mão que auxilie!

Tisha Beav



Uma boa semana! Qual o dia mais triste da vida de uma pessoa? Provavelmente é o dia do falecimento de um parente mais próximo (pai, mãe, irmão, irmã, filho, filha ou cônjuge). E se a pessoa não sente nenhuma tristeza pelo falecimento de seu parente próximo? Então certamente deveria sentir-se triste pela sua falta de apreço e por sua incapacidade de sentir a emoção apropriada.
Dia 23 de julho, segunda-feira, iniciando-se ao pôr do sol, até o anoitecer de terça-feira, é Tishá BeÁv, o 9
dia do mês Judaico de Av. É o dia mais triste do calendário Judaico. O que a pessoa deve fazer se não tem nenhum sentimento em especial por Tishá BeÁv? Se for Judia e se se identifica com o Judaísmo, então lhe cabe descobrir o porquê de nós, como um Povo, estarmos de luto neste dia. O que perdemos nesta data? O que ela significa para nós? O que devemos fazer para recuperar o que perdemos? No mínimo deveríamos sentir muito pelo facto de não sentirmos nenhum pesar nesta data.
Em 1967, pára-quedistas israelitas capturaram a Cidade Velha de Jerusalém e abriram caminho até ao Muro das Lamentações (Kotel HaMaaravi)
. Muitos dos soldados religiosos estavam emocionados e encostaram-se no Muro, orando e chorando. Um pouco afastado do Muro estava um soldado não-religioso que também estava a chorar. Os seus colegas perguntaram: “
Porque chora?
O que o Muro representa para si?
O soldado respondeu: “Estou a chorar, por não saber porque deveria estar chorando!

O dia de Tishá BeÁv é observado para lamentarmos a perda dos Templos Sagrados de Jerusalém. Qual foi a grande perda resultante da destruição dos Templos? Foi a perda do sentimento da presença Divina entre nós. O Templo era um local de orações, espiritualidade, santidade e milagres a céu aberto. Era a parte mais importante do Povo Judeu, o ponto focal da identidade Judaica. Três vezes ao ano (Pessach, Shavuót e Sucót) todo Judeu ascendia ao Templo. A sua presença permeava todos os aspectos da vida Judaica
: o planeamento do ano, o lado para onde a pessoa se voltava para rezar, onde recorria por justiça ou para estudar Torá, onde trazia certos dízimos, etc.

Neste mesmo dia, através da História, muitas tragédias aconteceram com o Povo Judeu, incluindo:
1.
O incidente com os espiões difamando a Terra de Israel, com o conseqüente decreto para vagarem pelo deserto por 40 anos.
2. A destruição do Primeiro Templo, em Jerusalém, por Nevuchadnétzar, Rei da Babilônia.
3. A destruição do Segundo Templo, em Jerusalém, pelos romanos, no ano 70 E.C.
4. A queda da cidade de Betar e o fim da revolta de Bar Kochvá contra os romanos, 62 anos depois, no ano 132 E. C.
5. Os Judeus da Inglaterra são expulsos em 1290.
6. Iniciam-se as Primeiras Cruzadas. Dezenas de milhares de Judeus são mortos e muitas comunidades completamente destruídas.
7. Os Judeus da Espanha são expulsos em 1492, dando início à Inquisição Espanhola.
8. A Primeira Guerra Mundial irrompeu em Tishá BeÁv de 1914, quando a Rússia declarou guerra contra a Alemanha. O ressentimento alemão após ter sido derrotado criou o palco para o Holocausto.
9. Começou a deportação dos Judeus do Gueto de Varsóvia. Tishá BeÁv é um dia de jejum (com a mesma duração que Yom Kipur: do anoitecer de um dia até o anoitecer do dia seguinte) que culmina e encerra as Três Semanas de luto do Povo Judeu. Neste dia somos proibidos de comer e beber, banhar-nos, usar cremes, loções ou óleos, calçar sapatos de couro ou manter relações conjugais. A idéia é minimizar o prazer e fazer o corpo sentir o desconforto que a alma deveria sentir em relação a tragédias como estas. Como em todos os dias de jejum, o objectivo deste dia é a introspecção, fazendo um balanço espiritual e corrigir os nossos caminhos -- o que em Hebraico é chamado Teshuvá, o retorno para o caminho do bem e da honra. Os Tefilin são colocados somente na parte da tarde, após as 13:00 hs.


Teshuvá é um processo de quatro etapas:
1)
Precisamos conscientizar-nos das coisas erradas que fizemos e de nos arrepender de tê-las feito.
2) Precisamos parar de fazer estas transgressões e corrigir quaisquer danos que possamos ter causado.
3) Devemos aceitar sobre nós não repetir o erro novamente.
4) Precisamos, verbalmente, pedir ao Todo-Poderoso que nos desculpe. Na noite de Tishá BeÁv, lemos na sinagoga a Meguilá Eichá (pronuncia-se Eirrá), o livro das Lamentações, escrito pelo profeta Yirmiáhu (Jeremias). Também recitamos as Kinót, poemas especiais recontando as tragédias, que aconteceram com o Povo Judeu durante toda a História. Com o ambiente à meia luz, sentamo-nos em almofadas ou pequenas banquetas em sinal de luto.

O estudo da Torá é o coração, a alma e o sangue do Povo Judeu. É o segredo de nossa sobrevivência.
Estudar leva ao entendimento e o entendimento leva à ação. Uma pessoa não consegue amar aquilo que não entende. Estudar Torá nos dá uma grande satisfação ao nos proporcionar a oportunidade de entendermos as nossas vidas. Em
Tishá BeÁv somos proibidos de estudar Torá, com excepção daquelas partes que tratam sobre as calamidades que o Povo Judeu tem sofrido. Precisamos parar, refletir, mudar a nós mesmos e, somente assim, estaremos aptos a fazer deste um mundo melhor.
Durante toda a nossa História passamos por Holocaustos, Pogroms, Cruzadas e outros massacres. Isto por si só já nos faria despertar a seguinte pergunta
: “Por que os nossos ancestrais tão persistentemente insistiram em se manterem Judeus quando, com poucas palavras, poderiam terem-se convertido – excepto durante o Holocausto – e salvo as suas vidas e a dos seus familiares? O que eles sabiam que não sabemos? O que precisamos então saber?
Repetindo a história que compartilhei com vocês há algumas semanas atrás, o imperador francês Napoleão Bonaparte caminhava pelas ruas de Paris, quando ouviu lamentos e gritos vindos de uma sinagoga.
Querendo saber o motivo, vieram informar-lhe que aquele era o dia de Tishá BeÁv e que os Judeus estavam a chorar pela destruição do seu Templo em Jerusalém.
Como eu não ouvi sobre isto? Quando aconteceu?, perguntou Napoleão. Quando descobriu que o facto ocorrera há quase 2.000 anos, Napoleão permaneceu em silencio e então falou: “Uma nação que recorda o seu Templo destruído e lamenta tão profundamente e por tanto tempo a sua perda, certamente terá o mérito de o reconstruír novamente!
Que todos nós possamos ter o mérito de que o Grande Templo seja reconstruído rapidamente nos nossos dias!

20.7.07

Porção Semanal: Devarim


Bereshit 47:28 - 49:26

Esta semana começamos o quinto e último livro da Torá, Devarim (Deuteronômio), conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, a revisão da Torá. O seu conteúdo foi falado por Moshê ao povo judeu durante as cinco semanas finais da sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar na Terra de Israel. Nele, Moshê explica e comenta muitas das mitsvot outorgadas previamente e outras que aqui aparecem pela primeira vez. Ele também os adverte continuamente a permanecer diligentes e fiéis às leis e ensinamentos de D’us.

A Parashat Devarim (Devarim 1:1-3:22) começa com a velada censura de Moshê, na qual faz referência aos numerosos pecados e rebeliões dos quarenta anos anteriores. Prossegue então relatando vários dos incidentes mais significativos que ocorreram com o povo judeu no deserto, lançando uma luz sobre as narrativas prévias da Torá.

Moshê fala da malograda missão dos espiões: dez dos doze homens enviados para vigiar a terra tinham voltado com um relatório negativo, e devido à falta de fé do povo, D’us condenou toda a nação a vagar por quarenta anos no deserto, tempo durante o qual a geração do êxodo morreu. Moshê então avança para discutir a conquista dos Filhos de Israel da margem leste do Rio Jordão. A Porção da Torá conclui com palavras de encorajamento para o sucessor de Moshê, Yehoshua.

Mensagem da Parashá

Repita o que eu disser
por Benyamin Cohen

O Livro de Devarim contém as palavras de Moshê aos Filhos de Israel; é basicamente um sumário dos primeiros quatro livros da Torá. De facto, a palavra "Deuteronômio", tirada da palavra grega Deutronomion, na verdade significa "Segunda Lei", basicamente uma repetição da Torá. Isso nos faz pensar. Por quê? Por que razão D’us incluiu na Torá todo um quinto livro que consistia basicamente de uma revisão? Os primeiro quatro livros não foram suficientes?

Compreensivelmente, podemos extrair um lição significativa da inclusão deste quinto livro, aparentemente supérfluo. Talvez a seguinte intrigante declaração, conforme relatada no Talmud, possa lançar um pouco de luz na situação. O Talmud enfatiza que quando uma pessoa está revisando algo, deveria fazê-lo por 101 vezes. Qual a diferença entre 100 e 101 vezes?

Os comentaristas do Talmud explicam que, sob uma observação psicológica, a pessoa revisará um conceito 100 vezes simplesmente para alcançar um objetivo elevado. A verdadeira revisão é superada pela conquista manifesta da pessoa. Em termos bem simples, 100 é um belo número redondo. Pensar 101 vezes demonstra a suprema natureza do carácter da pessoa envolvida. Ao revisar 100 vezes, dirá talvez: "Completei a minha missão. Posso sair e divertir-me agora." Questionar-se 101 vezes, no entanto, significa, que está acima e além do chamado dever.

Quantas vezes ao final de uma palestra declaramos: "Incrível. Pretendo aproveitar estas lições para a minha vida quotidiana." Quantas vezes aprendemos algo numa aula que realmente nos inspira? Quantas vezes lemos um artigo sobre as lições da Torá pensando como ele é esclarecedor? Porém, apenas um dia depois, as lições e inspirações simplesmente desaparecem. Voltar aos nossos empregos e rotinas diárias simplesmente apaga aquilo que aprendemos apenas um dia antes.

Se pudéssemos separar o curto tempo necessário para pensar, imagine como seria mais duradouro o impacto que teriam estas lições. Ao implementar até mesmo o mais brando regime de revisão, podemos usar as lições que aprendemos na aula ou lemos num livro para elevar-nos a níveis mais altos na compreensão e prática da Torá, sem ao menos percebermos isso. Pense nos resultados! Serão literalmente espantosos.

Se está pensando em revisão, leia este artigo uma vez mais.

13.7.07

Porção Semanal: Matot


Bereshit 47:28 - 49:26


Matot (Bamidbar 30:2 - 32:42) inicia-se com uma discussão das leis sobre nedarim (promessas) e shevuot (juramentos). A Torá então descreve a batalha do povo judeu e a vitória sobre Midyan, seguida por uma narrativa detalhada da distribuição dos despojos de guerra. Antecipando a próxima chegada à Terra de Israel, as tribos de Reuven e Gad adiantaram-se para requerer que sua herança fosse a leste do Rio Jordão, ao invés de exatamente na Terra Santa, pois a margem leste seria mais apropriada para seus abundantes rebanhos. Após alguma discussão, Moshê concorda, mas apenas sob a condição de que ajudassem o restante da nação a conquistar toda a Terra de Israel, antes de retornarem para estabelecer-se no seu legado.


Mensagem da Parashá

Assassino impiedoso por Ranon Cortell

Duas porções atrás, ao final da Parashá Balac, uma praga terrível e destruidora assolou os filhos de Israel, devido aos pecados instigados por nossos inimigos, os Moavitas e Medianitas. Na mesma porção, toda a nossa existência foi também perigosamente ameaçada por um hábil e poderoso feiticeiro não-judeu, Bilam, que foi contratado pelas forças conjuntas de Median e Moav para amaldiçoar o povo judeu, esperando torná-lo uma vítima indefesa para os seus selvagens inimigos. Mesmo assim, na porção desta semana, quando D'us decide que chegou a hora de vingar a honra de Israel e destruir os seus inimigos, Ele ordena a Moshê que destrua apenas os medianitas, permitindo que os moavitas escapem ilesos. Porque os medianitas foram escolhidos para a destruição, enquanto que os moavitas, que lideraram a extrema intrusão, foram poupados? Para responder esta questão, Rashi explica que os moavitas agiram puramente por razões de auto-defesa contra um inimigo avultado e potente em suas fronteiras, enquanto que os medianitas haviam-se engajado numa disputa que não lhes dizia respeito, pois não foram ameaçados pelos judeus por viverem longe da rota para a Terra de Israel. Foi pela acção de ódio infundado dos medianitas que D'us quis vingança. Rashi explica que tal ódio e envolvimento nas disputas de outro povo é especialmente perigosa espiritualmente porque mesmo quando as partes chegam a um acordo, o ódio daquele que está de fora da disputa conservará o seu vigor pois, afinal, não era baseado em coisa alguma. Esta mensagem é especialmente fundamental para a nossa geração, para quem ódio infundado é um dos nossos maiores erros e desafios. O Talmud (Tratado Yoma 9b) exorta-nos que no caso do insuportável pecado de ódio fútil e infundado para com um irmão judeu, a esposa e o filho de quem odeia morrerá, D'us não o permita. Rashi explica que esta punição é midá k'neged midá, pois assim como a pessoa falhou em amar o próximo, aqueles que ama serão tirados do seu convívio. Portanto, devemos saber, que este pecado de ódio injustificado é como um assassino impiedoso, e por isso, combatê-lo com fervor. Rabi Yechiel Weinberg relata uma conversa que teve com o Alter de Slabodka. Certo dia, o Alter estava falando sobre as "Três Semanas", o período de luto pela destruição dos Templos. Resumindo, ele explicou que a razão para a instituição deste período de luto foi despertar-nos de nossa rotina de pecado e incitar-nos ao arrependimento, para que possamos nos tornar merecedores da reconstrução do Templo. A destruição do Primeiro Templo foi devida ao envolvimento do povo judeu em assassinato, idolatria e relacionamentos imorais, e mesmo assim o exílio durou apenas setenta anos. O Segundo Templo, por outro lado, apesar do envolvimento dos judeus na Torá e boas acções, foi arrasado principalmente por causa do pecado ameaçador do ódio infundado, e infelizmente ainda não merecemos vê-lo reconstruído."Fique atento," ordena o Alter, "esta influência sinistra ainda espreita entre nós, e infelizmente não temos o nível de boas acções e Torá que envolveu os nossos antepassados." " Honestamente," pergunta ele, "quantos de nós, ao ver um colega elevado a uma posição de honra que acreditamos ser nossa por merecimento, não fervemos face a tão horrível insulto, e imaginamos porque os nossos amigos não correram a defender a nossa honra? E mesmo assim, quantos de nós simplesmente passam pelos impulsos e leis deste período sem agir sobre a sua mensagem essencial – erradicar o ódio injustificado do nosso coração?"Devemos instilar esta mensagem dentro de nós, arrepender-nos dos nossos pecados cometidos, e aprendermos a praticar o amor injustificado. Quando conseguirmos isso, e com a ajuda de D'us, o Templo será reconstruído. Que seja brevemente nos nossos dias.
SHABAT SHALOM

9.7.07

Na gravidez


Por Chana e David Zaklikowski

Os meses de gravidez são uma época muito valiosa e delicada. Como certamente o seu médico já informou, a atitude, comportamento e opções nutricionais da mãe durante este período têm um profundo impacto sobre a saúde e futuro desenvolvimento do feto. Recentes estudos médicos também apontam os efeitos do ambiente físico e emocional no bebe por nascer. A mulher grávida deve ser cercada por uma atmosfera positiva, calma e tranquila. Ira e ansiedade devem ser evitadas ao máximo.

O mesmo se aplica a respeito do desenvolvimento espiritual do embrião e feto; o comportamento da mãe, bem como o seu ambiente, têm efeitos duradouros na nova vida em desenvolvimento. Os nossos Sábios encorajam as mulheres a usarem os meses de gravidez para aumentarem as suas boas ações e refinamento espiritual. Para este fim, a mulher grávida deve ir à sinagoga sempre que possível, e participar nas aulas de estudo de Torá.

Embora todas as boas ações e mitsvot sejam benéficas ao bebe que vai nascer, os nossos Sábios enfatizam o valor de fazer mais caridade. Ser bom com os outros faz com que D'us nos trate da mesma maneira. Além da caridade regular que a pessoa distribui, a caridade deve ser feita todo o dia – ter uma caixinha de tsedacá em casa facilita essa prática. A hora mais apropriada para doar para a caridade é antes do Shabat ou do acendimento de velas numa Festa Judaica. Nessa hora, deve-se acrescentar em tsedacá, considerando que no dia seguinte a pessoa estará impossibilitada de fazê-lo, devido à restrição de manusear dinheiro nesses dias sagrados.

Assim como uma mulher grávida deve ser meticulosa sobre as suas necessidades nutricionais, deve também cuidar da "nutrição espiritual". Comer somente alimentos casher tem um impacto extremamente positivo sobre o feto.

Eis aqui alguns costumes relacionados à gravidez e ao parto, que são praticados por várias comunidades judaicas:

a. Alguns têm o costume de manter a gravidez em segredo dos amigos e conhecidos até o quinto mês, a menos que se torne aparente… Esta restrição não inclui membros da família.1

b. Alguns têm o costume de o marido abrir a Arca da sinagoga antes da leitura da Torá durante o último mês de gravidez. O Zohar diz: "Quando a congregação tira o Rolo de Torá, os Portões Celestiais da Misericórdia se abrem, e o amor de D'us é despertado." O marido abrindo os Portões do Céu atrai a bênção misericordiosa de D'us para que o parto seja fácil e sem complicações.

c. Em algumas comunidades é costume que a mulher judia mergulhe numa micvê durante o nono mês de gestação. Fale com sua rabino ou "atendente da micvê" sobre planeamento e preparação. É aconselhável consultar o seu médico antes de ir ao micvê.

d. Durante a gravidez, mãe e pai devem aumentar a sua recitação de Tehilim.2 . Antes de irem para a cama, é costume o marido recitar o Salmo 20. Ao terminar, deve repetir o segundo versículo do Salmo.

e. As mezuzot da casa devem ser inspecionadas por um escriba durante os meses de gravidez. Se a pessoa não tem mezuzot em toda a casa, agora é a época para adquirir novas mezuzot.

f. Uma mulher grávida deve esforçar-se para ser exposta a visões e sons sagrados. Para isso, sempre que possível ela deve evitar olhar para animais não-casher (visitas ao zoológico podem esperar até depois do nascimento).3. Deve evitar ouvir fofocas, maledicência ou outras conversas perniciosas.

g. Em muitas comunidades, a mulher grávida não visita cemitérios a fim de evitar locais que podem levar a emoções negativas.

h. É costume ter uma cópia do Salmo 121 na mão durante o parto.
Se possível, durante as etapas finais de trabalho de parto, o marido deve recitar estes Salmos: 1, 2, 3, 4, 20, 21, 22, 23, 24, 33, 47, 72, 86, 90, 91, 92, 93, 104, 112 e 113 até o 150.

De novo...

Depois de alguma ausencia, de novo na escrita. Foram dias de mudanca e como tal, pouco tempo para o blog.