Porção Semanal: Devarim
Bereshit 47:28 - 49:26
Esta semana começamos o quinto e último livro da Torá, Devarim (Deuteronômio), conhecido na literatura rabínica como Mishnê Torá, a revisão da Torá. O seu conteúdo foi falado por Moshê ao povo judeu durante as cinco semanas finais da sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar na Terra de Israel. Nele, Moshê explica e comenta muitas das mitsvot outorgadas previamente e outras que aqui aparecem pela primeira vez. Ele também os adverte continuamente a permanecer diligentes e fiéis às leis e ensinamentos de D’us.
A Parashat Devarim (Devarim 1:1-3:22) começa com a velada censura de Moshê, na qual faz referência aos numerosos pecados e rebeliões dos quarenta anos anteriores. Prossegue então relatando vários dos incidentes mais significativos que ocorreram com o povo judeu no deserto, lançando uma luz sobre as narrativas prévias da Torá.
Moshê fala da malograda missão dos espiões: dez dos doze homens enviados para vigiar a terra tinham voltado com um relatório negativo, e devido à falta de fé do povo, D’us condenou toda a nação a vagar por quarenta anos no deserto, tempo durante o qual a geração do êxodo morreu. Moshê então avança para discutir a conquista dos Filhos de Israel da margem leste do Rio Jordão. A Porção da Torá conclui com palavras de encorajamento para o sucessor de Moshê, Yehoshua.
Repita o que eu disser
por Benyamin Cohen
O Livro de Devarim contém as palavras de Moshê aos Filhos de Israel; é basicamente um sumário dos primeiros quatro livros da Torá. De facto, a palavra "Deuteronômio", tirada da palavra grega Deutronomion, na verdade significa "Segunda Lei", basicamente uma repetição da Torá. Isso nos faz pensar. Por quê? Por que razão D’us incluiu na Torá todo um quinto livro que consistia basicamente de uma revisão? Os primeiro quatro livros não foram suficientes?
Compreensivelmente, podemos extrair um lição significativa da inclusão deste quinto livro, aparentemente supérfluo. Talvez a seguinte intrigante declaração, conforme relatada no Talmud, possa lançar um pouco de luz na situação. O Talmud enfatiza que quando uma pessoa está revisando algo, deveria fazê-lo por 101 vezes. Qual a diferença entre 100 e 101 vezes?
Os comentaristas do Talmud explicam que, sob uma observação psicológica, a pessoa revisará um conceito 100 vezes simplesmente para alcançar um objetivo elevado. A verdadeira revisão é superada pela conquista manifesta da pessoa. Em termos bem simples, 100 é um belo número redondo. Pensar 101 vezes demonstra a suprema natureza do carácter da pessoa envolvida. Ao revisar 100 vezes, dirá talvez: "Completei a minha missão. Posso sair e divertir-me agora." Questionar-se 101 vezes, no entanto, significa, que está acima e além do chamado dever.
Quantas vezes ao final de uma palestra declaramos: "Incrível. Pretendo aproveitar estas lições para a minha vida quotidiana." Quantas vezes aprendemos algo numa aula que realmente nos inspira? Quantas vezes lemos um artigo sobre as lições da Torá pensando como ele é esclarecedor? Porém, apenas um dia depois, as lições e inspirações simplesmente desaparecem. Voltar aos nossos empregos e rotinas diárias simplesmente apaga aquilo que aprendemos apenas um dia antes.
Se pudéssemos separar o curto tempo necessário para pensar, imagine como seria mais duradouro o impacto que teriam estas lições. Ao implementar até mesmo o mais brando regime de revisão, podemos usar as lições que aprendemos na aula ou lemos num livro para elevar-nos a níveis mais altos na compreensão e prática da Torá, sem ao menos percebermos isso. Pense nos resultados! Serão literalmente espantosos.
Se está pensando em revisão, leia este artigo uma vez mais.
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