Porção Semanal da Torá: Mikets
Bereshit (Gênesis) 41:01 - 44:17
O Faraó sonha com vacas e espigas e exige que alguém interprete os seus sonhos. O encarregado dos vinhos do palácio relembra da habilidade de Yossêf (José) de interpretar os sonhos. Daí o trazem da prisão. O Faraó reconhece a verdade na interpretação feita por Yossêf (de que haveria sete anos de fartura, seguidos por sete anos de fome) e o promove ao posto de segundo-homem no comando de todo o país, com a missão e a permissão de preparar o país para enfrentar o período de fome. Dez dos irmãos de Yossêf vêm ao Egipto comprar comida. Ele reconhece-os, mas não é reconhecido. Yossêf acusa-os de serem espiões e coloca-os numa série de situações para que trouxessem o seu irmão mais novo, o Benjamim, ao Egipto. Porém, quando Benjamim chega, Yossêf acusa-o de ter roubado a sua taça de vinho mais especial. Quer saber o por quê? Para a semana que vem ... o grande desfecho!
Dvar Torá: baseado no livro Love Your Neighbor, do rabino Zelig Pliskin
O Faraó teve dois sonhos perturbadores e todos os seus conselheiros falharam em interpretá-los satisfatoriamente. O mordomo chefe do Faraó tinha estado previamente na prisão com Yossêf, onde Yossêf sucessivamente interpretara os seus sonhos. O mordomo então sugeriu ao Faraó procurar o conselho de Yossêf. Perceba como expressou-se o mordomo ao recomendar os talentos de Yossêf ao Faraó: “E havia connosco (na cadeia) um moço hebreu (na’ar), um escravo, e lhe contamos os nossos sonhos e ele os interpretou para nós. A cada pessoa, ele interpretou o seu sonho (Bereshit 41:12)”. Que lição para a vida podemos aprender ao analisar as palavras do mordomo?
Rashi, o grande comentarista bíblico (França, 1040-1104), ensinou-nos o seguinte sobre a declaração do mordomo: “Amaldiçoado seja o perverso, pois mesmo a sua bondade não é completa. O mordomo louvou a habilidade de Yossêf, mas de maneira desdenhosa, ao utilizar as expressões: (1) Na’ar (um moço): significando um tolo, inadequado para uma posição de grandeza, (2) Hebreu: querendo dizer: ele nem ao menos sabe a nossa língua e (3) Um escravo: e estava escrito nos estatutos egípcios que um escravo não poderia governar nem vestir roupas reais”. O Rabino Yeruchem Levovitz (Polônia, 1874-1936) explicou que o mordomo na verdade quis falar bem sobre Yossêf, pois Yossêf havia sido amável com ele. De qualquer maneira, uma declaração completamente favorável nunca surgiria dos lábios de uma pessoa perversa como ele. Mesmo ao louvar Yossêf, ele inconscientemente acrescentou um comentário difamatório. Todos devemos ter o cuidado com o nosso comportamento em relação a esta armadilha: Quando falamos favoravelmente de alguém, será que habitualmente acrescentamos alguma coisa desfavorável? Por exemplo: “Ele (ela) é muito caridoso(a), mas sempre faz questão que os demais o saibam” ou “Ele (ela) é muito bondoso(a) hoje, mas você precisava conhecê-lo (la) há cinco anos atrás”. E mais um ponto importante explicado pelo Rabino Simcha Zissel de Kelm (Lituânia, 1824-1898): “É igualmente errado uma pessoa rica sentir-se superior e falar com condescendência com os demais por causa da sua riqueza ou uma pessoa pobre sentir-se inferior e falar de forma submissa devido à sua falta de dinheiro. Tanto a riqueza como a pobreza são circunstâncias criadas pelo Todo-Poderoso para nos prover testes e não um reflexo do valor intrínseco de cada um”.
Shabat Shalom
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