1.4.07

Livre e Liberdade


BOM DIA! O primeiro Seder é nesta segunda-feira à noite, 2 de abril. O segundo Seder é na noite seguinte, dia 3. Desejo a você e toda a sua família que possam celebrar Pessach com muita alegria!
Eis mais uma leitura para aumentar a sua satisfação neste Seder de Pessach! Alguns anos atrás,após Pessach, recebi uma carta de uma jovem. Ela havia ido ao que chamou de um Seder tipo“vamos correr com a Hagadá e comer logo”. O anfitrião era cínico e evasivo e ela estava muito chateada. Durante a refeição, reuniu toda a sua coragem e tirou uma cópia do Meór HaShabat Semanal e leu o trecho reproduzido abaixo. E me escreveu: “Rabino, o tom da noite mudoucompletamente. Quando acabei de ler houve um profundo silêncio, e então irrompeu uma tremenda discussão sobre a natureza da Liberdade e o que a Torá diz a respeito”. Talvez vocês achem bom ler a seguinte passagem no seu Seder!


Quem é Realmente Livre e Como Conseguimos a Liberdade ?
O ano é 1978 e o nome do homem é Yossêf Mendelovich. O cenário: uma cela húmida, nas pro- fundezas do presídio de Christopol, na União Soviética. A data é 12 de abril. No calendário judaico é 14 de Nissán, um dia antes de começar Pessach. Yossêf é um prisioneiro. Apesar de estar um ‘caco’ de gente, vai acender uma vela. Feita de fiapos de corda amontoados, gotículas de óleo e finos pedaços de cera, esta é a vela moldada pelas mãos de Yossêf. A vela está acesa: a procura do Chamêts tem início.
Algum tempo atrás, Yossêf havia reclamado de dor nas costas. O carcereiro providenciou-lhe mostarda, para servir como pomada terapêutica. Não usada naquele instante, a mostarda reapareceria, mais tarde, como Maror (erva amarga) na mesa do Seder de Yossêf (mesmo sabendo que com mostarda não se cumpre a Mitsvá de comer Maror). Uma cebola, há muito tempo mergulhada em água, produziu um humilde vegetalzinho verde. Isto seria seu Karpás. E o vinho?
Uvas passas haviam sido deixadas de molho num velho vidro de geléia, água era adicionada de vez em quando, e aguardava que a fermentação ocorresse. Isto era o vinho. A Hagadá que Yossêf havia transcrito num pequeno caderno de notas, antes de ser preso, já a sabia de cor. A original foi secretamente passada para outro ‘perigoso’ inimigo de Estado: Anatoly Sharansky. Seria Yossêf livre? Ele não pode fazer o que quiser. Foi-lhe negada até a liberdade de saber quando o sol nascia e quando as estrelas começavam a brilhar. Para Yossêf, o mundo dos homens livres nem havia começado a existir.
Ainda assim, Yossêf, talvez, é mais livre que seus captores. Claramente consciente, ele sabe exatamente quem é, o que quer, e está preparado para pagar qualquer preço por isto. Hoje ele anda pelas ruas de Israel, estuda Torá e compra caixas e caixas de Matsá para servir em seu Seder. Ele é um homem livre agora, da mesma forma que era, mesmo atrás das paredes daquela prisão sem vida.
Autoconsciência significa que somos capazes de olharmos para nosso interior, acessando nossas metas, prioridades, direções e verdades. Não estando consciente dessas coisas, enxergamos tudo através de um denso nevoeiro de confusão e dúvida. Algum dia poderemos estar totalmente conscientes? Provavelmente não. Mas e o suficiente para sermos livres? Sim e isto é um dos principais desafios da vida.
Atingir e manter a liberdade está disponível apenas através do constante esforço para manter a autoconsciência. Este processo de esclarecimento, aliado à convicção de seguir para onde for necessário, é o único caminho para se chegar a uma vida de valor e com sensibilidade espiritual.
Ironicamente, esta liberdade pode levá-lo a uma prisão onde você é o captor, enquanto seus guardas são os prisioneiros. Da mesma forma que Yossêf Mendelovich -- uma das pessoas mais livres que já passaram pela face da Terra.

Porção Semanal da Torá: Shabat Hol HaMoed Pessach
Pessach é um feriado com 8 dias de duração. Os dois primeiros dias e os dois últimos são consi- derados Yamim Tovim (feriados completos) e os dias intermediários são feriados, porém com menos rigores em suas leis e proibições. Existem leituras especiais para Pessach: no primeiro dia, Shemót (Êxodus) 12:21-51; no segundo dia, Vaikrá (Levíticus) 22:26-23:44. Este Shabat é chamado Shabat Hol HaMoêd Pessach – o Shabat dos dias intermediários de Pessach. Nele é lido o trecho no livro Shemót (Êxodus) 33:12-34:26. A leitura do Shabat descreve quando Moshe, após o Povo de Israel ter pecado fazendo um bezerro de ouro, implora a D’us que continue acompanhando o Povo em sua jornada no deserto. Moshe sobe novamente ao Monte Sinai para trazer as segundas ‘Pedras da Lei’ (muitas pessoas pensam que eram Tábuas das Leis, mas na verdade os Dez Mandamentos foram esculpidos em pedra, não em tábuas), pois Moshe havia quebrado as primeiras depois que o Povo fez o bezerro de ouro.
O Todo-Poderoso revela seus Treze Atributos de Misericórdia (Shemót 34:5), que repetimos várias vezes no Yom kipur e nas oportunidades em que ansiamos pela misericórdia Divina. D’us nos ordena a não fazermos pactos com os habitantes de Canaã, não fazer ídolos, cumprir os preceitos da Festa das Matsót e do Shabat, as leis sobre os primogênitos, a ordem para comemorarmos Shavuót e Sucót, e conclui com algumas leis sobre as oferendas do Mishcán.

A ORAÇÃO DA CADEIRA VAZIA
(Pelo Rabino Naftali Schiff, do Aish HaTorá de Jerusalém)
Você se lembra da noite do Seder 50 anos atrás?
Tínhamos cadeiras vazias em nossa família depois do Holocausto nazista.
Você se lembra da noite do Seder 20 anos atrás?
Tínhamos cadeiras vazias em nossa casa para um Judeu da União Soviética.
Neste ano, mais de 50 por cento dos jovens Judeus estão sendo perdidos para a apatia e para a
assimilação.
Devemos deixar uma cadeira vazia esta noite ?
Por favor, tome um momento do Seder com sua família para se unir a esta oração:
Querido D’us,
Obrigado por nos permitir desfrutar outra noite de Seder com nossa família e amigos.
Da mesma forma que nossa família se une na noite do Seder, encurtando todas as distâncias e
diferenças, por favor ajude o Povo Judeu a curar as fraturas de suas divergências internas. Por favor,
infunda-nos com sabedoria e inspire-nos com a consciência que todo o Povo Judeu, por todo o
mundo, fazem parte de nossa família.
Juntos sobrevivemos aos tumultos por mais de 3.000 anos, criando um diferencial para a civilização
humana onde quer que fôssemos.
Hoje estamos perdendo mais de uma de cada duas crianças Judias para as ruínas da apatia e da
assimilação. Querido D’us, ajude-nos a trazer estes jovens Judeus de volta para nós, de volta para
Você.
Eles são nossos filhos.
Eles são nossos netos.
Eles são nosso futuro.
Fortifique-nos com a resolução e o comprometimento de alcançá-los, para que juntos possamos forjar
nosso destino comum.
Ano que vem, por favor D’us, não deixe haver nenhuma cadeira vazia em nosso Seder familiar!

Pensamento da Semana:
“Liberdade é a responsabilidade de preenchermos as nossa vida com algo importante e significativo !”