15.4.07

A atitude É tudo

por Francie Baltazar Schwartz

Jerry era o tipo de pessoa que se adora odiar. Estava sempre de bom humor e sempre tinha algo positivo a dizer. Se alguém lhe perguntava como vai, respondia: “Melhor, estraga !”
Era um gerente único, pois tinha uma equipe de garçons que o acompanhavam em todo restaurante onde trabalhasse. A razão pela qual os garçons lhe acompanhavam era a sua atitude.
Ele era um motivador natural. Se um empregado estava tendo um dia difícil, lá estava Jerry dizendo ao funcionário como encarar o lado positivo da situação.
Observar seu estilo me deixava realmente curioso e, certo dia, me aproximei de Jerry e perguntei-lhe: “Não consigo entender! Você não pode ser um cara positivo 100 % do tempo. Como faz isto?” Jerry respondeu: “Toda manhã eu acordo e digo para mim mesmo: ‘Jerry, você tem duas opções hoje. Pode escolher entre ficar de bom humor ou pode escolher ficar de mau humor’. Eu escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo ruim me acontece, posso escolher entre ser a vítima ou aprender algo da situação. Eu escolho aprender alguma coisa. Toda vez que alguém se aproxima de mim reclamando, posso escolher aumentar suas reclamações ou posso expor os lados positivos da vida. Eu escolho mostrar os lados positivos da vida”. “Duvido, não é tão fácil assim!”, protestei. “Sim, é sim”, Jerry disse. “A vida é toda feita de escolhas. Quando você tira fora todo o ‘entulho’, cada situação é uma escolha. Você escolhe como reagir às situações. Você escolhe como as pessoas irão influir no seu humor. Você escolhe entre ficar de bom humor ou de mau humor. Meu lema é o seguinte: ‘Você escolhe como viver sua vida ’”.
Refleti sobre o que Jerry me falou. Algum tempo depois saí daquele restaurante para começar meu próprio negócio. Perdemos contato, mas freqüentemente penso nele quando faço alguma opção na vida ao invés de me acomodar com ela. Alguns anos depois soube que Jerry fez algo que nunca se deve fazer num estabelecimento comercial: certa manhã deixou a porta de trás do restaurante aberta e acabou cercado por três assaltantes armados.
Enquanto tentava abrir o cofre, sua mão, tremendo pelo nervosismo, escorregou da combinação. Os ladrões entraram em pânico e atiraram nele. Por sorte, Jerry foi socorrido relativamente rápido e levado para o hospital.
Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, Jerry foi liberado do hospital com fragmentos das balas ainda em seu corpo. Encontrei Jerry 6 meses depois do assalto.
Quando lhe perguntei como estava, respondeu-me: “Melhor, estraga! Quer ver minhas cicatrizes?”
Recusei polidamente e perguntei-lhe o que havia passado por sua cabeça na hora do assalto.
“A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que deveria ter trancado a porta dos fundos”, Jerry respondeu. “Depois, quando estava estirado no chão, lembrei-me que tinha duas opções: poderia escolher viver ou poderia escolher morrer. Escolhi viver”.
“Você não estava apavorado? Não perdeu a consciência?”, perguntei. Jerry continuou: “Os paramédicos foram sensacionais. Ficaram o tempo todo dizendo que eu ia ficar bem, que ia me recuperar. Mas quando me levaram para a sala de emergência e vi as expressões nos rostos dos médicos e enfermeiras, aí realmente fiquei apavorado. Eu li nos olhos deles: ‘Este cara é um homem morto’. Percebi que precisava tomar uma atitude”. “Que é que eu vou fazer? ”, me perguntei. “Bem, havia uma enorme enfermeira disparando perguntas sobre mim e ela me perguntou se eu era alérgico a alguma coisa”. “Sim! ”, respondi. Os médicos e enfermeiras pararam seu trabalho, esperando por minha resposta. Respirei fundo e gritei: “ B A L A S ! ” Por cima das gargalhadas, falei para eles: “Eu estou escolhendo viver. Operem-me como se eu estivesse vivo, não morto”.

Jerry sobreviveu com a ajuda dos médicos, mas também por sua incrível e surpreendente atitude. Eu aprendi dele que diariamente temos a escolha de viver plenamente.
Atitude, afinal, é tudo!