11.1.07

Porção Semanal da Torá


Shemót (Êxodus) 01:01 - 06:01

Esta porção semanal conta um episódio frequentemente repetido durante a História: Os Judeus se tornaram proeminentes e numerosos. Então subiu ao poder, no Egipto, um novo rei “que não conhecia Yossêf (José)” (quer dizer, que resolveu não reconhecer Yossêf ou qualquer dívida de gratidão). Ele decretou a escravização do Povo Judeu “para evitar que aumentem muito e, em caso de guerra, se aliem aos nossos inimigos e lutem contra nós, expulsando-nos da terra”. (O anti-semitismo pode florescer com qualquer desculpa: não precisa ser lógica ou real.
Moshe nasce e é imediatamente escondido, por causa do decreto ordenando a matança de todos os meninos Judeus recém-nascidos. Moshe é salvo pela filha do Faraó, cresce nas dependências reais e sai para ver o sofrimento do seu povo. Ele mata um egípcio que estava a bater num hebreu, escapa para Midián quando o facto se torna público, torna-se um pastor de ovelhas e, então, é ordenado por D’us, que lhe fala através de um Arbusto em Chamas, a “tirar o meu povo do Egipto”. Moshe retorna ao Egipto, encontra-se com Faraó, que se recusa a permitir que os Israelitas saiam. Então D’us declara: “Agora vocês começarão a ver o que Eu farei com o Faraó!”

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
Quando Moshe foi avisado pelo Todo-Poderoso de que seria o líder a conversar com o Faraó e exigir a libertação dos israelitas, Moshe respondeu: “Por favor, meu Mestre, mande outra pessoa (Shemót 4:13)”. Por que Moshe procurou esquivar-se da posição de liderança?
O Ramban, Rabino Moshe ben Nachman (Espanha e Israel, 1192-1270), explicou que Moshe falou assim porque acreditava que qualquer outra pessoa no mundo seria mais adequada para esta missão do que ele.
À primeira vista, é intrigante. Como Moshe poderia pensar sinceramente de si mesmo que não era adequado ao posto? Para entendermos melhor o raciocínio de Moshe, precisamos de mais uma informação:
O Rabino Haim de Volozin (Lituânia, 1749-1821) explicou que mesmo que uma pessoa seja bastante inteligente, sábia e que tenha muito sucesso nos seus empreendimentos, pode, no entanto, não estar a esforçar-se ao máximo. Com os seus talentos e habilidades ela poderia chegar muito mais longe se tentasse com mais empenho. Por outro lado, uma pessoa aparentemente simplória talvez esteja fazendo tudo o que pode. O simplório aproveita todo o seu potencial enquanto o génio está longe disso.
Por esta razão Moshe sentiu-se não merecedor. Na sua humildade ele pensou que estava mais distante de atingir a plenitude do seu potencial do que qualquer outra pessoa.
Esta é uma lição para dois tipos de pessoas:
Aquela que é arrogante e orgulhosa do seu grande intelecto e conquistas precisa de saber que talvez esteja longe de atingir todo o seu potencial. Isto pode ajudá-la a refrear os seus sentimentos sobre si mesma. Por esta mesma razão, aqueles que estão ‘suando’ para agir de maneira elevada e se esforçam muito, não devem sentir inveja ou desânimo quando vêem outros aparentemente tendo mais sucesso do que eles. O verdadeiro valor espiritual de cada pessoa não pode ser medido por nenhum mortal. Não existem meios objectivos ou instrumentos para se avaliar qualquer pessoa. O verdadeiro nível de cada um é baseado inteiramente no seu esforço, algo que apenas o Todo-Poderoso pode avaliar.