16.1.07

O número Sete



Que tal esta fantasia?
O seu telemóvel não pode incomodá-lo durante todo o dia. Ninguém para aborrecê-lo – nada de vendas não solicitadas pelo telefone, pesquisadores, empresas oferecendo um plano para chamadas interurbanas, etc. Você simplesmente não pode ser contactado porque finalmente vai passar algum tempo com a pessoa mais ignorada na sua vida: você mesmo.Qualquer observador da nossa sociedade contemporânea poderá dizer-lhe, que somos ocupados demais – ocupados para pensar, para sermos introspectivos, ocupados demais para vermos para onde estamos direccionando a nossa vida, enquanto somos levados pela maré diária de compromissos, reuniões e obrigações que preenchem as 24 horas por dia da nossa existência.Você não deseja realmente que pudesse fechar tudo por um dia, talvez uma vez por semana, e dizer – nas palavras daquela famosa canção – Pare o mundo que eu quero descer?
O Shabat é para nós, não para D'us. E não é apenas uma lei; é um salva-vidas.
D'us não deu uma sugestão, mas chamou-o de preceito, de mandamento. Na verdade foi um dos dez princípios mais importantes que Ele escreveu em tábuas de pedra, como as bases para a sobrevivência humana. Há quase 4.000 anos, D'us chamou o plano de Shabat – e aqueles que levaram a sério o Divino conselho desde então têm beneficiado com os seus presentes espirituais.Sempre me surpreendeu o facto de tantas pessoas pensarem que observando a lei bíblica estão fazendo um favor a D'us. Acredite em mim. D'us na verdade não conseguiu nada por acatarmos a ordem de "Lembra-te do dia do Shabat para o santificar." E "Mais que Israel tem guardado o Shabat, o Shabat tem guardado Israel." O Shabat é para nós, não para Ele.A mística judaica oferece uma explicação notável sobre por que o Shabat cai exactamente no sétimo dia da semana. Os seres humanos são limitados por seis direcções: os quatro lados que nos cercam horizontalmente – norte, sul, leste e oeste – e os dois que são verticais, acima e abaixo. Estes seis representam a nossa existência diária. Eles limitam todos os nossos movimentos no âmbito físico. Porém obviamente há uma sétima dimensão. Esta coloca a ênfase novamente em nós mesmos. Faz com que nos voltemos para dentro, para a nosso verdadeiro ser. Deixamos o mundo lá fora para podermos novamente ouvir a nossa própria alma. O sete não é apenas um número da sorte (de onde será que surgiu esta idéia…), é também sagrado. É isso que o sétimo dia da semana quer nos lembrar: fomos criados à imagem de D'us, e se separarmos algum tempo para notar a parte espiritual dentro de nós entenderemos a conexão.Em todo o mundo e no decorrer das eras, quase todas as sociedades – da mais secular até os discípulos das religiões mais importantes – seguiram o ciclo de sete dias para descrever a passagem do tempo. Na França napoleónica, depois da Revolução, foi feita uma tentativa para estabelecer uma "semana" com dez dias, dos quais nove seriam devotados ao trabalho, seguidos por um dia de descanso. O esforço falhou em pouco tempo. Simplesmente vai "contra a natureza humana". Porque a natureza humana, assim parece, é dirigida pelas leis decretadas pelo Criador.Os seres humanos precisam de um dia a cada sete para imitar aquilo que o próprio D'us fez quando criou o mundo. “Seis dias, Ele criou. No sétimo, Ele descansou.” Não porque estivesse cansado. Ele na verdade não estava cansado para dizer as palavras: "Que haja…" para criar todas as coisas. O que Ele fez foi parar de criar para avaliar o que já tinha criado.Temos orgulho da nossa capacidade de sermos criativos, assim como D'us. A nossa obrigação é criar, ser produtivos, ficar ocupados – mas apenas durante seis dias na semana. No sétimo, devemos a nós mesmos fazer uma revisão daquilo que realizamos pelo padrão espiritual da nossa alma. Somente dessa maneira poderemos, como D'us, reflectir sobre tudo que fizemos e declarar: "Veja, é muito bom."