14.1.07

Quem escreveu a Torá?


A maioria das pessoas a quem eu perguntar – dependendo do seu círculo de amizades – responderá: “Um grupo de homens sábios reuniu-se e a escreveu”. No entanto, há mais de 3.300 anos o Povo Judeu vive com o conhecimento de que o Todo-Poderoso ditou a Torá a Moshe, que a escreveu palavra por palavra, letra por letra. Todo o Judeu ortodoxo que estudou Torá acredita nisto. Será que são fanáticos religiosos, tolos e sonhadores?
Alguns ficarão realmente surpresos em saber que nos últimos 3.300 anos o Povo Judeu tem ensinado aos seus filhos as evidências da crença de que existe um D'us e de que Ele ditou a Torá inteira a Moshe. Na verdade, tenho certeza que nos primeiros cem ou duzentos anos depois da outorga da Torá no Monte Sinai ninguém questionava a sua autoria. Por muitas gerações, tudo o que uma criança Judia tinha de fazer era perguntar ao seu pai se ele esteve no Monte Sinai ou se o seu pai ou avô estiveram. Moshe já anunciou às gerações futuras:
“Vão e perguntem: algum povo já ouviu a voz de D'us falando ... como vocês a ouviram?” (Devarim 4:32-35)
Desde a sua fundação, em 1974, a Yeshivá Aish HaTorah em Jerusalém oferece um curso intitulado ‘As 7 Evidências de que Existe um D'us’ e ‘Sete Categorias de Evidências de que o Todo-Poderoso deu a Torá’. Uma de minhas favoritas é a Categoria Psicológica de Evidências. De maneira sucinta: ou D'us é o autor da Torá ou foi um meshigne (um maluco) quem a escreveu.
Se autores humanos escrevessem a Torá com a intenção dissimulada de fazê-la passar por um documento Divino, certas leis e passagens nunca seriam incluídas. Elas minariam qualquer credibilidade do documento. Por exemplo: a Shemitá, o ano sabático para a terra de Israel, onde a cada ciclo de sete anos se para completamente o seu cultivo no sétimo ano. A moderna ciência agrícola já ensina sobre a importância de deixar a terra descansar para se fortalecer novamente. Os ‘autores’ da Torá poderiam propor uma lei lógica, dividindo a terra de Israel em sete regiões e a cada ano uma região ficaria em repouso, enquanto os seus habitantes se alimentariam a partir das outras seis regiões. Entretanto, não é esta a lei da Torá.
Na Torá diz :
“Por seis anos plantem os seus campos ... mas o sétimo ano é Shabat para a terra, quando não poderão plantar os seus campos nem podar os seus vinhedos (Vaikrá 25:36)”.
TODA a terra deveria descansar! O que acontece a uma sociedade agrária que deixa de cultivar as suas terras por um ano inteiro? Fome! E por quanto tempo duraria uma religião que pregasse deixar o país inteiro em descanso agrícola a cada sétimo ano? Meu palpite é: cerca de 6 anos.
Talvez os seus habitantes pudessem evitar morrer de fome comprando alimentos de outros países? Eis uma boa e razoável ideia ... mas a Torá apresenta outros planos. O Todo-Poderoso disse:
“Eu darei Minhas bênçãos ao sexto ano e ele produzirá uma quantia equivalente a 3 anos de safras (Vaikrá 25:20-22)”. Por que ‘equivalente a 3 anos’? Para alimentar o Povo no próprio sexto ano, no sétimo (quando não haveria actividade agrícola) e no oitavo, no qual o Povo começaria novamente a plantar a safra, que só seria colhida no nono ano.
Das duas, uma: Ou o autor é D'us, para ter a ‘audácia’ de criar uma lei obrigando o Povo a deixar toda a terra descansar e então prometer uma colheita tão generosa no sexto ano, três vezes maior que a usual – ou um completo louco varrido!
Apesar disso, o Povo Judeu nunca morreu de fome nem abandonou a Torá! Mais de 3.300 anos depois, uma parte considerável do nosso Povo continua cumprindo as leis da Torá e confiando nas promessas do Todo-Poderoso!
Como um ser humano pode prometer, por escrito, algo que exige poderes totalmente além do seu controle? Mais ainda: por que alguém desejaria arriscar a sua credibilidade e a legitimidade da sua religião, quando seria muito mais fácil sugerir maneiras mais simples de eliminar o problema (como deixando um sétimo da terra descansar a cada ano, por exemplo)?
O Povo Judeu é uma nação de filósofos, rigorosidade intelectual e teimosia, não ‘engolindo’ qualquer idéia assim tão facilmente. Mesmo assim, por mais de 3.300 anos aderiu à Torá e ao Todo- Poderoso. Isto o deixa curioso? Então, leia a Torá.