12.10.06

O poder das palavras





















BOM DIA! Sucót é a festa da alegria. Uma das maneiras de se trazer mais alegrias às nossas vidas e ao mundo é através de bons relacionamentos inter-pessoais. A fala é o instrumento que atrai ou afasta as pessoas e é este o motivo pelo qual a Torá coloca tanta ênfase nas Leis de Lashón HaRá – as leis sobre uma fala correcta. Nesta edição eu gostaria de falar sobre uma fala mais saudável e sobre uma das festas mais alegres do ano: Simhát Torá!
É interessante notar que uma grande parte da oração ‘Al Het’ que fizemos em Yom Kipur , uma listagem abrangente de transgressões pelas quais pedimos perdão, trata de problemas relacionados à fala. Os mexericos e ‘comentários’ podem arruinar vidas, assassinar reputações, dividir famílias, alienar amigos e destruir negócios.
Faço-lhes uma pergunta: Será que gostaríamos que as nossas palavras acalmassem ao invés de irritar? Curassem ao invés de ferir? E construíssem ao invés de queimar? Eis como:

(1) Não fale maldades: Falemos apenas coisas positivas. Permitamos que palavras de bondade se tornem a nossa linguagem. Isto significa que, numa conversa com alguém, responderemos ao invés de reagir. Preparemos a nossa conversa antes de usá-la.
(2) Não ouça maldades: Recusemo-nos a ouvir mexericos, calúnias e outras formas de comunicação negativas. Uma pessoa que está de dieta não traz bolos e biscoitos para casa. Se quisermos escapar das fofocas, precisamos de nos manter longe de conversas negativas que nos tentem a ouvir ou participar delas. Se evitar a conversa for impossível, tenha outro tópico positivo de interesse que possa rapidamente usar para trocar o assunto em pauta.
(3) Não justifique falas destrutivas: Desculpas como ‘Mas é verdade’ ou ‘Eu estava apenas a brincar’ ou ‘Eu conto tudo à minha esposa (ou marido)’ não servem. Fofoca é fofoca. O facto de ser um relato verdadeiro é o que realmente o qualifica como fofoca. Se não fosse verdade, seria calúnia ou difamação.
(4) Não comunique as coisas de maneira maldosa: Julguemos as pessoas favoravelmente, pelo lado positivo, da mesma maneira que gostaríamos de ser julgados. Se já foi acusado de fazer algo pelo qual sabia ser inocente, então sabe como é sentir-se julgado(a) indevidamente. Lembre-se: Se não estivemos lá naquele momento, então não sabemos o que ocorreu. E mesmo que estivéssemos lá, talvez não tenhamos visto o contexto geral no qual o facto se desenrolou.
(5) Cuidemo-nos de não falar mal mesmo sem dizer nenhuma palavra: A linguagem do corpo, através de gestos ou movimentos, pode causar uma tremenda destruição.
(6) Seja humilde e evite a arrogância: Estas serão as nossas maiores armas contra a conversa destrutiva. Tenha prazer nas suas conquistas, não orgulho. Agindo desta maneira reconheceremos O Grande Responsável pelas nossas conquistas. Aqueles que são arrogantes são tão cheios de si que não há lugar para D'us nas suas vidas.
(7) Tome cuidado ao repetir informações: Mesmo informações positivas precisam de permissão antes de ser divulgadas. Outro ponto a ser salientado é sermos sensíveis antes de dizer algo: dizer a alguém desempregado que um amigo mútuo teve um aumento de salário não constitui uma conversa apropriada.
(8) A sinceridade é a melhor política na maioria das vezes: Cuidemo-nos de sempre falar a verdade a menos que isto magoe outras pessoas, quebre a nossa privacidade ou torne público as nossas realizações. Lutemos pela honestidade em todas as nossas actividades. Porém, se houver a opção de usar de franqueza e magoar alguém, é melhor não ser tão franco. Aqueles que se gabam de ser ‘brutalmente francos’ em geral são mais brutos do que francos.
(9) Aprenda a dizer ‘Desculpe-me’: Todos cometem erros. Se falarmos mal de alguém, esclareçamos o facto imediatamente. Pode ser embaraçoso, mas desculpe-se o mais rápido possível. Peça perdão e mostre à pessoa que você não cometerá o mesmo erro novamente.
(10) Perdoe. Se alguém nos enganou, deixemos passar. Perdoe por você, se não for pelos demais. Aqueles que conseguem perdoar vivem vidas mais saudáveis, felizes e com menos stress. Aqueles que dizem que irão perdoar mas não perdoam estão a dizer, na verdade, que nem perdoarão nem esquecerão.

Qual a Essência de Shemini Atséret e Simhát Torá?

Esta sexta-feira à noite (dia 13) é Shemini Atséret, e sábado à noite, 14 de outubro, é Simhát Torá. Se conhece alguma daquelas pessoas que são ‘Judeus duas vezes por ano’, diga-lhes para escolherem Simhát Torá e Purim, especialmente se tiverem filhos! Estas são as duas datas mais alegres do calendário Judaico. Em Simhát Torá cantamos e dançamos, comemorando o encerramento da leitura da Torá e o inicio de um novo ciclo de leitura (importante: nós nunca encerramos a leitura ou o estudo da Torá: sempre continuamos!)
A festa de Sucót está entrelaçada com alusões e preces para que chova durante o ano. É uma coisa muito bonita dentro do modo-de-ver Judaico, que há 2.000 anos atrás, na época do Templo Sagrado em Jerusalém, nós fazíamos 70 oferendas durante a semana de Sucót, uma para cada nação da Terra, para que elas tivessem paz, prosperidade e chuvas durante o próximo ano!
O Talmud, no Tratado Sucá, explica que agitamos o luláv para os 4 lados do mundo, para cima e para baixo, não só para simbolizar que D'us está em todos os lugares, mas para suplicar-Lhe que nos proteja dos fortes ventos que nos ameaçam de todos os lados. E, além disto tudo, para que Ele nos salve das chuvas torrenciais que caem dos Céus e das inundações que brotam da terra. A Sucá representa as nossas preces por protecção das chuvas fora de época.
Sexta-feira ao entardecer, 13 de outubro, começa Shemini Atséret, que é uma festa à parte de Sucót. Rashi, o grande comentarista Bíblico (França, 1040-1104), explica que Atséret é uma expressão de afeição, como seria a usada por um pai ao se despedir do seu filho. O pai diria: “A tua partida é difícil para mim; fica mais um dia!” Depois que o Povo Judeu rezou pela vida e felicidade das 70 nações do mundo, a Torá e o Criador nos dão mais um dia de festa para podermos fazer os nossos próprios pedidos.
Sábado à noite começa Simhát Torá, onde celebramos o encerramento do ciclo anual de leitura da Torá e seu reinício imediato. A noite e a manhã são preenchidas com danças e músicas ao redor da Torá. Lemos a última porção semanal em Devarim, Vezót HaBerahá, e começamos imediatamente a leitura de Bereshit, iniciando o livro Gênesis. É realmente imperdível e, melhor ainda, traz todo o encanto e excitamento de sermos Judeus para as nossas crianças!
Tenham, você e a sua família, um óptimo e alegre Simhát Torá!